Pedro Guilherme Moreira's Blog, page 55

August 6, 2012

O pequeno poema sobre o arrebatamento (não disponível para desencanto 2.0)



não sinto nada

diz a veia ao olhar
rubicundo
enquanto ferve

reformula:

não sinto nada porquanto
me sinto em tudo
portanto, se sinto tudo
(disforma)

não sinto nada
e fica tudo
por dizer
e a folha em branco
é o esplendor do arrebatamento

(e então começo)

PG-M 2012
fonte da foto
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Published on August 06, 2012 17:50

August 4, 2012

Voleibol e o elogio da imperfeição

É, hoje vou falar disto. Deixem este velho e pesado voleibolista falar (é verdade, o número oito aí do lado, nos idos de oitenta do século passado). Batam-me, mas eu acabava já com os serviços em suspensão. Obrigava até a que fosse obrigatório servir sempre com pelo menos um apoio. O voleibol é praticado na minha família há pelo menos três gerações, pouco importando qual a que fez mais campeões (tivemos a nossa - boa - dose e temos aí miúdos a despontar para os melhores). Eu sou da geração dos olímpicos Maia e Brenha, de quem fui aliás colega de equipa na Académica de Espinho, nos idos de oitenta do século passado. Quem hoje for ver um encontro de voleibol em Portugal não se sentirá defraudado. No meu tempo não era bem assim, porque a regra de só marcar ponto no próprio serviço tornava alguns jogos um absoluto tédio. A FIVB foi alterando as regras, e alterando e alterando. A dos pontos sucessivos e a passagem dos sets dos quinze para os vinte e cinco ponto foi fundamental para dar interesse a este - belíssimo, encantador, visceral (qual golfe, qual quê?) ,- desporto, este da bola que voa, e quanto mais voa mais espectacular o torna. Da bola e dos homens. Mas a FIVB também deu cabo do voleibol de praia, hoje bem mais desinteressante e feio do que quando, originalmente, se parecia mais com o de pavilhão. Aliás, para quem foi formado em pavilhão e não fez nem faz parte da geração dos praiistas modernos, o voleibol de praia é , e será sempre, uma coisa esquisita. Mas, ainda que um amor difícil, não deixa de ser um amor. Ora, o advento destes jogos olímpicos de Londres 2012 fez-me cair em mim. Assistindo aos jogos ao lado de alguns leigos e ouvindo os seus protestos, apercebo-me de que, realmente, o voleibol "perfeito", o jogado ao mais algo nível e com poucas falhas (por exemplo, por um Brasil em forma) perde beleza. O voleibol "perfeito" contraria parcialmente a génese do jogo: a bola no ar. Todos sabemos o êxtase a que pode levar um longo "rally" (quando a bola não cai e ambas as equipas a vão resgatando sucessivamente, em grande e épico esforço), e como é sempre espectacular - mesmo num jogo de infantis. Se duas equipas se vão sucedendo em "side outs" (marcar ponto no serviço do adversário para voltar a servir) limpos "empatam" literalmente, o jogo, que fica chato, pelo menos até aos vinte pontos. Além de demasiado rápido para ser desfrutado e até apreendido. Parece-me que a tentativa da FIVB de tornar o voleibol num desporto agressivo, de ataque, desfeou-o, tirou-lhe emoção, emoção que só volta se o nível descer ligeriramente. Realmente, só um inenarrável Nicolau, esse comentador dinossáurico da RTP, poderia repetir à exaustão que "o nível do voleibol" de um Alemanha - Sérvia estava "baixíssimo". Pois é mais baixo do que o de um Brasil - EUA, sem dúvida, mas é a medida certa. E talvez a ânsia de comentar tudo o que mexia (e não) o tenha impedido de ver um jogo espectacular. E nem sequer falo da inspiração que é para mim ver um Grozer (o craque alemão) com 104 quilos a voar e acertar pedradas em tudo o que mexe, porque o homem é inconstante, e portanto um jogador polémico e apaixonante. Nem da última final olímpica, a de Pequim 2008, em que tradicional falta de humildade e sobrancerias brasileiras trouxeram a imperfeição de volta e deram uma grande vitória aos EUA. O que eu falo é de travar o jogo para manter a bola a voar. Sejam corajosos, então. Proibam lá o serviço em suspensão. Tragam de volta a colocação, os efeitos, a flutuação. Até as  enroladas recepções em passe desde o chão. Mas travem isto e façam a bola voar. E, ainda que não, deixem este velho e pesado voleibolista falar.
PG-M 2012
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Published on August 04, 2012 17:33

August 2, 2012

sempre os mesmos olhos verdes




Tinham de ser verdes
sempre os mesmos olhos verdes


mesmo quando eu acaso
escolhi
a mulher universal,
lá está,
dediquei-lhe uns
olhos verdes


talvez porque


mesmo nas árvores nuas
se fizesse primavera
talvez porque
mesmo nos campos ocres
a fome virasse
tempo
e era ao frio
ou no velho sol de
agosto
que o silêncio me trazia
sempre os mesmos olhos verdes


e eu soube


que ela tinha crescido
o sorriso, a boca, o queixo, o colo,
o corpo,
levara-os sempre ela
aos lados todos que quis
mas quando enfim me voltou
trouxe intactos os olhos
verdes


sempre os mesmos olhos verdes

que mesmo nas árvores nuas
compõem as primaveras
e mesmo nos campos ocres
tomam para si
o tempo

PG-M 2012
fotografia de Chris Kelm. Fonte.


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Published on August 02, 2012 19:16

July 28, 2012

Abismos negros

Num curioso artigo de página inteira do El País de 21 de Julho de 2012, passado Sábado, Vicente Molina Foix dá uma panorâmica factual, política e arquitectónica do monumento à memória dos desaparecidos do 11 de Setembro de 2001. Não se limita a criticar. Aliás, critica pouco. Entra connosco no "ground zero" e descreve minuciosamente o que está e o que pretende simbolizar. Quando chega às duas fontes negras para onde caem cascatas de água põe a nu algo que nunca me tinha ocorrido: sem se tratar de virar a cara aos factos, a verdade é que o memorial foi pensado para constituir um momento de serena comunhão com a memória dos mortos. Aquelas piscinas negras, no entanto, diz Foix, acentuam a sensação de perda e provocam uma comoção inesperada. Estas sensações fortes têm feito do memorial um caso de sucesso, mas talvez não sirvam o propósito para que foram criadas. Foix chama-lhe o "mayor logro estético" do monumento. Eu tendo a concordar, mesmo que um dia - in loco - sinta necessidade de me retratar. O desenho que acompanha este post é também o que acompanha o artigo de Foix, que aliás pode ser lido aqui. Este desenho de Enrique Flores é talvez o mais comovente de todos os que vi sobre o 11 de Setembro. Lembra a "árvore sobrevivente", uma pereira salva dos escombros e hoje recuperada e em lugar de destaque no memorial. No lado oposto da treva. Que é, claro, o da luz.
PG-M 2012fonte da foto
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Published on July 28, 2012 16:58

July 26, 2012

Update: e ao quarto episódio colaram-nos à parede

Um breve "update" sobre a série "The Newsroom", objecto do post anterior:os vários parâmetros - normalmente flutuantes numa série, por boa que seja, e mais estáveis num filme - que aguardavam a articulação perfeita estiveram irrepreensíveis no quarto epísódio desta primeira temporada. O argumento, o ritmo, os actores, o factor entretenimento. E acima de tudo o que prevalece: a sensação de que a história da televisão se está a fazer perante os nossos olhos. Faltava associar ao idealismo e à inocência o realismo cortante do status quo dos media actuais. O americano é, mesmo que noutro contexto e a outro nível, o que nos espera aqui na Europa mais cedo ou mais tarde. Chega a ser impressionante a forma como subitamente nos defrontamos com a realidade da implosão num grupo mediático: como o poder chega ao ponto de precisar de destruir a sua "âncora", o seu "pivô" estrela. Como o medo toca os mais desassombrados: porque quem nos quer tramar está dentro da nossa própria casa. E não é um colega menos leal. É o próprio poder, o que pode acabar com a nossa vida fazendo com que um camião se despiste "acidentalmente", e no entanto prefere fazê-lo paulatinamente, de forma perversa e inatacável. Esta será já a realidade das nossas redacções. Ou, se não é ainda, sê-lo-á brevemente. Agora sim: imperdível a bem da sanidade mental e da lucidez. Mas vai ser muito difícil manter este nível. Custa mesmo a acreditar que o faça, mas é isso que nos faz resistir deste lado.
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Published on July 26, 2012 17:43

July 25, 2012

Todos os jornalistas sabem, só os melhores querem saber



Tem ao menos o mérito de ir dizendo ao jornalismo e aos jornalistas aquilo que muitos gostavam de dizer e têm medo. Medo mesmo. Por saber que se incomodam cada vez que dizem o que pensam, mesmo que o façam sem ponta de maldade ou vontade de prejudicar quem quer que seja. A classe dos jornalistas é hoje a que está genericamente menos disponível para ouvir crítica externa. São violentamente críticos internamente, a maioria deles excelentes profissionais, mas andam em roda livre. Sabem um pouco mais do que o que nós queremos ou devíamos querer ver (todos eles estão convictos do que resulta ou não em televisão). Sabem que deviam autoregular-se - nota-se um consenso neste departamento - , mas estamos no tempo errado para isso, pelo que o movimento nesse sentido (ou não existe, ou) é frouxo. Muitos deles não sabem como reagir à frustração de ter de segurar o emprego e, ao mesmo tempo, ser verdadeiramente livres dos poderes fácticos e, principalmente, dos poderes efectivos - que em último grau são os que lhes pagam os ordenados. Sabem o poder que têm nas mãos, mas estão dentro dele - a objectividade nunca será possível sem uma visão externa e independente com poder interno. A nova série da HBO "The Newsroom" traz para o terreno aquele que é talvez o maior pedaço de ficção com seiva de forte possibilidade (que outros chamam realismo) a correr-lhe nas veias. É refrescantemente inocente e idealista. Faz-nos morder o lábio inferior. É isto, pá. É isto. A série não defraudou a enorme expectativa que gerou e conseguiu ser a segunda melhor estreia da HBO nesta época, como 2,1 milhões de espectadores na estreia, só batida por mais uma história de vampiros, com mais do dobro (True Blood). É irónico que dependa de audiências, como hoje tudo - e todos? - dependem. Já tem garantida uma segunda temporada e tem sabido explorar paulatinamente todas as vertentes da questão: pode o jornalismo voltar a ser sério e isento, mesmo afrontando os seus maiores investidores, e, sendo-o, sobreviver com boas audiências? Ou mesmo com más? Juntem a isto um
PG-M 2012fonte da foto
Abertura do terceiro episódio, que condensa o idealismo refrescante de que supra se falou:
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Published on July 25, 2012 17:42

July 24, 2012

As férias viscerais


Quando estávamos no vestíbulo à espera de mesa ela disse-me que, por razões de força menor, tinha perdido nove irrecuperáveis dias de férias. Riu-se. Depois começou a chorar para que só eu pudesse ver. Se eu não fosse um preditivo amigo e um putativo amante, teria encolhido os ombros e dito- Estas coisas acontecem a todos, temos de estar sempre preparados.como lhe tinham dito todos os estranhos e conhecidos a quem ela fora desperadamente colher solidariedade. Mas como se faz isso numa sala de espera de um hospital, no único banco ou no lanço de escadas junto ao bloco operatório, com estropiados a sair e a entrar e os seus amores a entrar e a beijar, leves acenos como quem tenta dizer que isto é rotina e os corações todos partidos a pensar- E se o perco?Mas como eu sou um preditivo amigo e um putativo amante e ela me chamou para jantar na véspera de, finalmente, partir para menos de uma semana de férias e nove irrecuperáveis dias (interrompi-a)- Tu dizes que são irrecuperáveis, mas...- Já sei o que vais dizer.- Não, não vou dizer isso. Vou dizer que talvez descubras uma nova forma de tempo.Ela fez um cara feia e então jantámos, garfadas intercaladas com os olhares do costume, o beicinho, ela perfeitamente ciente de que eu a amo desesperadamente desde o estágio, eu conformado com o facto de ela estar perfeitamente ciente e portanto a nossa nunca vir a ser uma história de um amor secreto ou impossível. Apenas corremos o risco de nos amarmos toda a vida e nunca sermos um do outro. É um risco alto. Um risco grave. Mas tolerável. Não, nunca lhe ocupei aquele espaço do entrenamorados. Nem ela me chamou para isso, dado que me ama. Sabemos que, ou ficamos para o fim de tudo, para últimos, para o resto do amor da vida um do outro, ou não seremos um do outro de todo. Como dizia o Gabo da Mercedes, já depois de ter ganho o Nobel evitando o fraque, com um fato branco de algodão, fechado até ao pescoço com botões, o "liqui-liqui" que perturbou as elegantes senhoras de Bogotá, desconhecedoras de certas tradições ("Por que razão Gabo se vestiu de cozinheiro para receber o Nobel?)*, como dizia o Gabo da Mercedes, acabamos por nos conhecer tão bem que já não temos a ideia de como somos na realidade. Estamos sempre aqui, estaremos sempre, e ficaremos no fim um para o outro se já não houver mais ninguém.
Ela começou as férias e logo no primeiro dia percebeu o que eu quisera dizer. Quando desceu o declive da praia de areia fina e branca a que voltava todos os anos para entrar no mar esmeralda disse para o marido- Sabes quando te perguntam o que farias se soubesses que ias morrer amanhã? Eu dizia isto. O primeiro banho na praia a que volto todos os anos.,que, embora lhe soubesse sempre bem, nunca lhe soubera assim. É o que faz a escassez. Atira-nos para uma forma de tempo em que cada elemento da rotina anual se torna visceral. E então passas a viver três dias num. O médico que atende lá em casa disse que a primeira vez que foi ao chalé de férias do sogro francês quis fugir e voltar para casa. Mas cada ano acrescentou um camada aos hábitos, que agora levam décadas e ele não dispensa. Foi este tipo de férias que lhe tiraram, a oportunidade de repetir várias vezes o que não podia fazer - e esperava fazer - durante um ano.O primeiro bafo tropical, que a ampara como um cobertor que lhe deitam pelas costas dizendo, vá, chegaste, tira a roupa toda, vais passar quinze dias nua, o corpo livre de quase tudo.O primeiro banho.A primeira vez que se estende na toalha com a revista rosa.A primeira dose de sardinhas brancas na Concha.O primeiro café com os pés na areia no Carlos.O primeiro jantar no indiano com o pão e o molho de manga.O primeiro passeio urbano em calçada portuguesa e lojas de praia por todos os lados.O primeiro livro.O primeiro texto na varanda sobre o mar a ouvir a música que separou para as próprias vísceras.A escrita com o corpo nu até às quatro da manhã, as conversas com os amigos no facebook sem ter de dizer tenho de me deitar que amanhã trabalho cedo.A casa propositadamente desarrumada, o cheiro a bronzeador, a tez dos sensatamente sucedidos, o pão pela manhã, os refrigerantes frios, as minis.
Isto tudo e só passou um dia.Eu estava falida no pensamento, queimada na amplitude da esperança, dissera que nunca precisara de férias como este ano e tiraram-me nove dias irrecuperáveis.Afinal os seis que tenho vão ser vezes três. Quando se tem seis dias não há espaço para deixar andar. Estremece-se a cada passo que renova o seguinte.Bem dizia ele. Ainda não vou embora amanhã.
Ela escreveu-me a dizer que eu tinha razão, as férias viscerais, os três dias num.Acabamos por nos conhecer tão bem que já não temos a ideia de como somos na realidadeEscreveu-me, o meu amor.
PG-M 2012fonte da foto* de "O aroma da Goiaba", GG Márquez e PA Mendoza, Edições Dom Quixote
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Published on July 24, 2012 08:36

July 22, 2012

Pois

Quando Robert se inclinou sobre o balcão do melhor pub de San Diego e derramou no seu bourbon sem gelo uma das lágrimas que com afã tentara esconder do seu convidado e melhor amigo Michael eram exactamente onze da noite de quinta-feira, 19 de Julho de 2012. Durante a hora seguinte e até o empregado do "The Regal Beagal" começar a acender e a apagar os interruptores do bar, Robert explicou o seu orgulho. O filho acabara de integrar, pela quarta vez consecutiva, o quadro honra da universidade. É um santo miúdo, disse, bom filho, bom estudante, bom amigo, não me arrependo de um único cêntimo dos muitos que gastei com ele. E prosseguiu quando ambos partilhavam uma cigarrilha nos lambris da India Street e Michael pensava, em siêncio, "pois", querendo este "pois" dizer que não ia abrir a boca para contar os feitos do seu próprio filho como mecânico de uma oficina na Clairemont Mesa Boulevard, ainda que tivesse sido eleito o empregado do mês na melhor oficina da cidade. Estava tão comovido e pleno como Robert, e apeteceu-lhe dizer, enquanto chupava a pedra de gelo que colocara no seu bourbon:- Somos uns filhos da puta com sorte, Robert, a tomar o melhor bourbon no melhor bar da cidade e com os melhores filhos do mundo.,mas não disse. De facto, disse apenas- Obrigado pelo Parker's Heritage, caralho, que grande bourbon. 27 fucking years of age!,e na sua intimidade pensava com a mesma emoção nos abraços doces do filho, no mimo de anos que agora devolvia ao seu corpo velho, de como quanto mais crescia mais o amava. Mas a verdade é que o filho sempre fora um aluno mediano, ainda que bom mecânico, dera alguns problemas por conduzir sem carta, enfim, não tinha motivos para falar disso ao amigo que o chamara para celebrar mais um feito do filho brilhante com um bourbon caríssimo. Por isso disse apenas a si próprio, enquanto voltava a casa, ainda que com o incomensurável orgulho de todos os pais,- Pois.,como sempre dissera "pois" aos quadros de honra, às distinções e às certezas do brilho académico, talvez porque sentisse que a verdadeira América, a verdadeira vida, não estava ali, nos que se destacavam num formato, mas nos que faziam de facto vida fora. Faziam abraços, faziam arranjos, faziam tempo para os outros.Quando na noite do dia seguinte desistiu de tentar ligar a Robert, chocado, como todo o mundo, mas principalmente o seu pequeno mundo, por se aperceber que fora o brilhante filho de Robert, James, a despejar a Remington 870 12-gauge shot gun e a Glock handgun calibre .40 sobre inocentes num cinema de Aurora, voltou a dizer para si- Pois.,mas nem por um momento o fez por falta de solidariedade ou desrespeito, mas porque sempre dissera "pois" aos quadros de honra, às distinções e às certezas do brilho académico. Sentia que a verdadeira América, a verdadeira vida,  não estava ali, nos que se destacavam num formato, mas nos que faziam de facto. Faziam abraços, faziam arranjos, faziam tempo para os outros. Não vinha agora o caso o facto de sempre ter achado o miúdo frio e distante.Afinal, era brilhante.
PG-M 2012fonte da foto


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Published on July 22, 2012 16:42

July 18, 2012

(uma espécie de durban) for the first time



for the first time


the void is something in
you surpassing a certain
definitiveness


for the first time


should you become
filled despite


life


?


PG-M 2012
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Published on July 18, 2012 19:26

July 15, 2012

Dias 8 e 9 - Olimpo e planeta de volta


Dia 8 - Ao oitavo dia o filho fala do olimpo, o deus todo perante a metade dos pais. 


Dia 9 -  (hoje, finalmente, pai e filho): Ao reencontro já sabíamos que, mais importante do que o próprio abraço, é a perspectiva de nos podermos abraçar a cada véspera. 


PG-M 2012
fonte da foto

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Published on July 15, 2012 17:20