Rosa Pomar's Blog, page 15
March 4, 2014
a lã e a neve
February 28, 2014
em seia
Passo este fim-de-semana em Seia, na Feira do Queijo, com as minhas lãs e o meu livro. Vou rever os meus amigos pastores, fazer meia e conversar.
February 20, 2014
o casaco
Ainda não contei nada sobre a Zagal, mas já estou quase a acabar um casaco para a E. feito com cinco das suas quinze cores (Ravelry). O número de malhas e os aumentos foram calculados com o Raglanify e o resto foi nascendo ao sabor das agulhas. Tem bolsos às riscas e parece vagamente saído deste livro. E assenta-lhe tão bem que me parece que vai ser das melhores coisas que tricotei até hoje.



February 17, 2014
keito dama
A minha revista de tricot preferida traz no seu número mais recente uma página dedicada ao meu trabalho e à Retrosaria. Aqui fica a tradução, gentilmente enviada pela repórter:
Encounter with traditional Portuguese yarn in Lisbon
Reencounter with “Keito Dama”
Do you know that the history of knitting in Japan and Portugal has something in common? When you started to learn how to knit, wasn’t it the “meriyasu” pattern you knitted at first? In fact “meriyasu” (meias) is a Portuguese word which means “socks”. Knit socks were imported by Japan in the times of the Western trade which started in the mid of 16th century. But despite such a history Portuguese method of knitting which is different from American and Continental and in which the yarn goes over the neck or shoulder of the knitter making to knit “purl” loop easier than “knit” loop, is still not well known in Japan. I remembered friend of mine said that I would “become captive” if I saw the traditional Portuguese yarn, so this time I decided to visit Rosa Pomar’s knit shop in Lisbon. She went around the country in search of traditional technique and patterns collecting them for tradition do not disappear. She is a designer, researcher and an entrepreneur; she is the woman who is popular in Europe and America.
The shop name is Retrosaria and it is located in the central Lisbon, on the street where the trams are running; on the second floor of the building with some “retro” nostalgic atmosphere. Climb on old stairs and you can see the glass case with displayed woolen yarn. Open the door on the right side and you will be in the Rosa Pomar’s World. On the line of shelves one can see Mirandese yarns, which were hand spun by the women in the northern part of Portugal near the Miranda Do Douro, using the techniques which are existing for hundreds years; Beiroa yarns which were produced using wool of sheep breed in Estrela mountains and many others made by excellent hands with a gentle touch of the Nature. And, what a surprise! on the counter I spotted “Keito dama”. I was so delighted to see it so far from Japan. And it is in use, because you can understand symbols even if you do not speak Japanese, I was told.
Finally I looked at beautiful knitted patterns inside her book “The history and technique of knitting in Portugal” which was published last year, and left Retrosaria with the hope that this book will someday be translated into Japanese.



February 10, 2014
zagal
February 7, 2014
no armário
A propósito da simpática entrevista comigo que a Divine Shape publicou hoje, uma camisola que fiz em 1994 com lã que comprei na Cooperativa Oficina de Tecelagem de Mértola. Tinha dezoito anos e usei-a continuamente durante uns dez. O novelo que sobrou está na capa do meu livro.
No outro dia citei dois autores do século XIX a propósito de roupa. Mas no século XXI, ao contrário do que acontecia no pré-pronto-a-vestir, o que vestimos reflecte aquilo que somos. O que vestimos, o que comemos, o que compramos. Porque comprar, mesmo que poucas pessoas o façam pensando nisso, é um acto político. Onde compramos o pão e que pão compramos, onde compramos uns sapatos e que sapatos compramos? Em quem decidimos diariamente investir, apostar, seja com €1 ou €100. Queremos que a padaria de bairro sobreviva, é lá que vamos comprar o pão. Queremos apoiar os produtores portugueses? É não comprar sem olhar para a origem dos produtos. Umas calças a €10? Quanta gente explorada está por trás desse preço? Todos os dias são dia de eleições, o que há é pouca gente a dar por isso.



January 31, 2014
aranha anha
aranha anha que ninguém ama
teu fio de lua é tua cama
aranha anha que o mundo mata
teu fio de lua ninguém desata *



January 27, 2014
beiroa ♥
Para umas pernas que não param de esticar, longas perneiras inspiradas por umas meias turcas antigas que estão reproduzidas num dos meus livros de estimação. Em Beiroa, claro. Pormenores no Ravelry.
PS: as botas são Green Boots.



January 25, 2014
o barrete vermelho
Políptico São Vicente de Fora, atribuído a Nuno Gonçalves, Século XV [c. 1450-1490] (pormenores).
Porque me apetece marcar em breve um workshop de crochet tunisino, fui à procura de imagens da Tunísia, para tentar perceber se há uma relação entre a técnica e o país ou se é um fenómeno como a salada russa e a bola de berlim. Fiquei sem saber, mas encontrei uma coisa que veio ao encontro de uma pista que há muito seguia, a propósito de algumas coberturas de cabeça que se usavam por cá entre o século XV e o século XVI. Sempre que revia os Painéis de S. Vicente achava que aqueles chamativos chapéus vermelhos podiam bem ser de malha. À partida a ideia parece descabida, porque estamos habituados a pensar na malha como uma coisa elástica e macia, moldada ao corpo. Mas no tempo dos painéis não era assim. As peças em malha eram muitas vezes feltradas (apisoadas?) até se tornarem rígidas (como uma camisola que foi acidentalmente lavada na máquina com água quente), moldadas para adquirirem determinado feitio, cortadas à tesoura e cardados para ganharem uma superfície aveludada. É aqui que entra a pista tunisina: o chapéu masculino tradicional do país, a chéchia, não só é feito exactamente assim como se considera que foi introduzido no século XVII por muçulmanos oriundos da Península Ibérica. O seu uso está actualmente em declínio, mas continuam a produzir-se da forma artesanal: segundo esta página a lã é fiada à mão em Djerba e Gafsa, os barretes em malha são tricotados pelas mulheres de Ariana, depois feltrados em El Batan (o nome é internacionalmente sinónimo de pisão), cardados em El Alia, tingidos em Zaghouan e finalmente enviados para Tunis, onde recebem os retoques finais, sendo novamente cardados com o mesmo cardo que por cá se usou até nas primeiras máquinas da revolução industrial, e vendidos em Tunis. Infelizmente só encontrei imagens da última fase do processo, mas fiquei convencida. Acho mesmo provável que em Lisboa os muitos barreteiros documentados para 1551 e 1552 estivessem no fim de uma cadeia de produção semelhante. As semelhanças entre algumas chéchias e os barretes dos painéis são óbvias, mas quem sabe…
Chéchia. Sem data (col. Musée du Quay Branly).
Do barrete de malha à chéchia. Sem data (col. Musée du Quay Branly).
Fourma (forma em barro cozido para moldar a chéchia). Produzida pelos oleiros de Nabeul. Sem data (col. Musée du Quay Branly).
Zuz bataduris (cardo) usado no acabamento da chéchia (fonte).
Acabamentos. Tunis (fonte).



January 21, 2014
伝統柄のウエアとこもの 編み込みニット
Pronta e a uso, com o prazer que dá usar não o que se comprou numa loja mas o que se fez com cinco paus e três fios.
I just had a coat come home from the tailor’s. Ah me! Who am I that should wear this coat? It was fitted upon one of the devil’s angels about my size. Of what use that measuring of me if he did not measure my character, but only the breadth of my shoulders, as it were a peg to hang it on. This is not the figure that I cut. This is the figure the tailor cuts. That presumptuous and impertinent fashion whispered in his ear, so that he heard no word of mine. As if I had said, “Not my will, O Fashion, but thine be done.”
Do diário de Henry David Thoreau, a 14 de Janeiro de 1854.
Nothing that belongs to me is any measure of me; on the contrary, it’s a limit, a barrier, and a perfectly arbitrary one. Certainly, the clothes which, as you say, I choose to wear, don’t express me; and heaven forbid the should!’
‘You dress very well,’ interposed Madame Merle, skillfully.
‘Possibly, but I don’t care to be judged by that. My clothes may express the dressmaker, but they don’t express me. To begin with, it’s not my own choice that I wear them; they are imposed upon me by society.’
Henry James, The Portrait of a Lady, 1881.


