Raphael T A Santos's Blog, page 3
October 28, 2025
Oséas Singh Jr., indicado ao Prix du Roman, fala sobre criação literária e aconselha novos escritores
Entrevista: Helena Bittencourt – Fotos: Thales Murilo Entrevista exclusiva para o Escrita Selvagem com o escritor paulista Oséas Singh Jr., o primeiro brasileiro indicado ao prestigioso prêmio literário francês Prix du Roman de l’Année 2025. Aos 58 anos, seu romance de estreia, Le Refuge des Héros Fatigués, está entre os cinco finalistas selecionados pela Académie des Lecteurs, concorrendo ao lado de nomes consagrados da literatura francesa. Singh Jr. reside na cidade de Salto, localizada a 98 quilômetros da capital paulista, onde um coreto local serviu de inspiração para o narrador de sua obra. Lançado simultaneamente no Brasil sob o título Estância dos Heróis Combalidos, este não é o primeiro livro do autor a ganhar reconhecimento internacional. Em 2021, ele publicou Banal Apocalypse, uma obra distópica lançada pela Amazon. A que você atribui o sucesso do seu livro entre os leitores francófonos? O. Singh Jr. – Creio que seja pela densidade tragicômica da transformação dos moradores de rua em super-heróis. A miséria transformada em espetáculo. Os personagens caricatos vão ganhando profundidade emocional ao longo da narrativa. Nesse sentido, o livro tem várias camadas de interpretação. Alguns leitores jovens se encantam com a parte lúdica, enquanto leitores mais experientes se deixam envolver pela crítica social e pelas metáforas que transcendem o enredo. Além disso, acredito que outro ponto de interesse seja o narrador inanimado, o Coreto da praça central, que observa tudo de forma irônica, impiedosa e leva o leitor a uma cumplicidade quase voyeurística na observação da desgraça alheia. Sua voz, marcada por um existencialismo amargo, traz uma lucidez cruel. Ele parece imóvel no tempo, mas sua onisciência local dá ao leitor a sensação de inevitabilidade, como se todos os eventos fossem destinados a acontecer. Penso que essa profundidade e distanciamento crítico, difíceis de alcançar com uma voz humana, estabeleça de imediato o pacto narrativo com o leitor. Como tem sido a recepção do seu livro após a indicação ao prêmio francês? O. Singh Jr. – Tem sido incrível, uma experiência que superou todas as minhas expectativas. Tenho recebido inúmeras mensagens de apoio de leitores de diferentes países e territórios de língua francesa. É uma sensação indescritível ver como a minha obra tem ressoado em culturas tão distintas. Grande parte do meu dia é dedicada a responder essas mensagens, o que me permitiu vivenciar de perto o carinho e o entusiasmo dos leitores. Além disso, fui surpreendido pela força das comunidades de leitura no mundo francófono. Há dezenas de grupos virtuais de clubes de leitura com milhares de participantes discutindo literatura. Um dos maiores, o “Les dingues de lecture” (Malucos por leitura), reúne mais de 596 mil membros! É algo que nos desafia a repensar a dimensão da literatura no Brasil, pois essa mobilização cultural é algo ainda distante de nossa realidade. Como foi o processo criativo desta obra? O. Singh Jr. – Essa é uma questão complexa. Acho que o ponto de partida está naquele “outro eu dentro de mim” de que fala Jung. Os personagens começam a tomar forma na minha mente, quase de maneira autônoma, e vão sugerindo situações, diálogos e eventos. No início, o processo é prazeroso, quase lúdico, mas logo se torna caótico, como se houvesse um vozerio constante na minha cabeça. Chega um momento em que preciso despejar tudo no papel para encontrar alívio.Depois vem a etapa mais dolorosa: cortar o texto. Costumo eliminar até dois terços do que escrevo, suprimindo tudo que está fora do enredo ou que carrega minha visão ideológica como autor. Para mim, o que importa na obra são os valores dos personagens, e não os meus. Esse distanciamento permite que as emoções do romance não sejam uniformes, mas dinâmicas. Muitos leitores notam essas mudanças no temperamento do narrador ao longo do livro. Cortar é um processo difícil, mas essencial. Por que você só lançou seu romance de estreia aos 58 anos? O. Singh Jr. – Acredito que só agora meu texto alcançou a maturidade que eu esperava. Ao contrário do que muitos podem imaginar, escrever ficção exige um nível de habilidade muito maior do que a não-ficção. Esse processo me lembra uma noite marcante de 1993, quando lancei meu primeiro livro no Programa Jô Soares Onze e Meia. Para os mais jovens que não viveram essa época, o programa era a grande referência cultural da televisão brasileira. O livro em questão foi “Adeus Cinema” (Vida e obra de Anselmo Duarte, ator e diretor mais premiado do cinema brasileiro). A recepção foi incrível: a primeira edição esgotou antes mesmo do lançamento, e foram feitas cinco reimpressões. Na ocasião, a Folha de S. Paulo publicou páginas inteiras sobre o livro durante vários dias consecutivos. Uma das chamadas dizia que ele reescrevia a história do cinema brasileiro. Eu só tinha pouco mais de 20 anos e vi meu primeiro livro ser um grande sucesso. Mas algo daquela noite no SBT me marcou profundamente. Durante os bastidores, o Jô Soares me deu um conselho que nunca esqueci: ele elogiou meu estilo singular e recomendou que eu não tivesse pressa para lançar novos livros. “É importante que o próximo seja ainda melhor”, ele disse. Desde então, levei essa recomendação muito a sério. Foi um aprendizado central para minha carreira e, talvez, a razão de eu só ter sentido o momento para a ficção agora. E o que você diria para os jovens escritores que estão iniciando agora? O. Singh Jr. – Eu começaria reforçando três pontos fundamentais, que muitos já conhecem, mas nem todos levam a sério: Lembre-se de que só no Brasil são lançados mais de 50 mil novos títulos anualmente. Em países como os Estados Unidos ou França, esse número é ainda maior. Não acredite em “segredos para o sucesso”, porque eles simplesmente não existem na literatura. O marketing consegue aumentar as vendas de um livro ruim, mas nenhum volume de vendas pode garantir a sobrevivência de uma obra ao longo do tempo – e isso depende unicamente de sua qualidade. Inédito na literatura brasileira: Escritor do interior de SP é indicado ao Prix du Roman A Académie des Lecteurs, dedicada a celebrar o melhor da literatura contemporânea entre leitores francófonos, publicou a lista dos cinco romances pré-selecionados para disputar o Prix du Roman de l’Année 2025. Entre os candidatos está o escritor brasileiro O. Singh Jr., autor do romance Le refuge des héros fatigués, originalmente lançado no Brasil com o título Estância dos Heróis Combalidos. Sobre o prêmio Realizado em duas etapas, o Prix du Roman destaca romances inéditos publicados ao longo do ano em língua francesa. Na primeira fase, a seleção é conduzida por dezenas de clubes de leitura localizados em países e territórios francófonos, que avaliam obras com base nos critérios de qualidade literária, originalidade e impacto emocional ou intelectual. Na segunda etapa, é o público quem decide. Os leitores poderão votar em sua obra favorita a partir de 30 de outubro, utilizando um sistema rigoroso disponível no site oficial (prixduroman2025.com), onde o voto deve ser identificado e autenticado por e-mail. Além da votação popular, o prêmio se diferencia ao convidar os leitores a justificarem suas escolhas e enviarem perguntas diretamente aos autores. A votação será encerrada em 15 de janeiro de 2026, com o vencedor sendo anunciado no dia 20 de janeiro de 2026, data em que uma entrevista exclusiva será publicada. Os romances pré-selecionados: A obra brasileira Publicado digitalmente pela editora FoxTablet, o romance Le refuge des héros fatigués é uma experiência de leitura marcante, que se destaca tanto pela originalidade do narrador — o Coreto da praça central — quanto pela força motriz da narrativa, centrada na ideia de transformar moradores de rua em super-heróis. A história tragicômica se desenrola na fictícia Amada dos Anjos, uma estância turística devastada por uma endemia alcoólica. Em uma tentativa desesperada de revitalizar o turismo, as autoridades decidem transformar os moradores de rua em super-heróis fantasiados. No entanto, quando esses “heróis combalidos” resolvem tomar o controle de seus próprios destinos, a trama se transforma em uma sátira que explora as profundezas da condição humana. Sobre o autor Jornalista com mais de 40 anos de experiência, Oséas Singh Jr. vive na cidade de Salto, a 98 quilômetros da capital paulista. Pós-graduado em História da Arte e da Cultura pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, o escritor marcou presença na literatura com sua obra de estreia, Adeus Cinema – Vida e Obra de Anselmo Duarte (1993), reconhecida por reescrever a história do cinema brasileiro. Em 2021, Singh Jr. alcançou o cenário internacional com o lançamento de Banal Apocalypse, obra distópica publicada em inglês que conquistou destaque no segmento de ficção científica da Amazon Kindle. Agora, com sua indicação ao Prix du Roman de l’Année, dá um salto significativo para ampliar o alcance de sua obra. Onde adquirir o livro: Estante Virtual: https://www.estantevirtual.com.br/ Amazon: Versão impressa Estância dos Heróis Combalidos & Ebook Estância dos Heróis Combalidos
Published on October 28, 2025 03:58
31 livros de Halloween para ler em outubro
Outubro chega e a atmosfera muda. As noites ficam mais longas, as sombras mais vivas e os livros parecem chamar da estante. É o mês perfeito para mergulhar em histórias que misturam medo, mistério e prazer literário. Para quem ama literatura, nada combina mais com essa época do que abrir um bom livro e deixar o clima do Halloween entrar pela janela. A lista a seguir reúne romances, contos e clássicos que capturam o espírito do 31 de outubro — e todos podem ser lidos com uma xícara de café quente e uma boa dose de coragem. Clássicos que nunca morrem A Noite das Bruxas, Agatha Christie Um crime durante uma festa de Halloween reúne Hercule Poirot num dos mistérios mais atmosféricos da autora. Drácula, Bram Stoker A essência do gótico e da sedução do medo. Cartas, diários e uma presença que transforma tudo em escuridão. Frankenstein, Mary Shelley A criatura que nasceu de uma tempestade e se tornou símbolo de humanidade e solidão. O Médico e o Monstro, Robert Louis Stevenson Uma história sobre o bem e o mal dentro de um só homem. Curta, intensa e ainda perturbadora. A Outra Volta do Parafuso, Henry James Um clássico da ambiguidade: fantasmas reais ou imaginação de uma mente assombrada? Histórias Extraordinárias, Edgar Allan Poe Contos como “O Gato Preto” e “O Coração Delator” são o coração do terror literário. Poe continua sendo o mestre das sombras. Sombras modernas A Assombração da Casa da Colina, Shirley Jackson A casa que observa, sente e enlouquece quem ousa entrar. Jackson transforma o medo em literatura de alto nível. Sempre Vivemos no Castelo, Shirley Jackson Duas irmãs isoladas, um passado terrível e uma atmosfera de conto de fadas envenenado. Coraline, Neil Gaiman Uma menina atravessa uma porta e encontra uma versão distorcida de sua casa e de seus pais. Um conto sombrio sobre coragem e identidade. O Livro do Cemitério, Neil Gaiman Um menino criado por fantasmas e uma cidade de túmulos que guarda mais vida do que parece. O Oceano no Fim do Caminho, Neil Gaiman Uma história sobre infância, medo e lembranças que nunca morrem. Poético e assombroso. Gótico Mexicano, Silvia Moreno-Garcia Uma jovem elegante, uma mansão em ruínas e um segredo que pulsa nas paredes. Romance moderno com alma de clássico. A Última Casa da Rua Needless, Catriona Ward Um dos thrillers mais surpreendentes dos últimos anos. A história vira e desvira até o leitor duvidar da própria sanidade. Casa de Folhas, Mark Z. Danielewski Uma casa maior por dentro do que por fora. Um livro dentro de outro livro. Uma experiência literária de labirintos e sustos. Mestres do medo O Iluminado, Stephen King Um hotel isolado nas montanhas e um homem cercado pelos próprios demônios. Um clássico absoluto do horror moderno. It: A Coisa, Stephen King O medo que volta a cada 27 anos. Um retrato da infância, da amizade e de tudo o que habita o escuro. O Cemitério, Stephen King Até onde alguém iria para enganar a morte? Um livro que faz o leitor encarar seus próprios limites. H. P. Lovecraft: Medo Clássico (coletânea) Deuses antigos, loucura e mistérios inomináveis. Contos que moldaram o terror cósmico e influenciam até hoje. Outono literário Algo Sinistro Vem por Aí, Ray Bradbury Um carnaval chega à cidade trazendo desejos perigosos. Bradbury transforma o medo em poesia. A Árvore do Halloween, Ray Bradbury Uma aventura sobre o significado do Halloween e o valor da amizade. O País de Outubro, Ray Bradbury Contos outonais que equilibram melancolia e espanto. Perfeito para ler sob uma luz fraca. Ecos do nosso próprio medo Assombrações do Recife Velho, Gilberto Freyre Casas antigas, vultos e memórias da cidade. O medo brasileiro ganha voz e sotaque. Contos Tradicionais do Brasil, Luís da Câmara Cascudo Curupira, lobisomem, almas penadas — nossas próprias lendas. Um lembrete de que o terror também nasce aqui. O Vilarejo, Raphael Montes Sete pecados, sete contos, uma vila amaldiçoada. Horror psicológico e perverso. A Casa, André Vianco Mistério sobrenatural em São Paulo com ritmo de filme. O autor brasileiro mostra que o Halloween também fala português. O Sorriso da Hiena, Gustavo Ávila Um suspense sombrio sobre o mal, a infância e os limites da empatia. As Boas Mulheres da China, Xinran Não é terror, mas revela horrores reais e silenciosos. Para lembrar que o medo também é humano. Para terminar a noite Gótico Nordestino, Cristhiano Aguiar Contos de medo, memória e solidão. Literatura brasileira recente que respira o clima de outubro. Os Elementais, Michael McDowell Areia, calor e uma casa à beira-mar que esconde algo maligno. Um terror atmosférico e sufocante. Boneca de Ossos, Holly Black Infantojuvenil com espírito de aventura e mistério, onde o faz de conta se mistura ao sobrenatural. O Verão em Que Mamãe Teve Olhos Verdes, Tatiana Țîbuleac Não é sobre sustos, mas sobre perda e transformação — o tipo de livro que deixa um silêncio depois do fim. Quando as luzes se apagam e a última página vira, o Halloween literário continua na gente. O medo é só uma forma de lembrar que estamos vivos — e que a literatura, mesmo nas trevas, sempre acende alguma coisa.
Published on October 28, 2025 03:41
Se você quiser ler mais, terá que encarar a realidade primeiro
Ler mais é uma daquelas promessas que repetimos como se fossem um mantra de ano novo: agora vai. Assim como entrar na academia, escrever todos os dias ou aprender um novo idioma, parece simples, até que a rotina nos engole. Mas talvez o problema não seja falta de tempo. Talvez o primeiro passo para ler mais seja encarar, com sinceridade, onde estamos agora. Respire fundo, olhe para dentro e responda com honestidade: Por que você quer ler mais? Todo leitor, e especialmente nós, autores, temos um motivo íntimo para buscar mais leitura. Quer ler mais para escrever melhor? Para se reconectar com a literatura brasileira que te formou? Para mergulhar em outras vozes e estilos? Entender esse motivo é essencial. Ler apenas porque “deveríamos” ler mais raramente dá certo. A leitura precisa ter sentido: emocional, estético, intelectual ou espiritual. Se o seu objetivo é se inspirar para escrever, talvez contos curtos e intensos sejam mais eficazes do que um romance denso. Se você busca prazer, não há vergonha em escolher leituras leves. Mas, se quer se desafiar como escritor, mergulhar em um clássico pode ser exatamente o que precisa. A leitura é uma forma de diálogo, e todo diálogo precisa de propósito. Qual é seu tempo de atenção agora? Vivemos tempos acelerados. As redes sociais nos ensinaram a pensar em vídeos curtos, e de repente ler dez páginas parece um feito enorme. Mesmo quem escreve sente essa dispersão. Se você tenta voltar à leitura começando por Dom Casmurro, é natural que o entusiasmo esfrie. A leitura é como o treino de um músculo: começa devagar, com paciência. Algumas dicas práticas: A atenção se cultiva, e o terreno fértil é a gentileza consigo mesmo. Como anda sua compreensão de leitura? Saber ler não é o mesmo que compreender. E compreender literatura é arte, paciência e prática. A leitura literária exige sensibilidade para entrelinhas, ironias e silêncios. Uma boa prática é, ao terminar um capítulo, anotar o que entendeu, o que sentiu e o que o texto provocou em você. Pergunte-se: o que o autor quis fazer aqui? O que esse livro desperta em mim como leitor e como escritor? Comece com textos mais diretos e vá ampliando o desafio. Não há pressa. A leitura é uma forma de convivência, e convivência requer tempo. O que está te impedindo de ler mais? A resposta mais comum é falta de tempo. Mas, convenhamos, se passamos horas nas redes, talvez o problema seja mais de prioridade do que de agenda. Mesmo assim, há momentos em que ler mais realmente não cabe, e tudo bem. Ninguém é menos leitor por viver um período mais caótico. Talvez você perceba que seu tempo livre é dedicado à escrita, ao trabalho, à família ou ao simples descanso. Ler não deve ser uma obrigação, mas um prazer. Ainda assim, se a leitura te faz falta, crie pequenos rituais. A literatura brasileira está repleta de autores que entendem o tempo do cotidiano: Drummond, Conceição Evaristo, Lygia Fagundes Telles, Itamar Vieira Junior. Cada página deles cabe no meio da vida. Ler mais começa com honestidade. Reconhecer seus limites não é fraqueza, é o ponto de partida para o prazer genuíno da leitura. Não leia para cumprir metas, mas para se reconectar com o que te move como leitor e escritor. A leitura não é uma corrida, é uma conversa que nunca termina.
Published on October 28, 2025 03:08
October 27, 2025
Resenha: Cloro de Alexandre Vidal Porto
Alexandre Vidal Porto é escritor e diplomata brasileiro, conhecido por abordar em seus livros temas ligados à identidade, sexualidade e às contradições da vida contemporânea. Sua prosa alia delicadeza e contundência, transitando entre o íntimo e o social com naturalidade. Em Cloro, ele volta o olhar para as complexidades da vida de um homem que carrega em si a herança de uma geração forçada a esconder quem era. Sinopse (Aqui pode entrar a sinopse oficial, se você quiser que eu a traga.) Minha avaliação Cloro apresenta uma narrativa sincera sobre a vida e as descobertas de um homem gay de meia-idade, que não se assumiu. A obra retrata uma geração marcada pela necessidade da mentira — aqueles que precisavam se casar, ter filhos, sustentar a aparência social e, ao mesmo tempo, continuar vivendo como podiam, muitas vezes em silêncio e solidão. A escrita de Alexandre Vidal Porto é delicada, direta e acessível. A leitura flui com naturalidade, sem perder profundidade. Ele consegue equilibrar a leveza da narrativa com a densidade do tema, construindo um livro que emociona sem cair no melodrama, e que ilumina as dores de uma geração sem esquecer de sua humanidade. É uma obra que provoca empatia e reflexão, especialmente para quem deseja compreender melhor as marcas deixadas pela repressão social e cultural sobre a vida íntima de tantas pessoas. Nota final ⭐ 4 de 5
Published on October 27, 2025 05:55
October 24, 2025
Resenha: Karen de Ana Teresa Pereira
Ana Teresa Pereira é escritora portuguesa, conhecida por sua obra literária marcada pelo mistério, pela atmosfera enigmática e pelo diálogo com referências da literatura policial e psicológica. Sua prosa é concisa, sugestiva e muitas vezes aposta mais na construção de ambientes e tensões do que em narrativas lineares ou desfechos tradicionais. Ao longo da carreira, construiu uma obra que fascina justamente por esse caráter ambíguo e inquietante. Sinopse Romance português vencedor do Prêmio Oceanos 2017. Uma engenhosa trama sobre personalidade, memória e casamento de uma das mais notáveis escritoras portuguesas contemporâneas. Uma mulher prestes a fazer 25 anos acorda numa cama que não reconhece, numa casa que não lhe parece íntima, entre pessoas que a “conhecem” mas afirmam entender sua confusão momentânea. Chama-se – ou pelo menos é como a chamam – Karen. Ela é casada com um escritor de família arruinada, está com alguns ferimentos porque, assim lhe dizem, arriscou-se para o outro lado escorregadio e pedregoso de uma cascata. Seu presente, assim com o próprio passado, parecem fruto de uma alucinação. Minha avaliação A escrita de Ana Teresa Pereira não é ruim — pelo contrário, há fluidez e certa habilidade na forma como apresenta a atmosfera da história. O enredo parte de uma premissa instigante: uma pintora desperta em uma casa desconhecida, cercada por pessoas que ela nunca viu antes, mas que a chamam de Karen. Acompanhamos sua tentativa de entender quem são aquelas pessoas, o que está fazendo ali e, sobretudo, quem é Karen. A proposta é boa e cria expectativa no leitor. No entanto, a execução não sustenta o que a ideia inicial sugere. As perguntas surgem, começam a ser exploradas, mas nunca chegam a respostas ou a um desfecho claro. O resultado é uma narrativa vaga, que parece sempre prometer mais do que entrega. A impressão final é que a autora buscava provocar uma reflexão existencial sobre identidade e autoconhecimento, com uma abordagem mais simbólica e subjetiva. Mas, ao menos para mim, essa intenção não foi bem executada. Faltou profundidade, ou mesmo um direcionamento mais sólido, para que a história tivesse real impacto. Nota final ⭐ 2 de 5
Published on October 24, 2025 05:46
October 22, 2025
Você será uma pessoa diferente depois desses 8 livros
E se um único livro pudesse mudar sua mentalidade para sempre? Estas 8 obras poderosas inspiram evolução pessoal, crescimento emocional e clareza intelectual. Não são somente boas leituras, são guias para se tornar alguém mais forte, mais autoconsciente e mais realizado. Seja em busca de significado, resiliência ou sabedoria, estes livros oferecem insights que ressoam muito depois da última página, ajudando você a reimaginar a pessoa que pode se tornar. Alguns livros não mudam somente o que você pensa, eles transformam quem você é. Estas leituras expandem sua visão de mundo, desafiam suas suposições e o impulsionam a se tornar uma versão mais profunda e sábia de si. De filosofia e psicologia a autodesenvolvimento e comportamento humano, cada título tem o poder de deixar uma marca duradoura. Leia-os não apenas pelo conhecimento, mas pela transformação que provocam em sua vida. Everything Must Go, de Dorian Lynskey Um estudo cultural que analisa como as narrativas apocalípticas refletem nossos medos coletivos. Lynskey mostra que imaginar o fim ajuda a compreender melhor os começos e a viver o presente com urgência e consciência. World Eaters: Como o Capital de Risco Está Canibalizando a Economia, de Catherine Bracy Bracy revela como o modelo do capital de risco, em vez de fomentar inovação, corrói setores, comunidades e criatividade. Um livro que muda a forma de enxergar empresas e o conceito de economia saudável. To Save And to Destroy: Escrever como Outro, de Viet Thanh Nguyen O autor vencedor do Pulitzer reúne ensaios sobre narrativa, identidade e responsabilidade moral. To Save and to Destroy é uma reflexão transformadora sobre representação, voz e pertencimento. When It All Burns: Combatendo o Fogo em um Mundo Transformado, de Jordan Thomas Um relato visceral sobre incêndios florestais na era das mudanças climáticas. Brutal e poético, When it all burns redefine o conceito de resiliência e alerta para a responsabilidade coletiva diante da natureza. Sucker Punch: Ensaios, de Scaachi Koul Com humor e franqueza, Koul aborda luto, identidade e contradições da vida moderna. Uma leitura honesta e comovente que ensina a enfrentar perdas e resistir com coragem. Mark Twain, de Ron Chernow Uma biografia magistral que revela tanto o brilho quanto as falhas de Twain. Chernow conecta a trajetória do escritor à própria evolução dos Estados Unidos, oferecendo um olhar profundo sobre genialidade e contradição. Tudo é Tuberculose, de John Green John Green mistura ciência, memória e crítica social para abordar a tuberculose como espelho moral da humanidade. Um chamado poderoso à responsabilidade diante das vidas que escolhemos salvar. Não Há Sentido em Desejar, de Lawrence Burney Um livro de memórias lírico que atravessa continentes e explora música, arte e identidade negra global. Reflexivo e expansivo, mostra a identidade como fluida e interconectada. Esses livros provam que a leitura pode ser uma experiência transformadora, capaz de mudar não apenas a mente, mas a própria forma de estar no mundo.
Published on October 22, 2025 03:43
As 5 Melhores Alternativas ao NaNoWriMo para Escrever seu Romance em 2025
O Mês Nacional de Escrita de Romance, conhecido mundialmente como NaNoWriMo, foi por muitos anos um desafio literário que inspirou milhões de pessoas a escrever um livro em apenas trinta dias. Fundado em 1999 por Chris Baty e um grupo de amigos, o projeto cresceu rapidamente até se tornar um fenômeno global. No entanto, após uma série de escândalos e dificuldades internas, a organização responsável pelo evento encerrou suas atividades em abril de 2025. Mesmo assim, o espírito do NaNoWriMo continua vivo. Escrever um romance em novembro virou tradição entre escritores, e várias plataformas criaram suas próprias versões do desafio. A seguir, conheça as cinco melhores alternativas para quem quer participar dessa maratona criativa e concluir o manuscrito em 2025. Por que o NaNoWriMo conquistou tantos escritores O sucesso do NaNoWriMo vinha da simplicidade. O desafio era gratuito, aberto a todos os níveis de experiência e com uma meta clara: 50 000 palavras em 30 dias, cerca de 1 667 por dia. Mais do que números, o evento criava disciplina e comunidade. As novas alternativas mantêm esses princípios, mas acrescentam ferramentas modernas, mentorias e prêmios para tornar a jornada ainda mais estimulante. 1. ProWritingAid: Novel November O ProWritingAid: Novel November combina a estrutura tradicional de 50 000 palavras com oficinas conduzidas por autores renomados. É gratuito e pode ser feito em qualquer ferramenta de escrita. O participante acompanha seu progresso pelo painel do evento, participa de fóruns temáticos e ganha medalhas digitais conforme as metas são cumpridas. Durante outubro e novembro, há workshops de estrutura narrativa e desenvolvimento de personagem com grandes nomes da literatura internacional. Apesar de não oferecer prêmios em dinheiro, a comunidade e o suporte técnico são os grandes atrativos. É perfeito para quem quer reviver o espírito do NaNoWriMo com aprendizado guiado. 2. Order of The Written Word: November Challenge O Order of The Written Word (O2W) é uma iniciativa criada pela autora Holly Rhiannon. O desafio tem três modalidades: escrever 30 000 palavras de um romance, produzir 15 poemas ou 8 contos curtos, ou revisar uma obra já pronta. A comunidade se reúne no Discord, com bots que registram o progresso, sessões coletivas de escrita e oficinas virtuais. O evento oferece camisetas anuais de edição limitada e descontos de parceiros como Scrivener, Ulysses e Plottr. É ideal para quem busca liberdade criativa, aceita metas diferentes e quer evitar o uso de inteligência artificial no processo de escrita. 3. AutoCrit Novel 90 Writing Challenge O AutoCrit Novel 90 é um desafio mais extenso: vai de 1º de outubro a 31 de dezembro, oferecendo três meses para escrever um romance completo. O participante escolhe entre três estilos de escrita: Planner (planejador), Pantser (quem escreve sem planejar) ou Plantser (um híbrido dos dois). Cada grupo é acompanhado por autores reconhecidos que oferecem orientação e motivação. Ao final, há sorteios e destaques para os melhores projetos. É uma alternativa perfeita para quem prefere um prazo mais longo e mentoria contínua. 4. World Anvil: NovelEmber O World Anvil: NovelEmber é a opção mais flexível. Cada escritor define sua própria meta, podendo seguir a tradicional de 50 000 palavras ou criar um objetivo personalizado. A plataforma permite desenvolver romances, contos, campanhas de RPG transformadas em narrativa ou projetos de worldbuilding. O acompanhamento é feito por meio de um painel visual e widgets de progresso. Ao concluir, o participante ganha um certificado digital. A proposta é voltada para quem busca liberdade total e uma comunidade colaborativa voltada à criação de mundos e histórias não convencionais. 5. Outras ferramentas para acompanhar seu progresso Além dessas alternativas, existem plataformas úteis para manter o foco e medir seu avanço durante o desafio. Shut Up & Write organiza sessões presenciais e virtuais de escrita cronometrada com outros autores. 4thewords transforma o processo de escrita em um jogo de RPG, no qual você vence batalhas escrevendo. Novlr é uma ferramenta de escrita com rastreamento de metas e sprints regulares no Discord. Pacemaker permite criar planos personalizados e gráficos de produtividade. TrackBear apresenta seu progresso de forma visual e motivadora. My Write Club é uma plataforma gratuita de sprint e acompanhamento coletivo de metas. Conclusão Mesmo após o encerramento oficial do NaNoWriMo, o desafio de escrever um romance em novembro continua firme. As novas plataformas mantêm o espírito original e adicionam recursos modernos que estimulam tanto iniciantes quanto autores experientes. Seja em busca de prêmios, aprendizado ou apenas o prazer de criar, 2025 oferece várias formas de transformar ideias em histórias completas.
Published on October 22, 2025 03:15
October 20, 2025
Resenha: Máscaras para os Mortos de M. P. Neves
Sobre o autor M. P. Neves é um escritor brasileiro que vem se destacando no cenário da literatura fantástica nacional. Com atenção ao detalhe, criatividade e ritmo narrativo consistente, ele constrói universos complexos, capazes de dialogar tanto com fãs veteranos do gênero quanto com novos leitores. Máscaras para os Mortos, primeiro volume da saga A Ruína de Noltora, é um exemplo dessa força imaginativa, revelando um autor que sabe unir construção de mundo, personagens cativantes e enredos cheios de tensão. Sinopse Máscaras para os Mortos é uma fantasia sombria. Uma história onde a magia e o horror caminham lado a lado. Em um continente devastado por um cataclismo mágico, nações fragilizadas lutam para se reerguer, enquanto forças ocultas entram em rota de colisão pelo domínio dos restos de uma terra arrasada. Hakim, um jovem guerreiro, foi escolhido pelos altos sacerdotes para ocupar o lugar do Deus-Rei de Var Khalad. Vestindo a armadura e as máscaras de um deus morto, ele precisa defender o império contra monstros anfíbios conhecidos como abissais. Aos poucos, percebe que a maior ameaça a seu povo talvez venha dos próprios sacerdotes. Moira, uma jovem dos clãs bárbaros do Povo das Cinzas, perdeu tudo o que amava para o fogo divino de Var Khalad. Em sua busca por vingança, ela encontra o poder da necromancia. Estaria disposta a pagar o preço que ele exige? Na encruzilhada entre os caminhos de Moira e Hakim, repousa o destino de um continente. Minha avaliação Máscaras para os Mortos é um início promissor de saga. O livro é bem escrito, com uma prosa que prende desde o primeiro capítulo e mantém um ritmo equilibrado entre descrição de mundo e desenvolvimento da trama. O universo criado por Neves é vasto, rico em detalhes e apresenta aquela sensação de imersão que todo leitor de fantasia busca — ao mesmo tempo grandioso e intimista, cheio de nuances políticas, culturais e mágicas. Outro ponto de destaque são os personagens. Ao invés de arquétipos planos, encontramos figuras complexas, com motivações bem delineadas e arcos narrativos consistentes. Essa construção dá peso às escolhas que movem a história e faz com que cada reviravolta seja impactante. A narrativa surpreende não apenas pelo enredo, mas pela capacidade de manter a coesão entre as múltiplas tramas que se cruzam. Ao terminar a leitura, fica clara a ambição da obra: inaugurar um universo que tem muito a oferecer e que dialoga com o que há de melhor na fantasia internacional, mas com um toque inconfundivelmente brasileiro. Nota final Uma excelente obra de literatura fantástica nacional, que surpreende a cada capítulo e abre portas para uma saga com enorme potencial. Para quem aprecia fantasia épica, Máscaras para os Mortos é leitura obrigatória. Nota: 4,5 de 5
Published on October 20, 2025 01:58
October 17, 2025
Resenha: Enfim, capivaras de Luisa Geisler
Luisa Geisler é escritora brasileira, reconhecida desde muito jovem como uma das vozes mais promissoras da literatura contemporânea. Autora de romances, contos e também tradutora, ela combina humor, leveza e olhar atento sobre as relações humanas. Seus livros exploram o cotidiano e a juventude com originalidade, conquistando leitores que buscam narrativas acessíveis, mas ao mesmo tempo repletas de sensibilidade. Sinopse Em seu primeiro livro para o público jovem adulto, a premiada autora Luisa Geisler narra uma aventura inusitada de cinco jovens em busca de uma capivara perdida. A cidade no interior de Minas Gerais para onde Vanessa se mudou é o tipo de lugar onde anunciam os horários do cinema e os obituários com o mesmo carro de som. Nada de muito interessante acontece por lá, a não ser para Binho, que, segundo ele mesmo, tem várias namoradas e conhece um monte de cantores sertanejos famosos.A verdade é que Binho é um mentiroso contumaz e agora passou dos limites: inventou que tem uma capivara de estimação. Cansados das histórias cada vez mais mirabolantes do garoto, Vanessa se junta aos amigos — Léo, Nick e Zé Luís — para desmascará-lo. E eles estão decididos a ir até as últimas consequências.Narrado durante as doze horas de uma noite regada a álcool, salgadinhos, segredos e romances mal resolvidos, Enfim, capivaras explora, através de diferentes pontos de vista, os relacionamentos entre um grupo de adolescentes em busca de uma capivara — ou muito mais do que isso. Minha avaliação Enfim, capivaras é uma leitura leve, despretensiosa e divertida. O enredo gira em torno de um grupo de amigos que parte em busca da capivara perdida de um deles — personagem que, não por acaso, é também um grande mentiroso. O que poderia parecer apenas uma anedota se transforma em uma aventura adolescente capaz de despertar no leitor tanto a curiosidade pela trama quanto uma nostalgia inevitável. Há nessa jornada algo de universal: todos já vivemos momentos em que a amizade, as pequenas obsessões e a sensação de pertencimento eram o centro do mundo. Luisa Geisler captura com precisão esse espírito da adolescência, criando personagens e situações que ecoam no leitor adulto como lembranças de um tempo em que tudo parecia maior do que realmente era. A graça do livro está justamente nesse equilíbrio: uma narrativa leve, que não exige compromisso ou grandes reflexões, mas que oferece diversão e ternura. É daqueles livros que cativam pela simplicidade e pelo afeto que evocam, mais do que pela complexidade da trama. Nota final ⭐ 4 de 5
Published on October 17, 2025 03:50
October 15, 2025
Como se tornar um escritor melhor: 20 truques e dicas essenciais
Escrever, na prática, parece simples: colocar uma palavra depois da outra. Mas todo escritor sabe que, entre uma palavra e outra, cabem dúvidas, inseguranças e até mundos de frustração. Quem nunca encarou a tela em branco e pensou em desistir antes mesmo de começar? A boa notícia é que a escrita, como qualquer ofício, pode ser lapidada. Com disciplina, leitura e algumas estratégias, é possível evoluir consistentemente. Abaixo, reuni 20 dicas fundamentais para quem deseja escrever melhor, seja literatura, não-ficção, poesia ou qualquer outro gênero. 1. Escreva, de fato A primeira dica parece óbvia, mas é a mais negligenciada. A escrita melhora com a prática. Dedique tempo todos os dias, mesmo que somente 20 minutos. Quanto mais você escreve, mais descobre seus hábitos, seus melhores horários de produtividade e como organizar suas ideias. 2. Vença a repetição Leia seus textos antigos e sublinhe palavras ou estruturas que se repetem demais. Talvez seus personagens “sorriam” o tempo todo, ou suas frases comecem sempre do mesmo jeito. Identificar seu “idioleto” ajuda a eliminar muletas linguísticas e variar o estilo. 3. Fuja dos clichês “Tudo o que importa não é o destino, mas os amigos que fizemos pelo caminho.” Se essa frase já lhe soa batida, é porque os clichês matam a originalidade. Prefira sempre imagens novas, metáforas próprias e descrições autênticas. É assim que seu texto se torna memorável. 4. Busque clareza e concisão Palavras demais podem sufocar uma boa ideia. Releia e corte o que não acrescenta. Compare: “Ele foi até o parquinho para ver se havia um ancinho que pudesse usar para limpar todas as folhas” pode virar “Ele procurou um ancinho no parquinho para limpar as folhas”. Mais curto, mais direto, mais eficaz. 5. Leia muito e de tudo Stephen King já disse: quem não lê, não pode escrever bem. Ler é absorver ritmo, vocabulário e estilo quase por osmose. Leia clássicos, contemporâneos, ficção, não-ficção, poesia, jornalismo. Quanto mais referências, mais rica será a sua escrita. 6. Leia ativamente Não basta ler: é preciso analisar. Grife trechos que chamem sua atenção. Pergunte-se: “Por que essa frase funciona? Como o autor construiu esse efeito?” A leitura crítica é uma das melhores escolas de escrita. 7. Use sua voz, não fórmulas Guias de estrutura são úteis, mas jamais substituem sua personalidade. O que diferencia seu texto é o seu olhar. Escreva com suas opiniões, humor, ritmo e estilo. Textos que soam engessados são esquecidos rapidamente. 8. Experimente formatos novos Se sentir que está estagnado, mude de formato. Se escreve contos, tente poesia. Se faz crônicas, arrisque um ensaio. Essa experimentação limpa o “paladar criativo” e pode trazer novas soluções narrativas. 9. Capriche nas aberturas Leitores decidem em poucos parágrafos se continuam ou não. Evite “aquecimentos” longos. Comece de forma impactante, seja com uma cena forte, uma imagem inusitada ou uma frase que instigue. 10. Construa finais que fiquem na memória Um bom final fecha o arco e deixa eco. Pode ser uma conclusão clara ou até uma ambiguidade proposital, mas precisa soar intencional. O último parágrafo é a sua chance de permanecer na mente do leitor. 11. Contextualize suas ideias Se escreve não-ficção, dê contexto às suas afirmações. Compare, cite pesquisas, traga contrapontos. Na ficção, contextualizar também importa: sua história faz parte de uma tradição literária e dialoga com o que veio antes. 12. Revise com frieza Deixe o texto descansar e depois volte com olhar crítico. Avalie clareza, ritmo, repetições e cortes possíveis. Todo escritor precisa ser também editor de si. 13. Seja claro e objetivo Cada frase deve transmitir exatamente o que você quis dizer. Reescreva até que não haja dúvida possível para o leitor. Clareza é mais valiosa do que floreios. 14. Pense no leitor Não escreva somente para si. Pergunte-se: isso interessa ao leitor? Está claro? É envolvente? Um texto é uma ponte, não adianta se o outro lado não consegue atravessar. 15. Estude narrativa e recursos literários A Pirâmide de Freytag, a estrutura em três atos, o arco do herói. Essas ferramentas não são regras absolutas, mas guias que ajudam a entender como histórias funcionam. Estudar estilo, metáforas e figuras de linguagem também amplia seu repertório. 16. Invista em aprendizado formal Cursos, oficinas, palestras e até faculdades de escrita podem acelerar seu crescimento. Além da técnica, proporcionam networking e feedbacks valiosos. 17. Aceite feedback Mostre seus textos a leitores de confiança. O olhar de fora enxerga falhas que você não percebe. Saiba filtrar críticas construtivas das irrelevantes e use o retorno para crescer. 18. Crie laços com outros escritores Grupos de escrita, clubes de leitura e comunidades online fortalecem sua jornada. Conversar com outros escritores gera troca de ideias, motivação e novas perspectivas. 19. Persistência acima de tudo A escrita exige disciplina. Haverá dias ruins, rejeições e bloqueios criativos. Persistir, mesmo quando o entusiasmo some, é o que separa quem escreve como hobby de quem constrói uma carreira. 20. Aceite o fracasso como parte do processo Todo escritor é rejeitado. Grandes obras já foram recusadas dezenas de vezes. Fracasso não define talento. O que define é a capacidade de continuar escrevendo, aprendendo e tentando de novo. Conclusão Escrever bem não é dom sobrenatural, mas prática diária e consciência do processo. Ler, revisar, experimentar e persistir formam a base do desenvolvimento. Se você sonha em se tornar um escritor melhor, comece aplicando uma dica de cada vez. A evolução virá, palavra após palavra.
Published on October 15, 2025 01:48


