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Nenhum dos dois precisou falar: foi o carro do qual eles desviaram quando saíram do McDonald’s. E não era ferrugem na grade, no fim das contas.
Para Martine Stover, a diversão havia acabado.
Último turno é como chamam, mas Hodges acha impossível parar.
Dá para encontrar qualquer coisa na internet hoje em dia. Algumas coisas são úteis. Algumas são interessantes. Algumas são engraçadas. E algumas são horríveis pra caralho.
Uma vez, quando a mãe dos dois chamou Holly de Robinson honorária, seu rosto se iluminou como o sol em uma tarde de verão.
Como tudo volta, pensa Hodges. Como se nunca tivesse acabado.
Holly tem problemas emocionais, é literal até demais, mas também é aberta a estímulos de uma forma que poucas pessoas são.
E apesar de ser medrosa por natureza, Deus sabe que ela tem seus motivos, ela pode ser corajosa.
Holly é o motivo de Brady Hartsfield, também conhecido como Assassino do Mercedes, estar agora na Clínica de Traumatismo Cerebral Kiner Memorial.
Alguém, e ele presume que tenha sido Ellerton, porque os dias de escrever de sua filha haviam acabado, desenhou uma única e grande letra na bancada: Z.
Os mortos nunca parecem tão mortos quanto nas fotos da polícia.
Principalmente quando pensa no quanto o trabalho de setenta segundos macabros podia mudar a vida de tantas pessoas por anos…
Foi Hartsfield quem percebeu os pensamentos suicidas de Hodges e tentou dar uma mãozinha. Funcionou com Olivia Trelawney, afinal, e ele pegou gosto.
— Eles recriam o mesmo padrão várias vezes. Ignore as pequenas variações, você disse, e procure a grande semelhança.
— Eu nunca pensei em nenhuma outra possibilidade além de ela ter deixado a chave na ignição. E prometi a mim mesmo que jamais faria isso outra vez.
Charlotte Gibney e Henry Sirois a tratavam mais como uma criança com deficiência mental em um passeio. Ela é uma mulher diferente agora, mas traços da antiga Holly continuam presentes. E Hodges não vê problema nisso.
— E o fio estava ligado ao lado da letra Z — continua ela. — Não Z representando a última letra do alfabeto, como em um bilhete suicida, mas Z de Zappit. Ao menos, é o que eu acho.
— Não tem mais nada dentro dele, Bill. Você tem que aceitar isso. E, se tivesse, ele ficaria feliz cada vez que você aparecesse. Veria o que está fazendo consigo mesmo e ficaria feliz.
Se Hodges duvida às vezes é porque não consegue suportar a ideia de que Brady conseguiu evitar a punição. Que, no final, o monstro escapou.
Ele acha que há um salto significativo entre estar retraída e ficar deprimida.
Lidei a vida inteira com pessoas que acham isso, a começar pelos meus pais.
Isabelle só vê o que vê, e não gosta de gente que vê mais, ou que pelo menos procura mais.
Caramba, se as mulheres estivessem vendo a CNN, a pessoa conseguiria ler a legenda na base da tela.
A tinta azul desbotada está cheia de manchas de primer vermelho. O cavalheiro idoso atrás do volante desacelera ainda mais para poder olhar para os dois homens.
— Ah, ao menos para mim, eles parecem estar trabalhando juntos. E podem ter alguma coisa a ver com o fato de aquelas duas mulheres estarem mortas.
A verdadeira pergunta é: por que deixam crianças terem esses joguinhos eletrônicos? Não podem fazer bem para seus cérebros imaturos, não é?
Seu corpo está cintilando um pouco, meio fantasmagórico, mas é ele mesmo.
Ele deve ser um fantasma, porque os peixes estão nadando nos olhos dele.
É o rosto que ele esconde de todo mundo, exceto de Felix Babineau, pois o médico não importa mais. O dr. Babineau mal existe. Atualmente, ele é apenas o dr. Z.
Porque depois que bandidos como o Mr. Mercedes começam a falar (não havia muitos como ele, e graças a Deus por isso), eles estão a um ou dois passos de serem pegos. Isso era especialmente verdade sobre os arrogantes, e Hartsfield era a personificação da arrogância.
Só uma única frase, meia dúzia de palavras, mas Hodges a lê várias vezes, sentindo não medo, mas empolgação. Tem uma coisa importante ali.
Ele não gosta de ninguém que faça Holly se encolher assim.
— Ela estava fazendo o que você deveria ter feito, Isabelle. E você sabe muito bem.
Holly murmura outra coisa para si mesma. Dessa vez, Hodges não tem como ter certeza, mesmo com seu ouvido treinado para ouvir Holly, mas acha que pode ter sido escrota.
Mas eles vão varrer tudo para debaixo do tapete, e nem disseram o motivo real, que é para Pete poder ter uma boa festa de aposentadoria sem isso pairando sobre a cabeça dele
É uma bela expressão para uma mulher que escreve poesia no tempo livre (não que Hodges já tenha lido alguma ou terá permissão de ler um dia),
Brady se consideraria um príncipe do suicídio.
Hodges pensa: Exceto por um milagre, este é o último mês de janeiro que vou ver. Uau.
As sementes plantadas na infância criam raízes profundas.
— Difícil dizer — diz ele. — É um dois ou um Z.
Se fizesse uma grande descoberta, não era impossível imaginar um prêmio Nobel de Medicina no horizonte. E não havia lado ruim, desde que ele guardasse os resultados para si até os testes em humanos serem autorizados. O homem era um assassino degenerado que nunca acordaria, de qualquer forma.
“Muito menos para o mundo; o mundo ficaria satisfeito de ver você partir.”
E as luzes se acenderam. Assim como acontecia na sua sala de comando estilo Star Trek no porão quando ele ativava os computadores do alto da escada com a voz.
Ele estava e não estava ao mesmo tempo. A verdade, assim como a relacionada à morte de Frankie, era complexa.
Isso a assustaria, e Brady gostava de assustar pessoas. Muita coisa na vida dele tinha mudado, mas não isso.
É isso que eu preciso fazer, Brady pensou. Treinar e ficar mais forte. Porque Kermit William Hodges está por aí, e o ex-detetive acha que venceu. Não posso permitir isso. Não vou permitir isso.
Ela dá um sorriso radiante que faz Hodges se sentir bem com essa mentira absurda. Claro que também o faz se sentir o cocô do cavalo do bandido.
— Que bom. Porque não sei o que eu faria sem você, Bill. Não sei.