Igor Marcondes's Blog, page 13
September 12, 2019
Ficar pode ser simples
Estou pensando poemas
que se confundem
com seus toques
estou vivendo sentimentos
que se misturam
com sua respiração
é por isso
que me deito no seu peito
e ouço o que diz seu coração
a mensagem é bem simples
quase como viver
posto que não se explica
a voz é bem calma
e me diz: fica
September 6, 2019
Aprendendo a dar adeus
Cada dia que passa
te dou adeus
um pouco mais
dá um peso no coração
mas depois acalma
e não dói mais
é parte da vida
se despedir
do que não volta mais
um eterno dançar
num suposto ciclo
que não acaba já-mais
September 5, 2019
Chegando no futuro
Quando atravessou a rua e se deparou com a memória, fez um esforço para continuar andando. Parar ali e desejar o passado era quase inevitável. Quase, porque conseguiu, seguiu em frente, ainda que continuasse a pensar. Foram tantos anos, uma rotina formada, que era igualmente quase inevitável não sentir a nostalgia. Para essa sensação, cedeu. Dessa vez, diferente de todas as outras até então, em vez de querer tirar a terra de cima do caixão e desenterrar o passado, apenas sorriu, agradeceu e continuou andando, pois já estava quase na esquina de um novo tempo.
September 3, 2019
Toda onda se desfaz
Se você quer esperar por algo
espere pela dor
não é por ser amargo
mas sem ela não se fica doce
sem ela não se dá novo sabor
ao insosso chamado de calmaria
porque se a vida fosse mar tão calmo
dela nada viria
seja maré baixa ou cheia
é a dor indo e vindo
e o barco navega nela
não fica atracado na areia
só descansaremos da dor amanhã
quando o futuro chegar
mas hoje esquecer é atitude vã
a dor quer o barco navegar
pois é assim que entendemos o vento
assim controlamos a vela
e não há como ser isento
pois a vida está toda nela
e quando finalmente atracamos
com gosto é silenciada
se dista quando a derrotamos
nossa vitória: vida realizada
September 2, 2019
Ser novo a cada dia
A chuva está muito forte
pra durar para sempre
e quando ela acabar
sei que haverá
um novo começo
em que o sol brilhará
e dessa forma
a vida me mostrará
que todo dia
um novo dia nascerá
Minha experiência como autor independente – parte III: o que escrever*
Sem rodeios, da maneira que vejo, há duas possibilidades: escrever o que você desejar ou o que o mercado editorial quer. As duas podem confluir, mas isso é raro.
Nesse sentido, vejo tanto autor independente na internet e tanta gente que escreve, mas não expõe seus textos de alguma forma, que chego a pensar que existem mais pessoas escrevendo o que desejam, do que o que o mercado quer.
De qualquer forma, basicamente, estamos falando de inspiração, que é uma espécie de estímulo, segundo entendo. E não importa de onde vem (de uma experiência pessoal ou de um contrato editorial), desde que você produza, certo? Bom, eu acho errado… Claro, o exercício constante aprimora o trabalho, mas apenas produzir é perigoso para a inspiração, ainda que ela seja excitada sob demanda.
O que quero dizer é que acredito na existência de uma lógica cerebral que precisa ser respeitada, ou seja, não pode ser pressionada.
Um bom exemplo é o trabalho de publicitário. O pouco tempo que gastei nele me vez perceber que o cérebro cansado, estressado e pressionado não produz. Ok, mentira, produz, mas com baixíssima qualidade. Calma, não é um julgamento capitalista de mesa de concurso ou de chefe engomadinho, pois compreendo que, naquele momento, você deu o seu melhor e essa ideia de que sempre é possível fazer mais não é saudável.
Falo da qualidade pessoal, aquela que nos faz identificar algo nosso quando vemos o resultado. No caso da publicidade, tem a ver com um produto, porém, quando se fala de um conto ou de um poema, o autor realiza algo de melhor qualidade quando se vê na obra de alguma forma.
Pelo menos comigo é assim que funciona. Por isso, a inspiração é algo pessoal para mim; é de algo vivido que retiro o que escrever. Os poucos poemas que fiz por demanda têm rimas bonitas, ficaram sonoramente agradáveis, mas não representam meu trabalho, segundo minha ótica de qualidade. Primeiro porque os compus de acordo com um tema que me pediram e, depois, porque esses textos tinham uma finalidade diferente daqueles que escrevo segundo minha vontade.
Sendo assim, apesar de acreditar na possibilidade de escrever por demanda, aquilo que é pessoal me faz mais sentido, o que não significa que não crie um eu lírico ou uma nova realidade para todos os meus textos, afinal, não publico meus diários pessoais.
Para exemplificar melhor, indico meus livros Um poema para cada dia em que não te vi e Cinza São Paulo. Além disso, no meu Instagram, você encontra mais textos.
*Artigo publicado originalmente no LinkedIn.
August 31, 2019
A mudança precisa ser concreta
Talvez você não queira ler isso
mas quando se lembrar
das coisas ruins que fez
tome uma atitude
engula o egoísmo
e mude
só não venha
com história
de arrependimento
porque isso só se concretiza
quando o que você não é
se realiza.
August 30, 2019
A verdade que precisava te dizer
Sempre que você pensar
que poderíamos ter tudo
lembre-se que somos nada
e considerar-se capaz de tudo
é extremamente arrogante
e digno do humano em nós
que deseja o sentimento
megalomaníaco que não existe
posto que a perfeição
é uma ideia egoísta
que remete ao nosso destino:
morrer sozinhos
August 28, 2019
Ensinamentos de quem já viveu
Me disseram:
pra ver o pássaro,
tem que ficar em silêncio;
pra planta crescer,
tem que regar direito;
pra cozinhar,
tem que saber temperar;
pra escrever,
tem que sentir;
pra ver a vida passar,
tem que passar com ela
Por isso silenciei,
reguei,
temperei,
escrevi,
senti
e passo.
Transformação constante,
às vezes imperceptível,
de quem quer observar,
colher, comer, rimar,
amar e saber que foi
tudo o que quis.
August 27, 2019
Ele dói nas palavras
Tem um segredo
bem guardado
em cada palavra
que ele fala
é uma dor
que roubou dele
o que era mais puro
e mesmo roubando
mesmo doendo
usando as palavras
ele tenta se curar
pois foi a forma
que descobriu
uma serventia
para a dor
que o transformou.
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