A Gênese
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Read between November 2, 2023 - June 27, 2024
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O destino do Espírito é a vida espiritual, porém, nas primeiras fases da sua existência corpórea, só lhe cumpre satisfazer às exigências materiais e, para tal fim, o exercício das paixões constitui uma necessidade para a conservação da espécie e dos indivíduos, materialmente falando.
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Todas as paixões têm, portanto, a sua utilidade providencial, pois, se assim não fosse, Deus teria feito coisas inúteis e até nocivas. É o abuso que constitui o mal, e o homem abusa em virtude do seu livre-arbítrio. Mais tarde, esclarecido pelo seu próprio interesse, livremente escolhe entre o bem e o mal.
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O instinto é a força oculta que impele os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a sua conservação.
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A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstâncias.
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Todo ato maquinal é instintivo. O ato que denota reflexão, combinação, deliberação é inteligente. Um é livre, o outro não o é. O instinto é um guia seguro, que nunca se engana; a inteligência, pelo simples fato de ser livre, está por vezes sujeita a errar. Se o ato instintivo não tem o caráter do ato inteligente, revela, todavia, uma causa inteligente, essencialmente apta a prever. Se se admitir que o instinto procede da matéria, será forçoso admitir que a matéria é inteligente, até mesmo bem mais inteligente e previdente do que a alma, pois que o instinto não se engana, ao passo que a ...more
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Sabe-se, além disso, que o instinto, que por si mesmo produz atos inconscientes, predomina nas crianças e, em geral, nos seres cuja razão é fraca. Ora, segundo esta hipótese, o instinto não seria atributo nem da alma nem da matéria; não pertenceria propriamente ao ser vivo, mas seria efeito da ação direta dos protetores invisíveis que supririam a imperfeição da inteligência, provocando atos inconscientes necessários à conservação do ser.
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Diz-se providencialmente que há um deus para as crianças, para os loucos e para os ébrios. Esse ditado é mais verdadeiro do que se crê. Aquele deus não é senão o Espírito protetor, que vela pelo ser incapaz de se proteger, utilizando-se da sua própria razão.
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Por intermédio da mãe, o próprio Deus vela pelas suas criaturas que nascem.
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A missão dos Espíritos protetores é um dever que aceitam voluntariamente e lhes é um meio de se adiantarem, dependendo o adiantamento da forma pela qual o desempenhem.
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O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões só se domam pelo esforço da vontade.
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É necessária a luta para o desenvolvimento do Espírito. Na luta é que ele exercita as suas faculdades.
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Entretanto, a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito, pois mesmo chegando a esse ponto que nos parece culminante, ele ainda está longe de ser perfeito. Só à custa de sua atividade que o Espírito adquire conhecimentos, experiência e se despoja dos últimos vestígios da animalidade. Mas, nessa ocasião, a luta, de sangrenta e brutal que era, se torna puramente intelectual. O homem luta contra as dificuldades, e não mais com os seus semelhantes.
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a Ciência é chamada a constituir a verdadeira Gênese, segundo as leis da natureza.
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os olhos se fecharam, mas fechar os olhos ao perigo não é evitá-lo.
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não é possível que Deus, sendo todo verdade, induza os homens em erro, nem consciente, nem inconscientemente, sem o que não seria Deus.
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Há coisas com cujo sacrifício temos de resignar-nos, queiramos ou não, quando não consigamos evitá-lo.
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Uma religião que não estivesse, sobre nenhum ponto, em contradição com as leis da natureza nada teria que temer do progresso e seria invulnerável.
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O que lhe importa saber, antes de tudo, é de onde veio e para onde vai, se já viveu, se ainda viverá e qual a sorte que lhe está reservada. Sobre todas essas questões, a Ciência se conserva muda. A Filosofia apenas emite opiniões que concluem em sentido diametralmente oposto, mas que, pelo menos, permitem a sua discussão, o que faz com que muitas pessoas se coloquem do seu lado, de preferência a seguirem a religião, que nada discute.
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Todas as religiões estão de acordo quanto ao princípio da existência da alma, sem, contudo, o demonstrarem. Entretanto, não concordam quanto à sua origem, nem com relação ao seu passado e ao seu futuro, nem, principalmente, e isso é o essencial, quanto às condições de que depende a sua sorte vindoura. Em sua maioria, elas apresentam como o futuro da alma, e impõem à crença de seus adeptos, um quadro que somente a fé cega pode aceitar, mas que é incapaz de suportar um exame sério. Como o destino que elas fazem da alma está ligado aos seus dogmas, às ideias que se faziam nos tempos primitivos ...more
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No Espiritismo, é inteiramente experimental. Com o auxílio da faculdade mediúnica, hoje mais desenvolvida e, sobretudo, generalizada e mais bem estudada, o homem se achou de posse de um novo instrumento de observação. A mediunidade foi, para o mundo espiritual, o que o telescópio representou para o mundo astral e o microscópio para o dos infinitamente pequenos. Permitiu que se explorassem, estudassem, por assim dizer, de visu,34 as relações daquele mundo com o mundo corpóreo; que, no homem vivo, se destacasse do ser material o ser inteligente e que se observassem os dois a atuar separadamente. ...more
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Por se acharem em incessante contato, os mundos espiritual e material são solidários entre si, e ambos têm a sua parcela de ação na Gênese. Sem o conhecimento das leis que regem o primeiro, seria tão impossível constituir-se uma Gênese completa, quanto a um escultor dar vida a uma estátua.
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Quão grande é o universo em face das mesquinhas proporções que nossos pais lhe assinavam! Quanto é sublime a obra de Deus, quando a vemos realizar-se segundo as eternas leis da natureza! Mas também, quanto tempo, que esforços do gênio e quantos devotamentos se fizeram necessários para descerrar os olhos das criaturas e arrancar-lhes, afinal, a venda da ignorância!
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o tempo é uma gota de água que cai da nuvem no mar e sua queda é medida.
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O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias. A eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela não há começo nem fim: tudo lhe é presente. Se séculos e séculos são menos que um segundo, relativamente à eternidade, que vem a ser a duração da vida humana?
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o fogo, longe de ser também um elemento principal, é apenas um estado da matéria, resultante do movimento universal a que se acha submetida, e de uma combustão sensível ou latente.
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quer a substância que se considere pertença aos fluidos propriamente ditos, isto é, aos corpos imponderáveis, quer revista os caracteres e as propriedades ordinárias da matéria, não há, em todo o universo, senão uma única substância primitiva: o cosmo, ou matéria cósmica dos astrônomos.
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Fluido côsmico universal
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Há um fluido etéreo que enche o espaço e penetra os corpos. Esse fluido é o éter, ou matéria cósmica primitiva, geradora do mundo e dos seres. São inerentes ao éter as forças que presidiram às metamorfoses da matéria, as leis imutáveis e necessárias que regem o mundo.
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Se bem compreendemos a relação, ou antes, a oposição entre a eternidade e o tempo, se nos familiarizamos com a ideia de que o tempo não passa de uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias, enquanto a eternidade é essencialmente una, imóvel e permanente, e não suscetível de qualquer medida, do ponto de vista da duração, compreenderemos que para ela não há começo nem fim.
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se fazemos uma ideia justa, embora necessariamente muito fraca, da infinidade do poder divino, compreenderemos como é possível que o universo haja existido sempre e sempre exista. Desde que Deus existiu, suas perfeições eternas falaram. Antes que houvessem nascido os tempos, a eternidade incomensurável recebeu a palavra divina e fecundou o espaço, igualmente eterno.
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Deus é o sol dos seres, é a luz do mundo.
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Saibamos que atrás de nós, como à nossa frente, está a eternidade, que o espaço é teatro de inimaginável sucessão e simultaneidade de criações. Tais nebulosas, que mal percebemos nos mais longínquos pontos do céu, são aglomerações de sóis em vias de formação; outras são vias lácteas de mundos habitados; outras, ainda, são sedes de catástrofes e de perecimento. Saibamos que, assim como estamos colocados no meio de uma infinidade de mundos, também estamos no meio de uma dupla infinidade de durações, anteriores e ulteriores; que a criação universal não se acha restrita a nós, e que, portanto, não ...more
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A matéria etérea mais ou menos rarefeita que se difunde pelos espaços interplanetários; esse fluido cósmico que enche o mundo, mais ou menos rarefeito, nas regiões imensas, ricas de aglomerações de estrelas; mais ou menos condensado onde o céu astral ainda não brilha; mais ou menos modificado por diversas combinações, de acordo com as localidades da amplidão, nada mais é do que a substância primitiva onde residem as forças universais, a partir da qual a natureza tirou todas as coisas.
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Esse fluido penetra os corpos como um imenso oceano. É nele que reside o princípio vital que dá origem à vida dos seres e a perpetua em cada globo, conforme a sua condição, princípio que, em estado latente, se conserva adormecido onde a voz de um ser não o chama. Toda criatura, mineral, vegetal, animal ou qualquer outra — visto que há muitos outros reinos naturais, de cuja existência nem sequer suspeitais45 — sabe, em virtude desse princípio vital e universal, apropriar as condições de sua existência e de sua duração.
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É muito importante nos convencermos da noção de que a matéria cósmica primitiva se achava revestida não só das leis que asseguram a estabilidade dos mundos, como também do princípio vital e universal que forma gerações espontâneas em cada mundo, à medida que se apresentam as condições da existência sucessiva dos seres e quando soa a hora do aparecimento dos filhos da vida, durante o período criador.
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Nada de imobilidade, nada de silêncio, nada de noite! O grande espetáculo que então se desdobraria ante os nossos olhos seria a criação real, imensa e cheia da vida etérea, que abrange no seu imenso conjunto o olhar infinito do Criador.
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o deserto celeste, que envolve o nosso universo sideral e que parece estender-se como os afastados confins do nosso mundo astral, é abarcado pela visão e pelo poder infinito do Altíssimo que, além desses céus dos nossos céus, desenvolveu a trama da sua criação ilimitada.
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Além dessas vastas solidões, com efeito, irradiam mundos magnificentes, tanto quanto nas regiões acessíveis às investigações humanas; para lá desses desertos, vagam esplêndidos oásis no éter límpido, renovando incessantemente as cenas admiráveis da existência e da vida. Sucedem-se lá os agregados longínquos de substância cósmica, que o profundo olhar do telescópio entrevê através de regiões transparentes do nosso céu e a que dais o nome de “nebulosas irresolúveis”, as quais vos parecem ligeiras nuvens de poeira branca, perdidas num ponto desconhecido do espaço etéreo. Lá se revelam e se ...more
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Já sabemos que essas leis presidem à história do Cosmo; o que agora importa saber é que elas presidem igualmente à destruição dos astros, visto que a morte não é apenas uma metamorfose do ser vivo, mas também uma transformação da matéria inanimada. Se é exato dizer-se, em sentido literal, que a vida só é acessível à foice da morte, não é menos exato dizer-se que para a substância é de toda necessidade sofrer as transformações inerentes à sua constituição.
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Desse modo, a eternidade real e efetiva do universo se acha garantida pelas mesmas leis que dirigem as operações do tempo; dessa maneira, mundos sucedem a mundos, sóis a sóis, sem que o imenso mecanismo dos vastos céus jamais seja atingido nas suas gigantescas molas. Onde os vossos olhos admiram esplêndidas estrelas sob a abóbada da noite, em que o vosso espírito contempla irradiações magníficas que resplandecem nos espaços distantes, há muito tempo o dedo da morte extinguiu esses esplendores, há muito o vazio sucedeu a esses deslumbramentos e já recebem mesmo novas criações ainda ...more
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a Terra e o homem nada são em confronto com o que existe e que as mais colossais operações do nosso pensamento ainda se estendem apenas sobre um campo imperceptível, diante da imensidade e da eternidade de um universo que nunca terá fim. E, quando esses períodos da nossa imortalidade houverem passado sobre as nossas cabeças; quando a história atual da Terra nos aparecer qual sombra vaporosa no fundo da nossa lembrança; quando, durante séculos incontáveis, houvermos habitado esses diversos degraus da nossa hierarquia cosmológica; quando os mais longínquos domínios das idades futuras tiverem ...more
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Que as obras de Deus sejam criadas para o pensamento e a inteligência; que os mundos sejam moradas de seres que as contemplam e lhes descobrem, sob o véu, o poder e a sabedoria daquele que as formou, são questões que já não nos oferecem dúvida. O que importa saber, contudo, é que as almas que os povoam sejam solidárias.
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É belo, sem dúvida, haver reconhecido quão ínfima é a Terra e medíocre a sua importância na hierarquia dos mundos; é belo haver abatido a presunção humana, que nos é tão cara, e nos termos humilhado ante a grandeza absoluta; entretanto, ainda será mais belo que interpretemos em sentido moral o espetáculo de que fomos testemunhas. Quero falar do poder infinito da natureza e da ideia que devemos fazer do seu modo de ação nos diversos domínios do vasto universo.
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Que os vossos estudos possam ser aplicados aos seres que adejam nos ares; que desçam até a violeta dos prados, mergulhem nas profundezas do oceano e em tudo e por toda parte lereis esta verdade universal: a natureza onipotente age conforme os lugares, os tempos e as circunstâncias; ela é una em sua harmonia geral, porém múltipla em suas produções; brinca com um Sol, como com uma gota de água; povoa de seres vivos um mundo imenso com a mesma facilidade com que faz eclodir o ovo posto pela borboleta.
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É notável que em toda parte a vida se manifesta tão logo lhe sejam propícias as condições, nascendo cada espécie desde que produzam as condições próprias à sua existência.
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As camadas dos períodos primário, de transição e secundário, formadas sobre uma superfície pouco acidentada, são mais ou menos uniformes na Terra toda; as do período terciário, ao contrário, formadas sob base muito desigual e pela ação transportadora das águas, apresentam caráter mais local.
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Este período é marcado por um dos maiores cataclismos que convulsionaram o globo, mudando por mais de uma vez o aspecto de sua superfície e destruindo uma imensidade de espécies vivas, das quais apenas restam despojos. Por toda parte deixou traços que atestam a sua generalidade.
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Um dos vestígios mais significativos desse grande desastre são os rochedos chamados blocos erráticos. Dá-se essa denominação a rochedos de granito que se encontram isolados nas planícies, repousando sobre terrenos terciários e no meio de terrenos diluvianos, algumas vezes a muitas centenas de léguas das montanhas de que foram arrancados.
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Foi também por essa época que os polos começaram a cobrir-se de gelo e que se formaram as geleiras das montanhas, o que indica notável mudança na temperatura do globo.
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O deslocamento repentino das águas também pode ter sido ocasionado pelo levantamento de certas partes da crosta sólida e pela formação de novas montanhas dentro dos mares, conforme se verificou no começo do período terciário.
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Na tormenta provocada pelo deslocamento das águas muitos animais pereceram; outros, para escaparem à inundação, se retiraram para os lugares altos, para as cavernas e fendas, onde sucumbiram em massa, ou de fome, ou entredevorando-se, ou ainda, quem sabe, pela irrupção da água nos lugares onde se tinham refugiado e de onde não puderam fugir.