Rosa Pomar's Blog, page 23

April 3, 2013

caneleiras poveiras

caneleiras poveiras


a sara no pico



As caneleiras poveiras do livro foram inspiradas num par de meias que, em 1967, Sebastião Pessanha trouxe da Póvoa de Varzim. Tinha 75 anos e felizmente continuava a reparar em coisas a que não muitos outros deram importância. Descendentes delas, as versões para turista das meias dos pescadores do Norte ainda se encontram por aí. E também há quem saiba fazê-las bonitas. À falta de imagens antigas que mostrem as meias a uso com os motivos à vista, suponho que as estrelas, espinhas e pássaros às cores ficassem escondidos por baixo das calças, alegrando não os olhos mas o coração.


As minhas caneleiras, que têm os motivos bem à vista para que não fiquem esquecidos nas reservas do museu, foram feitas com estas lãs e foram usadas pela Sara, na Ilha do Pico, ao som da Chamarrita.



These legwarmers from my book were inspired by a pair of fisherman socks from the collection of Sebastião Pessanha (b. 1892), a portuguese ethnographer who (unlike many others) paid attention to knitted artifacts and knitting tools throughout his life. Coarse touristic versions of this type of socks are still handmade and sold today, some of them bearing interesting stranded patterns.



a sara no pico



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Published on April 03, 2013 02:49

March 29, 2013

fazer a liga para o cuco


No Ribatejo, no mesmo fim-de-semana em que encontrámos um grande campo de tulipas e um mini tocador de cana rachada, conhecemos a D. Lurdes Santiago, fazedora de meias nascida em Almofala, mesmo junto a Espanha. Entre outras coisas contou-nos como por lá se aprendia a fazer malha nos seus tempos de menina:


Pegavam em duas agulhas e num novelo de linha e davam às crianças para fazer, quando eram pequenitas. E então diziam assim: “vais fazer a liga para o cuco, que senão o cuco tira-te os olhos!”. (…) Compravam logo uma cestinha pequenina (…), metiam as duas agulhas, novelo e as avós ensinavam. Faziam, chamavam elas, a liga: era só a malha de liga por dentro e por fora, às vezes com quatro, cinco malhas, às vezes as malhas eram desta altura, mas faziam. E assim aprendíamos.


Um dos momentos da conversa de que gostei mais foi a descrição do jogo que as raparigas faziam para ver quem fazia malha mais depressa. Vale a pena ouvir.



Two weeks ago we’ve met Mrs. Lurdes Santiago, born in Almofala, a village very close to the spanish border. She told us how in her time little girls were given a small basket to carry on their arm, a ball of cotton yarn and a pair of hooked needles. Their grandmothers would say, half joking: “You’re going to knit a garter for the cuckoo, or the cuckoo will come and take away your eyes”. So they started by knitting a simple garter, purling all stitches (the purl stitch is the first and easiest stitch using the portuguese method).



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Published on March 29, 2013 13:34

March 26, 2013

a pleasing array of facts

campo grande


meia


ribatejo


By putting these questions to friend and foe, rich and poor, high and low, the city-bred and the country-bred, and by writing innumerable letters to dwellers in the mountains and lowlands I have collected a pleasing array of facts, names and patterns; but what are these by the side of the facts, names, and patterns that might still be collected?


Em 1912, Eliza Calvert Hall colocava a si própria esta questão na introdução ao seu A Book of Handwoven Coverlets (quem conhecer as mantas de puxados açorianas encontrará aqui muitos padrões familiares), fruto de um pioneiro trabalho pessoal de recolha em vários estados dos EUA. Hoje, a bordo da camioneta que me levou ao Ribatejo para um dia de revelações, revi-me novamente nestas palavras. Porque o livro não é um fim mas sim um início, um pé na porta que diz isto é assunto, isto merece ser olhado, estudado e exposto.



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Published on March 26, 2013 13:01

March 18, 2013

a boina do corvo

boina do corvo


É uma das minhas páginas preferidas do livro. Uma fotografia dos inícios do século XX, desencantada nos arquivos do New Bedford Whaling Museum, de um Corvino. Na cabeça leva a boina do Corvo, uma das pérolas das malhas açorianas cujas origens se perdem no tempo e resistem quase que por milagre até aos nossos dias. Em 1924 Leite de Vasconcelos deu por elas e trouxe para o Continente uma que espero poder um dia ver ao vivo (o retrato que lhe tiraram ao lado dos homens do Corvo e suas boinas está umas páginas mais à frente). No último capítulo está a receita.

Gonçalo Tocha, o realizador de É na Terra não é na Lua, pôs a boina nas capas dos jornais. Adoptou a versão com pala (que ainda não experimentei fazer) e até publicou sobre ela o vídeo que partilho aqui em baixo.

Mais recentemente, a marca portuense de roupa La Paz (que merece um post só para ela) fez da boina peça chave da sua colecção de Inverno. E criou uma nova, por ela inspirada, para o próximo ano.

Finalmente, quem quiser comprar uma boina do Corvo mesmo feita no Corvo (mas em poliéster) pode ir directamente à fonte.



This is one of my favorite pages in the book. A portrait of a young man from Corvo Island dating from the beginning of the 20th century, found in the archives of the New Bedford Whaling Museum. He is wearing the traditional knitted beret from Corvo, which local men have worn since at least the 19th century (the Ravelry page for the pattern is here). The making of one of these berets is the main narrative element in the documentary É na Terra não é na Lua by Gonçalo Tocha. And last year the portuguese fashion label La Paz made it part of their beautiful winter collection.




Gonçalo Tocha, A boina de “É na Terra não é na Lua”.


la paz

La Paz, Winter 2013-2014




Gorros tradicionais da ilha do corvo



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Published on March 18, 2013 12:13

March 12, 2013

malhas portuguesas

malhas portuguesas


malhas portuguesas


Nasceu esta tarde em Lisboa às 14.31h, com 546g de peso. Está de boa saúde, tal como a mãe que, por se encontrar ainda um pouco combalida e muito emocionada com o acontecimento, deixa os comentários para depois.


malhas portuguesas - portuguese knitting


malhas portuguesas



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Published on March 12, 2013 11:41

March 8, 2013

mini

knitting


#knitting


Ingredientes da estreia do workshop das mini-camisolas: seis mulheres, um bebé encantador, 30 agulhas e Beiroa de várias cores.


knitting



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Published on March 08, 2013 09:51

March 6, 2013

gimme a hard copy

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Os planos vão saindo da máquina, um a um, numa gráfica gigante junto a Barcelos. E para a semana que vem chega às nossas mãos.

A ida à RTP correu bem. O resultado andará por aqui em breve.


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Published on March 06, 2013 06:19

March 1, 2013

quase

rever rever rever


E agora está mesmo quase. As últimas revisões foram feitas e a capa foi fechada. Os sites das grandes livrarias começaram a anunciar o livro e na Retrosaria também já se aceitam encomendas (e que bom foi vê-las chegar, como um voto amável de confiança de quem acredita que vai gostar de o ler). Amanhã parto para o norte e, se o céu não nos cair entretanto em cima da cabeça, depois de uma ida à RTPI na manhã de terça-feira assisto à impressão das páginas na tarde do mesmo dia. Se for mesmo assim regresso a Lisboa feliz.



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Published on March 01, 2013 14:10

February 27, 2013

carimbos agatha – a lã

carimbos agatha - a lã


carimbos agatha - a lã


Não me lembro deles na minha, mas sei que existiam em muitas escolas primárias. Cheguei a estes graças à Rita Rodrigues, que me avisou que estavam à venda. São dez, organizados numa caixa dedicada aos processos da lã. Mostram o pastor, o tosquiador, o operário da indústria dos lanifícios, o tintureiro e a fiandeira, a tecedeira, a senhora da loja e a senhora a fazer malha. Um ciclo da lã bem mais sexista do que na realidade, mas ainda assim delicioso (a A. quis logo colorir as impressões). Também são curiosas as pequenas incongruências, como a estranha posição em que uma senhora carda a lã e a outra segura nas agulhas de tricot. Como diz tão bem o Benjamim Pereira, para saber explicar é preciso saber como se faz.


carimbos agatha - a lã


carimbos agatha - a lã


carimbos agatha - a lã



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Published on February 27, 2013 05:48

February 22, 2013

vida na cidade

vida na cidade


Têm sido uns dias invulgarmente domésticos, a limar as últimas arestas do livro*. Estas semanas custam a passar. Em vez de o processo ser como o de um bolo, que se põe no forno e se vai lá buscar algum tempo depois, já pronto, é mais como o de um gelado: bate-se bem, põe-se no frio, vai-se buscar e bate-se outra vez e volta-se a pôr no congelador e repete-se o processo vezes sem conta para ele ficar macio e sem cristais de gelo por dentro. A minha paisagem boa parte do dia é esta. Tem A Vida no Campo, o disco do Tiago que também está quase a sair, as etiquetas da Mirandesa e da Bucos, uma alpaca e um pastor, uma menina do Barroso ou lá perto…


*O livro já aparece em pré-venda nalguns sites, mas vou esperar até poder mostrar a capa para fazer o mesmo na Retrosaria.



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Published on February 22, 2013 04:09