Joca Reiners Terron's Blog, page 2

March 20, 2021

Meu primeiro romance, vinte anos depois

Quando escrevi meu primeiro romance, Não há nada lá, eu era outra pessoa. Tinha por volta de trinta anos (passei dois anos escrevendo-o), minha filha ainda era uma bolota risonha e babona de cabelos encaracolados e não mais que 60cm de altura; eu ia então de carro todo dia ao trabalho. Era o feliz beneficiário de um plano de saúde graças àquele emprego, duas vantagens que não duraram muito logo que comecei a escrever o livro.

Meu primeiro romance causou minha demissão. Por algum tempo, enquanto o texto não engrenava, eu conseguia disfarçar que escrevia durante o expediente. Mas depois, quando não era mais possível pensar em outro assunto, a bandeira tremulou, altaneira. Um dia meu chefe sugeriu que fosse terminar o livro em casa. Não tive alternativa senão aceitar. Assim, a ficção terminou por afetar gravemente minha realidade.

Usei parte da multa rescisória para pagar a impressão do livro. Publiquei-o através de minha própria editora mambembe, a Ciência do Acidente. No dia da entrega da gráfica, o produtor me explicou que a quebra da tiragem havia sido um pouco acima dos 3% usuais, e os quinhentos exemplares da 1ª edição viraram 413. Assim mesmo, eu nunca tinha sido tão feliz. Admirava aquelas 413 capas azuis esparramadas na sala de casa e não sabia se ria ou chorava.

O lançamento foi em março de 2001 num Bar Balcão repleto de ex-colegas da antiga firma. Até o chefe que me demitiu estava lá: levara junto o Ignácio de Loyola Brandão, que era seu amigo. Muita coisa aconteceu comigo e ao Não há nada lá depois daquela noite. Eu, por exemplo, participei de uma associação de pequenos editores. Em nossas feiras brincava que aquilo parecia reunião dos Alcoólicos Anônimos: “Oi, meu nome é Fulano de Tal, sou editor e não vendo um livro há dois anos, cinco meses e três dias”. Não que hoje eu seja um Paulo Coelho, claro. Mas muito longe disso.

O romance recebeu boas críticas de uns caras bacanas que nem eram meus amigos e praticamente esgotou tempos depois; “praticamente” significa que sobraram 50 exemplares devidamente guardados debaixo de minha cama, pois imaginava que o livro nunca mais seria impresso. Conforme os exemplares minguavam, meus cabelos caíam. Engordei. Fui feliz, fui triste, fui feliz de novo: ainda sou, mais ou menos (minha filha, agora adolescente, já não me dá a menor pelota). Depois, umas três ou quatro teses citaram o Não há nada lá, que continuou sem muita perspectiva de voltar a existir. E o tempo passou.

Dez anos se passaram. Publiquei outros livros no período e eis que agora, numa inexplicável manobra da literatura, essa ciência do mais puro acaso, o Não há nada lá está de volta. Quem poderia dizer que a redenção viria por meio de Más Companhias? Já não nos tratamos mais por “você”, eu e o livro, pois nossa intimidade diminuiu com o passar dos dias. Também não sei mais quem foi que o escreveu, quais eram seus interesses etc. Lembro vagamente, porém, que aquela foi uma época cheia de incertezas, e que muito do espírito de fin de siècle impregna suas páginas fugidias: o fim do mundo, o fim do livro, o fim do emprego.

Hoje é possível verificar que eu estava certo ao menos em relação ao fim do emprego: nunca mais tive carteira assinada. É engraçado: conforme a gente envelhece vai percebendo que pode aprender a fazer de tudo, e a fazer bem: se eu chegar aos 90 anos poderei até mesmo ser um campeão internacional de sinuca ou, quem sabe, de bocha. Só uma coisa não dá pra recuperar: o fervor da juventude, e a crença absoluta naquilo que está sendo feito. E às vezes, quando se acredita de verdade, acabamos nos tornando meio geniais. Nem que seja um pouquinho.

[Publicado originalmente em 27 setembro 2011 no blogue da Companhia das Letras, na véspera do lançamento da segunda edição, que ocorreu na Livraria da Vila – Rua Fradique Coutinho, 915, num bate-papo com o editor André Conti. ]

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Published on March 20, 2021 05:26

August 6, 2020

E esse é o Mal

A tragédia da explosão de Beirute escancarou outro evento trágico, que sucede a naturalização da desgraça. Cem mil mortos já não são suficientes para nos chocar, vidas que somem, levando de roldão a existência como a conhecíamos. Falemos da estetização da desgraça dos vídeos.


Sob a capa do desagravo ao horror, apareceram vídeos de todo tipo no tuíto: crianças olhando da janela o fumaceiro que subia, e a explosão inesperada. Estupefação, lágrimas e a legenda: “poor kids”. Outro anuncia que colocou o vídeo da explosão em câmera lenta: “vejam, ficou ainda mais horrível”.


Ainda: o vídeo da noiva que gravava seu vídeo de casamento no exato instante da explosão. O vento causado pelo impacto erguendo o véu que se perde num ângulo impossível, a maquiagem escorrendo na fuligem.


Tais vídeos dão um passo adiante no processo de naturalização do horror, primeiro porque encontram elementos de beleza – a câmera lenta, a explosão registrada sob a estética kitsch dos vídeos de casamento, a ingenuidade infantil habitualmente explorada em propagandas – para maquiar a catástrofe real do mundo, isto sob critérios absurdos, que não atendem ao dever de informar da imprensa, agravados pela estética deslocada: “vejam, como no fundo é bela essa explosão”; “vejam, o sonho da inocente noiva explodindo na cara dela, ao vivo, sem cortes, que triste, não?”


Segundo, porque a repetição promovida pelos algoritmos das redes torna aquilo que já era perverso – por sua carga fetichesca, por atender essa satisfação atávica e inexplicável do serumano diante da infelicidade alheia – em algo banal, decorrente desse loop infinito em nossa timeline.


O efeito brutal dessas visualizações redunda noutra reação, a da satisfação por aquilo não ter ocorrido conosco, satisfação que aos poucos nos conduz, levianamente aliviados, à desgraça seguinte, ao próximo horror, a fim de manter essa falsa felicidade hormonal em seu clímax. E esse é o Mal.


Traduzi um poema de Jim Dodgeque fala daquilo que vamos perdendo, a capacidade de empatia que daqui a pouco, para reavê-la, teremos de resgatar nos cães, na observação paciente do comportamento solidário do melhor amigo do homem.


Love find


Após o atentado à bomba em Oklahoma City 

cães treinados em resgates 

foram enviados com seus tratadores 

de todos os lugares dos EUA 


Porém quando os cães não achavam 

nenhum sobrevivente 

ficavam desconsolados, 


e depois de mais um dia de nada 

além de corpos mortos, 

nem mesmo procuravam, 

tamanha sua desorientação. 


Então os tratadores se escondiam 

em turnos nas ruínas, 

permitindo que os cães lhes achassem vivos. 


 


 

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Published on August 06, 2020 12:47

July 17, 2020

Fé no inferno

Descubro que o novo romance do amigo Santiago Nazarian, Fé no Inferno, sai em impressão sob demanda. É decisão circunstancial e temporária da Companhia das Letras, parece. Também é o fim de uma era: a regida pelo acaso, na qual entrávamos na livraria e comprávamos um livro à revelia.


Ou seja: para comprar o livro, agora o leitor deve estar determinado: encomendá-lo ao livreiro ou à editora. E comigo nunca (na grande maioria das vezes) funcionou assim. Entro na livraria para comprar o livro X e saio com o Y (ou com X e Y e talvez o Z). O acaso é determinante.


É válido dizer que não se é mais possível entrar numa livraria e zanzar pelas prateleiras por tempo indeterminado (por ex, minha loja predileta de LPs permite atualmente a entrada de um só cliente por vez, por 10 parcos minutos, insuficientes para escarafunchar prateleiras).


Isso, espero, é circunstancial: as livrarias voltarão a reunir leitores, assim que possível. O que me parece outra coisa, talvez mais assustadora, é que editoras descubram a validade de se imprimir livros sob demanda, restringindo ainda mais o alcance das obras de ficção.


Ou assumindo que o alcance da ficção literária, como quer o crítico italiano Massimo Rizzante, é o mesmo alcançado pela poesia, cujo público sempre foi minoritário. A impressão por demanda, por extensão, seria a pazada de terra final no papel cultural representado pelo livreiro.


Cujo precedente, talvez, tenha sido a distribuição de livros por consignação, que igualmente afetou o modo como o leitor moderno opera em sua busca por conhecimento, determinado pela oferta, não somente pela demanda.A consignação restringiu o acervo das livrarias aos lançamentos.


Livrarias podem montar de modo mais acessível seu acervo, que porém se torna cinzento, composto apenas por lançamentos, sem títulos fora de catálogo, sem achados, sem novidades empoeiradas do passado. Sem a presença do acaso, com livreiros tolhidos de exercer sua expertise,livrarias se tornam todas parecidas, mesmo que haja sagacidade na seleção dos títulos consignados. Como a totalidade das livrarias não tem capital para comprar títulos para compor seu acervo, tornam-se dependentes da distribuição consignada, impossibilitadas de criar identidade.


É por isso que sou cliente de sebos, que conseguem criar essa identidade. No Brasil, admiramos as livrarias argentinas por sua quantidade e qualidade. No entanto aquelas livrarias da Corrientes são, em sua maioria, sebos com lançamentos disponíveis aqui e ali, por isso são boas.


Nesse sentido, voltando ao início, e tentando encontrar uma visão positiva da impressão por demanda (ando meio Poliana), talvez essas novas livrarias independentes que têm surgido (ao menos em SP), enfim compreendam que, para terem personalidade, terão de montar acervos que não dependam da triste toada dos lançamentos e das ofertas das editoras, compondo prateleiras dedicadamente e com variedade, com livros antigos e novos, importados e nacionais, com revistas e periódicos (do passado e do futuro). Só assim para as livrarias sobreviverem.


 


 


 


 

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Published on July 17, 2020 08:39

July 3, 2020

Brasil, a série

(transcrevo abaixo respostas que dei em áudio a um repórter cuja pauta acabou caindo – aparentemente estas respostas contribuíram para isso acontecer)


Volta e meia vejo na timeline essa piada sobre o roteirista do Brasil estar maluco e tal. É curioso que isso seja tratado como uma piada, e uma piada que é levada a sério (a ponto de inspirar a divertida série Sala de Roteiro, do meu amigo Antônio Prata, que estreou esta semana). Outra expressão muito comum hoje, até banalizada, é “narrativa”: a narrativa disso, a narrativa daquilo. De fato, o Estado é voz determinante, a voz narrativa que determina o que é a realidade. Então, supondo que haja um roteiro, aquilo que o Estado dita poderia ser entendido como a voz protagonizadora daquilo que se entende como sendo Brasil, a Série? Se assim for, a narrativa ditada pelo Estado é das mais conformadoras daquilo que se entende por representativo de uma nação, de um país, de um Estado. Não tem nada de piada nisso. Essa narrativa tem construtores, tem protagonistas políticos, tem quem a escreva, portanto os roteiristas existem. Se pensarmos, por exemplo, no papel de Golbery do Couto e Silva como ideólogo da ditadura brasileira, como articulador dessa narrativa do Estado que está em primeiro plano e que oblitera, que esconde pontos importantíssimos de uma outra História que é excluída, que é deixada de lado, a gente pode entender que sim, há uma narrativa, há um roteiro, e infelizmente esse roteiro não tem muitas variações, na realidade essa piada não faz sentido nem enquanto piada, porque o essencial do roteiro, que é manter este país sobre os trilhos da dominação, do colonialismo, e que coloca em cena atores cujos papéis não mudam muito ao longo dos séculos, como o papel cumprido pela elite brasileira nessa história toda, nessa narrativa proposta pelo Estado, se você considerar assim, é uma história bastante óbvia, desautorizando a piada de que existe um roteirista maluco. Na realidade, o que está acontecendo é o óbvio, é uma narrativa que vem sendo contada pelo Estado há muito tempo, há quinhentos e vinte anos.


*


Como leitor, não sou dos mais adeptos dos romances de trama, em geral são os mais pobres literariamente falando, como por exemplo a literatura de gênero, o policial britânico clássico dos anos 30, Sherlock Holmes, Agatha Christie, que são lidos sob a expectativa de resolução da trama, que tem aspectos de jogo, até lúdicos, mas bastante limitadores. Os grandes romances não têm trama, são decorrentes dos dilemas existenciais e morais dos personagens ou do narrador, quando se pensa na literatura moderna narrada na primeira pessoa. Portanto, se considerarmos que, isso no ambiente da ficção realista do século XIX, o protagonista se transforma ao longo do relato, começa de um jeito e termina de outro, eu diria que o personagem mais importante e o mais fracassado dessa narrativa do Brasil atual, ou do Brasil de sempre, é o povo. É um personagem de coro grego, múltiplo, um personagem multitudinário. E por que é o mais importante, ao menos potencialmente? Porque não se transforma, esse personagem Povo Brasileironasceu submisso, aparentemente, e vai morrer submisso, sem se rebelar diante das opressões, sem se rebelar diante da narrativa do Estado: ele não se transforma ao longo de Brasil, o Romance, portanto é o personagem mais importante, o provável protagonista, afinal quem sabe ele não nos surpreenda, pois o final ainda está um pouquinho longe de chegar. Então minha expectativa é a de que esse povo-bunda, o Povo Brasileiro, em algum momento deixe de ser assim e se transforme num povo-bíceps, um povo que saia dando porrada nos dominadores e resolva transformar este país numa nação digna do nome.


*


Uma das teorias mais conhecidas da ficção é a da importância da história secreta. Todos conhecem a teoria do iceberg do Hemingway, que defende que apenas uma parte do relato, a correspondente ao pico, é mostrada, mas o que realmente move a essência da narrativa é a parte submersa, oculta. Ricardo Piglia inventou sua variação dessa teoria ao afirmar que um conto é sempre duas histórias, uma secreta e outra na superfície, e que o conto propriamente dito resulta do encontro da história secreta com a história visível. Com isso em mente, na História do Brasil tudo é secreto. Este nosso iceberg tropical tem partes enormes que correspondem àquilo que não é dito, partes obscuras, às quais nós, como espectadores e ao mesmo tempo vítimas, não temos acesso, não conhecemos. Ultimamente as revelações através dos vazamentos de áudios, de telefonemas grampeados, têm sido elemento importante dessa narrativa do Estado, que mantém a audiência alerta por meio da ilusão de que algo lhe é revelado dessa história secreta. No entanto, acredito que o que perdura verdadeiramente é a história secreta, da qual temos pouquíssimos dados reais e concretos, e na medida em que não a conhecemos, dificilmente poderemos ter uma noção clara daquilo que ocorre propriamente na narrativa, sobre aquilo que está acontecendo de verdade, e com isso não fazemos ideia do que pode vir a acontecer.


*


Não consigo me entreter com Brasil, a Série, Brasil, a Narrativa, Brasil, a Piada, apenas me entristecer. Não me sinto dentro de uma obra de ficção, embora possamos apelar a uma porrada de conceitos, incluindo o budismo, de que vivemos sob um véu de ilusões, ou o Eclesiastes bíblico, nada de novo sob o sol, e que tudo faz parte de uma ilusão. Ou mesmo as ideias de William S. Burroughs, que considerava a consciência humana como uma base pré-gravada que se repete ad infinitum, em loop, que a realidade, portanto, também não passa de uma iloopsão. Considerando isso tudo, certamente vivemos numa obra de ficção, sendo que a consciência humana é a Grande Ficção a qual estamos presos. No entanto, esses episódios mesquinhos que correspondem à narrativa Brasil, o Romance, não me entretêm, apenas me entristecem. Por outro lado, quando assisto a uma série televisiva, por exemplo estou vendo agora Game of Thrones, que ainda não tinha visto, e sua trama rocambolesca, que é política na essência, a luta entre famílias, entre castas etc, e o povo ali embaixo no papel de capacho, escravizado, me entretenho, pois é uma corruptela, uma pobre tentativa de reproduzir o que acontece na realidade. Contudo, na medida em que percebemos os efeitos que a narrativa do Estado causa, e estão nas ruas todo dia (moro no centro de São Paulo, eu saio e vejo a população de rua aumentando dia a dia, é impossível andar dez metros sem ver pessoas implorando por comida); na medida em que acontece, não consigo perceber isso como uma ficção, e sim como a mais trágica realidade, à qual estamos presos e não parece existir plot twist ou final feliz que possa nos salvar.


*


A narrativa realista do século XIX pressupunha que o protagonista passaria por um monte de perrengues ao longo da história, mas no final se daria bem. Então o Oliver Twist lá no Charles Dickens passa pelas piores situações, é órfão, sofre pra diacho, entretanto acaba bem posto, casado e feliz. O conde de Monte Cristo consegue escapar da masmorra e se vingar daqueles que o traíram e aprisionaram. O leitor que mergulhava numa narrativa do século XIX comprava o livro já sabendo que ficaria de boa, pois a história acabaria bem. Nesse sentido a narrativa realista não tem nada a ver com a realidade, já que a realidade não reserva final feliz a ninguém, na realidade todos morrem. Esse é o final costumeiro no plano da realidade, assim que a literatura realista nada tem de real, não corresponde à realidade. Portanto, sobre essa narrativa a que assistimos em Brasil, a Série, só temos a certeza de que o final será triste e infeliz, porque assim é a vida. Ou, caso consideremos que não estamos mesmo dentro de uma ficção, será um final feliz, já que o único final feliz, que faz parte de toda a existência, é justamente morrer, acabar, acaba uma geração, morre todo mundo, vem uma nova, morre todo mundo, e todo mundo vira poeira de estrela, alimentando este planeta, alimentando o Cosmos. O único final feliz para o Universo, e digo isso hoje que estou num dia particularmente otimista já que é segunda-feira, é a extinção da espécie humana. É o único final feliz possível para o Universo.

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Published on July 03, 2020 17:42

April 29, 2020

Em outubro, na França

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Joca Reiners Terron


La Mort et le Météore

Roman traduit du portugais (Brésil) par Dominique Nédellec


Presse : Anaïs Hervé • 06 13 66 06 67 • aherve@agencelabande.com

assitée par Alexia Di Paco • 06 12 66 85 34 • adipaco@agencelabande.com


Librairie : Valentin Féron • 01 58 22 19 90 • valentin.feron@zulma.fr


Alors que l’Amazonie ne compte plus que quelques hectares brûlants comme l’enfer, et qu’une mission spatiale chinoise doit rejoindre Mars, l’énigmatique Boaventura cherche à sauver les cinquante derniers Indiens kaajapukugi. C’est au Mexique, en territoire mazatèque, que ces anarchistes avant l’heure trouvent asile, avec une ultime provision de tinsáanhán, la poudre de hanneton grâce à laquelle ils accèdent aux mondes supérieurs. Mais le vieux Boaventura, qui doit les accueillir, est soudain rattrapé par son passé sulfureux et meurt dans de mystérieuses circonstances à la veille de l’arrivée des Kaajapukugi…


Extraordinaire immersion dans un univers luxuriant et fascinant, La Mort et le Météore mêle avec panache roman d’aventures survolté, polar haletant pimenté d’une audacieuse pointe de science-fiction et récit déjanté.


https://www.zulma.fr/livre-la-mort-et-le-meteore-572203.html

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Published on April 29, 2020 08:24

Em setembro, na França

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Joca Reiners Terron


La Mort et le Météore

Roman traduit du portugais (Brésil) par Dominique Nédellec


Presse : Anaïs Hervé • 06 13 66 06 67 • aherve@agencelabande.com

assitée par Alexia Di Paco • 06 12 66 85 34 • adipaco@agencelabande.com


Librairie : Valentin Féron • 01 58 22 19 90 • valentin.feron@zulma.fr


Alors que l’Amazonie ne compte plus que quelques hectares brûlants comme l’enfer, et qu’une mission spatiale chinoise doit rejoindre Mars, l’énigmatique Boaventura cherche à sauver les cinquante derniers Indiens kaajapukugi. C’est au Mexique, en territoire mazatèque, que ces anarchistes avant l’heure trouvent asile, avec une ultime provision de tinsáanhán, la poudre de hanneton grâce à laquelle ils accèdent aux mondes supérieurs. Mais le vieux Boaventura, qui doit les accueillir, est soudain rattrapé par son passé sulfureux et meurt dans de mystérieuses circonstances à la veille de l’arrivée des Kaajapukugi…


Extraordinaire immersion dans un univers luxuriant et fascinant, La Mort et le Météore mêle avec panache roman d’aventures survolté, polar haletant pimenté d’une audacieuse pointe de science-fiction et récit déjanté.


https://www.zulma.fr/livre-la-mort-et-le-meteore-572203.html

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Published on April 29, 2020 08:24

March 23, 2020

Niilismo passivo

Muita gente, esclarecida ou mal intencionada, entendeu isolamento + quarentena como férias. A possibilidade de virar o rosto para o lado oposto ao mundo existe, claro, e tem algum valor: fingir que nada disso está acontecendo, que vai dar, que tudo vai ficar bem.


No entanto, essa postura é indicativa de (para além da irresponsabilidade de alguém infectado andar por aí, na praia e na piscina, distribuindo Covid19 a rodo) variedade niilista que exige alguma reflexão. O niilismo, entendido como “visão cética radical em relação às interpretações da realidade, que aniquila alguns valores e convicções. É a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao porquê”.


Aqui, a mera negação da realidade dos fatos afim ao pensamento mágico infantil se une ao negacionismo político mais ignaro da atualidade, que atribui à pandemia traço de “fantasia”, plano chinês de conquistar o mundo etc. A postura de trocar a máxima dostoievskiana “Se Deus não existe, então tudo é permitido” por “Se o Covid19 não existe, então tudo é permitido”, depois sair de férias, é adotar o niilismo passivo, conceito de Simon Critchley que o filósofo explica através de Hamlet, que “vive num mundo definido pela violência, onde o tempo está desconjuntado, onde seu pai é assassinado ilegitimamente, e onde a hierarquia real foi quebrada, como resultado Hamlet não pode reagir; ele sonha com um ato de vingança, pro qual não tem coragem, e termina não fazendo nada”.


Adequando esse sentido à contingência pandêmica, sair de férias e fingir que está tudo bem, assim como negar o real perigo da contaminação massiva, além de propagar seu ceticismo, é a medida oposta a criar novos atos de resistência, que esclareçam a população acerca do perigo.


Com isso, a postura em tese antitética de Zizek (que Critchley refuta com sua noção de niilismo passivo) de sugerir que num mundo regido pela violência, o ideal é “voltar atrás, refletir e esperar”, ganha inesperada equivalência.


Talvez a postura ideal agora seja a do paranóico, que volta atrás, reflete, porém reage com medidas de proteção desmesuradas, exageradas. Uma delas, sem dúvida, é a reação política dos janelaços diários, que dá a medida real do que a pandemia nos trouxe: novos valores, equacionados pelo perigo, novas coalizões que a esquerda pós eleições presidenciais não pôde construir, mas o Covid19, aparentemente, pôde.

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Published on March 23, 2020 09:09

A sobrevivência dos escritores

Acho bacana, a campanha pela sobrevivência das livrarias. Também acho legal editoras liberando livros grátis. Mas penso em meus pobres amigos escritores, sem eventos nem subsídios. Viverão de que, nos próximos meses? Eu mesmo acabo de comer a última samambaia.


No Brasil, antes da pandemia, o mercado editoral já vivia queda brutal das vendas (procurem saber no

PublishNews). Porém muito antes disso 99,9% dos autorxs (chute) já não pertenciam a nenhum mercado, independentemente de publicarem por editoras “grandes” (considero o adjetivo ambíguo e questionável, daí as aspas).


Afinal, quantos autores brasileiros de “romances (ou contos) de criação, segmento que tem o mesmo público que a poesia” (dixit Massimo Rizzante, crítico literário italiano) vivem de direitos autorais? Não chegam aos dedos do pé.


Quando se diz que o lugar ocupado pelo escritor é instável, creia-me, não se trata de figura de linguagem nem de exagero retórico: quer dizer apenas que nem sempre quem escreve consegue obter um puto pelo que faz.


Nos últimos anos, a venda de direitos para adaptação vinha suprindo o que o mercado editorial não paga, assim como os eventos. Os eventos acabaram, os investidores das produtoras passaram a contratar (caro) direitos estrangeiros e a preterir brasileiros (há, claro, exceções).


Some-se a isso o ataque governamental ao setor audiovisual, que enfraqueceu ainda mais o segmento de aquisição de direitos para adaptação. Com Ancine sob desmonte, mercado editorial aos frangalhos, o que sobra para os autores?


Ultimamente os escritores não têm tido outra saída a não ser dar aulas em oficinas, mesmo autores jovens têm se valido dessa saída. Porém há muito a oferta parece ter suplantado a demanda, existem oficinas demais para alunos de menos.


Fazer o quê, então? Vale ressaltar que o autor brasileiro que se profissionalizou nas últimas duas décadas sempre bordou, pintou e sapateou: traduziu, editou, revisou, roteirizou etc, operando na cadeia industrial do livro a fim de sobreviver.


Enquanto isso, escrevia seus livros, sempre com o risco incalculável de se tornar escritor de final de semana, bissexto, diletante: prescindível. São raros, os que podem aproveitar o “ócio” (fundamental) para se escrever algo que preste. Mais raros ainda aqueles que se valem de ofícios paralelos, que são profissionais liberais ou têm emprego fixo.


Para o bem e para o mal (agora podemos ver), a profissionalização das décadas recentes VENDEU a ideia de que poderíamos sobreviver, mala e porcamente, de escrever. Nós compramos essa ideia.


Enfim, não considerem este arrazoado como proselitismo ou defesa classista (ou considerem). Às vezes é necessário falar acerca da realidade de quem escreve no país atualmente, para além da eterna mistificação e romantização que obscurece o papel (obsoleto) do escritor na sociedade e ignora dificuldades relativas ao ofício, que são (evidentemente) as de qualquer outro profissional, porém sem contar com a estabilidade e regulamentações trabalhistas.


Você pode argumentar que escolhi o risco. É verdade, pago todo dia por ele, e pode crer: não sai barato.

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Published on March 23, 2020 09:07

October 21, 2019

Convite

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Published on October 21, 2019 06:35

April 10, 2019

El último hombre del mundo

Traducido por Paula Abramo


Es el último vivo de su tribu, dicen, el hombre más solitario del mundo, y me mandaron aquí para que lo vigilara, porque quieren matarlo, dicen, un indio solo no puede tener derecho a tantas tierras, dicen, los hacendados, taladores y acaparadores de tierras lo dicen, los gobernantes y políticos y curas y milicos lo dicen, esta zona es crucial para defendernos contra el enemigo, dicen, contra los enemigos, porque son muchos, están por todas partes, dicen, la frontera de este país es vasta, tenemos demasiados vecinos y todos nos odian, dicen, así que ve y vigila al indio pero ten cuidado, no te vaya a soltar uno de esos flechazos, porque los suelta, ten cuidado, porque quiere seguir solo, no quiere tener vecinos, es violento porque hace más de veinte años mataron a sus seis últimos compañeros, dicen, y todo este tiempo ha vivido solo, no sabemos cómo se llama su pueblo, no conocemos su lengua, nunca tuvo contacto con los blancos, dicen, ni con los indios, pues el indio más cercano está a más de cinco mil leguas al sur y arriba sólo hay río y más río, ocho días de barco en el río, y luego otro país, y otro más, vecinos que nos odian y han de odiar hasta a ese indio solitario, ese indio que duerme en una choza al lado de un agujero, nadie sabe para qué sirve el agujero, dijeron, así que fíjate bien en el agujero porque queremos saber para qué sirve, unos dicen que es una trampa para capturar acaparadores de tierras, porque fueron los acaparadores los que una noche de hace veinte años asesinaron a sus últimos compañeros,


Gilvan Samico, Julia e a chuva de prata, 2005. Fotografía de João Liberato. Cortesía de la Galeria Estação


y a su mujer, y a su hijo, dicen, pero a mí eso no me convence, porque esos indios aislados casi nunca tienen hijos, dicen, cuando les nace un hijo lo celebran y toman de esos venenos que hacen con hierbas, tanta es su alegría cuando les nace un hijo, dicen, y hablando de hierbas y venenos, ten cuidado, dijeron, ten mucho cuidado, no vayas a andar por ahí mordisqueando lianas y tallitos de hierbas porque allá hay un chingo de venenos y uno no sabe nada de esas plantas, y luego ya sabes, dijeron, capaz que te envenenas y te mueres solo allá en el monte, solo como ese indio, más solo que un tenista que gana un partido por W.O.,1 dijeron, en los tres meses que vas a pasar allá no va a aparecer nadie, dijeron, ni un misionero o indigenista o soldado, dijeron, pero puede que aparezcan garimpeiros, acaparadores, taladores, hacendados o animales, todos asesinos, así que aguas, dijeron, porque la caballería no va a ir a rescatarte a ese fin del mundo, para llegar hasta allá se necesitan dos días en un helicóptero de la Fuerza Aérea Brasileña, dijeron, más un día en barco porque ahí no hay claros para que aterricen los helicópteros, así que ponte pilas, si no, te come un jaguar, o te mata un garimpeiro o el indio del agujero te dispara una flecha, y si andas piradito porque te comiste alguna hierba, ahí sí que ya valió, carnal, ahí sí te conviertes en chicharrón pa’ los predadores, así que no te vayas a comer ningún hierbajo, eh, ni te vayas a hacer tés con las lianas, me entiendes, porque si no te chingaste, carnal, vas a salir dando de tumbos por el monte y te vas a caer en el agujero del indio, que dicen que es una trampa para garimpeiros asesinos, dijeron, un agujero para atrapar a los acaparadores asesinos que mataron a su familia hace veinte años y que todavía quieren matarlo, porque quieren sus tierras, unas tierras que ni él sabe que tiene, porque para un indio solo me imagino que la propiedad no existe, dicen, y cómo saber si la indiada entiende qué es la propiedad, no hay manera, pero nosotros sí que entendemos, y si no vigilamos a ese indio solitario, a ese indio latifundista, como dicen los del agronegocio, si no le sacamos fotos y lo filmamos y grabamos los ruidos que hace en la selva cuando caga, pesca, caza, se hace puñetas, se trepa a los troncos o mea, cantar sí que no, eso no lo hace nunca pa’ que no lo encuentren, dicen, ese indio es solitario pero no es pendejo, quiere vivir y seguir solo, más vale solo que mal acompañado, ha de pensar ese indio, pero cómo saber qué piensa un indio, para colmo un indio que no sabemos ni qué lengua habla, y si no conocemos su lengua, tampoco sabemos qué piensa, dijeron, así que cuidado con el agujero, mucho cuidado con las flechas y más cuidado con los venenos de la selva, dijeron, porque a veces sale uno por ahí, dando brinquitos en el yucal y corta una flor bien chula y se mete la ramita en la comisura de la boca y se va todo contento y se tropieza y se traga la pinche ramita ésa y a los cinco minutos se da cuenta de que la ramita está ponedora, dicen, y los viajes en el monte están cabrones, se te revuelven todas las ideas y estar podrido en la selva es una mierda, dicen, te tripeas bien feo, acabas yéndote directito al agujero, así que concéntrate en la misión, en la chamba, en la vida cotidiana del indio, en el diario, en el telescopio, en la cámara, en el dron, que esa chingadera hace un pinche escándalo que casi acabé con una flecha en el culo por su culpa, dijeron, porque por el ruido de las hélices el indio cachó que yo andaba por ahí, dicen, y se puso a echar flechas hacia donde estaba, y eso que estaba como a trescientos metros del pinche indio, pero igual una de sus flechas me arrancó pulpa del trasero, me agarró de refilón, y todo por el aparato ése, chingá, y también por la hierbita veri creizi que me tragué, qué predicamento, carnal, dijeron, así que tú no la vayas a cagar igual, tú mantente firme, ponte buzo y sigue tu rutina, siempre lejos del indio del agujero y del agujero del indio, las dos cosas son importantes, dicen, y lejos de los vecinos del indio, que también son nuestros vecinos y nos odian casi tanto como a él, al indio encovado, dijeron, tú encárgate de tu vidita de hueva, cómete tus frijolitos enlatados sin prender fogatas porque si el indio ve el humo, ya valió, ahí sí se te echa encima, machete en mano, o tacapé2 en mano, o palo en mano, que en mano de un indio un palo sirve para todo, dicen, y ahí sí que ya te chingaste, carnal, entonces concéntrate en los registros, en las fotitos y videítos y grabacioncitas porque necesitamos todas esas madres para probar que el indio sigue solo y vivo y firme y fuerte, y sólo así vamos a poder preservarlo en la reserva sin que esos garimpeiros, acaparadores, taladores, gobiernistas, políticos, curas y milicos invadan la reserva del indio del agujero, la reserva particular de ese pinche indio, dicen todos, ese indio millonario de mierda que nomás usa sus ocho millones de hectáreas para cagar y plantar maíz y yuca y hacer agujeros y chaquetearse contra el tronco de un plátano, ese indio hijo de puta, dicen todos, ese indio hijo de la chingada que está impidiendo, él solito, el progreso de la patria, ese fokin indio que ni picha ni cacha ni deja batear, dicen todos ellos, así que lo que quiero decirte es: tú haz tus registros del indio bien bonitos para que podamos probar que esas tierras todavía tienen dueño y a lo tuyo, no comas hierbitas ponedoras, plantitas del chamuco, no te eches tecitos de liana, que te va a ir bien, me entiendes, loco, y bien abusado con las flechas del indio, mi buen, y en tus ratos libres fíjate en el agujero del indio, a ver si descubres para qué chingados sirve, porque quién hace una choza y abre un agujero al lado, mira, ese indio está solo desde hace un chingo de tiempo, seguro ya se le botó la canica, no hay más, porque yo llevo veinticinco años partiéndome el lomo en la Fundación Nacional del Indígena y conozco dos mil tribus diferentes, pero ni una que haga agujeros al lado de sus casas, nomás a este indio le da por eso, dicen, a ningún otro, dijeron, y por eso lo llaman el indio del agujero, dicen, pero, pa’ que lo sepas, yo acá tengo mis teorías, porque yo ya cumplí con mi etapa de vigilante, de monitoreo, como dicen los gabachos de las ONG, y ya pasé tiempo venadeando al indio ése, y también hice de las mías, dicen, y me puse a comer hierbitas que no debía, dicen, y me hice el perdedizo, dicen, y casi me petateé en esa selva del demonio, dicen, pero he aquí que en el acelere del pasón, cuando estaba yo bien loco, no mames con el viaje, carnal, desarrollé mi teoría sobre el indio del agujero pero más que nada sobre el agujero del indio, dicen, y es la siguiente: ese indio no hace el agujero junto a su choza para cazar animales, tampoco hace el agujero para atrapar garimpeiros y acaparadores asesinos, para vengarse, como dicen, lo que yo creo es que a ese indio le arrastra el colmillo y lo que hace es cavar su propio agujero, el agujero adonde va a caer muerto, el agujero hacia el que va a rodar muerto cuando lo asesinen, o cuando se muera de enfermedad, un agujero para él y para nadie más, su agujero asignado, personal e intransferible, porque ese indio es el hombre más solitario del mundo, como dicen, y es el último hombre del mundo, y como lo sabe, como sabe que es el último y se acuerda de que enterró a sus compañeros muertos, también sabe que no habrá nadie para enterrarlo a él, así que carga con su agujero por la tierra, carnal, arrastra su propio agujero por el mundo, y en eso es bien distinto de nosotros, dicen, porque nosotros sabemos que alguien nos va a enterrar cuando nos llegue la hora, dicen, y él, en cambio, no quiere que lo entierre su enemigo. No quiere que lo entierre su propio asesino.3


Notas



W.O. significa en el ámbito deportivo ganar por “walkover”, es decir, por la ausencia del contrincante [N. del E.].  ↩
Especie de palo toscamente labrado [N. del E.].  ↩
Este cuento está basado en hechos reales. El indígena “del agujero” sigue vivo y aislado desde hace más de veinte años en la tierra indígena Tanarú, en el estado de Rondônia, Brasil, en una zona que gracias a su sola existencia sigue preservada en medio de extensiones de tierras explotadas por la tala y el agronegocio. Es el último sobreviviente de su grupo. Desde que Jair Bolsonaro asumió el gobierno de Brasil, la Fundación Nacional del Indígena, que venía monitoreándolo desde 1996, se encuentra en manos de un ministro de medio ambiente que tiene estrechos vínculos con los intereses del agronegocio [N. de la T.]  ↩

[image error] https://www.revistadelauniversidad.mx/articles/23b786de-f343-40be-b814-a75952f166e4/el-ultimo-hombre-del-mundo?fbclid=IwAR0A4TwDdMbsMt04FyIHP7SPeX3aLxnpfCxjLSX4zgblCoVx9H5yC4VHXVc

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Published on April 10, 2019 07:33

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Joca Reiners Terron
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