Raphael T A Santos's Blog
December 1, 2025
Análise do aplicativo Hemingway: vale mesmo a pena?
O Hemingway é um aplicativo de escrita que promete aprimorar sua prosa, destacando frases confusas, advérbios desnecessários, voz passiva e construções complexas. Inspirado no estilo direto e conciso de Ernest Hemingway, ele usa cores para sinalizar pontos de melhoria e calcular a legibilidade do texto. Mas será que ele ajuda realmente a escrever melhor? E como se compara a outras ferramentas disponíveis? Testei o aplicativo e trago aqui o que descobri. Preço e compatibilidade O Hemingway pode ser usado gratuitamente no navegador, mas há também uma versão para desktop que custa US$ 19,99, além do plano com inteligência artificial (AI Plus), que varia de US$ 25 a US$ 30 por mês. Ele funciona bem em Windows, Mac e Linux. É indicado para blogueiros, jornalistas e estudantes, mas não é ideal para quem escreve ficção ou não ficção literária. Em resumo: é um verificador de legibilidade útil, mas rígido demais para quem busca uma escrita expressiva.Minha avaliação: 2 de 5 estrelas. O que funciona bem O que deixa a desejar Experiência de uso O Hemingway oferece dois modos principais: escrita e edição. No modo de escrita, o foco é a simplicidade. A interface minimalista ajuda na concentração, mas também limita: não há como criar capítulos, notas de rodapé ou estruturas complexas. É ideal para rascunhos curtos e textos de blog, não para livros. A importação e exportação também são básicas. Ele aceita arquivos .docx, .html e .md, mas não oferece suporte a formatações avançadas. Se o objetivo for preparar um manuscrito completo, ferramentas como o Google Docs são opções muito melhores. Recursos de edição É aqui que o Hemingway mostra seu propósito. Ele destaca, com cores diferentes, os trechos que merecem atenção:azul para advérbios e voz passiva, roxo para palavras complexas, verde para ortografia, amarelo para frases difíceis e vermelho para trechos confusos. O sistema é útil, mas tende a punir estilos mais literários. Para textos criativos, ele acaba sugerindo simplificações que empobrecem a voz do autor. O ideal é usar essas indicações como guia, não como regra. E a inteligência artificial? A versão Hemingway Editor Plus adiciona recursos de IA baseados em tecnologia da OpenAI. Ela pode reescrever trechos, ajustar tom e estrutura, ou deixar o texto mais criativo. Na prática, funciona bem para textos comerciais e e-mails, mas não para ficção.As reescritas automáticas soam genéricas e podem apagar a personalidade do autor. Além disso, o preço é alto em comparação com alternativas gratuitas ou mais completas, como o ChatGPT, Gemini ou Sudowrite. Veredito final O Hemingway é uma ferramenta interessante para quem deseja revisar textos curtos e tornar a escrita mais clara. É ótimo para artigos, blogs e comunicações corporativas. No entanto, para autores literários, o aplicativo mais atrapalha do que ajuda.A versão gratuita é suficiente para testar seus limites e aprimorar sua autoedição. Se o seu foco é criatividade e voz autoral, continue fiel ao seu estilo e use o Hemingway somente como apoio técnico — nunca como guia absoluto.
Published on December 01, 2025 02:26
November 28, 2025
O que é um índice em um livro e por que ele é importante
O índice é um dos elementos mais subestimados de um livro, mas também um dos mais úteis. Ele aparece, na maioria das vezes, nas obras de não ficção — livros técnicos, científicos, biográficos ou de referência — e serve como um mapa do conteúdo. Graças a ele, o leitor encontra informações específicas sem precisar reler o texto inteiro. Em tempos de leitura rápida e pesquisa digital, o índice continua essencial, tanto para estudantes quanto para profissionais e leitores curiosos. Saber o que é, como funciona e como criá-lo é fundamental para quem publica um livro informativo ou acadêmico. O que é um índice Um índice é uma lista alfabética de termos, pessoas, lugares, conceitos e temas discutidos ao longo do livro, acompanhados pelos números de página onde aparecem. Ele guia o leitor até o trecho em que determinado assunto é abordado, tornando a consulta rápida e eficiente. Onde o índice aparece Geralmente, o índice fica no final do livro, junto com outros materiais complementares, como agradecimentos, glossário, apêndices e bibliografia. Em livros digitais, ele pode incluir links que levam diretamente à página ou seção mencionada. Por que o índice agrega valor Romances costumam ser lidos linearmente, mas livros de não ficção e ensaios permitem leitura fragmentada. O índice é o instrumento que possibilita isso: transforma o livro em ferramenta de consulta. Em contextos acadêmicos, é requisito quase obrigatório, pois facilita a pesquisa e aumenta a credibilidade da obra. No Brasil, as normas da ABNT NBR 6034 orientam a criação e a padronização de índices. Além de atender às exigências formais, um bom índice valoriza o livro e mostra cuidado com o leitor. Diferença entre índice e sumário É comum confundir os dois, mas suas funções são distintas.Sumário apresenta a estrutura do livro na ordem em que os capítulos aparecem.Índice organiza os assuntos em ordem alfabética, independentemente de onde estão no texto.Se o leitor quiser saber onde o autor fala sobre “fotossíntese”, ele vai ao índice, não ao sumário. Como o índice é produzido O índice é criado após a diagramação final, quando a numeração das páginas está definitiva. O profissional responsável, chamado indexador, lê o livro e identifica conceitos e palavras-chave. Em seguida, define entradas e subentradas, relaciona números de página e revisa para garantir clareza e consistência. Formatos mais comuns Índice recuado: cada subentrada aparece em nova linha.Educação básica 32, 41, 76 superior 51, 92 tecnologias na 120–125 Índice corrido: subentradas aparecem na mesma linha, separadas por ponto e vírgula.Educação: básica 32, 41, 76; superior 51, 92; tecnologias na 120–125. A escolha depende do estilo da editora e do espaço disponível. Boas práticas de indexação Exemplo simples Água 18, 45, 90 ciclo da 46–53 escassez de 91–98 potável 22, 37 ver também Saneamento básico, Recursos hídricos Recursos hídricos 84–112 gestão de 96–112 ver Água, Saneamento básico O papel do profissional de indexação Embora alguns autores criem seus próprios índices, o trabalho de um indexador profissional é insubstituível. Ele combina leitura crítica, conhecimento técnico e domínio das normas editoriais. Um bom índice exige tempo, precisão e sensibilidade para prever o que o leitor vai procurar. Conclusão O índice é mais do que uma lista de termos: é uma ferramenta de navegação intelectual. Ele reflete a estrutura do pensamento do autor e mostra respeito pelo leitor, transformando o livro em uma obra realmente útil. Criar um índice de qualidade exige atenção, método e empatia — e pode ser o toque final que transforma uma boa obra em referência duradoura.
Published on November 28, 2025 01:54
November 26, 2025
Como usar ponto e vírgula: regras e exemplos
O ponto e vírgula (;) é um sinal de pontuação que cria uma pausa mais longa que a vírgula, mas mais curta que o ponto final. Ele possibilita ligar ideias próximas, separar elementos complexos de uma lista e dar ritmo à leitura. Embora pareça formal, é uma ferramenta poderosa tanto em textos acadêmicos quanto literários. 1. Use o ponto e vírgula para unir orações independentes Quando duas orações são completas, mas relacionadas, você pode usar ponto e vírgula para uni-las sem empregar conjunções como “e”, “mas” ou “porém”. Exemplos:O sol se pôs; a cidade continuou desperta.Escrevi durante horas; o silêncio parecia infinito.Ela queria ir embora; eu queria que ela ficasse. Essa pausa cria um elo de significado entre as frases e evita o excesso de pontos, mantendo o texto fluido. 2. Substitua conjunções coordenativas Se a relação entre as ideias já estiver clara, o ponto e vírgula pode substituir conjunções coordenativas, tornando o texto mais direto. Com conjunção:Estudei muito, mas não passei na prova. Com ponto e vírgula:Estudei muito; não passei na prova. Ambas estão corretas, mas a segunda soa mais enfática e elegante. 3. Separe itens de uma lista complexa Quando uma lista contém elementos longos ou já separados por vírgulas, o ponto e vírgula ajuda a evitar confusão. Exemplo:O congresso reuniu convidados de São Paulo, Brasil; Lisboa, Portugal; Buenos Aires, Argentina; e Lima, Peru. Usar apenas vírgulas deixaria a frase difícil de ler. 4. Conecte orações com advérbios ou locuções de transição Quando expressões como “porém”, “portanto”, “além disso” ou “no entanto” aparecem entre duas orações completas, o ponto e vírgula deve vir antes delas. Exemplos:Ela tentou avisar; no entanto, ninguém a escutou.O plano era arriscado; portanto, precisávamos de cuidado.Gostamos do projeto; além disso, aprendemos muito com ele. Esse uso é comum em textos acadêmicos e artigos jornalísticos. 5. Use o ponto e vírgula para equilibrar ritmo e clareza Além da gramática, o ponto e vírgula também tem função estilística. Ele pode desacelerar a leitura e criar um efeito reflexivo. Exemplo literário:Ela falava de amor; ele respondia com silêncio. Em narrativas, o ponto e vírgula serve como uma pausa pensada, mais suave que um ponto, e ajuda a manter o tom poético ou introspectivo. 6. Quando não usar ponto e vírgula 7. Diferença entre ponto e vírgula, vírgula e dois pontos Vírgula (,): pausa curta, separa itens simples e orações subordinadas.Exemplo: Comprei flores, chocolates e um cartão. Dois pontos (:): introduzem explicações, listas ou citações.Exemplo: Havia três opções: lutar, fugir ou desistir. Ponto e vírgula (;): liga orações completas e separa elementos longos.Exemplo: Ela queria viajar; ele, ficar. 8. O ponto e vírgula na escrita criativa Autores brasileiros usam o ponto e vírgula para criar musicalidade e tensão. Machado de Assis: “Ele sorriu; era o mesmo sorriso de antes, e ainda assim outro.”Clarice Lispector: “A vida é curta; o instante, eterno.” Na prosa literária, ele pode marcar hesitação, contraste ou continuidade emocional, servindo tanto à clareza quanto à estética. Conclusão O ponto e vírgula é um recurso de precisão e ritmo. Ele une ideias próximas sem interromper o fluxo da leitura e dá elegância à escrita. Use-o quando quiser mostrar que duas frases conversam entre si, mas ainda merecem espaço próprio. Em resumo: é uma pausa pensada, não um enfeite.
Published on November 26, 2025 01:52
November 24, 2025
Resenha: Bula para uma vida inadequada de Yuri Al´Hanati
Sobre o autor Yuri Al´Hanati é escritor e músico brasileiro. Atuante no cenário literário independente, vem se destacando por suas crônicas, nas quais reflete sobre a vida cotidiana, a condição humana e os dilemas de uma geração que se vê deslocada em relação à cultura dominante. Seu estilo alia ironia, melancolia e crítica social, sempre em tom próximo ao leitor. Bula para uma vida inadequada é um de seus trabalhos mais comentados, justamente por captar esse espírito de inadequação diante da superficialidade do presente. Sinopse Antes uma maldição formadora de párias, o deslocamento social é, hoje, o aspecto mais democrático da pós-modernidade. O estar fora de lugar é o tema destas crônicas. O flagrante cotidiano, usual do gênero, deixa um pouco de lado a perversão do voyeurismo para esboçar uma filosofia do estranhamento que, acima de tudo, celebra a solidão e a diferença. As crônicas deste livro formam uma bula: descrevem e prescrevem a vida inadequada, constroem com cenas o contraste entre a vontade de estar junto e a realidade de se estar só e tateiam, junto ao leitor, um entendimento comum sobre o fenômeno. Uma ponte levadiça, erguida quando a distância é conveniente, baixada quando a vida urge comunhão. Minha avaliação Não costumo ler crônicas com frequência, embora seja um gênero que me agrade. E justamente por isso fui surpreendido por Bula para uma vida inadequada, que me envolveu com uma leitura honesta, feita de pensamentos e acontecimentos que se assemelham muito aos meus próprios. Talvez isso se deva à proximidade geracional com o autor: uma geração que não se satisfaz com pouco, nem com a cultura atual, e que vive em permanente tensão entre resignação e frustração. O livro não é para todos. Ele se dirige a um grupo específico da sociedade: aqueles que não aceitam a simplicidade rasa ou a superficialidade que dominam o presente. Não se trata de se achar melhor ou pior que outros tempos, mas de reconhecer um modo de ser que se distancia das convenções, que olha para o mundo com certo incômodo e uma dose de melancolia. As crônicas de Yuri funcionam como pequenos flashes da vida: textos curtos, pontuais, que vão do início ao fim com clareza e objetividade. Quem nunca leu uma crônica pode estranhar o formato — por ser simples, direto e pouco afeito à estrutura narrativa tradicional. Mas é justamente nessa simplicidade que reside a força do livro. Foi uma leitura que me pegou de surpresa e me fez refletir sobre minha própria trajetória, minhas inquietações e minhas insatisfações. Um livro que não se pretende universal, mas que pode ecoar fundo em quem se sente, de alguma forma, fora de lugar. Nota final ⭐ 4 de 5
Published on November 24, 2025 05:08
November 21, 2025
30 exemplos de dedicatórias de livros para inspirar a sua escrita
A dedicatória é o espaço mais íntimo de um livro. É onde o autor fala sem máscara, agradece, provoca ou se despede. Pode ser doce, irônica, política ou poética. Aqui estão trinta dedicatórias criadas especialmente para autores brasileiros e latino-americanos, de ficção e não ficção, pensadas para inspirar emoção, humor e autenticidade. Dedicatórias de afeto e gratidão Essas são dedicatórias para quem quer começar seu livro com calor humano e afeto verdadeiro. Dedicatórias bem-humoradas O humor deixa a dedicatória leve e próxima, ideal para romances contemporâneos ou memórias cheias de ironia. Dedicatórias de memória e homenagem Perfeitas para obras autobiográficas, biográficas ou de tom memorialista. Dedicatórias literárias e metalinguísticas Essas dedicatórias cabem em livros de contos, poesia e romances de introspecção. Dedicatórias românticas Essas frases funcionam bem em histórias de amor, dramas familiares e narrativas líricas. Dedicatórias sociais e políticas Dedicatórias assim combinam com livros de ensaio, reportagens, biografias ou romances de crítica social. Conclusão A dedicatória é o primeiro gesto de afeto entre autor e leitor. Ela não precisa ser perfeita nem grandiosa, apenas verdadeira. Pense em quem te acompanha, em quem te formou ou em quem você gostaria de agradecer. Às vezes uma linha basta para dizer o que o livro inteiro tenta explicar.
Published on November 21, 2025 01:51
November 19, 2025
O que é polissíndeto? A arte de repetir “e” para dar ênfase
O polissíndeto é um recurso de estilo que consiste na repetição intencional de conjunções coordenativas — como e, mas, ou, nem e porém — para dar ritmo, emoção e destaque à frase. Ao contrário da escrita convencional, que busca eliminar repetições para soar mais fluida, o polissíndeto usa a repetição para desacelerar a leitura, intensificar a carga emocional e criar impacto poético. O termo vem do grego polysyndeton, formado por poly (muitos) e syndeton (ligados). Ou seja, “muitas ligações”. Embora seja uma técnica antiga, usada desde a retórica clássica, ela continua presente na literatura, na música e até em discursos políticos e publicitários. 1. Como o polissíndeto funciona A ideia central é simples: repetir a conjunção para criar um efeito de continuidade ou insistência. A repetição faz com que o leitor sinta o peso de cada elemento e perceba uma crescente intensidade emocional. Compare as duas frases abaixo: Com polissíndeto:Eu estudei e trabalhei e chorei e aprendi. Sem polissíndeto (assíndeto):Eu estudei, trabalhei, chorei, aprendi. Na segunda versão, o ritmo é mais rápido e neutro. Já na primeira, a repetição de e transmite esforço, cansaço e persistência. 2. Exemplos na literatura brasileira O polissíndeto é amplamente usado por escritores brasileiros para reforçar ritmo e emoção. Machado de Assis, em Dom Casmurro, usa o recurso para expressar ansiedade e dúvida:“E eu olhava e esperava e temia e desejava que ela viesse.” A repetição cria uma cadência que espelha o fluxo mental do narrador. Carlos Drummond de Andrade, em José, também faz uso do polissíndeto:“E agora, José? / A festa acabou, / a luz apagou, / o povo sumiu, / a noite esfriou, / e agora, José?” O e repetido no refrão marca o avanço inevitável do tempo e o peso da solidão. Clarice Lispector, em A paixão segundo G.H., o utiliza para intensificar o pensamento filosófico:“E era o medo, e era a alegria, e era o espanto de existir.” Aqui, o polissíndeto cria uma sensação de expansão emocional, como se a autora quisesse que o leitor sentisse cada emoção isoladamente. 3. Na música popular brasileira O polissíndeto também é frequente nas letras de música, onde a sonoridade é fundamental. Caetano Veloso, em Alegria, Alegria, canta:“Caminhando contra o vento, / sem lenço e sem documento, / no sol de quase dezembro, / eu vou.” Embora o e não apareça repetido, a estrutura de encadeamento com conjunções nas estrofes seguintes reforça o efeito de fluxo contínuo. Já Chico Buarque, em Construção, transforma a repetição de conjunções em marca rítmica:“E tropeçou no céu como se fosse um bêbado / e flutuou no ar como se fosse um pássaro / e se acabou no chão feito um pacote flácido.” Cada e prolonga o verso e reforça a tragédia do personagem, criando um efeito quase hipnótico. 4. O polissíndeto em discursos Na retórica política e religiosa, o polissíndeto é usado para dar força emocional e transmitir autoridade. Exemplo:“Precisamos de coragem e de fé e de união e de trabalho para reconstruir este país.” A repetição dá um tom solene e coletivo, transformando a frase em um apelo. É uma técnica recorrente em discursos de líderes como Getúlio Vargas, Lula e Barack Obama, que usaram conjunções repetidas para gerar ritmo e empatia. 5. Polissíndeto e assíndeto: o contraste intencional Enquanto o polissíndeto adiciona conjunções, o assíndeto as elimina. Ambos podem ser usados de forma complementar. Assíndeto: Corri, gritei, venci.Polissíndeto: Corri e gritei e venci. O primeiro soa direto e rápido, transmitindo ação. O segundo é mais intenso e reflexivo, marcando cada etapa da conquista. 6. Efeitos e significados O polissíndeto pode: 7. Como usar o polissíndeto na sua escrita 8. Exemplos modernos Conceição Evaristo, em Ponciá Vicêncio, usa o polissíndeto para expressar acúmulo e dor:“E o tempo passou, e os dias vieram, e a vida seguiu, e ela ficou.” Itamar Vieira Junior, em Torto Arado, recorre ao mesmo recurso para criar oralidade:“E eu olhava o rio e pensava no que ficou e no que viria.” Nos dois casos, a repetição cria ritmo de fala e dá peso simbólico às repetições da vida. Conclusão O polissíndeto é uma ferramenta poderosa para quem deseja escrever com emoção, cadência e profundidade. Seja na literatura, na música ou na fala, repetir conjunções não é redundância, mas intenção. Saber dosar o recurso transforma a linguagem simples em discurso poético.
Published on November 19, 2025 01:46
November 18, 2025
Autores Excluídos do Principal Prêmio Literário da Nova Zelândia Após Uso de Inteligência Artificial no Design das Capas
O prestigiado Ockham Book Awards da Nova Zelândia desqualificou dois títulos de sua edição de 2026 após a introdução de novas diretrizes sobre o uso de inteligência artificial em obras inscritas. Dois livros de autores neozelandeses aclamados foram excluídos da disputa pelo principal prêmio literário do país porque inteligência artificial (IA) foi utilizada na criação de suas capas. A coletânea de contos de Stephanie Johnson, Obligate Carnivore, e a coletânea de novelas de Elizabeth Smither, Angel Train, foram submetidas ao prêmio de ficção de NZ$ 65.000 em outubro, mas foram desclassificadas no mês seguinte em virtude das novas diretrizes. O Debate Sobre o Prazo O editor de ambos os livros, Quentin Wilson, criticou a implementação das regras. Ele afirmou que o comitê do prêmio alterou as diretrizes em agosto, um período em que as capas de todos os livros submetidos já teriam sido criadas. “Portanto, já era tarde demais para qualquer editora levar essa cláusula em consideração em seus projetos”, disse Wilson ao The Guardian. “É obviamente de partir o coração que duas obras de ficção maravilhosas, de autores altamente respeitados, tenham se envolvido nessa questão, embora isso não tenha absolutamente nada a ver com a escrita deles.” A Decepção das Escritoras As autoras, ambas com um longo histórico e status de juradas no prêmio Ockham, expressaram frustração com o foco deslocado de suas obras. Stephanie Johnson manifestou solidariedade aos organizadores na preocupação com a IA em áreas criativas, mas não escondeu a decepção com a desclassificação do que é seu 22º livro. Ela ressaltou que autores geralmente têm pouca participação no design e não sabia que IA havia sido usada na capa, que apresentava um gato com dentes humanos. “Eu simplesmente pensei que fosse uma fotografia de um gato de verdade e que os dentes tivessem sido sobrepostos, mas aparentemente não era,” disse Johnson. Ela temia que o público presumisse que ela havia usado IA para escrever o livro, o que ela negou veementemente. “Em vez de falarmos sobre o meu livro… e qual foi a inspiração, estamos falando sobre a maldita inteligência artificial, que eu detesto.” Em um comunicado, Elizabeth Smither focou a preocupação na equipe de produção e design, que dedicou horas ao trabalho. “São eles que mais me preocupam: o fato de seu trabalho meticuloso… estar sendo desrespeitado,” afirmou. A Posição Firme da Organização O uso da IA em áreas criativas tem sido alvo de crescente escrutínio à medida que a tecnologia evolui. Nicola Legat, presidente do conselho da premiação, defendeu a decisão, afirmando que a instituição adota uma “posição firme sobre o uso de IA em livros” para apoiar os interesses criativos e de direitos autorais dos artistas do país. “A fundação não encara com leviandade uma decisão que impede que as obras mais recentes de dois dos escritores mais estimados da Nova Zelândia sejam consideradas para o prêmio de 2026,” disse Legat. “No entanto, os critérios aplicam-se a todos os participantes, independentemente do seu mana [status], e devem ser aplicados de forma consistente a todos.” O editor Wilson argumentou que editores e autores usam regularmente ferramentas como Grammarly e Photoshop, que dependem de IA, e que a situação evidenciou a necessidade urgente de diretrizes cuidadosamente elaboradas no setor. Fonte: The Guardian
Published on November 18, 2025 06:13
November 17, 2025
Regras de capitalização de títulos em português: aprenda a usar as maiúsculas corretamente
Saber usar letras maiúsculas nos títulos é essencial para quem escreve livros, artigos, reportagens ou publicações acadêmicas em português. Embora o uso do maiúsculo pareça simples, há regras específicas na língua portuguesa que diferem bastante do inglês. Entender essas normas evita erros comuns, como colocar maiúsculas em todas as palavras do título — algo incorreto no português. 1. Apenas a primeira palavra do título começa com letra maiúscula A regra básica é simples: no português do Brasil, apenas a primeira palavra do título e os nomes próprios são escritos com letra maiúscula. Todas as outras palavras permanecem em minúscula, a menos que estejam no início de frases secundárias, após ponto, interrogação ou exclamação. Correto:Dom CasmurroO tempo e o ventoA hora da estrela Incorreto:Dom CasmurroO Tempo E O VentoA Hora Da Estrela A diferença é que, em português, o título funciona como uma frase comum e não como uma sequência de palavras isoladas, o que justifica o uso restrito da maiúscula. 2. Nomes próprios e topônimos sempre com maiúscula Nomes de pessoas, lugares, instituições e eventos mantêm a maiúscula, mesmo que apareçam no meio do título. Exemplos:Vidas secas em AlagoasOs sertões da Bahia e Euclides da CunhaCartas para Maria Firmina dos Reis Também entram aqui títulos com referências históricas, geográficas ou culturais. Exemplo:A revolta da Chibata no Rio de Janeiro 3. Subtítulos: a primeira palavra também é maiúscula Quando o título tem um subtítulo separado por dois pontos, o subtítulo começa com letra maiúscula. Exemplos:A paixão segundo G.H.: um mergulho no desconhecidoMemórias póstumas de Brás Cubas: uma sátira da sociedade cariocaO cortiço: um retrato do Rio de Janeiro do século XIX Essa regra é reconhecida pela Academia Brasileira de Letras e é aplicada em editoras, teses e produções jornalísticas. 4. Não se usa maiúscula em artigos, preposições e conjunções Palavras como de, da, do, em, no, na, por, a, e, ou e com permanecem em minúsculas, mesmo quando aparecem no meio do título. Exemplos corretos:O crime do padre AmaroAs meninas e o silêncioA moreninha e o mar Incorreto:O Crime Do Padre AmaroAs Meninas E O Silêncio Essas palavras funcionam como elementos de ligação, não como unidades de sentido principal, e por isso não recebem destaque gráfico. 5. Títulos compostos com nomes estrangeiros Se o título em português contém nomes estrangeiros, a capitalização segue a língua original. Assim, títulos com palavras em inglês ou francês mantêm as maiúsculas conforme as normas do idioma citado. Exemplos:A queda de The WallO ano em que visitei Notre-DameA menina que lia Shakespeare 6. Títulos de obras de arte, filmes e músicas seguem a mesma lógica Livros, filmes, canções e séries também seguem a capitalização normal do português, com apenas a primeira palavra e os nomes próprios em maiúscula. Exemplos corretos:Cidade de DeusCentral do BrasilHoje é dia de MariaPra você guardei o amor Incorretos:Cidade De DeusCentral Do BrasilPra Você Guardei O Amor 7. Siglas, abreviações e estrangeirismos Siglas e acrônimos mantêm letras maiúsculas, conforme o uso padrão. Estrangeirismos mantêm o formato original, a menos que já tenham sido incorporados ao português. Exemplos:A invasão da NASAO mistério da ONU em Nova YorkA história do jazz no Brasil 8. Títulos acadêmicos e jornalísticos Em teses, dissertações e artigos científicos, a regra segue o mesmo princípio: apenas a primeira palavra e nomes próprios são escritos com maiúscula. Isso também vale para manchetes jornalísticas. Exemplo acadêmico:Análise da construção simbólica da mulher na literatura brasileira do século XX Exemplo jornalístico:Governo anuncia novo plano de incentivo à leitura 9. Quando usar caixa alta Usar todas as letras maiúsculas é permitido apenas em casos de design gráfico, capas de livros ou fins estilísticos. No texto corrido, o uso de caixa alta em títulos é considerado incorreto, pois compromete a legibilidade. 10. Dica final Em resumo, lembre-se: no português, menos é mais. A simplicidade é sinal de domínio da norma. Títulos com excesso de maiúsculas passam a impressão de tradução automática ou desconhecimento da língua.
Published on November 17, 2025 01:45
November 14, 2025
Autora recusa capa feita por inteligência artificial e critica editora brasileira
A escritora norte-americana Tiffany McDaniel, autora de “On the Savage Side”, tornou pública sua insatisfação com a editora brasileira Darkside Books após descobrir que a capa da edição nacional de sua obra havia sido criada por inteligência artificial. Segundo o relato publicado pela própria autora em suas redes sociais, a editora enviou a imagem final sem informar que se tratava de uma arte gerada por IA, revelando o fato somente depois que ela questionou diretamente a origem da imagem. McDaniel afirmou ter ficado decepcionada com a falta de transparência e com a escolha de utilizar uma ferramenta automatizada em um processo criativo que, segundo ela, deveria valorizar o trabalho humano. Após a recusa da autora em aprovar a arte gerada por IA, a Darkside contratou o artista Vitor Willemann, do estúdio Retina78, para produzir uma nova capa feita em aquarela, que passou a ilustrar o livro lançado no Brasil sob o título “O Lado Selvagem”. Em sua publicação, Tiffany McDaniel destacou que o problema vai além de uma simples questão estética. Para ela, o uso de inteligência artificial em capas de livros representa uma ameaça mais profunda à integridade artística da indústria editorial. A autora argumentou que escolher IA em vez de artistas humanos é, essencialmente, escolher o lucro em detrimento da humanidade. Segundo McDaniel, a adoção indiscriminada dessas tecnologias transmite a mensagem de que o trabalho e a criatividade humanos deixaram de ter valor. A escritora também chamou atenção para o papel de influência da Darkside Books no mercado editorial. Com mais de um milhão de seguidores nas redes sociais, a editora ocupa uma posição de destaque e, nas palavras de McDaniel, quando líderes do setor normalizam o uso de IA, contribuem para redefinir os padrões criativos de toda uma indústria. A autora classificou a prática como um risco não apenas para artistas e designers, mas também para escritores e fotógrafos que há gerações sustentam o mercado de livros com sua produção intelectual. Outro ponto levantado por Tiffany McDaniel foi o aspecto ético e ambiental do uso de inteligência artificial. Ela lembrou que os sistemas de IA são treinados com base em obras e imagens criadas por artistas reais, muitas vezes sem autorização ou crédito, o que, em sua visão, configura uma forma de apropriação indevida. Além disso, ressaltou que a operação desses sistemas consome grandes quantidades de energia e água, contribuindo para impactos ambientais e pressionando comunidades próximas aos centros de dados. Para McDaniel, a arte e a escrita representam um legado humano que deve ser preservado. Em sua declaração, ela defendeu que o papel da arte é celebrar a vida, e não a consumir, como acredita que ocorre com a produção feita por IA. A autora concluiu afirmando que, ao optar pela inteligência artificial em detrimento de profissionais humanos, o mercado editorial arrisca perder não somente a integridade, mas também a alma de sua própria indústria. Segundo suas palavras, as editoras têm o dever de proteger os criadores, não de substituí-los. O episódio reacende um debate cada vez mais urgente sobre os limites do uso da inteligência artificial em áreas criativas. Até que ponto a tecnologia pode ser considerada uma aliada, e quando passa a representar uma ameaça ao trabalho humano? Qual é a sua opinião sobre o assunto?
Published on November 14, 2025 09:13
Anúncios da Amazon para autores em 2025: como atingir leitores que realmente compram
Se você já publicou um livro na Amazon, sabe que simplesmente colocá-lo no KDP não garante que os leitores o encontrarão. Com milhões de títulos disputando atenção, visibilidade é tudo. Os anúncios da Amazon continuam sendo uma das maneiras mais eficazes de colocar seu livro diante de quem já está comprando a próxima leitura. Este guia reúne o que aprendi sobre Amazon Ads e mostra como estruturar campanhas precisas, eficientes e ajustadas ao seu perfil de autor. 1. Configure sua conta do Amazon Ads Antes de mergulhar na estratégia, é preciso saber por onde começar. O Amazon Ads funciona em um sistema de leilão: você compete com outros anunciantes por espaços publicitários dentro da Amazon. Lances muito baixos reduzem sua exposição; lances altos demais elevam o custo por clique. O segredo é encontrar o equilíbrio. Como começar: No painel do console, você poderá criar campanhas, ajustar orçamentos e acompanhar métricas como impressões, cliques e vendas. 2. Comece com Produtos Patrocinados Os Produtos Patrocinados são o formato essencial — simples, eficaz e indispensável. Eles aparecem nos resultados de busca e nas páginas de produto, colocando seu livro na frente de leitores em momento ativo de compra. Como usá-los bem: 3. Mire em termos de busca específicos Palavras amplas atraem tráfego, mas raramente vendem. Já as palavras-chave específicas, mesmo com menos volume, costumam converter melhor. Por exemplo, em vez de “livro de finanças” ou “como ganhar dinheiro”, campanhas bem-sucedidas usaram “construção de riqueza para famílias” e “estratégias de investimento para iniciantes”. Isso reduziu o custo por clique e aumentou o retorno. A lição: quanto mais específica a intenção da busca, maior a chance de venda. 4. Aumente o orçamento de forma estratégica Autores costumam achar que orçamentos baixos economizam dinheiro. Na verdade, a Amazon exibe menos anúncios nesses casos. Defina um orçamento um pouco acima do confortável e deixe o algoritmo otimizar os resultados. Você também pode aumentar lances para públicos com alta probabilidade de compra — um recurso que permite elevar o lance em até 30% quando a Amazon identifica usuários prontos para comprar. Durante períodos de alto consumo, como Natal, Dia das Mães ou Black Friday, use as regras automáticas de lances por evento para aumentar o investimento quando há maior intenção de compra. 5. Mantenha campanhas bem estruturadas Campanhas bagunçadas desperdiçam dinheiro. Misturar palavras-chave e temas diferentes gera dados confusos e pouca performance. Boas práticas: Dica rápida: pause palavras-chave com mais de 25 cliques e nenhuma venda. Se o CPC estiver 40% acima da média e o CTR for baixo, ajuste o lance. 6. Use bem seus recursos criativos O texto do anúncio é o que transforma impressões em cliques. Nos Produtos Patrocinados, você tem até 150 caracteres para convencer o leitor. Para não ficção: Para ficção: A clareza é mais poderosa que o floreio. O leitor precisa se reconhecer no seu anúncio. 7. Use Marcas Patrocinadas se tiver vários títulos Autores com três ou mais livros podem usar Sponsored Brands para exibir um carrossel de capas no topo dos resultados de busca. Esse formato dá autoridade e incentiva o leitor a explorar mais de uma obra. Dicas: Mesmo que o custo por venda não seja o menor, o ganho de visibilidade e credibilidade compensa. 8. Recupere leitores com o Display Patrocinado Cerca de 80% dos visitantes não compram na primeira visita. O Sponsored Display resolve isso, exibindo seu livro novamente para quem já o viu — tanto na Amazon quanto em outros sites parceiros, como o Goodreads. Essa função é ideal para séries e livros de ficção, transformando curiosidade em compra. Também ajuda a reforçar sua presença de marca para leitores recorrentes. 9. Meça os resultados e otimize A Amazon oferece métricas detalhadas, mas você precisa saber onde olhar: Teste novas palavras, altere orçamentos, troque criativos. Campanhas bem-sucedidas são como jardinagem: plantar, podar e replantar até florescer. Conclusão Em 2025, os anúncios da Amazon estão mais poderosos do que nunca. O sucesso, porém, não depende de quem gasta mais, e sim de quem planeja melhor. Autores que estruturam campanhas com disciplina, testam constantemente e aproveitam os novos recursos da plataforma sairão na frente. As ferramentas estão aí, os leitores estão procurando, e seu livro merece ser encontrado.
Published on November 14, 2025 00:43


