Rui Azeredo's Blog, page 32
June 22, 2014
«A Cúpula» – Stephen King
A Cúpula (é assim que me vou referir a esta obra de Stephen King que foi editada entre nós pela Bertrand em dois volumes – um é indissociável do outro e só por ser demasiado grande não saiu num único livro) é um romance cativante, carregado de personagens interessantes, mas onde o protagonismo vai todo para a redoma que isola a pequena cidade americana de Chester’s Mill do resto do mundo.
Quando uma cúpula misteriosamente se instala sobre a pequena e típica cidade norte-americana, de imediato liberta e faz revelar o verdadeiro «eu» de muitos dos seus habitantes, e o resultado não é propriamente agradável. Sob condições adversas e de sobrevivência, os instintos animais do ser humano, pelo menos neste romance de quase mil páginas, vêm ao de cima.
É a cúpula que dita as regras, que condiciona as personagens, não apenas fisicamente, pois estão literalmente ali presos, mas principalmente em termos de comportamento, pois leva-as a agir de formas que pareceriam (se calhar às próprias) inimagináveis. Quase ninguém escapa, ou seja, quase todos protagonizam comportamentos que deixam muito a desejar, uma espécie de Dia (ou dias) do Juízo Final onde todos são condenados. Os podres que se descobrem, ou que se desenvolvem naqueles dias fatídicos, são de tal ordem que nos é difícil escolher uma personagem com que nos identifiquemos – caso sejamos pessoas boazinhas, claro!
O panorama traçado por Stephen King não é o mais agradável, mas é isso que nos prende ainda mais à leitura, assim como a sua técnica de escrita irrepreensível no que toca a cativar o leitor: cenas «cinematográficas», vivas, com ação, de grande ritmo e deixando sempre algo em aberto para lá se voltar mais tarde. E, claro, violência, muita violência, de pura brutalidade, e grandes catástrofes, desde quedas de aviões a incêndios dantescos. Trata-se de uma obra sem dó nem piedade.
De tal maneira fiquei preso às personagens que a dada altura pouco interesse me despertava já a resolução daquele que seria, afinal, o grande mistério: quem criou a cúpula? A isso não será alheio o talento e a capacidade de King para prender a atenção do leitor e encaminhá-la para onde deseja, pois se cingisse o enredo de A Cúpula à identificação da origem e propósito da redoma, não sobraria espaço e disponibilidade para muito mais.
Aviso já que é preciso grande disponibilidade do leitor em relação a A Cúpula e não o digo devido à sua extensão de quase mil páginas – isso, estando entretido, ultrapassa-se bem. Digo-o devido à grande quantidade de personagens, às ligações entre as mesmas – é preciso fixar muitos nomes e origens e destinos.
Presa por uma redoma mas, pior do que isso, enredada numa tenaz luta pelo poder (cuja palavra de ordem parece ser salve-se quem puder), Chester’s Mill vai viver os seus piores dias e constatar que por detrás de cada um dos seus pacíficos habitantes há um demónio.
A escrita é simples, mas ao mesmo tempo deixa muito sobre o que refletir. Há espaço para tudo: teorias da conspiração, bem à americana, que visam governos e militares, teorias filosóficas, religiosas e algumas até científicas, onde não faltam ligações alienígenas.
Um genuíno livro à Stephen King. E o que mais se poderia desejar?
Autor: Stephen King
Título Original: Under the Dome
Editora: Bertrand
Tradução: Ana Lourenço
Ano de Edição: 2013
Páginas: 536 (Livro I) + 488 (Livros II)
Sinopse: «Num bonito dia de outono, um dia perfeitamente normal, uma pequena cidade é súbita e inexplicavelmente isolada do resto do mundo por uma força invisível. Quando chocam contra ela, os aviões despenham-se, os carros explodem, as pessoas ficam feridas. As famílias são separadas e o pânico instala-se. Ninguém consegue compreender que barreira é aquela, de onde vem ou quando (se é que algum dia) desaparecerá.
Agora, um grupo de cidadãos intrépidos, liderado por um veterano da guerra do Iraque, toma as rédeas do poder no interior da cúpula. Mas o seu principal inimigo é a própria redoma. E o tempo está a esgotar-se…»


June 20, 2014
«O Gatilho», de Tim Butcher, relata o que esteve na origem da I Guerra Mundial
O Gatilho, do jornalista e correspondente de guerra Tim Butcher, conta a história do homem que mudou a História do mundo, ou seja do jovem que há cem anos, em Sarajevo, disparou os dois tiros que deram origem à I Guerra Mundial. O livro, nas livrarias a 20 de junho, é uma edição Bertrand.
Sinopse: «Numa manhã estival em Sarajevo, há cem anos, um jovem de dezanove anos sacou do revólver do bolso e disparou os dois primeiros tiros da Primeira Guerra Mundial, marcando o início da história moderna. Ao matar o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do Império Austro-Húngaro, Gavrilo Princip, deu início a um ciclo de acontecimentos que haveria de fazer 15 milhões de mortos entre 1914 e 1918. Para coincidir com o centenário do homicídio, a 28 de junho de 1914, O Gatilho narra a história deste jovem que sonhava com a independência do seu país e mudou o mundo para sempre.
Num relato apaixonante, que combina a história, as viagens, a biografia e a literatura, Tim Butcher narra todo o contexto que deu origem à Primeira Guerra Mundial, bem como as suas consequências, sobretudo a da Guerra da Bósnia. Descreve a viagem de Princip e a sua própria viagem seguindo-lhe os passos, contextualizando o território e a história e conhecendo inclusive os descendentes da família Princip.»


«Gostas do que Vês?», de Rute Coelho, sai a 24 de junho
A Oficina do Livro coloca à venda a 24 de junho Gostas do que Vês?, um romance de Rute Coelho.
Sinopse: «Natália e Cecília não se conhecem. São duas mulheres jovens muito diferentes, uma introvertida e amargurada, a outra confiante e determinada. Mas têm a irmaná-las o excesso de peso – e, apesar de cada uma lidar com ele à sua maneira, fugindo do espelho ou assumindo o corpo, a verdade é que nem sempre é fácil viver numa sociedade com os cânones de beleza instituídos e na qual se convive diariamente com o preconceito.
Natália está convencida de que não merece ser feliz; Cecília, pelo contrário, numa atitude desafiante, defende a beleza das suas curvas e o seu direito à felicidade, independentemente da diferença e da discriminação social.
Num mundo em que se mascara a felicidade com plásticas e dietas loucas, Rute Coelho construiu uma história realista e surpreendente sobre a forma como podemos e devemos assumir o nosso corpo, aprendendo a gostar dele através das mudanças necessárias.»


Já pode visitar a «Biblioteca Pessoal» de Jorge Luis Borges
A Biblioteca Pessoal de Jorge Luis Borges «abriu portas» a 20 de junho, por iniciativa da Quetzal.
Este livro, é disso que aqui se fala, inclui os prólogos dos primeiros sessenta e quatro títulos de uma série de cem que haveria de constituir uma coleção que seria a súmula das preferências literárias do escritor. Aqui fica, portanto, a biblioteca pessoal de Borges, pelo menos a que «montou» até à data da sua morte, sobre a qual disse: «Desejo que esta biblioteca seja tão variada quanto a curiosidade que a mesma induziu em mim.»


June 19, 2014
Porto Editora lança «Os Regressados», de Jason Mott, romance que deu origem à série «Resurrection»
Os Regressados, de Jason Mott, obra a ser lançada pela Porto Editora a 27 de junho, é o livro que deu origem à série televisiva Resurrection, que passou recentemente no canal AXN.
Trata-se do romance de estreia do escritor norte-americano Jason Mott, que até então se dedicara em exclusivo à poesia.
Sinopse: «Nada na vida é certo, nem mesmo a morte.
Para Harold e Lucille Hargrave, o mundo parece ter voltado a girar sem o filho, décadas depois da sua trágica morte, no seu oitavo aniversário. Até que, um dia, Jacob reaparece misteriosamente à porta de casa – em carne e osso, tal como no dia em que morreu.
Um pouco por todo o lado, os entes queridos de milhões de pessoas começam a regressar da morte, sem ninguém saber como ou por que motivo isso acontece. Será um milagre ou algo mais assustador?
À medida que o caos emerge no mundo inteiro, a família Hargrave reencontra-se no centro de uma comunidade à beira do abismo, obrigada a lidar com uma realidade nova e misteriosa que ameaça desvendar a verdadeira essência da natureza humana.
Numa prosa elegante e profundamente emotiva, Os Regressados – romance de sucesso instantâneo nos principais tops de ficção contemporânea – é uma história inesquecível e hipnotizante que promete conquistar o mundo.»


«O Herói Português», de Francisco Galope, apresentado a 20 de junho em Lisboa
O Herói Português da I Guerra Mundial, de Francisco Galope, vai ser apresentado a 20 de junho, às 19h00, na Fnac – Chiado, em Lisboa, por José Jorge Letria. O livro, sobre o solado Milhões, é editado pela Matéria-Prima.
Sinopse: «Na Batalha de La Lys, o soldado Milhões ficou para trás e cobriu a retirada dos camaradas. Durante vários dias vagueou por trincheiras e descampados, sobrevivendo graças à sua metralhadora e a um pacote de amêndoas da Páscoa. Ao regressar ao acampamento, depois de salvar civis e matar militares alemães, foi recebido como um herói. Ainda na Flandres, passa a ser chamado Milhões (numa alusão ao seu valor) e é condecorado com a Ordem de Torre e Espada.
Em 1919 regressa a casa e a sua bravura cai no esquecimento até que, em 1924, o jornal Diário de Lisboa decide resgatá-lo, fazendo dele uma lenda viva. A partir daqui passa a ser usado pelo regime como símbolo máximo da nação e da raça.»


Filme «O Homem Duplicado» já está nas salas de cinema
Já chegou aos cinemas portugueses o filme O Homem Duplicado, adaptação do romance homónimo de José Saramago que tem a assinatura de realizador Denis Villeneuve. O papel principal foi entregue ao ator Jake Gyllenhaal.
O filme, uma produção canadiana e espanhola, venceu o prémio Méliès d’Argent no Festival Internacional de Cinema Fantástico da Catalunha, em Sitges, sendo considerado o melhor filme fantástico europeu do ano, e no Canadá recebeu cinco prémios no Canadian Screen Awards, principal galardão de cinema do país.
O filme
«Adam (Jake Gyllenhaal) é um instável professor universitário que vive refém de uma monótona rotina diária. Uma noite, enquanto vê um filme, descobre a existência de um ator exatamente igual a si. Obcecado por conhecer o seu sósia, parte à descoberta desse outro homem forçando um encontro com consequências imprevisíveis não só para eles mas também para as suas companheiras: Mary (Mélanie Laurent) e Helen (Sarah Gadon).
Adaptado livremente a partir do livro homónimo de José Saramago, O Homem Duplicado é um thriller surpreendente e provocante sobre dualidade e identidade.»
O livro
«Tertuliano Máximo Afonso, professor de História no ensino secundário, “vive só e aborrece-se”, “esteve casado e não se lembra do que o levou ao matrimónio, divorciou-se e agora não quer nem lembrar-se dos motivos por que se separou”, à cadeira de História “vê-a ele desde há muito tempo como uma fadiga sem sentido e um começo sem fim”. Uma noite, em casa, ao rever um filme na televisão, levantou-se da cadeira, ajoelhou-se diante do televisor, a cara tão perto do ecrã quanto lhe permitia a visão. “Sou eu, disse, e outra vez sentiu que se lhe eriçavam os pelos do corpo.” Depois desta inesperada descoberta, de um homem exatamente igual a si, Tertuliano Máximo Afonso, o que vive só e se aborrece, parte à descoberta desse outro homem.»


«As Praias de Portugal – Guia do Banhista e do Viajante», de Ramalho Ortigão, à venda a 20 de junho
As Praias de Portugal – Guia do Banhista e do Viajante, de Ramalho Ortigão, é o novo título a ser editada pela Quetzal na sua Série Clássica. Estará à venda a partir de sexta-feira, 20 de junho, portanto bem a tempo da época de banhos. Um belo pretexto para conhecer as praias portuguesas do século XIX.
Sinopse: «Este é um guia da costa portuguesa, em que Ramalho Ortigão explora as características naturais das praias e suas águas, e fornece preciosa informação social, cultural e histórica. A escrita é tão versátil e envolvente que num mesmo capítulo se fala de carapaus e d’Os Lusíadas, de pianos e mulheres gordas, da toilette e do pinhal, dos piqueniques, das tribos, das casas e dos hotéis.
Ainda que o universo balnear de hoje seja muito diferente do de então – feito de toldos brancos, véus enfunados e leques de senhoras (o livro tem a primeira publicação em 1876) –, este é um guia enriquecedor que nos proporciona tudo aquilo que faz umas férias retemperadoras: a frescura marítima, a observação da paisagem, o descanso e a deambulação, o contacto e conhecimento com os habitantes locais, a comida e a diversão mundana.


Elizabeth Kolbert antevê «A Sexta Extinção»
Em A Sexta Extinção (obra recentemente editada pela Vogais), a jornalista Elizabeth Kolbert traça a evolução das cinco extinções que a Terra sofreu nos últimos 500 milhões de anos e antevê a próxima, que está a ser provocada pelo ser humano. O livro vem recomendado por Al Gore, que considera A Sexta Extinção uma contribuição muito valiosa para a compreensão das nossas circunstâncias atuais».
Sinopse: «Pela primeira vez na história da Terra, uma extinção em massa está a ser provocada por uma única espécie: o Homem. Nos últimos dois séculos alterámos a composição da atmosfera devido às emissões de CO2 geradas pela nossa atividade; aumentámos a acidez dos oceanos e a temperatura média do planeta; transformámos mais de 50% da superfície da Terra, incluindo grande parte das florestas tropicais; expulsámos espécies dos seus habitats naturais; e provocámos danos irreparáveis no ecossistema global.
Consequência direta destes atos, mais de um quarto de todos os mamíferos da Terra está em vias de extinção. O mesmo acontece com 40% dos anfíbios, um terço dos corais e dos tubarões, um quinto dos répteis e um sexto das aves.
Para escrever A Sexta Extinção, Kolbert acompanhou cientistas um pouco por todo o mundo à procura de factos concretos sobre a ação do ser humano no meio ambiente.
Entre outras viagens, atravessou rios no Panamá, à noite, para tentar encontrar sapos dourados de El Valle, que hoje existem apenas em cativeiro; embrenhou-se na floresta amazónica para mapear os efeitos da perda de habitats na biodiversidade; acompanhou biólogos marinhos que estudam a Grande Barreira de Coral; e seguiu botânicos até ao Peru para analisar a flora nos cumes dos Andes.»


June 17, 2014
Músico islandês Hilmar Örn Hilmarsson, a quem Valter Hugo Mãe dedica «A Desumanização», atua hoje em Braga
Hilmar Örn Hilmarsson, músico islandês a quem Valter Hugo Mãe dedica o seu mais recente romance A Desumanização, atua hoje (18 de junho) em Portugal, mais especificamente no Theatro Circo, em Braga. O concerto é às 21h30 e os bilhetes custam 5 euros.
Segunda uma nota divulgada pela Porto Editora, a editora de Valter Hugo Mãe, «a música islandesa encontra em Hilmar Örn Hilmarsson a sua figura suprema». Já o escritor classifica-o como «o gelo e o fogo da Islândia feitos som».
O compositor Hilmarsson já esteve ligado a projetos como Theyr, Psychic Tv, Current 93 ou Sigur Rós.
O concerto será acompanhado por imagens inéditas de Miguel Gonçalves Mendes (autor do filme José e Pilar) captadas na Islândia.


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