Resenha: Este é o mar de Mariana Enríquez

Mariana Enríquez é uma das principais vozes da literatura argentina contemporânea. Jornalista e escritora, sua obra mistura horror, crítica social e marginalidade urbana, sempre com uma atmosfera densa e perturbadora. Sinopse Mariana Enriquez constrói em novo livro um universo sombrio em que lendas do rock encontram fãs fanáticos e seres mitológicos Lendas do rock nunca fenecem. E tudo porque entregaram a vida às Luminosas, seres atemporais que se alimentam dos aspectos mais pungentes da devoção humana. Kurt Cobain? Lenda criada por Violeta. Sid Vicious? Gina. Jim Morrison? Marianne. No universo de Este é o mar, se tornar uma verdadeira lenda do rock envolve seres mitológicos femininos e um mundo intenso e sombrio, marcado pelo esquecimento e pelas lembranças que atravessam gerações. Helena é uma das responsáveis por manter a engrenagem do fanatismo a todo vapor, incitando os jovens fãs humanos a darem tudo de si e a consumirem seu ídolo. No entanto, não quer ser apenas uma abelha operária. Para se tornar uma Luminosa, precisa criar uma nova Lenda. Agora, tendo a morte como aliada, sua missão é eternizar James Evans, o vocalista da banda Fallen — uma árdua tarefa em meio à era da fugacidade dos desejos. Após a repercussão de As coisas que perdemos no fogo , que consagrou o estilo da autora em unir horror a aspectos do cotidiano, Este é o mar traça na esfera do mitológico os aspectos mais perturbadores e indizíveis da essência humana. Um retrato visceral da adolescência e da nossa sociedade, que reafirma Mariana Enriquez como uma das vozes mais potentes da literatura argentina contemporânea. Minha avaliação A ideia central é original e instigante: imaginar uma mitologia para a música e para o fanatismo em torno das bandas e artistas. Porém, a execução não me convenceu. A trama é desengonçada, perde ritmo e não se sustenta na própria dinâmica. Há momentos em que a narrativa soa arrastada, e em outros, dispersa, como se a história não encontrasse uma linha clara a seguir. Não sei até que ponto isso é efeito da tradução ou do texto original, mas senti que a leitura foi, em muitos trechos, difícil e até tediosa. Isso me frustrou, pois esperava mais intensidade e envolvimento, especialmente de uma autora tão poderosa em outros trabalhos. Ainda assim, não se pode negar a ousadia da proposta. O projeto de construir uma mitologia da música é criativo e sugere caminhos interessantes, ainda que, no fim, não alcance todo o impacto que poderia ter. Nota final ⭐ 2,5 de 5
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Published on October 10, 2025 02:10
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