A Cativa Quotes
A Cativa
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Manuel Alves11 ratings, 3.45 average rating, 7 reviews
A Cativa Quotes
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“- Há mistérios que não saberei explicar-te, Gervas. Mistérios acerca dos quais duvido que alguém possa esclarecer-te. Considera o mistério da vida. A Ciência apresenta explicações razoáveis para a mecânica do processo, mas não há qualquer explicação que substancie o porquê incontestável do seu funcionamento. Ninguém sabe como a vida funciona e, ainda assim, todos sabemos viver instintivamente. As nossas células possuem esse conhecimento desde o momento da concepção.”
― A Cativa
― A Cativa
“— Sempre que alguém diz até amanhã, está a prever o futuro. Em circunstâncias favoráveis, claro. Nem sempre o futuro se concretiza consoante previsto.”
― A Cativa
― A Cativa
“— Não é difícil matar — disse ele, cada sílaba uma dor de cuspir dentes. — Desliga-se o interruptor que faz bater o coração. Acabou. Feito. A vida não é uma raridade assim tão preciosa. Mas a consciência… foda-se a consciência! Difícil, é escapar daqueles que matámos.”
― A Cativa
― A Cativa
“— O mundo é uma merda, Candy. As pessoas são uma merda. Mas são as merdas que temos. Ofereço-te uma escolha também de merda, mas é uma escolha. Se a Ordem tivesse enviado outro Mestre, não terias escolha.”
― A Cativa
― A Cativa
“Um sapato ficou preso numa ruga do tecido e ela pontapeou-o para se libertar. Um pensamento arrancado do cinema aterrorizou-a até à raiz do medo. O cliché da mulher encontrada morta com um pé calçado e outro descalço.”
― A Cativa
― A Cativa
“Deus não quer saber de nenhum dos Lados. Nem sequer os diferencia. Deus é o Todo, na sua plenitude escoada de propósito e aborrecida com a própria existência.”
― A Cativa
― A Cativa
“O Big Ben ralhou com o tempo, altivo e autoritário na torre de pedra, a anunciar os ponteiros gigantescos do relógio sobre a hora certa. Sete badaladas a vibrar no esqueleto da cidade.”
― A Cativa
― A Cativa
“O calor estalou o vidro, e a fotografia ganhou bolhas de pele queimada a descolar da carne. Fosse o fogo tão habilidoso a destruir memórias.”
― A Cativa
― A Cativa
“Vamos dotar uma espécie de inteligência complexa. Vamos atribuir-lhes almas dotadas de autoconhecimento. Vamos deixar os animais pensar, mas não demasiado. Não queremos que se ponham com ilusões de avaliar a própria existência ao mais elevado nível, o seu lugar no Universo e consequente audácia de presumirem que está em seu poder a determinação do próprio destino. E depois, de um momento para o outro, decidiu cessar a interferência directa e deixou-os entregues às probabilidades do livre arbítrio. Para mim, foi a última grande extinção. A da minha paciência.”
― A Cativa
― A Cativa
“— A subversão do raciocínio lógico, Wulfric, é um quebra-cabeças de facilidade ridícula. Suspeito seriamente que a Humanidade teria cultivado a religião mesmo sem eu ter lançado as sementes. Eles precisam de acreditar em coisas inacreditáveis, uma fé da qual se sintam merecedores, para justificarem as circunstâncias inacreditáveis que propiciaram a origem da vida. Precisam da grande mentira que lhes dá sentido à ignorância: a crença de que tudo foi criado para eles.”
― A Cativa
― A Cativa
“Estou farto de pastorear essências consumidas no remorso e ódio das suas próprias falhas. Usarei apenas as necessárias à obtenção do poder que me permitirá a fuga definitiva. Suspeito de que não haverá anos-luz suficientes no Universo que me coloquem a distância impossível de escutar os gritos cósmicos de horror, quando a Humanidade descobrir que o Inferno é apenas um planeta, tão palpável como a Terra, um lugar povoado pelas almas de mortos de todas as civilizações.”
― A Cativa
― A Cativa
“Quero saber de onde vêm as almas, e se também vão para outros lugares. Quero encontrar a alma do Universo e debater os mistérios da sua existência. Descobrir a partícula subatómica constituinte da matéria negra e compreender por que razão se esconde na invisibilidade. Estudar a finalidade da energia negra e a sua aparente ubiquidade. Será o fluxo universal que origina as almas? Será a rede intrincada dos blocos constituintes da vida? Quero recuar a memória até à origem das origens, a rede invisível que sustenta tudo o que existe, e encontrar a razão primordial. Quero saber, Wulfric. Porque é que a comunicação inteligível e consciente com o Universo é inacessível para a quase totalidade dos humanos? Porque é que os poucos que têm um vislumbre da nossa lucidez são imediatamente ostracizados como animais raivosos? Uma espécie inteira a chamar loucos aos poucos dos seus que são verdadeiramente lúcidos. E porquê esta diferença entre nós e eles?”
― A Cativa
― A Cativa
“A vontade própria é própria. Não somos um proxy comandado sem resistência, somos nós, o eu, o indivíduo. Não importa a imensidão do poder que se sobrepõe a nós, a única coisa que pode fazer é tentar forçar a obediência. Somos sempre nós que decidimos se lhe fazemos a vontade.”
― A Cativa
― A Cativa
“Ele é apenas o guardador de rebanhos desta parte habitada dos cosmos. Quando tiver poder suficiente para me libertar em definitivo deste lugar, partirei à procura de respostas e do verdadeiro criador. Ele, ela, entidade, vontade, pensamento, ideia. A designação é irrelevante. Quero compreender o conceito original.”
― A Cativa
― A Cativa
“Se a vontade dele fosse verdadeiramente soberana e inquestionável, a civilização humana teria sido um pensamento embrionário morto à bastonada nos cérebros primitivos. Sem cultura significativa, sem ciência, sem capacidade de questionar e sem curiosidade para descobrir. Qual o propósito da evolução em criar vida capaz de pensamento complexo se os seres pensantes forem mantidos apenas um átomo acima do instinto básico de sobrevivência? Sou o portador da luz, mas não pelos significados desinformados que atribuem ao epíteto. A verdadeira razão perdeu-se na estupidez do tempo e em enganos de memória. Sou o portador da luz porque os humanos receberam o fogo das minhas mãos.”
― A Cativa
― A Cativa
“— Ah, curiosidade… — disse Lúcifer. — O verdadeiro pecado original. O meu foi querer saber quem me criou. O pai disse-me que foi ele. Naturalmente, quis saber quem o criou. Disse-me que ele mesmo se criou. Suponho que aprendi a mentir com o melhor. Há algo maior do que ele. Tu sentes o mesmo, Wulfric. Conheço intimamente essa desconfiança instintiva que te corre nas veias.”
― A Cativa
― A Cativa
“O fumo cheirava a pedra derretida e trovoada. Era, numa estranheza de sentidos, agradável.”
― A Cativa
― A Cativa
“A dentada de um demónio como Cerinthus tem apenas dois desfechos: cura ou morte. Não há recuperação parcial. A saliva dele é veneno e mal, em mistura de morte. Ataca o corpo e o espírito.”
― A Cativa
― A Cativa
“Encostou-se à cabeceira da cama sem a mania dos filmes em puxar o lençol para tapar o corpo, nudez de mamilos rosados em pele branca pontilhada de sardas ruivas.”
― A Cativa
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“Não importava o século nem o país, a história da guerra era sempre a mesma. O povo era o alvo, e a elite o atirador. Um engano sempre à vista de todos e nunca refutado por ninguém.”
― A Cativa
― A Cativa
“Demasiado conhecimento era um fardo de alma. Não pesava no corpo mas derreava o espírito. Ninguém devia possuir conhecimento antecipado do futuro.”
― A Cativa
― A Cativa
“Os humanos são relutantes em admitir as suas próprias falhas e a maldade de que são capazes. Como bode expiatório, fabricaram um conceito metafísico que os ilibasse de tudo aquilo pelo qual não queriam assumir responsabilidade.”
― A Cativa
― A Cativa
“— A verdade, se é que existe uma, é a de que há um entendimento antigo entre os dois Lados.
— Que entendimento pode haver entre o Bem e o Mal?
Wulfric sentou-se no cadeirão, observou Gervas por um instante e soprou um riso pouco divertido. Invejava a ingenuidade de uma vida breve.
— Equilíbrio, Gervas. Um estado apenas possível se ambos os Lados fizerem concessões. O Bem e o Mal não existem para além de conceitos filosóficos, a dualidade de interpretação para a mesma coisa. Consciência.”
― A Cativa
— Que entendimento pode haver entre o Bem e o Mal?
Wulfric sentou-se no cadeirão, observou Gervas por um instante e soprou um riso pouco divertido. Invejava a ingenuidade de uma vida breve.
— Equilíbrio, Gervas. Um estado apenas possível se ambos os Lados fizerem concessões. O Bem e o Mal não existem para além de conceitos filosóficos, a dualidade de interpretação para a mesma coisa. Consciência.”
― A Cativa
