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Sempre direto ao assunto, pensa Hodges com admiração. Essa é minha Holly.
Ele só fica ali sentado, mas por dentro é o mesmo monstro que matou aquelas pessoas no City Center e tentou matar muitas mais no auditório Mingo.
É como se o mal fosse algum tipo de abutre que sai voando quando os bandidos são presos.
Uma vez, quando Hodges usou a expressão ornamentar o currículo em relação a essa atividade, Holly chamou sua atenção e disse que Jerome estava fazendo aquilo porque era uma boa pessoa.
Holly, que já foi internada (duas vezes), acredita que algumas casas abandonadas podem mesmo ser assombradas.
Mas é com Holly que ele mais se preocupa. Ela não é maluca, apesar do que disse no escritório, mas é frágil. E muito.
Além do mais, ele percebe que quer se separar de Pete e Izzy e seguir o próprio caminho. Pete é lento, e Izzy literalmente arrasta os pés.
Ela é uma adolescente parasita típica: janta em bons restaurantes com os pais enquanto seus irmãos e irmãs, bem ali o tempo todo, a menos de três quilômetros de sua bela casa no subúrbio, bebem vinho e usam drogas para esquecer a vida horrível que têm.
Porque, toda vez que ele volta a ser Babineau depois de ser o dr. Z, tem um pouco menos de Babineau para quem voltar.
Ela não fuma há quase cinco meses, um novo recorde, e não quer começar de novo agora, mas o que viu no computador de Bill abriu um buraco no meio de uma vida que ela passou os últimos cinco anos consertando.
— Eu amo você — diz ele. Ela ouve o peso em sua voz. A resignação. — Você sabe disso, não sabe? — Não seja burro, é claro que eu sei — responde ela, e começa a chorar.
E é ótimo que precisem de você. Talvez a melhor coisa.
— Você disse que pode investigar uma conspiração para sempre e não chegar a lugar algum se for só um bando de coincidências amontoadas.
A vida é muito injusta. Ela sabe disso desde o ensino médio, quando era alvo de piadas, mas às vezes se surpreende. Não devia, mas se surpreende.
Mas ele não seria o primeiro médico a fazer experiências com alguém com quem o mundo não se importa.
Tem sempre carniça nova por aí.
Eu queria que Babineau o matasse. Que desse uma dose de alguma coisa muito tóxica e Hartsfield batesse as botas. Porque ele me assusta.
— Mas disse que vai contar para você. Era por isso que eu ia ligar. Ela disse que você é a única que vai entender.
— As pessoas visitam os amigos quando eles estão no hospital, e nós somos amigas.
Holly também não quer levantar o rosto, mas lembra a si mesma que está falando com Barbara e se obriga a fazer isso. Porque Barbara é sua amiga apesar de todos os tiques e problemas de Holly. E agora está em uma situação difícil.
Você não sabe nem a porra da metade. Mas está começando a perceber, dr. B. Não está?
mas qualquer pessoa pode andar pelos corredores nos intervalos das aulas e identificar os alunos negros e os alunos chineses transferidos, porque somos minoria.
Tive vontade de dar uma porrada nela, bem ali, com o pai dela vendo, mas não fiz nada. Engoli tudo.
Durante dias, as coisas vão bem, semanas, até, e aí acontece uma coisa que tenho que engolir.
Mesmo que eu não consiga sufocá-la, talvez possa ao menos silenciar.
Ela não consegue dizer em que está começando a acreditar: que são máquinas de suicídio.
Desenhadas de forma artística no ferro forjado estão as iniciais que Barbara Robinson não conseguiu lembrar: FB.
Pessoas zangadas eram zangadas por um motivo, e vegetais não deviam ter motivo para fazer nada.
A lista de Brady era longa.
O pensamento surgiu assim que Brady pensou nele, porque ele estava fazendo com que ela pensasse nele.
Mais para se divertir, Brady começou a colocar os próprios peixes no aquário da mente de Sadie MacDonald:
Se as telas de demonstração os acalmassem, os médicos, as enfermeiras, os auxiliares e até os zeladores teriam mais tranquilidade no trabalho.
Ele alegava que era exatamente o tipo de ideia histérica que tomava conta de certas mulheres (embora vários dos enfermeiros do Balde fossem homens).
Ele olhou para a mão esquerda e viu que tinha desenhado um grande Z nas costas com a caneta que sempre deixava no bolso da túnica.
Havia uma quantidade extensa disso, porque antes de se aposentar do emprego aos cinquenta e oito anos, o sujeito era eletricista, conhecido como Fagulha Brooks em vez de Al da Biblioteca.
Assim que viu os peixes nadando, entendeu o que devia ter acontecido. Os idiotas que criaram aquele jogo em particular também criaram, certamente sem querer, um efeito hipnótico.
Segundo, quase ninguém comprou os joguinhos Zappit. No jargão do comércio, flopou.
Cada vez que entrava na mente do homem, seu domínio ficava mais forte, e o controle, melhor.
Al teve um pré-condicionamento à demonstração do Pescaria, viu aquilo dezenas de vezes antes de levar o Zappit para Brady.
Era chamado “O potencial operacional da percepção subliminar” e explicava como os computadores podiam ser programados para transmitir mensagens tão rápidas que o cérebro não as reconhecia como mensagens, mas sim como pensamentos originais.
— Às vezes, sou Al. Às vezes, sou Z-Boy. Esta noite, sou Brady, e, caramba, é bom sair mesmo em uma noite fria como esta.
Toda vez que Brady entra em sua cabeça, carrega um pouco de si com ele quando vai embora. Sua memória. Seus conhecimentos. O que o faz ser Babineau.
— E aí dizia que o patrocinador corporativo do ’Round Here recebeu um monte de aparelhos Zappit e queria distribuí-los. Para meio que compensar pelo show.
— A gente tinha que provar que estava no show. Então, fui falar com a mãe de Barb. Você sabe, Tanya.
No bloco, Hodges escreve: Sunrise Solutions fica em NY, mas o pacote foi enviado daqui.
Hodges ainda não acredita muito nela, mas as peças estão se juntando, e apesar de a imagem revelada aos poucos ser meio maluca, ela também tem uma lógica terrível.
Ele checa o relógio do painel e fica atônito de ver que está sentado ali olhando para o Zappit há mais de dez minutos. Pareceram dois ou três. Cinco, no máximo.
Os peixes rosa eram só peixes rosa.
Ele e o dr. Z não se pareciam nem um pouco, mas falavam parecido, o bastante para fazê-la questionar se não eram irmãos. Só que eles também falavam como aquela outra pessoa, seu antigo colega de trabalho. O que acabou se revelando um monstro.