Do 2º de crónicas (com ilustrações)

Prefácio
Os que se deram ao trabalho de ler o primeiro livro (gabo-vos a paciência…) recordam-se, por certo, que a minha vontade de revisitar os XXL Blues e as suas histórias não era nenhuma.
No entanto, o Universo diverte-se, por vezes, a conspirar para não nos dar descanso.
-Olha, vamos ao lançamento, certo? – Perguntou a minha cara-metade, assim, sem mais quê nem para quê, de repente, num dia qual-quer.
-Lançamento? – Perguntei eu, antevendo algum evento desportivo, lançamento de dar-dos, ou assim.
-Sim, o lançamento. – Afirmou ela convictamente, como se eu fizesse alguma ideia do que ela estava a falar.
-Mas quem é que vai lançar o quê aonde? – Acabei por perguntar, tentando esclarecer-me.
-Ora, não te faças de parvo! O lançamento do “Treta de Cabos”.
Revirei os olhos.
-Ah! – Respondi, voltando de novo as minhas sinapses para coisas importantes, como tentar equilibrar um ovo em pé! Já ela, não tendo obtido uma resposta categórica da minha parte (o que em si mesmo era uma resposta categórica, se bem que, uma vez que não estava de acordo com a que ela queria ter, não registou), voltou ao ataque.
-Então?
-Então o quê?
-Vamos ou não?
-Onde?
-Ao lançamento…
Devo ter feito uma expressão algo estranha, porque a dela mudou muito rapidamente.
-Mas porquê? – Acabei por perguntar.
-Bem, tanto quanto me recordo, foste tu quem escreveu o livro!
Há recordações dolorosas, que são como chagas abertas e ela, naquele momento, tinha acabado de esfregar sal nas feridas.
-Ya! – Respondi – Vai tu…
-Sr. Gil,… - pronto, estava o caldo entornado - …você quer-me dizer que faz tensões de não estar presente no lançamento do seu livro?
Mais uma vez apelo à memória dos que leram o primeiro tomo: lembram-se de eu falar nas vantagens de manter satisfeita a mulher que dorme ao nosso lado? Pois…
Duas semanas depois, por mera obrigação, lá tive de assistir ao lançamento do livro, sobretudo ao concerto de lançamento do livro, onde fui contrariado, mas tive de ir, por motivos que, entretanto, creio ter tornado óbvios.
Salvou a noite o facto de, por acaso, estarem por lá algumas pessoas inteligentes, como por exemplo, a maravilhosa CB que eles conseguiram convencer, vá-se lá saber como, a apresentar o livro!
Ainda assim, aquilo que, por si só, já não estava a ser uma noite famosa (salvo alguns momentos de excepção), estava prestes a transformar-se no início de uma verdadeira catástrofe.
Estávamos sentados a conversar coloquial-mente já depois do concerto e das apresentações quando Ninguém se volta para mim e diz:
-Pá, queria mesmo falar contigo…
-Então fala.
-Ok! Estamos a pensar em fazer uma segunda parte da “Treta de Cabos”…
A primeira coisa que me ocorreu foi perguntar “Porquê?”, mas contive-me e acabei por dizer somente:
-Acho que sim. Força.
-Ainda bem que concordas. Achamos todos que fizeste um trabalho razoável… - que simpático do lado deles; “e não pago” estive para acrescentar, mas como o risco de ser agredido com um rolo da massa quando chegasse a casa era grande, resolvi não responder - …e por isso vamos começar a dar-te as histórias para o segundo.
-Bem, … - respondi eu - …apesar de a proposta ser lisonjeira, não estou propriamente com tempo para isso. Tenho outros projectos em mãos…
-Quais? – Perguntou a minha cara-metade, com o seu sorriso a começar a transformar-se.
-Então, ando a investigar para escrever aquela cena… - respondi-lhe eu.
-Qual cena? – Perguntou ela, a ficar com um brilho maquiavélico nos olhos.
Lancei-lhe o meu olhar carregado e por esta altura já bastante mal disposto de ainda-não-te-apercebeste-que-não-estou-mesmo-nada-para-aí-virado e rosnei-lhe por entre dentes:
-A cena!
Fim de história, pelo menos para mim. Não havia mais nada a dizer.
Aparentemente, para algumas outras pessoas não o era!
-Podes sempre escrever isto enquanto andas com as tuas investigações que já duram há três anos, não achas?
Já nem me dignei a responder.
-Bem,… - Ninguém disse, com uma calma, um desplante e um sorriso no canto do lábio que tornavam óbvio que ele sabia tanto quanto eu onde é que esta conversa toda iria dar - …enquanto decidem os pormenores, toma lá isto,… - e entregou-me umas quantas folhas amarrotadas que tirou do bolso de trás das calças, cheias de rabiscos ininteligíveis - …que já ficas com material para começar. E tens to-do o tempo do mundo para fazer isto, desde que esteja pronto até ao final do verão.
E, seguidamente, antes que eu pudesse responder, retirou-se, deixando-me ali, não só com cara de parvo, mas à beira de uma crise conjugal.
Após duas semanas de reflexão profunda da minha parte (bem, não foi de reflexão, nem houve qualquer profundidade, a bem da verdade – digamos antes “após duas semanas a dormir no sofá”), lá me decidi a rever a minha posição em relação ao tomo II de “Treta de Cabos”.
É este o resultado.
Aos masoquistas que decidirem passar além deste ponto, desejo boa sorte.


C.N.Gil





I
Andemos uns bons anos para trás e aterremos no final dos anos oitenta, mais concretamente no dia quinze de Julho de mil novecentos e oitenta e nove, altura em que Ninguém usava ainda o seu penteado telhado-de-bungalow-da-serra-da-estrela e o Tolas era um Rocka-billy loiro arruivado.
Caso se estejam a perguntar o porquê de esta data, ao contrario de outras, estar tão bem gravada na memória de ambos os dois, deve-se isto ao facto de, nesse preciso dia, os Pink Floyd estarem a dar o seu concerto de Veneza.
Sendo o Tolas um membro da comunidade Rockabilly, conhecia mais pessoal que teimava em fazer as popas crescer com brilhantina. Um dos mais proeminentes membros dessa comunidade, um tipo chamado Jeff, costuma-va actuar em espectáculos de dança Rock’n’Roll, com as acrobacias típicas dos anos cinquenta.
Ora o Jeff tinha um espectáculo marcado numa discoteca de um centro comercial na Cruz de Pau e convidou o Tolas e mais Ninguém para lá irem actuar.
Decidiram o reportório em dez minutos, para tocarem meia hora, com clássicos como “Blue Suede Shoes”, “Heartbreak Hotel”, “The house of the rising sun”, “Runaway” e outras coisas do género que já costumavam tocar, fizeram dois ou três ensaios e lá foram.
Chegaram lá depois do jantar, viram o concerto de Pink Floyd na televisão da discoteca, que só abriu já perto da meia-noite, tocaram, foram “melgados” o resto da noite por um auto-intitulado jornalista que, meio (N.R. Só meio?) bêbado lhes afirmava que os tinha adorado e que lhes abriria as portas da fama internacional (algo que, por mero acaso, nunca se veio a verificar, até porque não voltaram a pôr a vista em cima do dito cujo senhor), receberam uns troquinhos e a noite acabou por ali!
E perguntam então vocês, estimadíssimos leitores, o que teve de especial este dia para ser aqui relatado?
Em primeiro lugar, foi o primeiro concerto pago que o Tolas e mais Ninguém tiveram.
Em segundo lugar, durante a tarde, tiveram de lá ir fazer o ensaio de som.
Quando lá chegaram estava o Jeff a ensaiar a coreografia com a sua partenaire. Ora, a dita partenaire era uma moça, digamos, voluptuosa, que foi para o ensaio com um vestido cai-cai. Se já viram dançar rock’n’roll ao estilo dos anos cinquenta, sabem que há por ali muito pulo e salto e o cai-cai, teimosamente, caía o que a fazia parar frequentemente para o puxar para cima antes que revelasse por in-teiro o seu (vasto) busto.
Por fim, já farta daquilo, acabou por pedir a t-shirt do Tolas emprestada, deixando o rapaz em tronco nu, para poder estar mais à vontade e deixar finalmente o cai-cai cair.
Ainda assim, tendo o cai-cai caído, a combinação de passos de dança atléticos, do efeito da gravidade e do volume (generoso) do dito busto, causava um efeito quase hipnótico que Ninguém estava a apreciar e o Tolas também.
E foi num pequeno intervalo da dança, en-quanto recuperava o fôlego que a rapariga, não tendo mais nada à mão, pegou na t-shirt e abanou-se com ela, revelando claramente o que até ali se tinha esforçado (mas não muito) por esconder, o que deixou um sorriso luminoso nas faces dos presentes.
Ela fez um sorriso maroto, ao mesmo tempo que deixava a t-shirt cair novamente, escondendo os seus altaneiros atributos, aproximou-se de ambos os dois e perguntou:
-Gostaram?
E, estando ambos bem ensaiados, como estavam, responderam em coro:
-Soube a pouco!
Foi com grande pena que constataram que à noite ela não trazia o cai-cai…



II
O dia não estava a começar bem! E não estava a começar bem logo cedo, a seguir à meia-noite, quando os vizinhos acharam que seria bom remodelar o apartamento e, como todos sabemos, não se deve deixar para o dia seguinte o que se pode fazer no próprio dia,…
…mas, caramba, pode-se esperar que o sol nasça!
Ninguém estava de cabeça torrada pela manhã quando (mais uma vez) acordou! Por esta altura, pensava ele, as paredes do apartamento ao lado deviam já estar completamente descascadas, a avaliar pela quantidade de vezes que foram usados martelos e berbequins!
Curiosamente, depois de amanhecer, as obras acabaram!
Ninguém dispôs-se a tentar descansar um pouco mas, sendo o dia do lançamento do “Treta de Cabos”, toda a gente fez menção de o chatear, pelo que o descanso foi coisa que não lhe assistiu!
Entretanto, o Peles, desempregado há já algum tempo, em linha com uma vasta parte da população do canteiro à beira mar plantado, teve de acordar a horas indecentes, precisa-mente nesse dia, porque lhe arranjaram um biscate!
Já o Gadelhas, com tudo programado ao milímetro, viu todos os seus planos gorados e acabou por sair a horas indecentes da sua ocupação profissional!
Ninguém estava bem-disposto quando se encontraram à hora marcada, no sítio do cos-tume. Felizmente a hora a que tinham de ir para o local do evento tinha sido adiada, pelo que, dos males o menos, não chegariam atrasados.
Estavam já a carregar o material quando, finalmente, o Tolas aparece esbaforido, tendo saído tarde do trabalho, em linha com os restantes companheiros!
Ninguém recebe um telefonema do Especiaria, quando já se faziam à estrada. Conseguem adivinhar o motivo? Não?
Pois, estava atrasado! Aparentemente a por-ta eléctrica da sua garagem recusava-se a cooperar com ele e não conseguia sair de casa com o carro que estava já carregado, estando levemente em pânico (mas só levemente, friso).
Felizmente que a montagem do palco decorreu sem problemas. A meio da montagem apareceu a convidada de honra da banda, a maravilhosa CB, que ia apresentar o livro (N.R. ainda estou para saber como é que a conseguiram convencer a semelhante coisa…), junto com uma amiga, a M, e vinha um bocado esbaforida por pensar que já estava atrasada, uma vez que tinha ficado presa nu-ma fila de proporções épicas à saída da praia. Ninguém acalmou-a, fazendo-lhe ver que estava mais do que a tempo e elas (ambas as duas, a CB e a M), vendo que ainda tinham tempo, resolveram ir comer qualquer coisa, visto que ainda não tinham jantado! Ninguém tinha jantado, embora os restantes elementos do Ensemble musical não, pelo que todos eles se queriam despachar para conseguir ir ferrar o dente em qualquer coisa.
Já no fim do ensaio de som, mesmo antes de tocarem duas das músicas do reportório, chega o editor, o Peras, que começou de imediato a montar o seu estaminé enquanto apreciava o “showcase” privado.
Entretanto, acabam o ensaio de som, final-mente, e todos partem rapidamente, enquanto Ninguém andava de um lado para o outro que nem uma barata tonta a tentar montar uma câmara de filmar para gravar o concerto e as apresentações. No entanto, o seu cérebro, por esta hora, após a noite mal dormida esta-va de tal forma atrofiado que conseguiu enrolar o cabo de alimentação da câmara com um cabo de microfone, verificando que a maldição da Treta de Cabos não se havia ainda dissolvido no tempo.
Após uma pequena e frustrante batalha que travou, não só consigo mesmo, mas também com os cabos que teimavam em enlear-se de maneiras estranhas e criativas, apesar de serem apenas dois, lá conseguiu montar tudo. Entretanto chegam os primeiros clientes ao bar, apanhando-o ainda no meio dessa azáfama!
Cumprimentou efusivamente as pessoas que chegaram e deixou-as entregue ao editor enquanto sai no encalço do resto da banda, entretanto desaparecida. Mas, eis que, uns cem metros depois se cruza com a CB e a M que, já recompostas da fome, estavam de volta. Ninguém inverteu a marcha e seguiu com elas, ficando os três à porta a conversar um pouco, conversa essa a que se juntou o Peras, dependurado numa das janelas do bar. Depois acabou por acompanhá-las para dentro onde continuaram em animada cavaqueira. Ninguém queria saber, ao fim ao cabo, do resto da banda, mas não ia deixar, de forma alguma, as convidadas da mesma sós e abandonadas num bar ainda quase vazio da margem sul, por mais espectacular que o mesmo fosse!
Ninguém atendeu, entretanto, um telefone-ma da colega de trabalho do tipo encarregue de debitar estas histórias (N.R. eu!), anunciando-lhe que tinha acabado de estacionar o carro e estavam ambos à porta, vindo buscá-los. Ninguém cumprimenta efusivamente a colega de trabalho. Já o cumprimento entre o marido dela (N.R. eu!!) e Ninguém foi um pouco árido, aliás, de tal forma seco que por comparação o Vale da Morte, na Califórnia, pode ser considerado um oceano! Ninguém escolta-os de volta para a mesa onde o marido da outra (N.R. eu!!!) rapidamente se entre-teve à conversa acerca de teorias maradas (N.R. teorias maradas?!?!) e cenas estranhas. Ninguém tinha pachorra para aquilo!
Entretanto chega também o Fat, fã de longa data dos XXL Blues e que tem feito questão de estar presente em tantos concertos quanto pode, fazendo também os possíveis por divulgar o trabalho da banda, que se junta naturalmente à tertúlia que entretanto se formara e Ninguém sabe que tem de encontrar o resto do seu pessoal, saído de fininho da conversa e esgueirando-se do bar para os ir procurar.
Ninguém estava preocupado, uma vez que aquela sexta-feira treze não tinha sido, até ali, espectacular, com toda a série de pequenos contratempos estúpidos que tinham aconteci-do desde bem cedo. Mas que culpa tinha ele, pensava de si para si, que os Templários tivessem sido mortos numa sexta-feira treze há buéda séculos atrás?
E eis que se cruza com o resto da banda que voltava para o bar após uma orgia de bifanas e “mines” numa colectividade próxima, onde se festejava de forma efusivamente popular o Santo António, voltando com eles para o bar e, lá chegados, espalharam-se pelos diversos grupos de pessoal que entretanto iam chegando.
O concerto correu muito bem, havendo du-as participações especiais. O Ouriço conseguiu algum tempo das suas deambulações televisivas e apareceu para se juntar a eles em palco numa interpretação de uma música dos “The Doors”, “Road House Blues”, e a X (não confundir com o X), nunca antes mencionada nestas crónicas, subiu ao palco para interpretar uma versão alternativa vegetariana da música “O teu pipi” chamada “O teu pipino”!
Entretanto, a meio do concerto, o Peras sobe ao palco para fazer a introdução à apresentação do livro, tendo bastantes dificuldades em captar a atenção dos presentes, mais interessados em “sex, drugs & rock’n’roll”.
Talvez por isso mesmo, quando em seguida a CB sobe acima do palco, vendo que tinha de tomar uma atitude drástica para captar a atenção, anuncia simplesmente:
-Se vocês não me dão atenção, eu começo a tirar a roupa!
Ninguém ficou surpreendido com esta afirmação da parte dela, receando de imediato o pior, enquanto olhava para um grupo de gajos que começavam já a salivar…
…mas, incrivelmente, eles acabaram por se portar bem e ela lá fez a apresentação…

(e muito bem feita, diga-se…
…a apresentação, claro!)




III
Era dia do concerto na inauguração da Secção Motard do Ginásio Clube de Corroios.
O Peles sai de casa e vai direito ao café onde Ninguém ia ter com ele.
À porta do café dá com o A., o organizador do concerto, para sua enorme surpresa!
-Atão, por aqui?
-Yá! A minha filha mora aqui em baixo e vim ter com ela…
-Olha quem diria…! Vou beber um café. Não queres beber nada?
-Não pá, já bebi e já tou atrasado.
-Como é que está lá aquilo?
-Pá, tá tudo fixe. Daqui a nada está pronto. Mas agora tenho mesmo de ir…
-Na boa. A gente já se vê.
-Yá! Até já.
E o A. lá se foi à sua vida, deixando o Peles a tragar a sua dose matinal de cafeína  en-quanto esperava por Ninguém.
Estava já o Peles na rua a esfumaçar-se quando Ninguém chega. Entra rapidamente para o carro, para poderem ir buscar o I e arrancam.
-Pá, o mundo é mesmo canuquinha. Sabes com quem é que eu estive ainda agora?
-Não faço ideia…
-Com o A.!
-Olha…!!!
-Yá. Parece que a filha dele mora para aqui e ele veio aqui antes de ir lá para Corroios.
-Atão mas ele disse-te alguma coisa sobre como aquilo está?
-Disse que tá quase tudo pronto, mas até saiu dali à pressa para ir para lá acabar o resto.
-Olha, fixe. Bora lá despachar então.
E despacharam-se. Daí  por cerca de meia hora estavam em Corroios. Entram no sítio, saem do carro e vão direitos ao A., que andava por ali a organizar as coisas.
O A. cumprimenta Ninguém, esticando de-pois a mão ao Peles, que o cumprimenta com um sorriso:
-Atão olá desde há bocado.
-Há bocado?!
-Sim, atão não estivemos a falar no café?
-Qual café?
-Fosga-se! Atão até me disseste  que a tua filha morava ali…
-Deves estar a confundir-me com alguém…
-Tás a gozar? Atão não nos cruzamos no café, lá no Fogueteiro esta manhã? Disseste-me que tinhas ido a casa da tua filha…
-Mas eu nem tenho ninguém de família a morar no Fogueteiro…
Ninguém ria-se daquela conversa de parvos. No entanto, apesar das negas do A., o Peles continuava a insistir que tinha estado com ele.
O mistério só foi desvendado uns dias de-pois, quando o Peles, e desta vez o Gadelhas também, se cruzam novamente com o A., no Fogueteiro…
…e descobrem que afinal não era mesmo o A., …
…mas era um gajo muito, muito, mas mesmo muito buéda parecido…




IV
Local: Ala pediátrica de um Hospital qualquer
Hora: Algures no turno da noite

A
 R, companheira de vida do Especiaria, assim que o “livródisco” saiu da gráfica, agarrou nuns quantos exemplares e levou para, literalmente, impingir aos colegas. Explicava-lhes o facto de ser um livro com um CD lá dentro…
Uma colega dela, talvez um pouco confusa, volta-se para ela e responde-lhe:
-Ó R, tudo bem, eu fico com o livro, mas só se me ofereceres o CD!
E a resposta foi imediata:
-Vendido!

***

Umas horas depois, alguém reparou no título de um dos temas do CD.
-Ó R, tá aqui uma música chamada “O teu pipi”!
-Pois está.
-É acerca do que estou a pensar?
-Ouve e depois logo vês!
A curiosidade espalhou-se e, numa hora vaga, num gabinete vago, o CD é posto a tocar e seguem de imediato para a faixa em questão!
A gargalhada foi geral!
No resto da noite, cada vez que se cruzavam nos corredores, olhavam uns para os outros e cantavam:
“Quero saber de que é que é feito o teu pi-pi…”




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Published on May 30, 2016 03:08
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