Nuno Ferreira's Blog, page 5
January 29, 2013
NO TRILHO PONTA DO ALBARNAZ-FAJÃ GRANDE
Já deixara para trás o Corvo e o Farol da Ponta do Albarnaz. Por diversas vezes, no início do trilho pensei em voltar para trás e fazê-lo com galochas no dia seguinte. Nesta altura do ano e apesar do repentino bom tempo que abençoou a Ilha das Flores no fim do mês de Novembro de 2012, os trilhos estão repletos de lama, água e pedra escorregadia.
As vacas encarregam-se em determinadas zonas de tornar os trilhos praticamente intransitáveis. Outras vezes, são árvores, quase sempre cedros do mato que caíram na última intempérie e cortam os caminhos. Outras vezes ainda, é a água das ribeiras que transborda e obriga a atravessar a corrente de água ou pedra entre pedra ou com as botas dentro de águas. Exceptuando esses pormenores mais difíceis de uma caminhada nas Flores no Inverno, tudo é resto é deslumbrante. Os coelhos atravessam-se repentinamente à nossa frente. Numa clareira são três vacas que me esperam assustadas e fogem justamente para o trilho, entre ramadas de cedro do mato. O som da água das ribeiras a despenharem-se para o mar, o chilrear dos pássaros e o rumor das ondas lá em baixo acompanha a caminhada num oceano verdejante de pastos, amontoados de cedro e a Vigia da Rocha Negra ao fundo.
As vacas encarregam-se em determinadas zonas de tornar os trilhos praticamente intransitáveis. Outras vezes, são árvores, quase sempre cedros do mato que caíram na última intempérie e cortam os caminhos. Outras vezes ainda, é a água das ribeiras que transborda e obriga a atravessar a corrente de água ou pedra entre pedra ou com as botas dentro de águas. Exceptuando esses pormenores mais difíceis de uma caminhada nas Flores no Inverno, tudo é resto é deslumbrante. Os coelhos atravessam-se repentinamente à nossa frente. Numa clareira são três vacas que me esperam assustadas e fogem justamente para o trilho, entre ramadas de cedro do mato. O som da água das ribeiras a despenharem-se para o mar, o chilrear dos pássaros e o rumor das ondas lá em baixo acompanha a caminhada num oceano verdejante de pastos, amontoados de cedro e a Vigia da Rocha Negra ao fundo.
Published on January 29, 2013 09:26
January 28, 2013
PONTA DO ALBARNAZ
O mundo parou ali, na Ponta do Albarnaz, um farol afundado em pastagens, sobranceiro às ravinas e ao canal entre as Flores e o Corvo.
Published on January 28, 2013 12:19
A CAMINHO DA PONTA DO ALBARNAZ
Published on January 28, 2013 12:10
LUÍS ALVES, DIÁCONO E DINAMIZADOR DE PONTA DELGADA
Luís Alves, professor na reforma, diácono, ex-presidente da junta de freguesia e ex-presidente da Câmara de Santa Cruz das Flores, tocador e cantador, vive ali em Ponta Delgada, uma autêntica varanda aplainada e verde sobre a Ilha do Corvo. Apesar de ter nascido numa das mais isoladas e pobres freguesias da Ilha das Flores, nunca se resignou ao destino de grande pobreza. “Ui, eramos muito pobres”, recorda Luís, que conheceu a electricidade com 19 anos graças à instalação na zona dos radares franceses.“Havia uma família em Ponta Delgada que inclusivamente vivia numa furna”. Em casa de Luís Alves viviam do que o pai, agricultor que trabalhava em terras de outros, ganhava. Tínhamos um porco, plantávamos batata doce, batata branca, milho, feijão, couves…A nossa ceia era sopas de leite com pão de milho e papas grossas de leite”. Não tinham pão de trigo. “De vez em quando alguém mais rico dava-nos um bocado. Para ter farinha, levávamos a “moenda” (o milho secado) até a um moinho de água que aqui havia”. Ainda em casa, faziam manteiga e nata para vender. “Não existia numerário naquele tempo. A nata e a manteiga era entregue ao senhor da loja (mercearia) que a vendia à fábrica de leite e trocavamo-las por géneros”. Para conseguir ganhar algum dinheiro, íam apanhar sargaço. “Apanhávamos no Sítio do Vento, aqui na freguesia, 202 degraus para baixo e 202 para cima. O meu pai vendia ao quilo. O melhor sargaço era o que vinha enxurrado, batido. Escolhíamos o melhor e sempre dava para suportar a casa”. Foi com o dinheiro que ganhou no sargaço que Luís Alves teimou em estudar. “Comecei por estudar sozinho porque não tinha estrada para ir até Santa Cruz. Depois ía até Santa Cruz e fazia três anos de cada vez. Fui ter com um senhor dos Correios e com um senhor metereologista que me ensinaram Física e Matemática. A professora primária (ensino básico) que vinha aí é que me ensinou o inglês e o francês. Fui fazendo assim, candidatando-me como aluno externo, primeiro nas Flores e depois no Faial”. A chegada dos franceses e da sua base de radares para escrutinizar os mísseis que atravessavam o Atlântico mexeu com a pequena freguesia rural de Ponta Delgada. “Tivemos electricidade em 1969, mais cedo do que noutras zonas da ilha. Muita gente trabalhou nas obras de instalação de valas e electricidade e a população beneficiou do apoio médico dado pelos franceses”. Foram os franceses que construiram a estrada que hoje liga Ponta Delgada a Santa Cruz. Durante a primeira metade do século XX, os locais ou iam a pá ou apanhavam boleia da "lancha da nata", que transportava a nata para a vila. Na época em que os franceses se instalaram em Santa Cruz das Flores já Luís Alves cantava e tocava. “Eu, a minha esposa e o meu pai tocávamos e cantávamos música regional para os franceses, no Hotel que eles tinham em Santa Cruz. Normalmente, íamos lá quando chegava o avião de abastecimento deles, o Transal. Eu tocava viola ritmo, o meu pai tocava viola e a minha esposa cantava em dueto comigo”. Os militares franceses íam buscá-los e levá-los. “Não tínhamos carro. Tive o meu primeiro carro em 1985”. Além de professor, autarca e diácono, Luís Alves foi jogador de futebol, dirigente desportivo, director da Casa do Povo local e ainda do Grupo de Folclore da Casa do Povo da Ponta Delgada das Flores. Ainda hoje, o reportório deste último, tem por base as recolhas feitas por Luís Alves.
“Andei pela freguesia a fazer recolha de temas juntos dos mais velhos”, conta. “Alguns foram trazidos de fora da ilha, como o “Vira”. No fim do século XIX, esteve a construir aqui o Farol da Ponta de Albarnaz um tal de João Figueiredo, conhecido como o João “Algarvio”. A minha avó dizia que tinha deixado algumas músicas e o “vira” era uma delas”. Foi com essas músicas recolhidas em Ponta Delgada que Luís Alves partiu para os arranjos coreográficos do grupo de folclore. “Notam-se diferenças em relação a outros reportórios porque vivíamos muito isolados mas eu acho que é a diferença de ilha para ilha e de freguesia para freguesia que faz a riqueza do folclore”. Luís Alves envolveu-se em práticamente tudo o que era a vida quotidiana e especialmente cultural de Ponta Delgada. “Fomos os primeiros a apresentar marchas de São João com letras e música minhas, celebravamosas Rondas dos Reis, a Passagem do Ano e o no Carnaval organizávamos danças de arco e espada, com um mestre e um contra-mestre vestidos à militar”. Entre 1980 e 2000, organizou uma tuna com violões, viola da terra, bandolins e violino e mantem um grupo, o “Vozes do Norte”, com mais cinco elementos. Catequista durante 35 anos e membro do coro da Igreja de Ponta Delgada, Luís Alves cursou teologia durante cinco anos e é actualmente um dos três diáconos dos Açores. “Só não posso consagrar a hóstia nem perdoar os pecados uma vez que sou casado. Meu Deus, eu às vezes não acredito na quantidade de coisas que faço ou já fiz”.
Published on January 28, 2013 11:56
NO CRUZEIRO
Este cruzeiro, construído nos anos 70 no Pico do Meio-Dia, parece suspenso sobre o casario de Ponta Delgada, perdido lá em baixo. O Corvo à minha frente, sempre ele. Dali desci directamente até às ruelas próximas à Igreja de São Pedro.
Published on January 28, 2013 10:46
ATÉ PONTA DELGADA
E de repente, passada uma cascata e mais umas tantas curvas e descidas em direcção ao mar, lá está Ponta Delgada, estendida junto a um pequeno promontório que tem a Ilha do Corvo em frente. Antes da chegada dos franceses e dos seus radares, instalados na zona, Ponta Delgada era juntamente com a Costa do Lajedo, dos lugares mais isolados das Flores.
Published on January 28, 2013 09:09
MUSGO JUNTO À ESTRADA
Published on January 28, 2013 09:02
PONTA RUIVA-PONTA DELGADA
Published on January 28, 2013 08:53
January 25, 2013
NA PONTA RUIVA
Na Ponta Ruiva, o Corvo mais uma vez a acompanhar-me os passos, peguei uma estrada de asfalto relativamente recente que liga este fim do mundo belo e pastoral à estrada principal Santa Cruz-Ponta Delgada. Como única companhia ao longo da estrada, um ou outro tractor e duas moto-quatro guiadas por jovens da zona. O ronco dos motores ouvia-se à distância de quilómetros. De vez em quando entravam dentro de pastagens, rodopiavam e voltavam à estrada. Quando me saudaram, lembrei-me que era domingo e aquela era provavelmente a sua diversão dominical.
Published on January 25, 2013 08:24
NA FAJÃ DA PONTA RUIVA
Antes dos terraços da freguesia da Ponta Ruiva decidi ainda descer ao mundo quase surreal de silêncio da Fajã da Ponta Ruiva. Apetece perguntar onde estão as pessoas que desbravaram aqueles caminhos, que mantêm ali uma outra vaca expectante e solitária, um cavalo perdido entre o mar e a falésia. Ainda procurei um acesso ao mar mas desisti no meio da vegetação da fajã, dos muros em pedra, do canavial, das bananas. Voltei pelo mesmo trilho até cá acima, à Ponta Ruiva, um punhado de casas imersas em terraços verdejantes onde não viverão mais de 50 pessoas e onde a electricidade chegou no final dos anos 80.
Published on January 25, 2013 08:18


