Ana’s Comments (group member since Jan 08, 2016)


Ana’s comments from the Our Shared Shelf group.

Showing 121-140 of 746

May 14, 2017 06:33AM

179584 Nick wrote: "I'm not sure that I would call the book satire. For me, satire has to include some elements of mockery. It's not just an exaggeration of an issue - it's exaggerating it so that you can see how ridi..."

I think it's open to discussion, but I mostly agree with you in that satire implies a certain degree of humour. There is very little, if any at all, humour in this book. In fact, I would compare it more to one of those good horror films -the ones where you aren't necessarily seeing anything, yet with each minute it gets scarier.
Being the former video games player that I am, sometimes Gilead gave me major Silent Hill vibes. I wonder if anyone here who has played the saga would agree with me.
May 14, 2017 06:28AM

179584 The debate on surrogate mothers is rather hot topic right now in Spain, at least in certain circles. One in which, at the beginning, you think, oh come on, there can't be no harm in people wanting to have childr...until you start reading a bit more of what truly goes on. This is one of those threads where pages and pages of discussion are a good sign.
May 14, 2017 06:22AM

179584 I find it very amusing that a thread about male voices in feminism ends up like this. How about we go back to the start? :)
179584 Emma Watson & Caitlin Moran: Clipe 1 - “Em pé sobre os ombros das Tias”

Emma: “Só algumas das pedras chegam a me acertar, e é claro que não dói: meu casaco passou por uma guerra, possivelmente duas. Pedrinhas não são nada para ele, que foi feito para aguentar granadas.” Então Meeder diz, “Não apenas eu detecto um fato e um pouco de humor, mas fiquei me perguntando se essa é uma metáfora sobre ser uma feminista. Os pequenos obstáculos são coisas que superamos; temos pedras maiores pra carregar”.

Caitlin: Essa é uma frase do Como ser Uma Mulher, e é a abertura do capítulo onde eu estou descrevendo a pior festa de aniversário que alguém já teve. Era meu aniversário de 13 anos e eu estava passando por um terreno baldio. Alguns garotos começaram a gritar pra mim, e aí começaram a jogar pedras em mim. E eu pensei em me virar e dizer pra eles, sabe, eu já estou oprimida o suficiente, simplesmente por ser mulher! Você não precisa me jogar pedras também! A sociedade já faz isso o tempo todo. Então, sim, sei que é uma metáfora. Mas sabe, dentro da metáfora, eu estou inventando as coisas conforme acontecem. Eu não pensei nisso, no feminismo sendo o casaco que você veste. Nesse episódio, eu estava usando um grande casaco do exército do meu pai que tinha ido para muitas guerras. E é isso que o feminismo é, é o casaco que vai te proteger. Ele já passou por muitas guerras. Qualquer que sejam os problemas que ainda existem em ser uma mulher ou menina hoje em dia, comparado com os problemas que nós tínhamos a 100, 150 anos atrás, você saber que estamos definitivamente bem – não existe época melhor pra ser mulher do que agora. Não estamos mais sendo queimadas na fogueira. Os produtos pra cabelo melhoraram muito, então cabelo com frizz não é mais um problema. Sabe, temos o rosto do Benedict Cumberbatch. As coisas estão definitivamente melhorando.

Emma: As coisas estão melhorando, com certeza. Não, eu acho que isso é muito verdade. Acho que o feminismo e o movimento feminista, encontrar uma comunidade de mulheres através do feminismo e todas essas coisas, parece que – eu sinto que estive criando esse campo de força ao meu redor, que tem me isolado de todos os tipos de tempo ruim – sexismo, patriarcado, etc. Então eu totalmente me identifico com isso.

Caitlin: É como aquele ditado né? Como ficar nos ombros de gigantes. Eu digo que estou nos ombros de tias. Porque é quem elas são, todas essas mulheres que vieram antes e fizeram essas coisas. Cada pequena lei que elas trouxeram, todas as marchas que elas criaram fizeram a minha vida bem melhor. Você não estaria sentada aqui, e eu não estaria sentada aqui, se não fosse por umas 20 mulheres que foram lá e mudaram as coisas. Isso é que é bonito – uma pessoa pode mudar as coisas para milhões de pessoas. Uma pessoa pode alterar o futuro, e tudo que eu escrevo, a ideia de escrever Moranifesto, foi de todo mundo, eu genuinamente acredito que todo mundo tem uma ideia, mesmo que pequena, que possa mudar o mundo. E precisamos dessas pequenas ideias. Esse é o único meio para o mundo mudar, é se todo mundo que tiver essa ideia, tenha certeza que tenhamos uma sociedade estruturada para que se você tenha uma grande ideia, ela possa ser ouvida pelas pessoas certas e ser posta em ação. Essa é a ideia da democracia.


Emma Watson & Caitlin Moran – Clipe 2 - “Razões para ser otimista”

Emma: Eu adorei a carta que você escreveu para a sua filha no final de Moranifesto. E me lembrou de – na verdade, estou relendo 1984 no momento porque eu fiz um filme chamado The Circle (O Círculo), que tem muitas coisas em comum. Nesse livro se fala sobre, como pela primeira vez na história da humanidade nós poderíamos – nós realmente temos o potencial, a tecnologia, os avanços científicos, o conhecimento, pela primeira vez, de alimentar o mundo, a possibilidade de criar paz, de realmente atingir essas coisas. Mas pela primeira vez na história, não acreditamos que isso seja possível, que a humanidade vai nos permitir fazer isso. Não acreditamos a bondade inata dos seres humanos para atingir isso. Tem essa desilusão que acabou seguindo esse esclarecimento, tem essa falta de esperança de que podemos de fato fazer isso, então é irônico e trágico que este realmente é o único momento em que de fato poderíamos fazer isso. E houveram todos esses momentos na história onde escrevemos livros sobre utopias e ficamos imaginando essas sociedades maravilhosas e tudo mais. E agora tudo o que fazemos são filmes sobre distopias e o mundo acabando, o apocalipse e tudo sucumbindo ao nosso redor. Achei isso muito interessante e eu simplesmente amei que Moranifesto foi cheio de esperança, e de ideia de que isso é possível. Você não precisa assistir o noticiário todas as noites. Você pode ter uma dieta de esperança e acreditar, ter fé nos seres humanos.

Caitlin: Com certeza. O futuro é uma propaganda de guerra. Sabe, estamos escolhendo se seremos otimistas ou pessimistas sobre o futuro. E da maneira como as notícias na mídia estão no momento, e o tom que essas mídias têm, esses dois lugares incríveis onde temos todas as nossas conversas, e vamos lá – como é o mundo hoje? Vou ver o noticiário e vou nas redes sociais. É assim que o mundo é agora. E o tom desses dois lugares é pessimista. Só nos mostra problemas. Só nos mostra coisas que já aconteceram e não podem mais ser resolvidas. E a reação das pessoas quanto a isso é de se conformar, e ficar … é estamos ferrados. Mas é aí que você percebe que, no dia a dia, uma das melhores coisas que você pode fazer para a continuação da sua espécie e fazer o mundo um lugar melhor, é ser otimista e não acreditar nisso. Porque, sabe, se todos pensássemos que as coisas melhorariam, as coisas melhorariam. Mas, quando você pensa, ah não, é muito cansativo, não posso fazer nada a respeito...

Emma: Não vai fazer diferença.

Caitlin: é aí que perdemos a guerra. Então, tem uma letra de música incrível de uma banda chamada The Divine Comedy, “O destino não depende de uma escolha certa ou errada. O destino depende do tom da sua voz.” E isso é tão certo, porque se você comete erros na sua vida, as decisões que você toma não vão arruinar a sua vida. Mas se o seu tom durante tudo isso é de infelicidade ou raiva ou se você é uma pessoa desagradável, isso vai ditar a sua vida. E é o mesmo com a nossa espécie. Podemos cometer todos esses erros, mas se o nosso tom for de união, vamos melhorar as coisas, e aí tudo vai acontecer.


Emma Watson & Caitlin Moran: Clipe 3 – "Cultura é a chave"

Caitlin: É por isso que a cultura é a chave, e o que eu mais gostei na minha escrita e porque eu acho que é incrível o que você está fazendo, e porque por muito tempo esse tipo de conversa só acontecia na política ou na faculdade, e não são muitas pessoas que vão prestar atenção nessas coisas. Você só encontra essas coisas tarde na vida: você só entra na faculdade quando está saindo da adolescência ou nos seus 20 e poucos anos. E é provável que você só se envolva com a política nessa idade também. Mas quando você é criança, quando está crescendo, o que você pensa que o mundo é e quais são suas possibilidades, tudo isso são histórias. São os filmes que você assiste, a TV que você assiste, as coisas que você vê nas revistas. E é por isso que é importante permitir que você tenha quantas histórias forem possíveis e diversas pessoas representadas nela, isso é a chave. Um dos grandes exemplos que eu dou nos livros é, quando eu estava crescendo uma das piores coisas que você podia dizer para um menino no playground era “você é gay”, “você é um viadinho”. Eles ficavam destruídos, sabe, dizer que alguém era gay, isso era o fim da vida deles. Aí você acelera 20 anos no futuro, e o escritor Russell T. Davies escreve, antes de qualquer coisa, Queer as Folk, e aí assume Doctor Who, e escreve em Doctor Who esse brilhante, incrível herói bissexual, Capitão Jack Harkness, que, em um episódio, beija o Doutor em horário nobre na TV. E não houveram cartas de reclamação para a BCC sobre isso, mas quando eu vou na escola da minha filha na segunda de manhã, alguns meninos estão brigando pra ver quem vai ser o personagem bissexual. Porque agora temos uma história, temos um personagem. Ao invés de termos apenas a palavra “gay”, temos esse herói que todos querem ser. E posso traçar uma linha direta entre esse programa e aquele personagem, passando para o casamento igualitário nesse país. Porque quando você tem crianças no playground que estão tranquilos com a bissexualidade e veem todos os tipos de amor como iguais, seus pais e avós que estão no Parlamento não podem ficar, Ah bem não acreditamos nisso. Suas crianças estão com vergonha de vocês. A cultura está lá pra te mostrar os futuros possíveis. E novamente, é por isso que é tão importante permitir que você tenha todas essas vozes diferentes, e se você puder, que elas contem uma história otimista. Que nos mostre um futuro melhor. Nos mostre – me mostre pessoas maravilhosas fazendo coisas incríveis. Porque é isso que as crianças estão assistindo e falando, “Isso, isso vai ser o meu futuro! Eu acredito nisso!”

Emma: É bem interessante, desde que comecei meu trabalho com a ONU Mulheres, e me envolvi com esse movimento no geral, as pessoas disseram, Bom, você vai desistir agora? Você não quer mais atuar? Não vai mais ser atriz? Sendo que, na verdade, isso reinstalou minha paixão pelo que eu faço, e tornou isso mais importante.

Caitlin: Bom, a outra chave sobre a cultura é, novamente, se você quer mudar o mundo, você pode argumentar o dia todo se algo é certo ou errado. Você pode dizer que mulheres devem ser iguais aos homens, podemos ver mulheres nos filmes sendo iguais aos homens, vivendo histórias incríveis e resolvendo seus problemas. Você pode discutir isso pra sempre, mas aquele argumento pode continuar pra sempre e não ha maneira de resolver isso. Ou! Você pode fazer a coisa certa e simplesmente me mostrar uma mulher incrível. E é isso que a cultura faz diversas vezes, ela não discute. David Bowie podia ter passado a sua vida escrevendo tratados acadêmicos e fazendo lobby nos Parlamentos, sobre, bissexualidade e gays que pretendem ser alienígenas e como eles deveriam ser aceitos na sociedade. E ele não teria ido muito longe. Ao invés disso, ele se vestiu como um alienígena gay e escreve Life on Mars e de repente, as pessoas ficam “Ah eu quero ser um gay alienígena!”

Emma: É uma boa ideia, isso é genial!

Caitlin: A cultura vence! É mais rápido e divertido. Porque isso – toda essa coisa sobre mudança e revolução e feminismo, sabe, todas essas coisas que estamos falando, anti-racismo e igualdade e o movimento trans e tudo mais. Isso não precisa ser digno e tipo, devore suas fibras e seus farelos, suas vitaminas. O futuro deve ser divertido, um futuro mais inclusivo onde as pessoas são livres para amar e não sentir medo.

Emma: Deveria ser incrível e bonito.

Caitlin: Deveria ser incrível, uma festa da qual você quer participar! Não devíamos ficar “Essa é a coisa certa a fazer,” devíamos falar, “É aqui que você quer estar!”.

Translated into Portuguese by Lorraine Toebe.
May 13, 2017 08:58AM

179584 This thread is like my History class in high school, only better probably. <3 Thanks for your contribution, Keith!

A society that forgets its own past is doomed to repeat it.
179584 E: De laatste keer dat wij elkaar ontmoetten gaf je me een boek, Sex and World Peace. Ik denk dat dat een van de beste titels ooit is.
G: Het zijn de twee dingen die we willen!
(Lachen)
E: Dat is wel waar!
(Lachen)
E: Ik had gelezen tot pagina vier en toen moest ik het boek even wegleggen omdat ik moeite had met een bepaalde statistiek die ik tegenkwam. Ik heb het tien minuten zitten googlen om te kijken of het echt waar was en het was ook echt gebaseerd op feiten. Er zijn nu 101.3 mannen voor elke 100 vrouwen op de planeer. Vrouwen zijn dus niet meer de helft van de wereldbevolking. Ik citeer nu even het boek, en het zegt dat er meer levens verloren gaan door geweld tegen vrouwen door middel van abortus op basis van sekse, moord op dochters, zelfmoord, sterven in het kraambed en andere aan sekse gekoppelde oorzaken dan we hebben verloren tijdens alle oorlogen en burgeroorlogen in de 20e eeuw. Ik kan dat maar niet bevatten, meer dan álle oorlogen en burgeroorlogen in de 20e eeuw. Vanuit dit perspectief is de grootste bedreiging voor de veiligheid de systematische devaluatie van het vrouwelijk leven, en ik had zo’n soort statistiek nog nooit gezien, ik had niet door dat we letterlijk de balans van de wereldpopulatie beïnvloedde, en hoe die populatie eruit ziet. Denk jij dat ik misschien gewoon achterloop, dat mensen beseffen op welke schaal dit effect heeft?
G: Nee, dat denk ik niet. Ik weet het niet, ik ga mensen niet vragen hun hand op te steken, maar ik denk dat voor veel mensen in deze zaal dit een verrassing was, niet waar? En dit boek, dit fantastische boek, Sex and World Peace, gebruikt een prachtig beeld, van een vogel met twee vleugels, en als één van de vleugels gebroken is kan hij niet vliegen. Dus als de vrouwelijke helft van het menselijk ras niet veilig is en uit balans is met de mannelijke helft, kunnen we niet vliegen. Het laat ook zien dat de beste indicator voor geweld in een land, en op de straten of tegen een ander land, niet armoede is, of toegang tot grondstoffen, religie of democratie, maar geweld tegen vrouwen. Niet omdat het vrouwelijk leven meer waard is dan dat van de mannen, dat is niet zo, maar omdat dat het eerste is wat we zien, dat gebeurt in de families en in het huis, dan krijg je het idee dat het oké is voor de ene groep om de andere te domineren, het wordt genormaliseerd. Dat is belangrijk, niet alleen voor vrouwen per se, maar voor iedereen, om naar geweld op kleine schaal te kijken, dat, en seksueel geweld in oorlogsgebieden is waarom we niet langer de helft van het menselijk ras zijn.
E: Dat is bizar. Ik bedoel, men vraagt mij vaak, als het over gendergelijkheid gaat, ‘Echt? Met terrorisme en oorlog en armoede en klimaatverandering, is gendergelijkheid dan echt waar we ons op moeten focussen?’ Ik heb hier mijn eigen antwoord op, maar ik ben benieuwd naar jouw antwoord. Het wordt vaak tot onderaan de agenda geschoven, van ‘Oh, we lossen eerst de rest op, en als alles beter is, dan kunnen we kijken naar gendergelijkheid.’ Waarom denk je dat dat is?
G: Omdat het de basis is van al die dingen! Het is wat dominantie normaliseert in de eerste levensfases, het is wat het absurde idee van mannelijkheid en vrouwelijkheid heeft opgebracht, hallo, er is menselijk, en weet je, mannen die zo opgevoed worden hebben het idee dat zij hun mannelijkheid moeten bewijzen door superieur tegenover vrouwen te zijn en tegenover andere mannen. De oorzaak, de grootste oorzaak van klimaatverandering is dat vrouwen gedwongen worden kinderen te krijgen die ze helemaal niet willen krijgen en dat zo de bevolking te veel groeit. Als je vrouwen laat beslissen hoeveel kinderen ze krijgen, besluiten ze slechts ietsjes meer te krijgen dan nodig is om de bestaande bevolking te vervangen. Dat is overal in de wereld zo, omdat dat een gezondheidsding is, het is gezondheid, en het is jouw lichaam, en het is de grootste oorzaak van klimaatverandering. Er is geen enkel ding op die lijst dat niet fundamenteel gaat over de ene helft van de mensen tegenover de andere helft. Wat zeg jij als mensen je dat vragen? (Lacht)
E: Ik bedoel, ja…
G: Mijne was misschien een beetje lang, oké…
(Lachen)
E: Oké, ik zal het proberen. Het is eigenlijk wat jij in het begin zei, dat al deze problemen direct gekoppeld zijn aan andere problemen, ze moeten onderdeel van het gesprek zijn, ik bedoel, hoe anders zou de wereld zijn als er vrouwen betrokken waren bij vredeshandhaving en verdragen, en weet je, in die onderhandelingen, denk ik dat het enorm verschil zou maken als vrouwen erbij betrokken waren. Ik denk dat we daar heel goed in zouden zijn.
G: Ja, niet dat we nou zo geweldig zijn, dat zijn we niet, maar we hebben geen mannelijkheid om te moeten bewijzen. Als je kijkt naar de Irish Peace Women of de vrouwen in Liberia, wat zijn voor elkaar hebben gekregen, het is waar, het is statistisch bewezen, studies hebben bewezen dat als je mannen bij elkaar aan een tafel zet zij de meest agressieve rol zullen kiezen ook al is dat fout, en als je allemaal vrouwen bij elkaar aan een tafel zet, kiezen zij de meest verzoenende, zelf als dat fout is, dus we hebben elkaar nodig…
E: Je hebt een balans nodig…
G: Ik denk dat je boos zou moeten worden op alle mensen die je die vraag stellen. (Lacht)
E: Denk je?
(Lachen)
E: Oké, dank je, dat zal ik proberen. Ik ben benieuwd, als we het toch over boosheid hebben, ons wordt verteld dat het niet vrouwelijk is, jij had het er ook over in My Life on the Road, het is zelfs een van mijn favoriete anekdotes, dat als je heel erg boos wordt je gaat huilen. Ik doe hetzelfde en het is heel gênant en irritant. Ik vond het geweldig, en ik heb het hier ook met Lena Dunham over gehad en die was het met me eens, dat jij zei dat we er naar moeten streven om te zeggen ‘Ik huil omdat ik boos ben, niet omdat ik verdrietig ben, en haal die twee niet door elkaar!’ Ik weet zeker dat er van allebei wel een beetje in zit, maar ik ben benieuwd of het jou al gelukt is dit uit te voeren?
G: Ik bekennen dat dat nog niet is gelukt.
E: Nee, Gloria, nee! Ik heb het nodig dat jij dat doet!
G: Ik zal je vertellen, de vrouw die mij dit vertelde was een leidinggevende in een situatie vol met mannen, en zij moest ook huilen als ze boos werd, ik denk dat heel veel mensen dat hebben. Dat zal wel komen omdat we het zo lang binnen houden, als het dan eindelijk naar buiten komt hebben we er geen controle over. Maar zij kwam erachter dat ze er gewoon door heen kon praten.
E: Ja.
G: En dan kon ze tegen haar mannelijke collega’s zeggen: ‘Jij denkt dat ik verdrietig ben? Nee hoor.’
(Lachen)
E: Mijn gezicht zegt het ene, maar het betekent iets heel anders!
G: Dit is hoe ik boos ben, en ze zei dat het werkte.
E: Ja
G: Juist. Dus ik ga het absoluut proberen, ik bedoel, ik ben nog niet in een situatie geweest om het uit te proberen.
E: Ja
G: Ik werk niet in zo’n soort situatie, maar ik ga het doen, laten we dat allebei beloven.
E: Dat moeten we zeker doen. Het is zo interessant, ik deed laatst een scène voor een regisseur, en het was met een beetje improviseren en mijn personage moest in deze scène huilen, en ongeveer halverwege komt hij naar me toe en vraagt, ‘Waarom blijf je je excuseren nadat je begint met huilen? Dat staat niet in het script. Waarom doe je dat?’ En ik zei, ‘Ik weet het niet!’ Voor mij voelde dat zo natuurlijk, om meteen sorry te gaan zeggen tegen degene tegenover wie ik deze emotie uit, dus misschien moet er minder schaamte verbonden zijn aan het huilen als je boos bent.
G: Er is zeker schaamte verbonden aan boosheid. Ik denk dat mensen die iets verschrikkelijks zien en niet huilen zich zouden moeten verklaren.
(Lachen)
E: Daar ben ik het mee eens! Ik ben dol op huilen, huilen is geweldig.
(Lachen)
G: Er komen stresshormonen bij vrij, dus het is nog gezond ook.
E: Goed. Justin Trudeau heeft zojuist zijn kabinet 50/50 gemaakt, en dat is geweldig, en ik hoopte eigenlijk een beetje dat dit er voor zou zorgen dat elke overheid in de wereld dit nu ook zou gaan doen, en helaas is dat niet het geval geweest. Denk jij dat mannen die zo de leiding nemen en zeggen, ‘Ik denk niet dat dit juist is’, denk je dat we gelijkheid kunnen krijgen in alle situaties? Dat het een impact gaat hebben?

Translated into Dutch by Francine Maessen
179584 Gloria Steinem en Emma Watson in gesprek
E: Uh… Hoi Gloria.
G: Hoi!
(Lacht)
E: Dank je wel dat je hier bent en dat ik je mag interviewen. Deze kans voelt voor mij zo onwerkelijk en ik was zo nerveus dat ik me pas 20 seconden geleden realiseerde dat het echt ging gebeuren! Dus, dit voelt echt als een cadeautje en ik weet dat iedereen hier heel dankbaar is voor alles wat jij hebt gedaan en nog steeds doet, wat je schrijft en vertelt, en ik vond My Life on the Road geweldig. Ik zou graag beginnen met een paar vragen over jouw leven en jou persoonlijk. In het boek vertel je dat je als kind niet naar school ging, maar in plaats daarvan rondreisde met je moeder, en vader die in antiek handelde. Denk je dat deze unieke ervaring het voor jou mogelijk heeft gemaakt de wereld anders te zien, met meer mogelijkheden, en dat dit invloed heeft gehad op wat jij later bent gaan doen?
G: Het gebrek aan school vond ik indertijd jammer, ik wou naar school gaan net als de andere kinderen, je weet wel, zoals in films, waar mensen in huizen woonden, niet in caravans. Maar achteraf denk ik dat het iets goeds was, omdat ik daardoor minder in aanraking kwam met een bepaalde hoeveelheid brainwashing (lacht), vooral als het aankomt op gender, wat nog steeds veel gebeurd, en in mijn jeugd al helemaal. Dus het is wel bijzonder dat de dingen die je vroeger jammer vond uiteindelijk dingen blijken te zijn waar je blij mee bent. Het reizende verleden leerde me goed om te gaan met onzekerheden, en dat is iets goeds, en het bereidde me voor op het leiden van een leven dat ik me nooit voorgesteld zou hebben. Natuurlijk heb ik me ook een tijd verzet tegen dat deel van mijn leven omdat ik net als de andere kinderen wilde zijn. Maar het gaf me wel de mogelijkheid om een rondreizend feministisch activist te worden.
E: Ik denk dat alles wat je als kind anders maakt heel moeilijk kan zijn en…
G: Waarom zou je daar nou mee komen? (Lacht)
E: Ik wist dat dit zou gebeuren!
(Lacht)
E: Maar het is wel waar, ik bedoel…
G: Nee, ik ben serieus, want ik denk dat het belangrijk is, je weet wel, dat we begrijpen dat we niet alles kunnen beheersen wat ons overkomt maar dat we het wel kunnen gebruiken.
E: Precies. Ik denk, ik bedoel, om even een oppervlakkig voorbeeld te noemen, toen ik negen was vond ik het verschrikkelijk dat ik zulke zware wenkbrauwen had. Ik wou ze wanhopig graag epileren tot ze twee hele dunne lijntjes waren, en je weet wel, je kan die dingen dan gewoon niet accepteren. Mijn moeder bleef me maar proberen te vertellen dat het mijn gezicht karakter gaf en dat het zonde zou zijn als ik er twee dunne lijntjes van zou maken, en ik wilde niet luisteren. Maar ik denk dat ik ook lang deed alsof ik niet op Hermelien leek, terwijl ik natuurlijk best op haar lijk en uiteindelijk ben ik dat gaan accepteren en dat heeft gemaakt tot wie ik nu ben, en dat was denk ik een interessante reis. Jij ging misschien niet naar school maar je bent wel naar hoger onderwijs gegaan, je ging naar Smith, hoe was die ervaring , zonder een formele vooropleiding?
G: Eh… Het was zeker in het begin hemels, want ze gaven me net zo veel boeken als ik wou leven en drie maaltijden per dag! (Lacht) Ik snapte niet waar de rest over aan het zeuren was. (Lacht) Het was geweldig. Ik voelde me wel een beetje onzeker want ik kwam van een middelbare school die… hoe zeg ik dat? Hun belangrijkste ding was het voetbalteam, laat ik het zo zeggen, (lacht) en ze waren zo dol op voetbal dat als dat speelde, je daar kon blijven tot je 22 was… (lacht)
E: Wauw!
(Lacht)
G: Anders ging je werken in de fabrieken, of je ging trouwen of zoiets. Dus om van zo’n middelbare school naar Smith te gaan, maakte me sociaal een beetje onzeker, maar gelukkig wist ik niet genoeg om echt onzeker te zijn. (Lacht) Want, je weet, na de kerstvakantie kwam iedereen gebruind terug en ik dacht dan, goh, ik wist niet dat er zo veel mensen in Florida en Californië woonde! (Lacht) Dus het was vooral verliefd worden op boeken en Aristoteles lezen, over hoe vrouwen zo immoreel en zwak zijn dat we spiegels kapot maken. Er was geen women studies, er was zelfs geen moment rust van de mannelijke dominatie in het studeren.
E: Ik wou je vragen wanneer je jouw eerste feministische tekst tegenkwam, kan je je het eerste stuk herinneren wat je tegenkwam waardoor dingen begonnen te veranderen?
G: Het zou Virginia Woolf moeten zijn, denk ik, want dat las ik toen, maar zij was toen verkeerd begrepen, ze werd behandeld als een neuroot in plaats van dat er begrip was voor het misbruik in haar jeugd. Dus ik denk dat al mijn idealisme en hoop voor verandering kwam door andere landen, dat is waarom ik een vak over India volgde, wat toen heel zeldzaam was want we bestudeerden eigenlijk alleen Europese landen, en het kolonialisme was nog sterk aanwezig in het onderwijs. (Lacht) Dus mijn idealisme richtte zich op India, wat net onafhankelijk was geworden, en het focuste niet op mij zelf, absoluut niet, ik had niet door dat er een andere rol voor mij kon zijn dan van dienst zijn.
E: Toen ging je door, je begon te werken als journalist en op een gegeven moment groeide dat uit tot een soort breder, groter activisme. Ik ben geïnteresseerd in hoe jij jezelf zien, hoe denk jij over jezelf, hoe definieer je jezelf?
G: Nou, ik noem mezelf nog steeds een schrijver want dat is het belangrijkst voor mij, ook al is de waarheid dat ik meer tijd bezig ben met onderweg dingen organiseren, je weet wel, andere soorten activisme. Maar schrijven is nog steeds dat als ik dat doe, ik weet dat ik niets anders met doen. (Lacht) Hoewel ik dol ben op dingen organiseren en groepen bij elkaar brengen, ik bedoel, hier zijn we dan, we kijken naar elkaars rug, er is een hierarchie, hierarchie is gebaseerd op patriarchaat, het patriarchaat werkt nergens meer, (lacht) en dan heb je in een groep plotseling dat discussies opkomen en mensen, hier heeft iemand vragen, daar heeft iemand antwoorden, er worden problemen aangekondigd, nieuwe bijeenkomsten gepland, hier wordt een feministische bibliotheek gesloten en meteen is daar een demonstratie tegen het sluiten, nu, meteen, terwijl wij hier zitten…
E: Ja, terwijl wij hier nu spreken…
G: Precies, er was iets met de huur…
E: Volgens mij was de huur flink verhoogd…
G: Nou ja, schrijven is… persoonlijk, maar ik ben er erg dankbaar voor dat ik niet alles gepubliceerd kreeg wat ik wou over het feminisme en dat ik daardoor gedwongen werd om erover te gaan spreken, ook al voelde dat alsof ik dood zou gaan…
E: Zo voel ik dat ook, toen ik mijn eerste speech gaf dacht ik echt dat ik dood ging.
(Lachen)
G: Nou, ik heb geleerd dat je niet dood gaat…
E: Niet dood gaan!
(Lachen)
G: Maar ik krijg nog steeds een droge mond, is dat een symptoom van zenuwachtig zijn?
E: O, jij krijgt een hele droge mond?
G: Ja, elke tand krijgt zijn eigen kleine angoratruitje en ik kan niet…
(Lachen)
E: Ik ga dan trillen, ik schaam me zo en ik ben me er heel bewust van dat ik de mensen kan zien… dat mensen mij kunnen zien trillen, dus ik hou mijn houden uit het zicht en dan probeer ik ze later te introduceren zodat ik er niet heel stijf uit zie, (lacht) en dan, ehm, wordt mijn hoofd gewoon leeg als ik zenuwachtig ben, wat heel frustrerend is want ik heb het goed voorbereid en dan wordt mijn hoofd gewoon leeg.
G: Is het anders voor jou als je een ander persoon bent?
E: Dat is interessant! Het was bijzonder en angstaanjagend om te spreken als mezelf, als Emma, maar er zit een enorme vrijheid in om te spreken met andermans woorden en om als iemand anders te doen, maar het is niet net zo betekenisvol. Ik bedoel, het is een hele bijzondere ervaring, ik ben dol op mijn baan, maar om als mezelf te spreken voelt betekenisvoller.
G: Ik vind het zo bijzonder en bewonderingswaardig dat jij een jaar vrij hebt genomen (Emma lacht) van je werk om aan feministisch activisme te doen bij de Verenigde Naties, het is echt, hoe moet ik dat zeggen… Zelf als je telkens een andere rol speelt…
E: Hmmmm
G: Mensen leren je toch kennen op het scherm. En ik denk dat we je vertrouwen…
E: Ik hoop het! (Lacht)
G: En dat is waarom… (Lacht)
E: Ik hoop het.
G: Dat is waarom het zo belangrijk is dat jij dat vertrouwen gebruikt om activistische informatie naar buiten te brengen, door middel van boeken, dat is erg bijzonder en ongebruikelijk, denk je niet?
(Applaus)
E: Nou, ik bedoel, als ik iets te verbergen had dan was het nu inmiddels wel naar buiten gekomen…
G: Bij mij ook!
E: Maar je weet, ik ben nu al een tijdje publiekelijk bekend. Het is heel raar geweest, maar het is geweldig om dit te kunnen doen. Ik ben geïnteresseerd: jij hebt ooit gezegd dat het huwelijk niet gelijk was voor mannen en vrouwen. Maar dat de feministische beweging voldoende heeft kunnen veranderen zodat een gelijkwaardig huwelijk nu mogelijk is. Maar, wanneer we eraan beginnen zijn er allerlei soorten tradities die ermee gepaard gaan en ik ben benieuwd: hoe heb je nou een huwelijk dat authentiek, gegrond in gelijkheid, met wederzijds respect is, of je nou een familie of een carrière wilt, of iets anders, wat zie jij als valkuilen, wat zijn de risico’s voor een feminist?
G: Dat is een grote vraag, weet je.
E: Ja!
G:We moeten die vraag allemaal ooit in ons leven beantwoorden, maar het is belangrijk dat het voor de wet nu gelijkwaardiger is, in elk geval in onze landen, het is nog steeds heel ongelijk in andere landen. Maar als ik was getrouwd toen ik had moeten trouwen, dan was ik mijn naam verloren, mijn kredietwaardigheid, mijn eigen huis en het grootste deel van mijn burgerrechten. Dus dat hebben we nu gelijk gemaakt, en we hebben het huwelijk gelijk gemaakt, en dat is belangrijk, dat iedereen die wil trouwen kan trouwen, we hebben bijna gelijkheid binnen het huwelijk, we zijn er naar op weg. Maar er is nog steeds druk van buitenaf die er voor zorgt dat je buitenshuis anders behandeld wordt. Vrouwen met kinderen hebben minder kans op een baan en mannen met kinderen hebben juist meer kans op een baan omdat zij als verantwoordelijk worden gezien en vrouwen als afgeleid, en dat gaat zichzelf niet oplossen, we moeten elkaar helpen, veranderingen maken. Jouw land is al veel verder dan mijn land als het gaat om ouderschapsverlof, weet je, wij hebben dat eigenlijk niet echt, niet eens voor de moeder, ik bedoel, wij lopen vér achter. En de Scandinavische landen lopen op ons allebei vooruit, daar kunnen we van leren. Maar echt, als je er voor kiest kinderen te hebben denk ik niet dat een gelijkwaardig huwelijk mogelijk is totdat mannen net zo veel opvoeden en verzorgen en liefhebben als vrouwen doen.
(Applaus)
G: En ik zeg dit niet alleen voor de mannen en de vrouwen, voor de mannen die dicht bij hun kinderen willen staan, ik zeg dit voor de kinderen, want als zij geen mannelijk persoon kunnen zien die liefhebbend is en verzorgt en geduldig is, dan weten ze niet dat dat mogelijk is, en als zij geen vrouwen zien die buitenshuis dingen bereiken dan weten ze niet dat dat mogelijk is. Die voorbeelden maken veel meer indruk dan ons wordt verteld en daardoor gaan we maar langzaam vooruit, maar het is de enige manier waarop dat kan, want wij zijn wat ons gebeurt is, wat gebeurt is je jeugd is zo genormaliseerd. We gaan zo ver als we kunnen maar families zijn heel belangrijk, als we geen democratische families hebben, dan kunnen we nooit een democratische samenleving hebben en zolang we nog geweld in families hebben zullen we geweld in de samenleving hebben, het gaat niet alleen over relaties en families, het gaat veel dieper.
179584 ¡Gracias por abrir el hilo, B! :)

El cuento de la criada es bastante, bastante duro, pero hacía tiempo que un libro no me enganchaba así (aunque esto es más bien mérito de lo poco que leo últimamente xD). La veracidad con la que Atwood construye una sociedad basada en la nuestra real no solo es digna de elogio, sino que debería servir a algunos como aviso. Si la historia es un péndulo, como algunos defienden, lo cierto es que no sé si ahora mismo está oscilando hacia detrás o hacia delante.

Este es mi primer Atwood, así que estoy igualmente abierta a otras recomendaciones suyas. :)
179584 G: Ou respostas, respostas! Organizando anúncios!
Membro da platéia: Muito obrigada, isso foi tão inspirador e tão energizante. I trabalho com mulheres refugiadas no Reino Unido e em primeiro lugar, estou evoluindo a partir do que você falou sobre a importância do ativismo, eu gostaria de convidar vocês duas e todo mundo aqui para um encontro no dia Internacional da Mulher, bem ali do lado de fora do escritório às 13:00 para apoiar as mulheres que atravessam fronteiras e sua segurança, particularmente na atual crise de refugiados. E Gloria, você pode dizer alguma coisa sobre suas experiências na construção de solidariedade, através das fronteiras; fronteiras de nações, raças, classes, agendas? Muito obrigada.
G: Sabe, eu percebi uma coisa, claramente a questão dos refugiados é enorme agora, certo? Mas também penso que, devido à natureza específica de alguns movimentos de refugiados, nós somos levados a pensar que eles são mais homens de maneira geral, quando na verdade 90% são mulheres e crianças. Então temos que lembrar disso e, para trabalhar juntos, precisamos primeiro nos questionar se conhecemos uns aos outros. Em Nova Iorque tem um grupo de mulheres afro-descendentes, muito grande e importante, e um grupo de mulheres judias muito grande e importante, eles estavam tentando fazer coisas juntas e nunca funcionou, então elas chamaram uma amiga minha que era especialista em resolução de conflitos feminista (risos), o que ela se tornou trabalhando na campanha de duas senadoras. Ok, então, a chamaram como consultora e ela disse “Bem, suas presidentes se conhecem?”, e elas disseram, “Bem, na verdade não”, e ela disse “Diga a elas para almoçarem juntas, tipo, toda semana por um tempo, e vai funcionar” e funcionou! Quero dizer, quem nós conhecemos? Em quem confiamos? Nada substitui confiança. Com quem vamos ao cinema? Te, a regra de Bell Hook, ‘Se vocês compram sapatos juntas, vocês podem fazer politica juntas’. (Risos) Então eu diria, essa é a primeira questão e todas nós podemos responder. Quem são nossos amigos? Temos amigos diferentes de nós? Se não, por que não? Nós não estamos aprendendo. Nós não aprendemos muito da mesmisse.
E: Outra pergunta…
Membro da plateia: Oi! Eu sou Lisa, da Alemanha, e gostaria de voltar a um tópico que você mencionou mais cedo brevemente, que é muito interessante e sobre o qual planejo pesquisar mais, que é a sexualidade feminina. Eu penso que, na minha opinião, isso é um ponto chave para igualdade por si só, e gostaria de pedir sua opinião sobre isso, porque eu acho que não é só pornografia, também é sobre mulheres entendendo sua própria sexualidade e sendo fortes sobre isso, em suas opiniões e sentimentos, e também revistas femininas, sabe, escrevendo sobre como melhor satisfazê-lo, é sempre sobre homens e não sobre mulheres, e eu só queria saber sua opinião sobre como isso é um fator chave para a igualdade.
G: Bem, você sabe, isso é a chave, é a chave porque como chegamos nessa situação de aperto em primeiro lugar (risadas) patriarquismo e outras merdas, foi porque tentamos controlar a reprodução, e isso significava controlar o corpo das mulheres, e isso significava que dar prazer à mulher como individuo era perigoso, então fizemos tudo desde quartos restritos a mutilação da genitália feminina, até dizer, até ter Freud dizendo pra nós que havia um tipo de orgasmo que não existia fisicamente….
Membro da plateia: Meu nome é Jude Kelly, eu comecei o Wild Festival aqui… (Aplausos) Obrigada, obrigada! E esse vai ser o sexto ano e o partido de igualdade das Mulheres nasceu dele no ano passado, e dois anos atrás eu comecei o festival BAM, Being A Man (Sendo Um Homem) e essa é a raiz da minha pergunta, se a conscientização das mulheres está crescendo, o que vem acontecendo por cem anos, muito mais, desde sempre na verdade, mas a conscientização dos homens crescendo ainda é algo muito recente; E minha preocupação é que se essa é a terceira onda do feminismo então ela deveria incluir, por mais que esteja fluindo no momento, e a menos que o crescimento da conscientização masculina já esteja incluído na agenda dos homens, então eu creio que nós tenhamos que incluir – e essa é minha questão, na verdade. Você acha que é verdade ou você pensa que tem mais que nós possamos fazer sobre isso do que, claro, não deveria só ser mulheres chamando os homens para participar, são os homens que devem que tomar a iniciativa? Obrigada.
G: Eu penso que existe, em ambos os nossos países, um movimento substancial de homens, homens que estão dizendo, “espere um minuto, eu não vou me limitar a isso, esse papel masculino desumanizado”. E nos reunirmos para apoiar uns aos outros nesse desafio ao papel masculino, o que não é fácil, e ao mesmo tempo apoiar mulheres, existem grupos de homens trabalhando contra a violência contra mulher também, então obrigada por trazer isso à tona e por apoiá-los também, sim, com certeza.
E: Eu penso que é por isso que começamos, por isso que eu queria começar com a ONU, o #ElesPorElas, era para criar uma conversa inclusive. I penso que feminismo se tornar sinônimo de ódio aos homens é muito prejudicial e de fato incorreto, então eu penso que quanto mais falamos sobre isso, mais abrimos um espaço no qual, digo, e realmente maravilhoso ver homens nessa sala, e muito obrigado a todos por virem! (Aplausos)
G: E, na verdade, temos muitas pesquisas sobre como, se você elimina das pesquisas estatísticas sobre porque homens morrem, as coisas mais associadas com o papel masculino de violência, velocidade de tensão, você vive cinco anos a mais! Quero dizer, quaisquer outros movimentos (risos), por exemplo, ver homens com suas crianças, realmente sendo amáveis e cuidando dos seus filhos, é um presente para todos. Eu devo ao meu pai também, porque ele foi um homem maravilhoso, amável, paciente e portanto ele é pessoalmente responsável pelo fato de que eu ainda sou amiga dos meus velhos amantes (risos), porque eles eram pessoas legais, bem, talvez tenha um (risos)...
Membro da plateia: Oi, Eu sou o Greg e comecei a criar uma revista na época em que Gloria começou MS. Oi Gloria. O que é muito assustador para mim hoje em dia é que quando meu parceiro e I começamos a revista como você começou a MS, nós tínhamos a meta de mudar tudo, e o pior que aconteceu conosco é que disseram que éramos bobos. Quero dizer, era bem isso, éramos bobos e íamos falhar. Mas anos depois, Caroline Criado-Perez, que muitas pessoas nessa sala conhecem, disse “Porque não tem nenhuma mulher na parte de traz da nota?” – O que me parece muito menos ofensivo contra o homem do que o que tentamos fazer. Os resultados de suas palavras foram ameaças de morte, proteção policial, tweets e mensagens e e-mails que eram de tamanha, maldade e perversidade e violência contra ela, e me assusta tanto que é como se alguém tivesse acordado um monstro, e na verdade ouvimos coisas assim, sobre mulheres sendo escravizadas nessa sociedade, que ficou muito muito muito mais feio. Isso existe nos Estados Unidos? E também, o que você pensa sobre isso?
G: Bem, é verdade que parecem haver estágios de resistência, tipo, a primeira mulher que faz alguma coisa sofre resistência, e então aquela mulher está lá, e então está OK até que aparece uma terceira, e você sabe, é como se dissessem lá se foi o bairro ou algo do tipo, eles ficam preocupados que nós vamos chegar a 50% e então há um novo estágio de resistência, e agora existe a internet onde pessoas podem ser odiosas de forma anônima e sem penalidade, é importante refletir sobre isso. Então não é que o perigo não seja real, ele é, mas ele é uma parte do progresso, simplesmente é, sabe, e nós temos que cuidar umas das outras e estar atentas para alcançar as pessoas, homens que possam ajudar, e mostrar isso, e saber que isso é errado, mas não podemos parar, quero dizer, não podemos deixar isso nos assustar e nos fazer parar, estamos apenas tentando encontrar remédios, sabe, encontrar formas de lidar legalmente com ameaças na web, essa é uma área completamente nova da lei, por exemplo, e perseguição na internet, e por ai vai, e precisamos contar uns para os outros e proteger uns aos outros, mas não vamos parar.

(Aplausos)
Membro da plateia: Hum, eu gostaria de falar como um homem que apoia o feminismo e também uma pessoa com deficiência, de certa forma lutar contra uma opressão faz uma pessoa ver diferentes vínculos com diferentes opressões. Eu acredito que a verdadeira resposta para o feminismo é que todos os homens deveriam se tornar feministas, porque esse é o único caminho para nós de fato criarmos um mundo, nós não vamos conseguir fazer isso com apenas mulheres lutando por isso porque houve muitos milhares de anos de patriarcado. Os homens precisam entender que sendo feministas em seus relacionamentos e no jeito de ser, eles mesmos vão na verdade ter uma vida melhor, e para seus filhos, e para seus/suas parceiros(as), e isso é a primeira coisa que eu gostaria de dizer. A segunda coisa é, todos nessa sala vão ter que enfrentar uma escolha no 23 de Junho e os políticos estão deliberadamente tentando confundir as pessoas mas se você percebe que a União Europeia representa igualdade e aqueles que argumentam contra ela não querem igualdade, fica bem claro para que direção devemos seguir, e a Declaração Europeia de Direitos Humanos vem direto da Declaração Universal de Direitos Humanos e é isso que muitas pessoas não gostam. E se nós não mantivermos esse bastão, você concorda que nós estaríamos regredindo nesse país com relação à a igualdade?
(Aplausos)
G: Agora, direitos das mulheres na União Europeia, certo, eu concordo, esse não é, eu não vou ter que votar, certo? Mas, eu espero e acredito que o povo não vai andar para trás.
Membro da audiência: Você disse que se uma coisa se parece com um pato mas você sente que é um porco, então é um porco e portanto, um não voto é tão importante quando um voto. Eu vou direto ao ponto, temos voto obrigatório, você acha que tentando achar formas de encorajar mais mulheres a votar nós teríamos uma melhor representatividade no poder, no Parlamento, e consequentemente fazer mudanças dessa forma?
G: Sim, em todo país que eu conheço, desde a Índia até meu país, até aqui, tem um gap de gênero entre os candidatos, homens também, e mulheres, que representam a maioria das questões de mulheres, e representam igualdade, e precisamos criar esse gap de gênero e torná-lo vocal, e eu penso que isso é o que o Partido de igualdade das Mulheres está fazendo e o que nós estamos tentando fazer, e por exemplo, anuncia as questões, mesmo se alguém de outro partido tiver uma ação, publica as questões, faz com que as pessoas saibam o que é possível, e nós também fazemos o máximo para garantir isso, e nós tentemos a fazer campanha fora dos partidos e fora de campanhas porque na verdade movimentos de justiça social tem mais credibilidade que partidos políticos. (Aplausos) Então é muito importante, na minha opinião, usar essa credibilidade, não tem nada mais importante que um mensageiro confiável.
Apresentadora: Precisamos fechar por aqui.
(Aplausos)

Translated into Portuguese by Lorraine Toebe.
179584 G: Temos diversas indústrias, empenhadas em fazer com que as mulheres se sintam diferentes, tenham silicone, operem o nariz, fazer com que os negros não se sintam tão negros, ou que alisem – digo, oi, sabe, está ao nosso redor, e é enorme e difícil e nós...

E: Uma menina de 12 anos me disse no outro dia que ela estava engordando. E eu fiquei tipo, você só está passando pela puberdade, você precisa se dar um tempo, tipo, isso me deixou muito emotiva depois dessa conversa, eu odiei ter essa conversa.

G: Precisamos, acho, estamos preocupadas com nosso tempo aqui (risos)

E: Nós vamos...? Ah, queremos algumas perguntas rápidas... Ah, não, eu preciso... Ok, eu tenho que fazer algumas perguntas do meu clube de leitura, (Gloria ri) só... só pra terminar isso.

G: Bom, voltando a isso só por um minuto... eu acho que algumas coisas podem ajudar, esportes ajudam, porque eles dizem para as mulheres especialmente que nossos corpos não são apenas ornamentos, são instrumentos, sabe, eles foram feitos para fazer coisas.

E: Sim, de que eles tem um propósito...

G: Sim, eu escrevi uma vez sobre ir para a academia pela primeira vez, porque eu estava olhando o corpo das mulheres na sauna e percebi que cada corpo tem seu sentido, sabe, com o sutiã minúsculo, sabe (risadas) e as coisas que, sabe, eles se referem a outras ideias sabe, uma mulher parece com Buda, as cicatrizes das cesárias, eram como cicatrizes de guerreiras. É difícil porque existe um esforço enorme para impedir que a gente se rebele e tem muito dinheiro pra ser ganho nisso, mas espero que cada um de nós, homens e mulheres, possa ir pra casa se olhar no espelho e dizer, “Sim, Isso é fantástico pra caralho!” (Risadas)

(Aplausos)

E: Eu quero te fazer mais uma pergunta que está conectado com isso e aí vamos para as outras. Então, como uma feminista, quando você se prepara pela manhã, existe um equívoco eu acho, que para ser uma feminista, existem essas regras invisíveis, sabe, você não pode usar salto alto ou maquiagem, ou se depilar, eu tenho uma resposta também mas estou interessada, quando você se prepara, que tipo de coisas você... no que você pensa?
G: Bom, eu costumava ter uma regra, tudo que eu pudesse fazer por 20 minutos estava OK, (risos) e com o passar do tempo eu desenvolvi um tipo de uniforme, calças pretas, um tipo de top, um cinto estranho que você pode – então, eu acho que a decoração do corpo é uma imposição humana, e homens assim como as mulheres, se você ver os Omo no vale, na África, procurem nos seus celulares, procurem o-m-o e vejam essas pessoas, homens e mulheres, meninos e meninas, se decorarem todos os dias, com argila natural e tintas, flores, é lindo. Não ha nada de errado com a decoração do corpo, é lindo! Mas a questão é, porque os homens não podem fazê-lo, e porque as mulheres são obrigadas? Sabe, porque não podemos fazer isso com alegria e imaginação?
E: Por enquanto é uma escolha e você se sente, te faz se sentir bem, e você se sente empoderada, eu não acho que não possa ter nenhuma regra. Então, Our Shared Shelf, meu clube de leitura. Maria quer saber, “Na sua opinião, como o feminismo mudou na era digital, agora que mulheres de todo o mundo encontrar informações na internet, o balanço para igualdade mudou?”
G: Bom, obviamente é ótimo que possamos conseguir informações na segurança dos nossos lares, que possamos encontrar umas às outras, ao mesmo tempo está muito claro que não é o mesmo que uma reunião, sabe, você não exerce empatia com os 5 sentidos, e apertar ‘Enviar’ não é ativismo. (Risos) Ah, além disso, é fato que é conflitante e provoca polarização porque a grande maioria dos analfabetos nesse país, nesse mundo, são mulheres, e muitos, muitos milhões de mulheres não tem eletricidade, não tem dinheiro para um computador, sabe, pode ser conflitante, e nós precisamos estar cientes disso. Eis o meu sonho para a tecnologia: Eu acho que deveríamos ter, tipo, um grande satélite no céu, transmitindo em todas as línguas possíveis, e deveríamos ter rádios a manivela, para os quais você não precisa de eletricidade, sabe, de forma que cada mulher na terra pudesse ter um programa em sua própria língua. Quero dizer, acho a tecnologia realmente incrível, mas vamos democratizar, vamos tentar espalhar o máximo que pudermos. Por outro lado, é importante considerar que mulheres na web sofrem muito mais punição, assédio, muito mais crueldade, muito mais ameaças, e nós temos que entender também que na ausência dos cinco sentidos nós somos capazes de ser mais cruéis com os outros do que quando estamos presentes.
E: “O que você diz às pessoas que acreditam que feminismo é apenas ódio aos homens?” E essa foi do Rafael.
G: Eu poderia mostrá-los o dicionário.

(Risos)
E: Legal. Essa foi boa!
G: Homens são feministas também, é por isso que escolhemos a palavra, sabe, eu meio que gosto de liberação das mulheres como palavra, mas sabe, escolhemos feministas porque homens também podem ser feministas.
E: “ Você tem alguém como modelo, e se sim, quem seria e por que?” E essa foi da Romina.
G: Bom, há tantos, tantos. Por exemplo, penso na Wilma Mankiller, a chefe da Nação Cherokee, que deveria ter sido Presidente dos Estados Unidos numa situação justa, uma mulher fantástica que sabia como criar independência, não dependência, um presente incrível. Alice Walker, penso nela como alguém à minha frente no caminho...
E: Ela é nosso livro de fevereiro…
G: Sim, ela é, ela é a número dois no seu clube de leitura e eu fico tão grata, digo, o quão maravilhoso é que eu esteja aqui, Alice Walker esteja aqui, e nós não fazíamos ideia, não fizemos lobby, não fizemos nada, e estamos tão honradas. Ser escolhida é totalmente louco, não é?
E: Ah, sim, isso é loucura, nós aqui podendo falar com vocês que escreveram essas coisas que significam tanto para nós, é fantástico e um presente completo, então é realmente uma grande honra para nós. Eu gostaria de tentar mais algumas perguntas, porque caso contrário eles vão ficar bravos comigo. (Gloria ri) Olha, essa aqui é interessante! Ela acredita – “Você acredita que a palavra feminismo deveria mudar para humanismo? Seria mais fácil para homens aceitar o feminismo se a mudança da palavra fizesse soar mais como igualdade para todos, não apenas mulheres?” E essa foi do Chase.
G: Bom, uma vez eu fui dar uma palestra em um grande anfiteatro e havia pessoas do lado de fora com grandes faixas dizendo ‘Gloria Steinem é uma humanista’, e eu pensei ‘ah, legal’, (Risos) Eu não sabia sobre a tradição da palavra humanismo, que na verdade quer dizer que você não acredita em Deus, o que os deixou bem irritados, sabe.

(Risos)
E: É isso que realmente significa?
G: Sim! Bem, estou generalizando mas se você chegar em casa e dar uma olhada no seu... Sim, é isso que significa, que você acredita em seres humanos...
E: Eu estou expondo completamente minha ignorância aqui! (Gloria ri) Eu pensava que humanismo significava que você acreditava em igualdade para humanos, ah não, eu estava errada...
G: (Risos) Quer dizer, podemos debater, significados podem mudra com o tempo, mas não é essa a origem...
E: Eu acho que esse é o significado que me vem quando penso na palavra, não sei, mesmo se claramente não é a definição real.
G: Bem, em primeiro lugar, nós deveríamos poder escolher nossa própria palavra, se você não quer dizer feminismo, tudo bem: liberalismo de mulheres, mulherismo, mujerista se você é espanhola, meninas, adoro “girls” com dois ou três “r”s... (risos) Então é o conteúdo que importa, não a palavra, certo... Algumas pessoas dizem “igualitários”, essa é outra palavra.
E: Sim, Ok, é tão difícil. Eu adoraria – Michelle está dizendo que ela adoraria ouvir mais sobre a Conferencia Nacional de Mulheres em Houston. Você acredita que pode acontecer de novo, e se fosse hoje, você acha que... como você acha que a Conferencia seria diferente de como ela foi em 1977? Como mudaram as questões desde então?
G: Sabe, eu não quero entrar muito nesse ponto porque provavelmente a maior parte das pessoas no meu país não sabe muito sobre isso, mas foi um processo de dois anos no qual representantes de cada estado e território foram eleitos e problemas foram selecionados por um número enorme de pessoas, por exemplo na capital do estado de Nova Iorque havia 2000 pessoas, apenas lá, e também por causa das diretrizes, foi talvez a única reunião representativa racial e economicamente que eu já vi no meu país e nós decidimos na época, os representantes votaram em um programa no qual todos concordamos, então isso fez com que nós nos uníssemos em torno de questões feministas anti-lésbicas, sobre direitos de reprodução como abortos, que ainda eram controversos lá, então foi como escrever uma convenção constitucional para mulheres. Assim eu descrevi no livro e em outros livros completamente dedicados a isso, se você quiser dar uma olhada e ver se você acha que poderia ser útil de alguma forma.
E: Um, “ Quais são as soluções possíveis para a mídia misógina? Como as propagandas podem mudar a mídia de massa ou simplesmente garantir que estejam recebendo notícias confiáveis e informações livres de viés e misoginia destrutiva?” E essa foi da Amy.
G: Bem, eu acho que isso está a Agenda do Partido Político das Mulheres, não está? Mudar a mídia?
Membro da audiência: Sim! (Aplausos)
G: E muito sobre violência, e tudo o mais, ótimo...

Membro da audiência: Obrigada!
G: Obrigada, obrigada.

Membro da audiência: [Impossível ouvir]
E: Muito obrigada, eu agradeço.
G: Você pode repetir o que ela disse?

E: Oi?

G: Não não, se você puder repetir o que ela disse...

E: Ah, ela só estava dizendo que ela tinha mais informação sobre isso se eu quisesse...
G: Ok! (Risos) Então, há muitos grupos dedicados a isso e existe um Centro de Midia para Mulheres no meu país, nós começamos precisamente a fazer isso porque percebemos que tínhamos e continuamos a ter um movimento para saúde da mulher, mas não tínhamos um movimento para mulheres na mídia, sabe, e é muito importante que nós tenhamos nossa própria mídia agora. Temos mais do que antes, obviamente, mas as grandes mídias por trás das propagandas, o comando das grandes mídias, são muito restritos a cinco grandes corporações no mundo e, da mesma forma, o conteúdo de propaganda. Então eu penso que há inúmeras maneiras de protestar como indivíduos, podemos boicotar os produtos que eles anunciam e vincular isso ao Partido das Mulheres, ao Centro de Mídia para Mulheres, a qualquer grupo que conheçamos e que trabalhe na mídia para fazer você pensar que eles estão certos e você está errada. É impressionante. Então precisamos de mídia mais realista.
E: Eu vou perguntar mais uma pergunta rápida e depois vamos pedir impressões da plateia. Sarah disse: “Alguma ideia de como ensinar igualdade para meus filhos? Meu mais novo tem 7 anos, eles separaram os esportes por sexo esse ano e não sei como explicar para ele o porquê.”
G: Hummm. Bem, Eu penso que é como nós tratamos nossos meninos, sabe. Se nós não dissermos pra eles não chorar, ser forte, ou algo do tipo, se nós deixarmos eles serem quem eles são. É maravilhoso para meninos cuidar de crianças menores, faz eles se sentirem grandes, e, bem, tem um projeto maravilhoso em Nova Iorque chamado “Oh Boy, Babies” (“Oh, meu deus, bebês!”). Meninos do sexto ano tomam conta de bebês em berçários e no começo eles falavam do tipo, um, xixi, sabe, mas depois é claro eles diziam, ‘Beb~es são interessantes!’ (Risos)Sabe, eles estavam interessados! E além disso eles fizeram os meninos se sentirem grandes, e o programa recebeu esse nome porque sempre que os dois dias da semana chegavam, eles diziam ‘Oh, boy, bebês!’ (‘Oh, meu deus, bebês!’) (Risos) Então, de uma forma geral, eu acho que mulheres, meninas, se tornam pessoas completas quando se aventuram no que é erroneamente chamado masculino e não é, e meninos amadurecem ao se aventurar no que é chamado erroneamente de feminino e não é, e assim conseguimos nos tornar pessoas completas.
E: Ok, perguntas de…
179584 G: Na realidade, foi todo um processo, abrangendo os anos de minha graduação, enquanto trabalhava como garçonete em um café em Mayfair (risos), quando descobri que estava grávida e desisti de um compromisso em casa para fazer parte de uma fraternidade na Índia. OK, isso foi em 1957 e depois, em 1972, quando publicamos uma petição em uma revista sobre mulheres que abortavam, dizendo que nós havíamos abortado, e nós demandamos, você sabe, a descriminalização, então levou um tempo, e eu também não falei por muitos anos sobre isso, mas espero, que seja muito mais fácil hoje, e é importante que sempre falemos a verdade, dessa forma que nós conseguimos descobrir o que realmente está acontecendo no mundo em que fazemos parte. Uma em três mulheres neste país e uma em cada três mulheres em meu país precisaram abortar em algum momento da vida delas, e você sabe, por que estamos sendo omissos quanto a isso? E de uma forma estranha, quando voltei agora, de certa forma agradecendo a este país, que agiu de forma menos maluca do que o meu (risos), então, eu consegui achar um médico aqui, um homem maravilhoso que assumiu um grande risco profissional e que disse - você sabe, você ainda precisa de duas pessoas, dois físicos concordando, como você sabe, eu entendo que você está tentando mudar isso - mas as condições sob as quais elas poderiam concordar são estritas, então ele disse que aceitaria esse risco, se eu prometesse a ele duas coisas, primeiro, eu nunca mencionaria o nome dele a ninguém, e segundo, eu deveria fazer o que queria com a minha vida. Então eu dediquei este livro a ele.
E: Uh, sim, eu fiquei muito emocionada com isso!
(Aplausos)
G: Então, eu vou voltar meio século depois, para agradecer (risos)
E: Hum, ainda um pouco relacionado aquele tópico, em termos de perda, imunidade a dor, doença, a dureza desse mundo no geral, qual você acha que é, se não for muito pessoal, o seu mecanismo de defesa, o que te manteve sã quando os desafios apareceram...?
G: Amigos! Sabe, somos animais que vivem em sociedade, precisamos um dos outros, se ficamos sozinhos acabamos nos sentindo loucos ou errados, e a fonte de todas as mudanças, o mecanismo do começo da mudança, são grupos pequenos de pessoas que se apoiam, na Revolução Chinesa eram chamados de grupos de amargura, no grupo de direitos civis no meu país, foram as igrejas do sul falando a verdade sobre o racismo, no movimento das mulheres foram as pessoas, e essas mulheres costumavam se chamar de vejam nossos grupos e agora se chamam grupos de leitura. (Risadas) Realmente!

E: Eu sei! Eu estou maravilhada, meu grupo...

G: Não, não, realmente, é a... é a habilidade de dizer o que está te incomodando, todas as suas experiências ruins, descobrir que você não está sozinha, outras pessoas... Sabe, é isso! Nós não estivemos sentados ao redor de uma fogueira por nada, precisamos ficar juntos, contar histórias, ver o que temos em comum, se são problemas em comum eles provavelmente são políticos, senão não aconteceriam com as pessoas, se nos unirmos podemos mudar isso.

E: Falamos sobre a importância de testemunhar a dor, perda ou sofrimento de outra pessoa, e fiquei muito comovida com isso. Lembro de quando eu era criança e me sentindo em pânico quando alguém estava sofrendo emocionalmente, tendo um momento difícil, porque eu pensava que meu papel era encontrar um meio de arrumar isso, o quanto antes, ou fazer com que eles parassem de chorar o mais rápido possível, o que eu poderia fazer pra ajudar, e isso me deixava em pânico, porque muitas vezes eu não tinha as respostas, e um dia eu percebi que muitas vezes, a coisa mais importante que eu podia fazer era apenas testemunhar o momento dessa pessoa, muitas vezes sem tocar, abraçar... apenas sentar e ficar confortável ouvindo alguém em seu momento difícil, e isso me libertou de um jeito, que eu penso, espero, que tenha me ajudado ser uma amiga melhor apenas em não me sentir desconfortável, estando com outra pessoa, acho que você descreveu isso muito bem...

G: Parece para mim, que você faz isso muito bem, obrigada...

E: Bom, eu espero que sim, significa muito pra mim quando alguém senta e me escuta quando estou em um dos meus, você sabe, tendo um dia daqueles, um dia de “não consigo”. Hum, Rebecca Traister escreveu um artigo recentemente para a New York Magazine e ela diz que as mulheres solteiras ou que não se casaram, são agora o grupo de votantes mais poderoso nesse ano, nessa eleição presidencial, e sabe, estou interessada, teve muitas vezes na minha vida onde senti “Não sei o suficiente, não sei o bastante sobre esses candidatos em potencial, e eu, sabe, não vai fazer muita diferença”, e eu fiquei, “Eu não sei o bastante para tomar uma decisão”, e com a mídia sendo do jeito que é, estou muito interessada, qual você acha que é meio mais empoderador para que uma pessoa jovem possa descobrir mais informações e fazer decisões sobre um candidato que eles possam querer apoiar, e se eles acharem que não ha ninguém que gostariam de apoiar, como você aconselharia sobre isso?

G: Quando tenho Trump em meu país... (risadas) Me desculpa, eu... (risadas)

E: Eu diria que isso é divertido mas um pouco aterrorizante também...

G: Sim, é muito perigoso, porque ele é uma marca, algumas pessoas conhecem o nome dele e pensam que por ele ter muito dinheiro ele é esperto (risos) e ele, na verdade quando perguntam para as pessoas porque elas o apoiam, elas dizem que é por ele ser um homem de negócios bem sucedido, então gostaria de dizer que ele não é um homem de negócios bem sucedido, ele é um vigarista bem sucedido, é bem diferente. Se alguém descobrisse que ele (aplausos) só pegou o dinheiro que herdou e investiu, ele estaria melhor do que está agora, porque ele entrou em falência e infligiu seu débito nas outras pessoas, e por aí vai. Então, temos diversos problemas políticos, mas acho que devemos entender que o único lugar na terra aonde os menos poderosos são iguais aos mais poderosos é na cabine de votação. Não é tudo que podemos fazer, mas é o mínimo que podemos fazer, sabe, precisamos investir algum tempo em descobrir pelas fontes certas, quais são os problemas, e entender que as coisas não mudam de um dia para o outro, não existem soluções mágicas. Mas é praticamente impossível ir adiante e confiar nos seus instintos, sabe. Você reconhece autenticidade quando a vê, provavelmente, e isso é muito valioso, não falhe em confiar em si mesmo, não votar é um meio de votar, então use isso e caminhe para frente. Aqui vai a melhor coisa sobre instinto, se anda e se parece com um pato, e faz quack como um pato, e você acha que é um porco, é um porco (risadas).

E: Isso é bom! A coisa mais interessante – bom, é um dos meus capítulos favoritos no seu livro – foi quando você contou sua experiência trabalhando em diversas campanhas políticas, sabe, em uma campanha e como foi isso, eu amei “Por precisar de um prego perdeu-se uma ferradura / Por precisar de uma ferradura perdeu-se o cavalo / Por precisar de um cavalo perdeu-se um cavaleiro / Por precisar de um cavaleiro perdeu-se a batalha / Por precisar de uma batalha o reino foi perdido / E tudo por um prego de ferradura”. E é tipo, quando você falou sobe como foram as eleições entre Al Gore e Bush, por muito pouco, foi por um prego de ferradura, realmente...

G: Sim, não vou te contar a coisa toda mas começou com dois, 3 milhões de votos no Missouri, e Harriet Woods que está concorrendo ao Senado, que perdeu por falta de dinheiro, puramente porque ela não conseguiu responder acusações no último minuto, e porque o Senador que foi reeleito levou Clarence Thomas com ele para Washington, porque Clarence Thomas estava lá, ele foi visto como um raro afro-americano conservador querendo ir contra sua própria comunidade, e sabe, ele conseguiu entrar na Suprema Corte e por conta de um voto que parou a recontagem nas eleições de Gore e Bush, e gosta de Bush, e por conta disso tivemos a guerra no Iraque, temos, duas guerras no Afeganistão, temos uma grande desigualdade social, mais prisões e está la, é tudo verdade, então por precisar de um prego, você acaba com três guerras e a situação mais desigual entre pobres-ricos que tivemos no nosso país desde a Depressão. Assim como dar dinheiro federal para grupos religiosos, que ele fez com base no seu privilégio presidencial, e foi como um sistema de voto, então começou a tomar conta do Partido Republicano e começou com alguns milhares de votos, então coloquei isso lá porque acho que é uma dessas coisas que aprendemos com o tempo, sabe, a equivalência aqui, não sei, é crucial, alguns votos podem fazer uma grande diferença. E eu lembro no meu país, quando Richard Nixon inventou a ideia e publicitou a política como algo sujo, seu voto não conta, eles estava apenas tentando suprimir o voto, porque eles sabiam que ele não poderia ganhar em uma eleição correta.

E: Achei, você conversando sobre confiar nos seus instintos e em como é importante votar, a diferença enorme que isso poderia fazer, a virada na história e eventos históricos, e sim, a maneira como você coloca isso, achei isso muito persuasivo e empoderador, então...

G: Tenho certeza que existem muitos exemplos aqui; Acho que devemos começar a trocar nossos exemplos porque acho que é uma forma de inspirarmos o ativismo uns dos outros.

E: Gostaria de falar de você como uma escritora e sobre alguns dos seus livros, seus outros livros. Você escreveu um chamado A Revolução Interior, que é sobre autoestima, e quero saber porque você achou que esse tópico e a autoestima era a chave para a revolução e para tantas outras coisas...

G: Bem, aparentemente foi porque andando pelo meu país e outros países, eu vi muitas pessoas valiosas, especialmente mulheres incríveis, alguns homens também, que eram ótimos mas não achavam que eram (risos), então comecei a procurar livros que eu achava que ajudariam, e consegui achar livros que eram externos sobre ativismo, e internos sobre autoestima, mas que não se conectavam uns com os outros, sabe, de você valorizar suas ações e a si mesmo, suas opiniões e achar outras pessoas, sabe, é um círculo, então decidi que teria de escrever eu mesma.

E: Foi uma grande revelação para mim, um despertar, que era muito proveitoso para mim sentir mal comigo mesma, como uma mulher, muito proveitoso mesmo, e quando comecei a pensar, quando essa ideia começou, eu comecei a destruir um monte de...

G: Então explique, o que você quer dizer com proveitoso?

E: Quero dizer que, nossa, se sentir mal consigo mesma faz com que você queira mudar de certa forma, que você não é boa como é, não é aceitável, que para ser digna, amada, apreciada, atraente, você não está bem como você é, isso requer uma melhoria, mudança e mudanças sérias e grandes, e como acho que você sabe, isso tem sido muito empoderador porque eu nunca, acho que eu não havia me conectado com essas ideias, e eu estava, como você diz, sem amigos ou sozinha, pensando comigo mesma “deus, essa sou eu, eu sou assim, isso deve ser um problema, tem algo errado comigo”, e aí você começa a falar com outras mulheres sobre como elas se sentem sobre si mesmas, e é uma conversa de cinco horas. É como, eu odeio todo tipo de momento, o tempo todo, digo, não posso generalizar, obviamente, mas eu estava perturbada por quanto tempo eu poderia continuar uma conversa com as mulheres sobre coisas que elas não gostavam em si mesmas e em sua aparência, e isso era um problema pra mim, é um problema pra mim. Então, eu me perdi aqui... sobre sua pergunta... Eu estou respondendo sua pergunta! (risos) Ok, então estou bem... então você pode fazer isso, Ok... ?

G: Não, não, você está totalmente certa, desde que a falha possa ser localizada na pessoa mais fraca, eles vão continuar fracos, porque estão culpando a si mesmos...

E: Sim...
179584 E: Nós deveríamos, porque é interessante, eu fiz uma cena recentemente para um diretor, em que, nós éramos um tipo de, tinha improvisação envolvida e, e qualquer coisa do tipo, meu personagem deveria chorar naquela cena e, já na metade da cena, ele chegou perto de mim e disse “por que você sempre pede desculpa sempre que começa a chorar? Não está no script”, e “por que você está fazendo isso?”, e eu falava “eu não sei!” Para mim era algo tão natural, como pedir perdão a qualquer um com quem expressaria essa emoção, então, se eles estivessem menos envergonhados com o choro conectado à raiva…
G: A vergonha é realmente conectada à raiva, tipo, eu acho que quem está assistindo a um acontecimento horrível e não chora precisa tentar explicar por que. (Risos)
E: Eu concordo! Eu amo chorar, chorar é legal. (Risos)
G: E também libera substâncias do stress, você sabe, então nos faz bem.
E: OK, então, Justin Trudeau montou seu gabinete meio a meio, foi maravilhoso, e eu estava tipo esperando que isso deveria desconstruir o pensamento de todos os outros governos, e que eles também fariam o mesmo - infelizmente isso não ocorreu - mas você sabe esses homens que lideram e ficam falando “Eu não acho que seja certo”, e “Eu acho que nós deveríamos ter paridade em todas as instituições políticas”, você acha que, com isso, eu espero, começaremos a ter impacto?
G: Bem, eu espero que sim, tipo, ele deu uma boa resposta quando foi questionado e ele disse “porque é 2015!”
(Risos)
E: Foi tão legal.
G: E eu acho que nós precisamos reconhecer, baseado nos sexos, nas classes, nas etnias, nos papéis, em todas as coisas que, se nós, se nós, se nossos corpos mandantes não parecem com os outros de nosso país, é porque tem algo de errado, uh, mas vai demorar bastante tempo o que é OK, porque vai ser muito divertido participar da luta na revolução, (risos). Você sabe, você sabe, vai demorar um tempo, estou confortável com as Americanas Nativas no meu continente, elas sempre dizem, você sabe, demora quatro gerações para curar um ato de violência, porque é naturalizado de certa forma, então eu realmente acho que nós precisamos comemorar o quão longe conseguimos chegar, e observar de uma forma ampla, ao mesmo tempo, que no momento estamos fazendo tudo que conseguimos fazer, não devemos segurar, mas também não devemos ser desencorajadas por causa da demora.
E: Sim. Tendo de passar um tempo com você, já que é a primeira vez que nos encontramos - Eu fui ver uma amiga e ela falou “Como ela é? Como Gloria Steinem era?” e eu respondi “Bem, ela era realmente, Zen” (risos). Tipo, você parece, de uma certa forma, o desafio parece ser, o desafio parece…
G: Não, eu ainda não me tornei Zen, ainda não (risos)
E: Bem, do meu ponto de vista parece ser bom. O desafio, algumas vezes, parece ser tipo insuportável, e, você sabe, estamos escalando o Everest, e, não conseguimos enxergar o topo e qualquer outra coisa, e você está fazendo isso durante praticamente toda sua vida, e de certa forma você está tão engajada e extremamente louca, tipo, totalmente envolvida com isso, mas, ao mesmo tempo, você tem esse sentimento maravilhoso, tipo uma sensação de paciência, e também tem uma incrível vista aérea e, …
G: Bem, você sabe, eu não quero que nos tornemos pacientes, OK? (risos) não quero isso mesmo… Mas eu penso, OK, eu penso assim no momento (risos). Marx e Engels são caras legais, OK, (risos) mas eles cometeram um grande erro eu acho, que foi afirmarem que o fim justifica os meios. Na verdade, os meios são os fins. Os meios criam os fins que nós teremos, então, se nós queremos felicidade, amor, comida boa e dançar no final - não que este seja o fim realmente, mas você me entende - então também queremos felicidade, amor, comida boa e dançar durante todo o percurso, senão nós iremos morrer durante o trajeto, então, tipo, não digo que faço isso sempre, mas eu realmente acho que, o processo, a amizade, a loucura, as descobertas , você sabe, quando nós percebemos do nada, que estamos fazendo o que amamos, e esquecemos da hora, você ama tanto, que, você, simplesmente continua o fazendo, é o mais comovente para mim, e quando eu vejo pessoas que, no fim de suas vidas, ou no fim da corda deles, eles simplesmente se levantam e continuam indo, me faz chorar, é tão milagroso, e é o que precisamos fazer, realmente me emociona! (risos).
E: Você afirmaria que é tipo, uma forma de mantra da Gloria de certa forma, para jamais desistir?
G: Sim, com certeza! Definitivamente. E uma dancinha! (Risos)
E: Sim! e dancinha! Dançar é bom, Bem, eu quero lhe perguntar sobre pornografia. (Risos) bem, eu quero lhe perguntar, que nós trocamos uns e-mails interessantes recentemente, há pouco tempo, sobre a diferença entre pornografia e erotismo, e uma das coisas mais interessantes que você me explicou foi a verdadeira etimologia de ambas as palavras e, depois, as ideais e as respostas, eu acho, relacionadas às definições dessas duas palavras. Você disse que pornografia tem origem grega, que significa “mulher cativa”, “peras” significando a palavra “vender”, e “graphos”, que significa escrever sobre ou descrever, e erotismo é uma palavra que você entende que modificou tudo, salvou vidas, cuja origem também é grega, e relacionada a “desejo sexual”, “amor caloroso”, portanto, dois significados diferentes. Você acha que quando você se posiciona contra a pornografia, as pessoas te tacham de antissexual ou …?
G: Não se elas sabem o que sexo significa! (Risos) Como eu sempre digo aos homens, você sabe, cooperação acaba com a dominação, acredite em mim, então… (Risos) Não, serio, eu acho que nós estamos tão inundados pela pornografia, que, o que eu aprendi com o diálogo, …
E: Sim, diálogo…
G: É tão prevalente, que a gente quase não consegue imaginar de forma diferente, e isso é sobre sexo diretamente, então minha melhor analogia para isso envolve o estupro. Nós, mais velhas, iremos nos lembrar que o estupro era considerado inevitável, a única coisa que os homens diziam a uma mulher virgem, era que ela deveria se deitar e aproveitar. Tipo, se sabemos que há diferença entre estupro e sexo, e nós passamos muito tempo tentando explicar isso, com bastante sucesso, ao meu ver; estupro é violência, certo? Agora, só depois de aproximadamente trinta anos, tentando desconstruir essa ideia na maior parte da sociedade. Isso não quer dizer, obviamente, que não há mais estupro, mas isso quer dizer que nós condenamos isso, ao invés de pôr a culpa na vítima e dizer, o que você estava vestindo, você que provocou, e todas essas outras coisas que fazíamos antes. Certo, eu temo que, se, se nós não diferenciarmos pornografia de erotismo, violência de prazer, parece que este vencerá, pois englobará toda a ideia de sexo, e você sabe, então, vamos ver o que acontece, e cada um de vocês aqui, vocês sabem, pensem sobre isso, mas eu acho importante nós lembrarmos do sexo que é mútuo e prazeroso, que não trata de dominação, dor, violência, humilhação e tudo isso, e eu acho que nós conseguimos perceber, em determinadas forma de sexo, se ambas as pessoas desejam fazer aquilo ou, você sabe, uma situação em que o homem está dominando, com seu poder, você sabe, eu realmente me preocupo, nós - esse foi o fim de nossa discussão - nós dois estávamos preocupados com a propagação da pornografia no mundo por causa da internet, e, jovens principalmente, o pessoal de direita, em geral, está pressionando a educação sexual e aumentando a lucratividade da pornografia, para que os jovens olhem para isso e pensem ‘É isso!’, que é daquela forma que deve ser. Eu não sei como solucionar isso, mas espero que falando um pouco sobre erotismo (risos), ou pelo menos, se houvesse outra palavra que conseguisse transmitir a ideia de sexo mútuo, prazeroso e empático, iríamos mudar a ideia disseminada pela pornografia, o problema é que não há outro termo, realmente. Qualquer palavra seria bem-vinda aqui, sério, se você tiver alguma ideia (risos) …
E: Um, é interessante, porque enquanto conseguia definitivamente diferenciar e entender o estupro como um ato de violência, não só uma forma de sexo que acontece algumas vezes, um, é difícil, para mim, imaginar. Eu pensei que era uma parte inevitável da cultura e da nossa sociedade, que era algo que somente aconteceria, e tendo feito - você sabe, há culturas em que o estupro simplesmente não ocorre, não há índices de estupro, e, você sabe, tendo feito já muitas viagens, você já estudou essas outras culturas e essas novas formas de entender as coisas, um, mas, eu devo admitir, ouvindo você, ao mesmo tempo, eu acho difícil imaginar um mundo em que não há pornografia, sabe, para mim soa…
G: Bem, eu não, eu não sei, mas, de repente, não deixar de existir, mas ter uma alternativa…
E: Sim! Bem, isso é algo que eu realmente acho possível, nós deveríamos estar desenvolvendo alternativas incríveis para a pornografia. (Risos)
G: Você sabe, eu acho que as culturas Nativo Americanas na minha região, na América do Norte, e em algumas culturas mais antigas na África, na Índia, e outros lugares, eu digo, cada uma tratava o estupro de forma diferente. Eu comecei a ler as cartas de Cristóvão Colombo. Se você quer ler algo sobre um cara mau, (risos) eu recomendo lê-las, porque ele chegou, e, você sabe, ele estava escrevendo sobre como a comida era maravilhosa, como todos eram gentis e incríveis, e, depois ele escolheu umas mulheres para serem as escravas sexuais de seu grupo e ele ficou chocado por elas terem recusado! Ele não conseguia entender! (Risos) Você sabe, no próximo dia de Colombo, eu vou colocar um grande cartaz dizendo «assassino» no Circulo de Colombo em Nova York (Risos) Mas havia outras culturas nas quais as mulheres controlavam sua própria reprodução, com ervas, abortivos, e outros métodos, e além disso, havia culturas em que não existiam pronomes de gênero, nem mesmo ela e ele, pessoas eram pessoas, apenas um conceito, e o paradigma não era uma hierarquia, mas um circulo, então, a hierarquia e a dominação não são frutos da nossa natureza, são coisas novas na nossa sociedade. Pelo menos havia alternativas, antes, nós não sabíamos como, mas existiam outras culturas que acreditavam na ligação de todos os indivíduos, não a sua segregação, hierarquização.
E: Sim. Um, eu gostaria de voltar ao seu livro por um momento, porque uma das melhores coisas sobre o livro foi o início da primeira página e ver uma dedicatória que você fez, e, quando você está compartilhando experiências tão pessoais e íntimas… em algum momento você parou e pensou, será que eu realmente quero expôr isso? Eu quero tornar isso público? Como que acontece esse processo mental?
179584 G: E eu não, digo, acho que não falamos isso só pelas mulheres ou homens, e que os homens querem estar perto das suas crianças. É pelas crianças, porque se elas não virem que homens podem ser cuidadosos, carinhosos e pacientes, eles não vão saber que isso é possível. E se elas não assistirem mulheres fora de casa, conquistando coisas e ousando, não vão saber que isso é possível. Digo, fazemos o que vemos muito mais do que fazemos o que ouvimos. Então, estamos indo para frente aos pouquinhos, e acho que é a única forma de fazermos isso, porque somos assim. Somos o que vivenciamos e presenciamos, e o que acontece em nossas infâncias acabam normalizando padrões. Então nós vamos tão longe quanto pudermos, mas em outro nível. Por isso a família é importante, enquanto não tivermos famílias democráticas não teremos uma sociedade democrática. Enquanto não eliminarmos a violência doméstica, não teremos uma sociedade pacífica também. Então, não é só sobre relacionamentos e famílias. É mais profundo.

E: Por último, vou dar uma escapada no assunto um pouco, porque na última vez em que nos encontramos você me deu um livro intitulado Sexo e a Paz Mundial, que é um dos melhores títulos que já encontrei até agora.

G: São as duas coisas que mais queremos! (risos)

E: São! Verdade! (risos)

E: Mas quando eu cheguei na quarta página, tive que fechar o livro porque fiquei surpreendida pelas estatísticas, não conseguia me envolver ali. E então gastei uns minutos procurando no Google para ver se era realmente verdade e baseado em fatos. Existem agora 101.3 homens para cada 100 mulheres no planeta. Então mulheres não são mais metade da população. Citando o livro, ele diz que “mais vidas são perdidas através da violência contra a mulher, do aborto seletivo por gênero, infanticídio feminino, suicídio, índices notáveis de mortalidade materna e outras causas de morte ligadas a gênero do que vidas foram perdidas em todas as guerras e conflitos civis no século XX”. Não consigo nem imaginar um número desses, todas as guerras e conflitos civis do século XX. Nessa perspectiva, o maior dilema de segurança então é sistemático, quase uma desvalorização da vida feminina. Nunca pensaria numa estatística como essa, não entendia que nós literalmente afetamos o balanceamento da população mundial e em como a população é constituída. Talvez eu esteja atrasada nisso, mas você acha que as pessoas entendem o efeito que temos, nessa escala?

G: Não, eu acho que não. Não sei, não estou pedindo para que estendam a mão, mas acho que essa estatística foi uma surpresa pra muito de nós certo? E este livro, que é um excelente livro, Sexo e Paz Mundial usa uma imagem muito ilustrativa, um pássaro com duas asas, e se uma delas está quebrada o pássaro não consegue voar. Então, se a metade feminina da população mundial não está a salvo e tão balanceada como a metade masculina, a sociedade não consegue voar. Também apresenta o melhor indicativo de violência nacional, se o país em questão está mais propenso a se utilizar de força militar contra outro, não é pela pobreza, ou pela falta de acesso aos recursos naturais, ou pela religião, ou por seu regime político, é devido à violência da mulher. Não porque a vida das mulheres são mais valiosas, não é isso, é por causa dos primeiros exemplos que costumamos ver dentro das casas, em que padronizamos a ideia de que é normal um grupo dominar um outro. Por isso é importante que não somente as mulheres se conscientizem dessa situação, mas que todo mundo esteja de olho no microcosmo da violência, e da violência sexual nas zonas de guerras atuais. Por todos esses motivos não somos mais metade da humanidade.

E: Isso é muito louco. Assim, às vezes me perguntam “Mesmo? Diante de problemas como terrorismo, pobreza, mudanças climáticas e guerras, é de igualdade de gênero que precisamos falar? Quando há tantas mazelas no mundo?”. Tenho minha resposta para essa questão, mas estou interessada em sua resposta. Às vezes essa questão é empurrada no fundo das programações políticas, “vamos pensar num plano e quando tudo estiver consertado vamos pensar na igualdade de gêneros”. Porque deveria ser assim?

G: Porque é a base de tudo! Com licença? É o que normaliza a dominação ainda no início da vida, porque é o que cria a ideia burra do feminino e masculino, alô, existe o ser humano, e além disso os homens que nascem nisso tudo sentem a necessidade de provar sua masculinidade a todo momento, especialmente mostrando superioridade às mulheres e também a outros homens. É a raiz profunda de todos os problemas. A raiz do aquecimento global é forçar as mulheres a terem filhos que elas não querem ter, e consequentemente contribuindo para o aumento populacional. Sabe, se deixar as mulheres se decidirem se querem ou não terem filhos e quando vão ter, isso pode deixar as gerações mais niveladas, em qualquer lugar do mundo onde as mulheres sofrem esse problema. Porque é um problema de saúde, é seu corpo, é questão de saúde, e forçar mulheres a terem filhos, o que grande parte do mundo continua fazendo-o, é um dos grandes fatores de aquecimento global, aliás, não tem nenhum item da lista de problemas que não é fundamentalmente causado pelo embate “metade da raça humana versus a outra metade”. [pausa] Qual é a sua resposta para isso? (risos) A minha é um pouco longa, mas tudo bem…

E: Bom, eu tento, e falo apenas o que você falou no início, que é o fato de que todas essas questões que vemos acontecendo e as quais gosto de aprender sobre, elas estão linkadas diretamente a esse problema. E todas essas questões estão conectadas de forma intrínseca, e todas devem entrar nas discussões. Digo, como seria o mundo se as mulheres conseguissem participar das negociações de tratados de paz. Essas negociações sabe, acho que seriam… diferentes se houvessem mais participações femininas. Acho que poderíamos lidar muito bem com isso.

G: É, não, não… Não é que nós sejamos tão maravilhosas, não somos, mas não temos que provar masculinidade sabe? (risos) então, o que as pacificadoras irlandesas e libanesas conseguiram fazer, sabe, é verdade que temos melhores estatísticas. Sabe, alguns estudos mostraram que se você colocar homens em uma discussão, eles irão escolher comportamentos mais agressivos, mesmo que seja errado. Se você colocar mulheres, elas irão escolher serem mais conciliadoras, mesmo que seja errado. Então precisamos dos dois sabe, para que consigamos…

E: Precisamos de equilíbrio dos dois lados…

G: Acho que você precisa ficar mais brava quando as pessoas te perguntam isso. (risos)

E: Você acha? Ah, tudo bem, vou tentar. (risos) Falando sobre raiva, o que falam que não é muito feminino, você comenta sobre isso em seu livro My life on the road em que você fala que costuma chorar quando fica com raiva. Faço a mesma coisa, e acho isso embaraçoso e me irrita. Gosto muito quando você diz, e quando você conversou sobre isso com a Lena Dunham, gosto quando você diz que o que deveríamos tentar fazer é dizer “estou chorando porque estou brava, não porque estou triste, não confunda as coisas”. Estou curiosa em saber se já conseguiu estabelecer isso na sua vida.

G: Confesso que não…

E: Ah não! Gloria, não, Precisava que você conseguisse!

G: Mas vou conseguir. Vou falar, a mulher que me contou isso era uma executiva que trabalhava em um ambiente masculino, e ela me falou que também chorava quando ficava brava, muita gente faz isso na verdade. (risos) Eu acho que é porque seguramos por muito tempo nosso espaço de fala, e quando finalmente tivemos liberdade descobrimos que ainda falta controle. E ela pensou nessa solução, só falar distintamente sobre isso.

E: É.

G: E falar para seus colegas homens “vocês estão pensando que estou triste? Não!” (risos)

E: Meu rosto pode dizer uma coisa mas significar outra!

G: Esse é meu jeito de ficar nervosa, e ela diz que funciona. Tudo bem, então absolutamente vou tentar isso, digo, ainda não estive em uma situação que precisei continuar…

E: Sim…

G: … Porque não trabalho na mesma situação dela, mas vou fazer isso, nós duas poderíamos nos comprometer com isso…

E: Sim, deveríamos, porque é bem interessante. Recentemente fiz uma cena para um diretor, em que havia um certo nível de improvisação envolvida e meu personagem precisava chorar na cena. Lá pela metade da cena ele veio falar comigo, e me perguntou “porquê você fica se desculpando depois que começa a chorar? Não tá no script. Porquê?”, e eu fiquei tipo “não sei!”. Para mim é tão natural me desculpar imediatamente a qualquer um que esteja presenciando essa minha emoção. Então, talvez, se existisse menos vergonha em torno do choro de raiva…

G: Existe realmente vergonha em torno do choro de raiva, digo, acho que as pessoas que assistiram a algum evento horrível e não choraram deveriam explicar o porquê. (risos)

E: Concordo! Amo chorar, chorar é muito bom. (risos)

G: Chorar também elimina as químicas do estresse, e como sabemos, isso é muito bom.

E: Ok… Então, Justin Trudeau acabou de divulgar a nomeação dos seus ministros, dividido em metade homens e metade mulheres, o que é incrível, e eu estava esperando que isso fosse um sinal de uma vitória, e que todos os outros governos do mundo se inspirassem e decidissem fazer igual. Infelizmente não foi isso que aconteceu. Mas você acha que exemplos assim de homens em liderança que afirmem “isso não está certo” e “acho que precisamos ter igualdade em todas as instituições políticas”, você acha que isso vai começar a ter, assim espero, mais impacto?

G: Bom, espero que sim, digo, ele teve uma excelente resposta quando o perguntaram do porquê, ele disse “porque é 2015!”

(risos)

E: Foi muito bom.

G: Eu acho que devemos reconhecer os lugares por sexo, etnia, classes, e todo o resto. Acho que se o corpo político não parecer em nada com a população do país provavelmente há alguma coisa errada. Mas vai levar muito tempo, tudo bem/, porque vamos ter muita diversão fazendo uma revolução. (risos) Você sabe, sabe, vai levar um tempo. Eu me conforto com a sabedoria dos nativos americanos de meu país, eles sempre falam que leva quatro gerações para curar um ato de violência, porque é assim que é normalizado. Então acho que realmente precisamos comemorar o quão longe nós já fomos, e olhar atentamente todo o caminho, e que nós fazemos o que podemos. Não é para parar, e também não é para desencorajar devido à lentidão das coisas.
179584 Emma: Hm… Oi Gloria

Gloria: Oi (risos)

E: Hm… Obrigada por estar aqui e por me permitir entrevistá-la. Essa é uma oportunidade tão incrível para mim e estava muito ansiosa. Só caiu a ficha a uns segundos atrás que isso iria realmente acontecer. Então, isso é um grande prazer para mim, e sei que todos aqui são muito gratos por tudo o que você faz e por você continuar a escrever e a falar para o público. Eu simplesmente amei o My Life on the Road. Gostaria de começar perguntando algumas coisas sobre sua vida, e você. No livro você diz que não frequentou a escola quando criança, e que viajou muito ao lado de seus pais que vendiam antiguidades. Você acha que esse tipo de experiência única permitiu que você visse o mundo de uma forma diferente, com mais imaginação? E você acha que isso também influenciou sua trajetória profissional?

G: Eu acho que a falta da escola, e que na época eu me arrependia em não ir, sabe, sempre quis ir à escola como todas as outras crianças, como eu via nos filmes, que as pessoas vivem em casas e não em trailers. Mas em retrospectiva, penso agora que foi uma coisa boa porque perdi uma boa parte da lavagem cerebral, (risos) especialmente na questão de gênero, que ainda é muito real e era muito mais na minha infância. É estranho como algumas coisas que você se arrepende no momento acabam virando as que você mais comemora mais tarde; a parte sobre viajar, ela acabou me treinando bem em viver com a insegurança, o que é uma coisa boa (risos). E me levou a uma vida que eu nunca imaginei, pois por muito tempo me rebelei contra essa parte da minha vida, já que eu queria ser igual às outras crianças. Mas, tudo isso me permitiu ser uma ativista feminista nômade.

E: Acho que qualquer coisa na infância que te faça ser diferente é bem difícil...

G: Porque gostaria de falar isso? (risos)

E: Sabia que isso aconteceria (risos) Não, é verdade, digo…

G: Não, mas é sério, porque eu acho importante, sabe, compreender que nós não temos controle sobre os acontecimentos, mas podemos usá-los.

E: Definitivamente. Eu acho, digo, sendo superficial, quando tinha uns nove anos costumava odiar o fato de ter sobrancelhas grossas. Queria desesperadamente tirar tudo e transformá-las em duas linhas finas, sabe, mas você acaba aceitando essas coisas. Minha mãe tentava me falar que elas caracterizavam meu rosto, e que se eu fizesse aquilo iria ser uma vergonha, e você sabe, nunca realmente escutamos. Mas eu também acho que passei muito tempo fingindo que não era igual à Hermione, quando claramente eu era, e finalmente consegui aceitar esse fato. Então… isso me construiu sabe, me fez quem eu sou hoje e agora comemoro tudo isso. Então, é isso, uma jornada interessante. Você não frequentou a escola mas fez uma faculdade, a Smith, como foi essa experiência? De não ter uma formação formal tradicional?

G: Bom… foi um paraíso, à primeira vista, porque eles me davam todos os livros que eu queria ler e três refeições por dia, digo, não conseguia entender porque todo mundo ficava reclamando. (risos) Era muito bom! Embora me sentisse um pouco insegura, porque tinha vindo de um colégio que era.. como dizer… era, a principal coisa dela era o time de futebol americano, vamos colocar assim (risos). E eles eram tão loucos por futebol, que você poderia ficar até os 22 anos, se jogasse futebol (risos). Do contrário você teria que trabalhar em fábricas, ou casar, ou qualquer outra coisa do tipo. Então, vir de um colégio como esse para a Smith me fez socialmente insegura, mas felizmente não sabia muita coisa o suficiente para me sentir realmente insegura. (risos) Porque, você sabe, depois das férias de Natal as pessoas aparecem bronzeadas e eu pensava tipo ‘nossa não sabia que tanta gente morava na Flórida ou na Califórnia (risos). Então foi uma paixão aos livros, e lendo Aristóteles, sobre como as mulheres eram imorais e fracas; nós quebramos espelhos, não havia só a questão de não haver estudos sobre mulheres, não havia nenhuma interrupção aos estudos sobre dominância masculina.

E: Eu ia perguntar sobre isso, mais ou menos quando você lembra de ter se deparado pela primeira vez com algum conteúdo feminista? Consegue lembrar qual foi o texto nesse sentido que te marcou?

G: Provavelmente foi a Virginia Wolf, suponho, eu li ela naquela época, mas ela era mal compreendida em uma maneira… digo, ela era tratada como uma neurótica, em vez de entenderem o abuso que ela sofreu na infância. Então eu acredito que todo meu idealismo e esperança pela mudança aconteceu em outros países. Por isso fiz um curso sobre a Índia, o que é raro porque sempre acabamos estudando sobre os países europeus e só, bom, o colonialismo parece bem vivo em nossos currículos. (risos) Meu ideal era centrado na Índia que havia recém-obtido sua independência, não sabia fazer outra coisa além de estar a serviço.

E: Então, você começou a trabalhar como jornalista, e em um certo ponto começou a ser mais ativista. Gostaria de saber como você, quando se auto analisa, como você se auto define?

G: Bom, ainda me considero escritora porque é uma das coisas mais importantes para mim, mesmo que na maioria do tempo eu esteja na estrada organizando, você sabe, algumas formas de ativismo. Mas confesso que escrever é uma atividade que quando eu faço, penso que não deveria fazer qualquer outra coisa a mais. (risos) Mesmo amando organizar e ver grupos aparecendo, digo, ok, estamos todos aqui nos ajudando, vivemos em uma hierarquia baseada no patriarcado, que não funciona mais em lugar nenhum (risos), então é muito bom em grupos como esse assistir questionamentos surgirem, uma pessoa aqui pode ter perguntas, outra pessoa ali pode ter respostas, anúncios de problemáticas, arranjar encontros, a biblioteca feminista está prestes a fechar, mas enquanto estamos conversando está havendo um protesto contra isso agora mesmo…

E: Sim, enquanto nós estamos conversando hoje…

G: Sim, e o aluguel, ele..

E: O aluguel aumentou significativamente, eu acho, acredito que seja...

G: É, então, escrever é algo muito pessoal e eu sou grata por não poder ter publicado o que eu pensei que deveria publicar sobre o movimento feminista, por isso acabei ficando desesperada, indo discursar mesmo pensando que fosse morrer, e…

E: Foi como me senti quando discursei pela primeira vez, estava convencida de que morreria (risos)

G: Bom, o que eu aprendi com isso é que você não morre…

E: Você não morre! Não morre
(risos)

G: Mas perdi toda minha saliva, seria um sintoma de nervoso?

E: Oh boca seca?

G: Sim, parece que cada dente vestiu um suéter de lã…
(risos)
E: Eu só tremia. Eu só fico com muita vergonha e consciência de que eu estou vendo muitas pessoas e as pessoas me veem tremendo, então eu tentava esconder minhas mãos, e só às vezes deixava aparecer, para não ficar parecendo muito paralisada (risos). E muitas vezes minha mente fica em branco, sempre que eu fico nervosa, o que é muito frustrante porque costumo me preparar muito para qualquer coisa, e na hora minha mente dá um branco.

G: É diferente pra você quando você precisa ser outra pessoa?

E: É interessante. Tem sido ao mesmo tempo libertador e aterrorizante falar autenticamente por mim, como Emma, mas bem aterrorizante, existe uma liberdade em poder falar com as palavras de outra pessoa e fingir sê-las, mas não tem o mesmo peso. Digo, é um trabalho transcendental, uma experiência maravilhosa, amo muito o que eu faço, mas falar pelas minhas experiências pessoais têm sido muito significativo.

G: Eu acho realmente notável e admirável você ter decidido tirar um ano sabático (risos de Emma) desse trabalho admirável para focar no ativismo feminino. Fazer parte de uma campanha da Organização das Nações Unidas, é realmente, como dizer… mesmo você encenando outro personagem… Acho que as pessoas acabaram te conhecendo por meio das telonas né? E acho que podemos confiar você

E: Espero que sim! (risos) Espero que sim…

G: (Risos) E é por isso que é tão legal e importante que você está pegando toda essa confiança e depositando em seu trabalho, disseminando informações sobre o ativismo. Fazendo esse trabalho com os livros, sabe, é muito precioso e pouco comum, não acha?
(aplausos)

E: Bom, parece que se eu tivesse algo que devesse esconder, isso deveria aparecer agora…

G: Eu também! (risos)

E: É, tem sido, eu tenho estado sob olhares públicos por um tempo agora. Tem sido muito louco, mas é ótimo poder fazer essas coisas. Hm, estou interessada, você falou sobre o fato de que as leis maritais uma vez já significaram e eram coisas diferentes para homens e mulheres, mas que as feministas e o movimento feminista conseguiu mudar essa perspectiva o suficiente para provar que casamentos podem ser iguais para ambos. Mas falando em casamentos, dentro dele há muitas tradições que o envolvem. Como é possível ter um casamento em que há uma autêntica e genuína igualdade de gênero, respeito mútuo quando da ideia de se formar uma família, ter uma carreira… E o que você acha que pode ser visto como uma armadilha, nessa questão?

G: Bom, é uma pergunta bem grande…

E: Sim!

G: Bom, todos temos que respondê-la nas nossas vidas, mas o importante é que a lei é mais igual agora, pelo menos em nossos países (Estados Unidos e Inglaterra), ainda é bem desigual em muitos outros. Mas se eu tivesse me casando quando supostamente eu deveria, então teria perdido meu sobrenome, minha linha de crédito, minha posse de domicílio, e a maioria dos meus direitos civis. Então, conseguimos tornar toda essa parte mais igualitária, e já temos casamentos igualitários, isso é muito importante, e que todos que querem possam casar. Pelo menos estamos a caminho para um casamento igualitário. Mas existe ainda uma pressão no mundo externo, e quando você pisa fora de sua casa você ainda é tratado diferente. Mulheres com crianças são mais propensas a não estarem empregadas, porém homens com crianças são, porque eles são vistos como responsáveis enquanto as mulheres são vistas como distraídas. Então eu não acredito que as coisas vão se igualar isoladamente. Nós precisamos nos ajudar, realizar mudanças, vocês britânicos estão bem mais à frente do que meu país em termos de licença parental, sabe, não temos isso, nem mesmo para maternidade. Estamos muito atrás nisso, vocês, e ainda os escandinávios estão bem mais à frente do que nossos países, têm muito a ensinar. Mas, sabe, acredito que se você escolhe ter um filho, não acho possível termos um casamento igualitário até os homens criarem os filhos e serem tão amáveis e cuidadosos com as crianças assim como geralmente as mulheres são.

(Aplausos)
May 13, 2017 07:42AM

179584 So last week I met with a friend of mine -they are black- and we were having your usual talk about dating and they said that they preferred dating other black people because they honestly could do without having to explain every time why racism is real and stuff.

I am glad that I now understand. A few years ago, I wouldn't have.

Also, I sorta wish my group of friends was more diverse. Not as a badge or brownie points for zomg diversity, just in order to go through some of what Indigo said. As it is currently, I am happy it's no longer 100% white and straight, but I still think it's very much a comfortable bubble.
May 13, 2017 07:17AM

179584 Naomi wrote: "Pam wrote: "Ok. So Eternal has a couple of points here.
1) Emma, in his opinion, is not a good actress.
2) Award ceremonies often push an agenda, they are not 100% unbiased.


I'm glad the discus..."


For now I think I agree with Naomi...
May 10, 2017 08:57AM

179584 Anne Frank was not really a woman when she was brutally murdered by the Nazis, however I still recommend you all to read Roses from The Earth - The Biography of Anne Frank by Carol Ann Lee. Worth giving it a go after you have read the Diary to go into further detail of her life, her relationships and her thoughts. Anne was very decidedly a feminist -a brilliant soul who would have given us even more than she did, had she not become a victim of hatred and brutality.
May 10, 2017 08:53AM

179584 I will readily admit that, had the MTV Awards thing not came up, I wouldn't have thought of merging Actor and Actress category into one myself as something to claim! I do think Pam may have a point there. I am still thinking about everything myself.

If anything, I agree with Kodak that at the very least, this sort of small gestures indicate a change in ways of thinking and even just looking at things. I think that's good. We are reflecting on what is good as it is and what it needs to be changed. Some actions will be more important that others, but at least now we are thinking about it.

As for anyone who might disagree with Emma deserving the award...well, awards are a subjective thing anyway. As an example, I believe Haruki Murakami to be one of the greatest masters of literature there ever was, while some people think he's not even worth the paper his works are printed on. And that's fine. I am OK with people stating that they don't think Emma deserved it, as long as their point rests strictly on their opinion about her acting skills. When other stuff is brought into the mix...well, they are free to think as they please, but I don't think theirs is a well-rounded argument.
May 10, 2017 08:33AM

179584 Hey, Amanda! Thanks for the rec, we are always happy to hear about good books that we possibly might never have heard of otherwise! :D
May 03, 2017 02:40AM

179584 Georgios wrote: "The problem that I have is the behaviour that you currecntly display as a group. It's not gender egalitarian as the Heforshe movement is supposed to be. Its feminist and extremelz self righteous fe..."

Well, since I am one of the moderators myself and you still seem to have several concerns... :D

Its feminist and extremelz self righteous feminism. It is rife with group think and group mentality, esoteric language, seeing issues in black and white and a number of other things that are typical with self righteous behaviour.


Let's hit good ole Cambridge dictionary, shall we? :D

self-righteous: believing that your ideas and behaviour are morally better than those of other people

I don't think I have seen much of that around here ever since I joined the forum from its earliest days, which was as a mere participant. That is, unless you interpret enthusiasm and decidedness in expressing one's values and ideas as self-righteousness. But really, in a community where reading and discussion are our permanent goals and, in fact, the very raison d'être of the forums, you would be hard pressed to find the trait you mentioned, which is usually accompanied by the refusal to challenge one's views and consider others' perspectives.

As for this group being feminist, I can't rebate such a claim. We are feminists, indeed. Proudly so! Feminists in training, if you'd rather. We've been at this for a little longer than a year and intersectionality and safeness are, indeed, badges that we try our best to gain and maintain every day.

It is also undeniably true that you will find a certain trend of thought here. The same would be expected, I believe, from a group focused on J-pop, petit point or WWII combat planes. A feminist book club is obviously going to attract people who are already somewhat interested in this topic and whose ideology was already in tune with the issues we discuss, That being said, we still aim to welcome 'newcomers'. As a member first, and then as part of the admin team, I have seen people from all walks of life in OSS -young ones, adults, even some elderly people, spiritual, agnostic, atheists, the list is long. You would be surprised to find out how those who did not have a previous, solid, even academical knowledge of gender / women / feminism issues are many, may more than those who did.

We do our best, and I personally think we don't do bad at all, at keeping the spectrum of colours a little wider than black and white here. We do call a spade a spade whenever we encount denial of a very simple truth - gender equality is still to be reached.

In the past I have seen men trying to discuss issues such as "Does partriachy really exist?" and critisizing "Group think" in feminism only to be hushed up by the moderation team.


What you call hush up, I call moderating. Also, questions such as the first one you mention are a pretty neat example of the denial I just talked about. As for the second, well. There is this really amusing phenomenon where political parties and other groups are rarely understood as a whole and are instead seen as a sum of several currents, groups and, well, waves...with feminism being the exception, the one big drawer where a fraction of its thoughts and discussions, often grossly misused by those who have their best interest in doing so, are taken to be representative of all of us. I wonder why! Certain questions are, actually, attacks and attempts to silence us in disguise. We are certainly not willing to put up with those here, just as we won't with hate speech and a stubborn lack of intelectual curiosity.

As for the yellow box that keeps poping up and is called "group rules" these are way too general.


...Yellow boxes can only do so much, which is why we are here.

Among the moderators is only one male and he is not participating in the discussion as he is there solely because he is Mrs Watsons Manager.


Well, to each of us his/her/their duty. Also, there used to be another male mod, whom we proceeded to purge soon enough because bad hombre, who is no longer part of our team due to personal reasons. Still a less than exciting ratio, you say? I cannot speak for the rest of my colleagues, nor for anybody other than myself, yet this is obviously a fact that has crossed my mind more than once, in more places than just here in these forums, Why this ratio? What can we do?

...It occurred to me, we are already doing our part. In the currents of feminism I choose to adhere to, which by the way are the main ones by and large, our very claim (gender equality) is already an open invitation to men, that they are most welcome and actually necessary to join us and fight alongside for a better society. However, their (your) joining starts by the earnest acknowledgment of male privilege and an active effort to challenge apparent 'facts' and 'undeniable truths'. I have met many a man (and women, too, actually) that I have talked to about this group, in a very light, introductory way, only to be laughed at and introduced from there on as the feminist.

We at OSS are easy to join -one click and you are part of us already, regardless of your gender or lack thereof. And we intend to stay like that, kindly but also firmly and as safely as the Internet allows us to. You think the admin team is in sole charge of guaranteeing all that? Well, judging from the maturity of this community, I beg to differ.