Kindle Notes & Highlights
Qual, portanto, a utilidade dessas manifestações, ou, se o preferirem, dessa revelação, uma vez que os Espíritos não sabem mais do que nós ou não nos dizem tudo o que sabem? Primeiramente, como já dissemos, eles se abstêm de nos dar o que podemos adquirir pelo trabalho; em segundo lugar, há coisas cuja revelação não lhes é permitida, porque o grau do nosso adiantamento não as comporta. Afora isto, as condições da nova existência em que se acham lhes dilatam o círculo das percepções: eles veem o que não viam na Terra; libertos dos entraves da matéria, isentos dos cuidados da vida corpórea,
...more
Achando madura a humanidade para penetrar o mistério do seu destino e contemplar a sangue-frio novas maravilhas, Deus permitiu que fosse erguido o véu que ocultava o mundo invisível ao mundo visível. As manifestações nada têm de extra-humanas; é a humanidade espiritual que vem conversar com a humanidade corpórea
“Nós existimos, logo, o nada não existe; eis o que somos e o que sereis; o futuro vos pertence, como a nós. Caminhais nas trevas, vimos clarear-vos o caminho e traçar-vos o roteiro; andais ao acaso, vimos apontar-vos a meta. A vida terrena era tudo para vós, porque nada víeis além dela; vimos dizer-vos, mostrando a vida espiritual: a vida terrestre nada é. A vossa visão se detinha no túmulo, nós vos desvendamos, para além deste, um esplêndido horizonte. Não sabíeis por que sofreis na Terra; agora, no sofrimento, vedes a Justiça de Deus. O bem não produzia nenhum fruto aparente para o futuro;
...more
nem sempre é preciso que se veja uma coisa para ficar-se sabendo da sua existência.
Em tudo, é observando os efeitos que se chega ao conhecimento das causas que os produzem.
Outro princípio igualmente elementar e que, de tão verdadeiro, passou a axioma é o de que todo efeito inteligente tem que resultar de uma causa inteligente.
Em toda parte se reconhece a presença do homem pelas suas obras. A existência dos homens antediluvianos não se provaria unicamente por meio dos fósseis humanos, mas também, e com muita certeza, pela presença, nos terrenos daquela época, de objetos trabalhados pelos homens. Um fragmento de vaso, uma pedra talhada, uma arma, um tijolo bastarão para lhe atestar a presença. Pela grosseria ou perfeição do trabalho, reconhecer-se-á o grau de inteligência ou de adiantamento dos que o executaram.
A existência do relógio atesta a existência do relojoeiro; a engenhosidade do mecanismo atesta a inteligência e o saber de seu fabricante. Quando um relógio vos dá, no momento preciso, a indicação de que necessitais, acaso já vos terá vindo à mente dizer: aí está um relógio bastante inteligente? Dá-se a mesma coisa com o mecanismo do universo: Deus não se mostra, mas se revela pelas suas obras.
Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus. Para compreendê-lo, ainda nos falta um sentido próprio que só se adquire por meio da completa depuração do Espírito.
Sem o conhecimento dos atributos de Deus, seria impossível compreender-se a obra da Criação. Esse é o ponto de partida de todas as crenças religiosas e é por não se terem reportado a isso, como o farol capaz de as orientar, que a maioria das religiões errou em seus dogmas. As que não atribuíram a Deus a onipotência imaginaram muitos deuses; as que não lhe atribuíram a soberana bondade fizeram dele um Deus ciumento, colérico, parcial e vingativo.
Deus é a suprema e soberana inteligência.
A inteligência do homem é limitada, visto que não pode fazer nem compreender tudo o que existe. A de Deus, abrangendo o infinito, tem que ser infinita.
Deus é eterno, isto é, não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido começo, é porque teria saído do nada. Ora, como o nada não existe, não pode gerar coisa alguma. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus.
Deus é imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o universo não teriam nenhuma estabilidade.
Deus é imaterial, isto é, a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria.
Deus é onipotente. Se não possuísse o poder supremo, poder-se-ia conceber um ser mais poderoso e assim por diante, até chegar ao ser cujo poder não fosse ultrapassado por nenhum outro.
Deus é soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das Leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e essa sabedoria não permite que se duvide nem da sua justiça, nem da sua bondade.
Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse.
Deus é único. A unicidade de Deus é consequência do fato de serem infinitas as suas perfeições. Não poderia existir outro Deus, salvo sob a condição de ser igualmente infinito em todas as coisas, visto que, se houvesse entre eles a mais leve diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder desse outro e, então, não seria Deus.
Em resumo, Deus não pode ser Deus, senão sob a condição de que nenhum outro o ultrapasse, porquanto o ser que o excedesse no que quer que fosse, ainda que apenas na espessura de um fio de cabelo, é que seria o verdadeiro Deus. Para que assim não aconteça, é indispensável que Ele seja infinito em tudo.
Deus é, pois, a inteligência suprema e soberana, é único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e não poderia ser outra coisa.
A religião perfeita será aquela em que nenhum artigo de fé esteja em oposição com aquelas qualidades; aquela cujos dogmas suportem a prova desse controle sem nada sofrerem.
A Providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas.
Deus está em toda parte, tudo vê e a tudo preside, mesmo às coisas mais insignificantes. É nisto que consiste a ação providencial.
O fluido perispiritual não é o pensamento do Espírito, mas o agente e o intermediário desse pensamento. Sendo ele que o transmite, fica, de certo modo, impregnado do pensamento transmitido.
como dizemos que o ar se torna sonoro, poderíamos, tomando o efeito pela causa, dizer que o fluido se torna inteligente.
Ora, em virtude do princípio de que as partes de um todo são da mesma natureza e têm as mesmas propriedades que ele, cada átomo desse fluido, se assim nos podemos exprimir, possuindo o pensamento, isto é, os atributos essenciais da Divindade e estando o mesmo fluido em toda parte, tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude. Não haverá nenhum ser, por mais ínfimo que o suponhamos, que de algum modo não esteja saturado dele.
Achamo-nos, assim, constantemente em presença da Divindade; não lhe podemos subtrair ao olhar nenhuma de nossas ações; o nosso pensamento está em contato incessante com o seu pensamento, havendo, pois, razão para dizer-se que Deus vê os mais profundos refolhos do nosso coração.
Estamos nele, como Ele está em nós, segundo a palavra do Cris...
This highlight has been truncated due to consecutive passage length restrictions.
Para estender a sua solicitude a todas as criaturas, Deus não precisa lançar o olhar do alto da imensidade. Para que nossas preces sejam ouvidas, não precisam transpor o espaço, nem serem ditas com voz retumbante, porque, estando Deus con...
This highlight has been truncated due to consecutive passage length restrictions.
Deus está em toda parte, na natureza, como o Espírito está em toda parte, no corpo. Todos os elementos da Criação se acham em relação constante com Ele, como todas as células do corpo humano se acham em contato imediato com o ser espiritual.
“Um membro se agita: o Espírito o sente; uma criatura pensa: Deus o sabe. Todos os membros estão em movimento, os diferentes órgãos estão a vibrar; o Espírito se ressente de todas as manifestações, as distingue e localiza.
Deus sabe tudo o que se passa e atribui a cada um o que lhe diz respeito.
Deus existe: não há como duvidar disso. Por sua própria essência, Ele é infinitamente justo e bom. A sua solicitude se estende a tudo: compreendemo-lo. Só o nosso bem, portanto, Ele pode querer, razão pela qual devemos confiar nele: eis o essencial. Quanto
Nossos órgãos materiais têm percepções limitadas que os tornam inaptos à visão de certas coisas, mesmo materiais. Assim é que alguns fluidos nos fogem totalmente à nossa visão e aos instrumentos de análise; entretanto, nem por isso duvidamos da existência deles.
Os nossos órgãos materiais não podem perceber as coisas de essência espiritual. Só podemos ver os Espíritos e as coisas do mundo imaterial com a visão espiritual. Apenas a nossa alma, portanto, pode ter a percepção de Deus.
O envoltório perispirítico, embora nos seja invisível e impalpável, é, com relação a ela, verdadeira matéria, ainda grosseira demais para certas percepções. Esse envoltório se espiritualiza à medida que a alma se eleva em moralidade.
As imperfeições da alma são quais camadas nevoentas que lhe obscurecem a visão.
Cada imperfeição de que ela se desfaz é uma mácula a menos; todavia, só depois de se haver depurado completamente é que goz...
This highlight has been truncated due to consecutive passage length restrictions.
Pelo fato de não verem a Deus, não se segue que os Espíritos imperfeitos estejam mais distantes dele do que os outros, visto que, como todos os seres da natureza, estão mergulhados no fluido divino, do mesmo modo que nós o estamos na luz. O que ocorre é que as imperfeições daqueles Espíritos são quais vapores que os impedem de vê-lo. Quando o nevoeiro se dissipar, vê-lo-ão resplandecer.
Desimpedida a visão espiritual das manchas morais que a obscureciam, eles o verão de todo lugar onde se achem, mesmo da Terra, porque Deus está em toda parte.
Sendo Deus o princípio de todas as coisas e sendo todo sabedoria, todo bondade, todo justiça, tudo o que dele procede há de participar dos seus atributos, porquanto o que é infinitamente sábio, justo e bom nada pode produzir que seja irracional, mau e injusto. Logo, o mal que observamos não pode ter nele a sua origem.
o mal existe e tem uma causa.
O homem recebeu em partilha uma inteligência com cujo auxílio lhe é possível conjurar, ou pelo menos atenuar muito os esforços de todos os flagelos naturais. Quanto mais saber ele adquire e mais se adianta em civilização, tanto menos desastrosos se tornam os flagelos. Com uma organização social sábia e previdente, chegará mesmo a neutralizar as suas consequências, quando não possam ser inteiramente evitados. Assim, mesmo com referência aos flagelos que têm certa utilidade para a ordem geral da natureza e para o futuro, mas que causam danos no presente, Deus facultou ao homem os meios de lhes
...more
A dor é o aguilhão que impele o homem para frente, na senda do progresso.
mais numerosos do que os males que o homem não pode evitar são os que ele cria pelos seus próprios vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí se encontra a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, enfim, da maior parte das doenças.
Deus estabeleceu leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem. O homem encontra em si mesmo tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. Sua rota está traçada na consciência, e a Lei divina está gravada no coração. Além disso, Deus lhe lembra disso constantemente por intermédio de seus messias e profetas, de todos os Espíritos encarnados que trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, por uma infinidade de Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o homem se conformasse rigorosamente com as Leis divinas, certamente evitaria os
...more
Chega um momento em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio de que necessita, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais da sua existência
Não praticar o mal, já é um princípio do bem.
Dá-se a mesma coisa com o mal; o homem o evitaria se observasse as Leis divinas.