António Bizarro's Blog, page 22
July 5, 2016
António Bizarro - 'Opus II: Sacred Parts' (Industry Records)
Published on July 05, 2016 04:34
July 3, 2016
António Bizarro - 'City of Industry Vol. III' (Industry Records)
Disponível para audição e download gratuito:
https://soundcloud.com/antoniobizarro/city-of-industry-vol-iii
CDIR004 ©Industry Records
https://soundcloud.com/antoniobizarro/city-of-industry-vol-iii
CDIR004 ©Industry Records
Published on July 03, 2016 08:30
June 11, 2016
Downloads
FRAGMENTOS - TONY DORNBUSCH (Livro)
https://drive.google.com/file/d/0BwLi3wm4X6oMZGFIVE9DeVBoSzA/view?usp=sharing
OPUS I: DARK ROOM (Álbum)
https://soundcloud.com/antoniobizarro/opus-i-dark-room
CITY OF INDUSTRY VOL. I (Álbum)
https://soundcloud.com/antoniobizarro/city-of-industry-vol-i
CITY OF INDUSTRY VOL. II (Álbum)
https://soundcloud.com/antoniobizarro/city-of-industry-vol-ii
O ANJO EXTERMINADOR SEGUIDO DE O SONHO SIAMÊS (Livro)
https://drive.google.com/file/d/0BwLi3wm4X6oMcE9ydDZVZGR5Yjg/view
Published on June 11, 2016 12:45
June 10, 2016
O ANJO EXTERMINADOR Seguido de O SONHO SIAMÊS
Disponível para leitura e download:
https://drive.google.com/file/d/0BwLi3wm4X6oMcE9ydDZVZGR5Yjg/view?usp=sharing
https://drive.google.com/file/d/0BwLi3wm4X6oMcE9ydDZVZGR5Yjg/view?usp=sharing
Published on June 10, 2016 12:21
June 5, 2016
António Bizarro - 'City of Industry Vol. II' (Industry Records)
Disponível para audição e download gratuito:
https://soundcloud.com/antoniobizarro/city-of-industry-vol-ii
CDIR003 ©Industry Records
https://soundcloud.com/antoniobizarro/city-of-industry-vol-ii
CDIR003 ©Industry Records
Published on June 05, 2016 11:14
May 19, 2016
Chaos Within
Deep inside
Falling apart
Stone cold heart
Bleeds open wide
Higher decay
Sick devotion
Skin deep emotion
Starting to fade
Chaos built
Inner sickness
Pain and weakness
Molded in guilt
Published on May 19, 2016 11:00
Giver Of Death
Drink the blood of Christ
Do not taste the alcohol
Kill the spirit of the bodyAnd breed like an animal
I am the one,
The one that makes you fall
I am the end, The end of it all
I’ll show you pain and misery
And call it beautiful
First I burn your flesh
Then I take your soul
I am the one,
The one that makes you crawl
I am the death, The death of it all
Published on May 19, 2016 11:00
May 14, 2016
Jacqueline Hyde
Quando Tony Dornbusch se sentou à frente do laptop para escrever o conto Jacqueline Hyde, apenas tinha o título e uma ideia vaga da história que andava a atormentá-lo há alguns dias. Jacqueline Hyde remetia de imediato para o livro Strange Case of Dr Jeckyll and Mr Hyde de Robert Louis Stevenson, e isso não era acidental. O título fora directamente inspirado no livro do escritor escocês. Abriu o programa de texto e escreveu:
Sarah. Sarah Arbogast, foi o nome que ela me deu. Informação difícil de lhe sacar devido à sua extrema timidez. Em retrospectiva, não sei até que ponto essa timidez era verdadeira, ou se não passaria de uma pele de cordeiro a cobrir um lobo feroz. Assim que a conheci, tive a distinta impressão de que, por debaixo daquele exterior apagado e cinzento, se escondia um mundo interior tumultuoso e complexo, cheio de armadilhas e abismos à espera de exercer a sua atracção sobre um explorador incauto e avidamente curioso.
Já tinha um nome. E um narrador. Ao contrário do que era habitual, não tinha escrito uma sinopse ou uma esquematização da história no seu moleskine, e estava a escrever directamente no computador. A possibilidade de voltar atrás e apagar o que tinha escrito acarretava a hipótese de poder vir a eliminar frases ou ideias que, a princípio, lhe tinham parecido toscas, mas que, mais para a frente na história, e com algum trabalho de revisão, poderiam vir a ser úteis. Talvez devesse largar o computador e procurar o bloco de notas preto e a caneta Parker. Instalado no sofá, com a televisão ligada, Dornbusch escreveu numa folha em branco:
Como jornalista, um dos meus deveres é tentar ser objectivo e imparcial face a um conjunto de factos, fazer uma espécie de síntese, apresenta-la perante o público, deixá-lo tirar as suas próprias conclusões e formar as suas opiniões. É algo muito complicado de se alcançar. E mais complicado se torna quando nos encontramos no centro dos acontecimentos e mal conseguimos acreditar nas nossas próprias memórias. Mas posso tentar.
Portanto, a história seria narrada por um jornalista. Podia considerar tornar o conto numa falsa peça jornalística escrita por um jornalista fictício. Nas suas visões, um homem, o jornalista, conhecia uma mulher, Sarah Arbogast, uma mulher tímida e apagada que trabalhava numa livraria. Mais tarde, conheceria uma outra mulher num bar ou numa discoteca (talvez no Nikita, o bar que Dornbusch costumava frequentar e que já antes fora incluído em alguns dos seus contos, o que lhe valera umas belas garrafas à borla). Apesar de se vestir num estilo muito mais arrojado, de usar maquilhagem e de se comportar de forma diametralmente oposta, eram inegáveis as suas semelhanças físicas com Sarah Arbogast. Ainda sem saber bem como chegar até aí, escreveu:
Fora incumbido de entrevistar um político de grande relevo que tinha publicado recentemente as suas memórias. Encontrava-me na posse de um exemplar das ditas, mas o cavalheiro em questão não era estranho à prática de disponibilizar a sua prosa nas prateleiras das livrarias. Queria estar preparado, ter os meios para fazer perguntas incisivas, pôr em confronto os pensamentos e as acções do homem, e obter um retrato o mais fiel possível daquele a quem chamavam um dos maiores estadistas do século. Foi assim que a conheci. Sarah Arbogast. Uma mulher de trinta anos, corpo de miúda de vinte, vestida como uma velha de sessenta. Devia ter adivinhado que havia algo de errado com ela. Arrancar-lhe o nome custou-me várias idas à livraria onde ela trabalhava, recorrendo a desculpas mais ou menos esfarrapadas para meter conversa. Sem me preocupar em ser discreto, tentei saber mais acerca dela, interrogando os seus colegas, mas pouco mais consegui descobrir. Tendo mantido sempre uma distância profissional, houve um dia em que ela me confessou a admiração que lhe suscitava a minha demonstração de interesse por ela. Pela experiência que tenho, que não é assim muito vasta, admito sem qualquer melindre, sei que uma mulher decente e honesta com quem vale a pena ter uma relação, seja a que nível for, vai a uma discoteca para se divertir, para estar com os amigos, para dançar, e não para conhecer homens. Uma mulher que vai a uma discoteca para conhecer homens não me interessa minimamente. Todas as minhas relações com mulheres tiveram início após travar conhecimento com elas, de forma puramente casual, em supermercados, concertos, exposições, idas ao cinema e, claro está, em livrarias. Desde então, a minha teoria sofreu um sério abalo, em parte devido a Sarah, mas na altura fazia muito sentido para mim. Disse-lhe apenas que a achava bonita e simpática. Ela não me pareceu muito convencida.
Ou seja, o jornalista sentia-se fascinado e intrigado pela aparente banalidade e falta de sensualidade de Sarah, intuindo que havia muito mais por debaixo daquela fachada.
Sempre que o trabalho me permitia, vagueava sem rumo pelas ruas de Saint Paul, acabando invariavelmente no interior da livraria onde Sarah trabalhava. Gastei muito dinheiro durante esse período de tempo, mas hoje posso orgulhar-me de ter uma bela biblioteca. O ponto de viragem deu-se quando um dos seguranças, que já andava de olho em mim há algum tempo, quis armar-se em bruto comigo. Até então, Sarah ignorava olimpicamente os meus avanços. No momento em que me preparava para pôr em prática as técnicas de Krav Maga, que aprendera nos meus tempos de correspondente em Israel, Sarah interveio e pôs fim ao incidente.
— Acabaste de salvar a vida de um homem...
— Não passa de um rufia — censurou ela, — não podia deixar que ele lhe fizesse mal.
— Referia-me ao segurança, acabaste de lhe salvar a vida...
Foi assim que lhe arranquei o primeiro sorriso.
O confronto com o segurança fizera com que o jornalista e Sarah iniciassem contacto. Dornbusch debateu-se com o nome do jornalista, até se decidir a dar-lhe o nome de um jornalista amigo seu: Alex. Algum tempo depois, Sarah aceita encontrar-se com Alex fora da livraria.
Demorou algum tempo, mas consegui convencê-la a deixar-me levá-la a almoçar fora. Foi mais uma emboscada do que propriamente um convite. Perguntei-lhe se preferia que eu a seguisse como um cão neurótico, ou se não seria melhor ela permitir-me ser um cavalheiro e partilhar comigo uma refeição de forma civilizada. Durante o almoço, Sarah manteve a mesma atitude de descrença em relação ao meu interesse por ela.
— Não és casada, pois não? Pelo menos, não usas aliança...
— Não, não sou casada.
Aqui chegado, Dornbusch sentiu-se bloqueado. Já sabia mais ou menos onde queria chegar, só não sabia como chegar lá. Talvez fosse melhor delinear a trama, encadear os acontecimentos, seguir uma certa linearidade, mesmo que, no fim, decidisse mudar as secções do conto.
Conheceu-a durante o dia. Era uma tímida funcionária de livraria. Ele era jornalista de profissão, e foi nesse âmbito que a conheceu. À noite, Sarah transforma-se numa mulher sensual, selvagem e sexualmente agressiva. Durante a relação que manteve com ela, subsistiu sempre em Alex a dúvida se se tratavam de duas mulheres diferentes, gémeas com uma estranha relação simbiótica, como se fossem duas metades de uma só mulher e, como tal, duas metades desequilibradas, ou se seria a mesma mulher com duas personalidades distintas e um único corpo, uma diurna e a outra nocturna... Talvez a Lua tivesse influência...?
À volta da sua cabeça começava a formar-se a aura de uma enxaqueca. Tomou um Migretil e deitou-se na cama. Descansaria algumas horas, e quando acordasse copiaria para o computador aquilo que tinha escrito no moleskine. Antes disso, vestiu-se e foi dar um passeio terapêutico pelo bairro de forma a aclarar o pensamento.
Numa noite em que saí tarde da redacção — escreveu Dornbusch ao regressar da rua — fui internar-me no Nikita e refrescar as ideias com um white russian (sendo o white russian uma das bebidas favoritas de Dornbusch, pelo facto de um dos seus filmes de eleição ser o The Big Lebowski dos irmãos Coen). Ao terceiro caucasiano, uma mulher aproximou-se de mim, querendo oferecer-me uma bebida. Quis saber o meu nome, apresentou-se como Jacqueline, e perguntou-me se eu preferia na sua casa ou na minha. No ombro esquerdo, tinha uma tatuagem, uma representação estilizada de Jano, o deus das duas faces.
Alex acaba a noite em sua casa, na cama com Jacqueline, apesar de nos ter confessado anteriormente que não era do género de ir para cama com mulheres que conhecia em discotecas ou bares. Atribui a quebra dos seus princípios com o excesso de white russians, o cansaço e ao orgulho ferido. A sua relação com Sarah não atava nem desatava. Não faziam mais nada para além de falar. Sarah conta-lhe que o pai abandonara a sua mãe ao sexto mês de gravidez, e que mantinham uma relação muito próxima. Talvez até demasiado próxima. A mãe não a deixava sair à noite, não queria que ela namorasse, temendo, porventura, que sucedesse à filha o mesmo que se tinha sucedido com ela. Jacqueline, em encontros posteriores, confidencia-lhe uma história semelhante. A mãe era muito protectora e controladora, proibindo-a de sair à noite ou de usar roupas reveladoras. Jacqueline comprava mini-saias e blusas decotadas, guardava-as no cacifo da escola ou em casa de amigas, saindo de casa com uma roupa aprovada pela mãe e trocando-a por roupa mais ao seu gosto.
— Quando queria sair à noite, inventava sessões de estudo em casa de amigas minhas, cujas mães eram mais compreensivas do que a minha e alinhavam na nossas mentiras…
Depois de vários avanços e retrocessos, Dornbusch conduz Alex e Sarah para a cama, onde o jornalista ver-se-á perante uma mulher sexualmente inexperiente, a qual, inclusivamente, sangra após a penetração. Ao possuí-la por trás, não encontra o deus Jano a encarar o passado e o futuro no ombro esquerdo de Sarah. Talvez a tatuagem de Jacqueline fosse daquelas temporárias, de remoção fácil, conjectura Alex. O sangue que maculava os lençóis da sua cama poderia ter outra proveniência, se é que era mesmo sangue. Era possível que Sarah tivesse aprendido algum truque ancestral usado por mulheres para levar os maridos a crer que eram puras em noite de núpcias. À noite, sozinho na cama, reproduz os diálogos que mantivera com Sarah/Jacqueline, tentando encontrar contradições, pequenas pistas que lhe permitissem destrinçar a verdade. Jacqueline, a selvagem e desabrida Jacqueline, perguntara-lhe repetidas vezes se ela era a única mulher da sua vida, chamando-lhe mentiroso sempre que ele respondia que não, acabando por lhe dizer que estava a brincar. Para aumentar ainda mais a sua confusão, Alex receberá uma visita inesperada de Jacqueline nem cinco minutos depois de Sarah o deixar sozinho em casa. Lembrou-se do estratagema que Jacqueline usava nos tempos do liceu para enganar a mãe, deixando roupa escondida no cacifo da escola ou em casa de amigas, trocando de indumentária depois de sair e voltando a trocar antes de regressar a casa. No dia seguinte, ao almoço, Sarah pergunta-lhe quem era aquela mulher que ela vira a sair do elevador no seu andar, uma que parecia vestida para ir a um funeral. Sarah voltara atrás por causa de uma luva esquecida e testemunhara-a a entrar na casa de Alex. Sarah, a pacata e passiva Sarah, faz uma cena e diz que nunca mais o quer voltar a ver. Jacqueline deixa de o procurar, sem explicação, sem dúvida, em solidariedade com a sua metade mais introvertida. Decidido a chegar ao âmago da questão, Alex veste a pele de jornalista e inicia uma investigação. Nos registos do Hospital Central de Saint Paul, descobre que Sarah foi trazida ao mundo de urgência, escapando à morte por um triz, mais afortunada do que a sua irmã gémea, nada morta. Dornbusch estava inclinado a abandonar Alex a questionar-se sobre o assunto, sem fornecer, ele próprio, uma explicação conclusiva. O objectivo de Dornbusch é deixar o leitor com as mesmas dúvidas que dilaceram o jornalista:
a) Sarah Arbogast e Jacqueline são uma e a mesma pessoa, sendo esta última uma projecção da primeira, uma forma de defesa, uma espécie de escudo para a ajudar a relacionar-se com Alex e com o sexo oposto, a irmã mais velha que ela nunca teve a manifestar-se através dela.
b) Sarah e Jacqueline são pessoas diferentes e sem relação familiar, apesar das semelhanças físicas que as tornam clones uma da outra, não passando tudo de uma estranha coincidência.
c) Uma ou a outra, ou as duas, são produto da imaginação de Alex.
Dornbusch ainda não tinha decidido o final do conto. Talvez o deixasse em aberto, confrontando o leitor com a enumeração de hipóteses formulada pelo personagem. Ou talvez rematasse o final com a revelação de que Alex, mais inclinado para a terceira hipótese (a de que todo o episódio tinha sido uma fabricação da sua mente), resolve consultar um médico que o manda fazer exames e lhe diagnostica um tumor no cérebro. Com mais dúvidas do que certezas, Dornbusch desliga o laptop, satisfeito por ter atingido a sua quota diária de palavras.
Published on May 14, 2016 15:56
May 7, 2016
Acerca de 'O Longo Caminho de Regresso'
O conto que dá o nome a este livro tomou de empréstimo parte da letra da canção Evil,dos Interpol. Nele, acompanhamos o escritor Tony Dornbusch na sua busca de respostas por parte do seu pai, cuja ausência determinou de forma insuspeita o rumo da sua existência. Em O Complexo de Siobhan, somos apresentados a Tony Dornbusch, o qual, não sendo um alter-ego de António Bizarro per se, é talvez uma projecção autobiográfica muito próxima da caricatura. Ao escritor de Saint Paul, é-lhe narrada a história de um assassino intra-uterino.
N’As Luzes Negras da Cidade, o protagonista é confrontado com o seu passado e com o futuro da Humanidade em simultâneo. A inspiração surgiu do texto que se lhe segue, Akasha, e do artigo atribuído ao Dr. Mallory, Singularidade Tecnológica, que acabou incorporado no conto.
Ivan, o Terrível era uma história dentro de outra história que acabou por se autonomizar. É um confronto entre o Bem e o Mal, em que o pequeno Ivan, qual David, derrota o seu Golias com o poder da sua jovem mente, inspirado por Sun Tzu e Maquiavel.
Estrela da Manhã narra a imersão de Tony Dornbusch no underground artístico de Saint Paul.
Faux Pas é um nano-conto inspirado em Conditions of My Parole, uma faixa dos Puscifer, o projecto paralelo do frontman dos Tool, Maynard James Keenan.
Johanna e os Demónios baseia-se numa situação real que ocorreu em Portugal, no ano de 1933, numa aldeia que ficou tristemente conhecida pelo epónimo sinistro de ‘Mataqueima’.
A Comédia Humana é baseada numa figura real que viveu no Barreiro nos anos oitenta e noventa, no auge do tráfico e do consumo de heroína. O indivíduo em questão era frequentemente tido como morto, ressurgindo sempre num estado ainda mais decadente do que antes.
Ruínas Futuras foi-me sugerido pela canção Die Befindlichkeit des Landes, dos Einsturzende Neubauten e, em especial, por The Dead Zone, de Stephen King, por via do filme homónimo de David Cronenberg, com a diferença de que, na minha história, o protagonista não pode fazer nada para evitar a extinção da Humanidade.
Ergástulotoma o nome de uma faixa do Álbum Negro, dos Bizarra Locomotiva, e foi parcialmente inspirado pelas cenas finais do filme argentino El Secreto de Sus Ojosde Juan José Campanella, por sua vez, baseado no livro de Eduardo Sacheri.
O título Visões/Ficçõesfui buscá-lo à canção de António Variações, Visões-Ficções (Nostradamus), que acabou por influenciar retroactivamente o conto anterior. O artigo assinado por Tony Dornbusch ilustra algumas das razões pelas quais escrevo ficção.
ANTÓNIO BIZARROPirescoxe, Julho de 2015
N’As Luzes Negras da Cidade, o protagonista é confrontado com o seu passado e com o futuro da Humanidade em simultâneo. A inspiração surgiu do texto que se lhe segue, Akasha, e do artigo atribuído ao Dr. Mallory, Singularidade Tecnológica, que acabou incorporado no conto.
Ivan, o Terrível era uma história dentro de outra história que acabou por se autonomizar. É um confronto entre o Bem e o Mal, em que o pequeno Ivan, qual David, derrota o seu Golias com o poder da sua jovem mente, inspirado por Sun Tzu e Maquiavel.
Estrela da Manhã narra a imersão de Tony Dornbusch no underground artístico de Saint Paul.
Faux Pas é um nano-conto inspirado em Conditions of My Parole, uma faixa dos Puscifer, o projecto paralelo do frontman dos Tool, Maynard James Keenan.
Johanna e os Demónios baseia-se numa situação real que ocorreu em Portugal, no ano de 1933, numa aldeia que ficou tristemente conhecida pelo epónimo sinistro de ‘Mataqueima’.
A Comédia Humana é baseada numa figura real que viveu no Barreiro nos anos oitenta e noventa, no auge do tráfico e do consumo de heroína. O indivíduo em questão era frequentemente tido como morto, ressurgindo sempre num estado ainda mais decadente do que antes.
Ruínas Futuras foi-me sugerido pela canção Die Befindlichkeit des Landes, dos Einsturzende Neubauten e, em especial, por The Dead Zone, de Stephen King, por via do filme homónimo de David Cronenberg, com a diferença de que, na minha história, o protagonista não pode fazer nada para evitar a extinção da Humanidade.
Ergástulotoma o nome de uma faixa do Álbum Negro, dos Bizarra Locomotiva, e foi parcialmente inspirado pelas cenas finais do filme argentino El Secreto de Sus Ojosde Juan José Campanella, por sua vez, baseado no livro de Eduardo Sacheri.
O título Visões/Ficçõesfui buscá-lo à canção de António Variações, Visões-Ficções (Nostradamus), que acabou por influenciar retroactivamente o conto anterior. O artigo assinado por Tony Dornbusch ilustra algumas das razões pelas quais escrevo ficção.
ANTÓNIO BIZARROPirescoxe, Julho de 2015
Published on May 07, 2016 09:29
April 15, 2016
Memória e Ficção
Certas escolas de escrita dizem que devemos escrever sobre aquilo que conhecemos. Outras, pelo contrário, aconselham alguma prudência antes de nos abalançarmos a escrever sobre nós mesmos e a nossa vida. Seja como for, a experiência, a personalidade e a localização espácio-temporal do escritor permeia a sua obra com maior ou menor subtileza, por mais desfasada que esta esteja da realidade, seja ele autor de fantasias medievais ou de distopias futuristas. Para mim, a literatura é, ao mesmo tempo, escape de e confronto com a realidade: afasta-me e aproxima-me dos meus maiores receios, ajudando-me a pô-los em perspectiva.
No conto que dá nome ao livro O longo caminho de regresso, existem vários pontos de contacto entre as biografias do personagem Tony Dornbusch e do homem por trás do nom de plume António Bizarro. Exagerando aqui, omitindo ali, criei um outro Eu e ficcionei alguns aspectos da minha vida. Por exemplo, o consumo moderado de álcool de Bizarro tem como corolário o alcoolismo de Dornbusch, enquanto certas fobias e ansiedades, que não afectam grandemente o funcionamento normal do criador, são patologias controladas com medicação no caso da criatura. Para além disso, Dornbusch conduz o carro preferido de Bizarro (um Alfa Romeo Sprint 1.7 Quadriflogio Verde), enquanto Bizarro nem carta de condução tem. Esquecendo as diferenças, ambos foram abandonados por um pai acometido por uma espécie de desagregação psicológica e mental. Mas enquanto Dornbusch conseguiu obter uma resposta (a expressão inglesa closure seria a mais adequada), Bizarro foi informado da morte do pai sem ter tido a oportunidade de questioná-lo. Dornbusch encetou o seu longo caminho de regresso a casa ciente de que a sua vida não teria sido a mesma tivesse o seu pai escolhido permanecer em Saint Paul junto da família. Recebeu mais do pai ausente do que alguma vez teria recebido com a sua presença. Já Bizarro não pode afirmar o mesmo: o autor regressou a casa vindo de um funeral, sem que nenhuma explicação lhe tivesse sido dada. Através de Dornbusch (vicariously), Bizarro enfrentou o pai, invertendo o processo de demonização a que o votara ao longo dos anos, e caracterizou-o quase como um herói trágico, dando por si, no fim, a perdoá-lo.
Houve a necessidade de escrever esta história desta maneira em particular, mas apenas quando a realidade se encarregou de me fornecer a peça que faltava para completar o puzzle: as sucessivas notícias que aparecem ciclicamente acerca de homens que massacram as suas famílias. Não sei como nem porquê terá sido feita esta associação de ideias entre um homem que abandona a família e outro que enlouquece ao ponto de matar mulher e filhos. Mal comparado, existe uma fragmentação do modelo tradicional de família, embora no primeiro caso o resultado seja o surgimento de uma família monoparental e não a sua destruição total. A razão talvez resida no facto de que, ao se imaginar algo de muito pior, aquilo que existe presentemente não nos pareça assim tão mau.
Published on April 15, 2016 10:53


