Os dias mais estranhos - 39. Concreto (real, corpóreo, material, palpável)
Dormi pouco, como se quisesse aproveitar ao máximo o tempo que tinha com ela. Embora tenha adormecido por volta das seis da manhã, acordei por volta das nove. Deixei-a a dormir e saí. Ali perto havia um café que vendia pão de produção própria. Comprei pão ainda quente para o pequeno-almoço. Tinha ainda uma chave da casa dela, que ela me tinha dado na altura das mudanças, por isso voltei a entrar em casa sem perturbar ninguém. Fiz o pequeno-almoço e levei-lho à sala. Ela não tinha ainda acordado e dormia a sono solto no sofá, agora transformado em cama de casal. Acordei-a suavemente. Ela sorriu ao abrir os olhos.-Bom dia. – Disse numa voz ensonada.-Bom dia amor. Tens aqui o pequeno-almoço.Ela olhou e viu a bandeja com dois copos de sumo de laranja e os pães fresquinhos com manteiga.-Onde é que foste buscar o pão?-Já sai e já voltei. Fui ali ao café. -Tão querido…Ela levantou-se e foi à casa de banho. Esperei por ela e fui saboreando aqueles momentos. Sabia-me bem estar assim com ela. Sabia-me bem senti-la a dormir aninhada em mim. Sabia-me bem acordar ao lado dela. Nunca quisera estar assim ao lado de alguém, nem nunca ninguém me preenchera os pensamentos como ela o fazia. Amava-a.Tomamos o pequeno-almoço sempre rindo e brincando, e depois anunciei-lhe que teria de voltar às minhas obrigações. Embora ela insistisse para eu ficar para o almoço, a verdade é que a minha vida estava à minha espera. Tinha ensaio marcado para esse sábado à tarde.Ela vestiu-se e saímos para beber um café antes da minha partida. Depois fez questão de me levar ao carro. Aí chegados, abraçamo-nos e beijámo-nos apaixonadamente.-Dá-me um toque quando chegares, amor. Quero saber que chegaste bem.-Tá bem. Assim que chegar eu dou-te um toque.
As nossas despedidas foram longas como só o são as despedidas de alguém que não se quer separar. Depois fiquei ali a vê-la afastar-se. Continuava sem dúvida deslumbrado com ela. Mais ainda agora que ela era algo em concreto na minha vida do que antes, na altura em que ela era só uma ideia. Depois arranquei e fiz o meu carro galgar a distância que me separava de casa…
As nossas despedidas foram longas como só o são as despedidas de alguém que não se quer separar. Depois fiquei ali a vê-la afastar-se. Continuava sem dúvida deslumbrado com ela. Mais ainda agora que ela era algo em concreto na minha vida do que antes, na altura em que ela era só uma ideia. Depois arranquei e fiz o meu carro galgar a distância que me separava de casa…
Published on November 12, 2015 08:03
No comments have been added yet.