“Como somos cegos, todos nós, horrivelmente cegos, e estúpidos, e burros, Nicolas pensou muitos anos depois, na Suíça, quando se lembrou do pai, de repente, quando se deu conta de que o suicídio era uma causa de morte tão frequente, o que não deveria ser, mas todos somos tristes, terrivelmente tristes, e estamos imersos nessa tristeza infinita, cósmica, uma tristeza do tamanho do universo ou do espaço vazio dentro do átomo, e pensou que pelo menos agora estava na Suíça, estava em um país neutro, em um país imune à história, e que agora estava livre, agora a história não mais o perseguia, a Suíça era a-histórica, atemporal, isolada, blindada, e não percebeu como continuava ingênuo, tão estupidamente ingênuo.”
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Antônio Xerxenesky,
Uma tristeza infinita