André Benjamim's Blog, page 56
September 14, 2013
Au Revoir, Les Enfants - filme completo e legendado
Published on September 14, 2013 20:59
Home is where your heart is...
- There's no place like home; there's no place like home; there's no place like home... (...) Oh, but anyway, Toto, we're home – home! And this is my room – and you're all here – and I'm not going to leave here ever, ever again, because I love you all! And... oh, Auntie Em, there's no place like home! - said Dorothy.
- Home is where your heart is...
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Published on September 14, 2013 14:58
Le Suicidé, de Édouard Manet
Le Suicidé (1877-1881), de Édouard Manet
A adolescência trouxe-me uma espécie de fervura ao sangue. Foi por volta dos vinte anos que desejei morrer pela primeira vez. (...)
Pensar na morte tornou-se num vício. Aliviava-me. Fazia listas de métodos, tentava perceber qual o mais eficaz e menos doloroso. Todos apresentavam desvantagens e dificuldades. Na queda havia o instante em que o corpo bate no passeio e o crânio se racha. Cortar os pulsos trazia o incómodo do sangue empapando as carpetes da sala e a certeza de morrer lentamente. O enforcamento parecia-me uma morte feia, abrupta, os enforcados morriam aos soluços, o corpo sacudido pelo estertor final, a língua de fora. Outra coisa me fazia rejeitar o enforcamento. Sabia que os enforcados perdiam o controlo do esfíncter e a ideia dos meus pais darem comigo morta, cheia de urina e fezes, envergonhava-me. Tomar comprimidos era, de longe, o melhor método, mas havia a possibilidade da falhar a dose, se não tomasse a quantidade certa corria o risco dos outros encontrarem artificialidade no meu gesto. A reflexão enfraquecia pois a minha determinação. Queria morrer, mas através de um gesto que fosse simples como beber um copo de água ou desligar um interruptor.
(...) Sentia-me naturalmente desadequada, anormal, adensava-se a minha inquietação: não só me masturbava a pensar em mulheres prostibulares como sentia esse desejo latente de morte. Muitos anos passados, habituada à natureza cíclica desse desejo, a minha iniciação no desespero parece-me caricata. Às vezes, entre soluços e lágrimas, dá-me até vontade de rir. Tudo bastante dramático, sofrido, estupidamente inconsequente. Sei agora que, assim como somos pornográficos às escondidas, somos suicidas às escondidas. A vida tem um punhado de coisas boas, mas não é como se pinta. Quase sempre é aborrecida, uma desilusão, está cheia de sofrimento, tristeza, injustiça, ruas sujas e íngremes, crianças com fome, gente silenciosa e desesperada. Como não achar a vida insuportável? Não tenho dúvidas de que a morte é desejada por muita gente e constantemente. Se houvesse um método infalível, fácil, instantâneo, limpo, haveria no mundo uma mortandade grande, talvez fosse até preciso mandar construir crematórios, valas comuns, investir na formação de coveiros, técnicos de equipamento de cremação, cangalheiros. Mas há vinte anos, precisamente há vinte anos, não tinha o discernimento de hoje, vivia na certeza da minha singularidade. Dava voltas na cama, inquieta. Quanto mais pensava no assunto mais me convencia de que a morte era o melhor que a vida tinha para me oferecer.
Texto completo no post Fervura, de ana de amsterdam.
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Published on September 14, 2013 10:05
September 13, 2013
Apenas para dizer mais uma vez: Os Idiotas, de Rui Ângelo Araújo. A publicidade é gratuita, com muito gosto.
Vê-se tanta porcaria nos tops de vendas, coisas a que chamam bestsellers - o bestseller que toda a gente vai querer ler! - não será por decoro, mas nem livro, ou romance, ou obra, lhes chamam. E encontram-se tesouros que a muito custo conseguem que se lhes imprimam 500 exemplares.
Quando se acabou o fundo de desemprego, estive em risco de considerar, sabendo que a descartaria, a hipótese de voltar a trabalhar para viver. Isso, essa abominação, seria o meu farewell, o meu adio-adieu-wiedersehen-goodbye. Mas a alternativa não era mais saudável, não a longo prazo. Fiz cálculos: havia na casa do velho conservas para dois meses - se as utilizasse como ração de combate, imaginando-me encurralado numa trincheira com as linhas de reabastecimento quebradas. Não havia cerveja, mas a água da torneira saía razoavelmente limpa e uns seis meses de facturas acumuladas ser-me-iam por certo permitidos, o neo-liberalismo ainda não tinha chegado à província. A electricidade talvez fosse cortada mais cedo, mas encontrei abundantes velas na cave, desconfio que muitas benzidas. De qualquer modo, de nada me adiantaria dessedentar-me e ser capaz de ver de noite se o estômago não fosse minimamente confortado. Cultivar o quintal, que me lembrava de ser de terra generosa, era uma ideia louca: não saberia o que fazer, mesmo que por absurdo me propusesse fazer alguma coisa. Dois meses era portanto o tempo que tinha para viver. Não precisava de um médico para fazer este diagnóstico.
Nos primeiros dias, andei a navegar pela Internet a tentar conceber uma fraude que, se não me enriquecesse, afastasse a ideia de trabalhar ou adiasse por algum tempo o fim. Mas, em definitivo, eu não era um desses nerds que também são hackers. Acabei, inesperadamente, a voltar a um blogue que não actualizava há uma data de meses.
Não sendo pago para isso, numa vida anterior eu tinha perdido um milhão de horas a escrever sobre livros que lia, imaginado uma pequena tribo de fãs a beber avidamente nas minhas palavras e a correr a comprar os livros que eu incensava ou alimentando a lareira com os que detestava. Tinha instalado um contador de acessos e, se aquilo não estava doido, havia umas centenas de imbecis que visitavam o sítio diariamente. Escrevi às editoras a pedir uma comissão e elas responderam enviando-me gratuitamente, com generosidade oportunista, livros para ler. Percebi a mensagem e passei só a escrever sobre os livros que me davam vontade de vomitar (a maioria deles, desde aí). Fossem aproveitar-se do caralho!
A certa altura, era um mito na blogosfera. Recebia dezenas de e-mails (a maior parte sedentos de sangue; uns poucos indignados com a virulência das críticas) e os jornais queriam os meus comentários a propósito disto e daquilo - mas não a minha colaboração remunerada. Mandei naturalmente foder tudo e todos. Fi-lo num post colérico e brutal (mais tarde famoso), e isso teve o condão de insuflar a aura já razoavelmente ostentada pela figura enfezada que, no blogue, aparecia como sendo a minha foto. (Roubara de um site de uma igreja evangélica americana, da sua lista de almas, a fotografia de um daqueles lunáticos barbudos, e essa imagem agora corria todos os sítios literários na Internet que se prezavam disso.)
De repente, eu era mesmo uma referência, um nome tido em conta. Uma revista literária mensal, depois de também me recusar colaboração remunerada com o habitual argumento da crise, teve a lata de me convidar para um jantar da redacção com leitores e colaboradores. Disse que sim, que ia, tinha todo o gosto, porque não, cabrões de merda. Na data marcada, fui até às imediações do restaurante e paguei a um sem-abrigo que era arrumador e moderadamente parecido com o tarado de Oklahoma que eu tinha no blogue. Sacudi-lhe um pouco o pó e disse-lhe que tudo o que tinha a fazer era aproximar-se, dar as boas-noites, exibindo a cremalheira enferrujada, e desculpar-se por ainda ter de ir arrumar o carro, voltava já. O indigente apreciou a ironia, não era estúpido e não era mau actor. (Talvez tivesse sido um, não havia critério para o tipo de pessoas que caía na rua.) Da mesa onde me tinha entretanto sentado, vi como os literatos se pareciam afinal tanto com orientais pasmados, a dispararem as suas máquinas e os seus telemóveis mais rápidos do que a sombra do Lucky Luke. Dir-se-ia ter entrado naquela sala o Bigfoot, o monstro de Loch Ness, a Scarlett Johansson de mamas ao léu. No dia seguinte não havia blogue que não partilhasse a sua fotozinha do fenómeno, moi-même (ou o meu avatar), e longas teorias sobre a minha atitude, as razões por que não lavava os dentes. Bartleby!, gritaram algumas vozes pretensiosas, contentes com a sua própria analogia de almanaque. Depois da controvésia, o mistério. Estava bem lançado. Não tardei a ser despedido do emprego, embora não houvesse nenhuma relação entre uma coisa e outra.
Rui Ângelo Araújo, n'«Os Idiotas» (pp. 14-16)
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Published on September 13, 2013 12:50
Sexta-Feira, 13
Há por aí alguém que se atreva a não comentar este post? Sexta-Feira, 13... Ah!, mas todos os dias são de azar, agora. Mas pode sempre ser pior - e macabro - e tal. Boa sexta-feira,13, a todos os supersticiosos. E os outros que se cuidem. Ou joguem no EuroMilhões.
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Published on September 13, 2013 05:05
September 12, 2013
Chegaram «Os Idiotas» de Rui Ângelo Araújo
Para quem não acredita na sua existência, aqui está a prova fotográfica. Os Idiotas existem mesmo, e chegaram hoje à morada no exílio onde por ora estou instalado, e que não vai ser revelada, por uma questão de segurança, pois os idiotas são como os zombies, se apanhamos dois ou três ainda somos capazes de dar conta do recado, mas se vêm aos magotes, que isto é uma espécie extremamente gregária, embora, paradoxalmente, anti-social, então ficamos numa situação deveras complicada...
Será uma obra realista - ou um exemplar do nonsense. Provavelmente ambas, tendo em conta o objecto aqui dissecado. Vamos lá abrir com cuidado - a idiotice é altamente contagiosa; pega-se, mesmo quando apenas se discorre sobre ela, sem ter contacto directo... A idiotice é como o eucalipto e o governo de Portugal: seca tudo à sua volta.
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Published on September 12, 2013 08:13
The Lost Choir - Mad World
A cada três segundos o mundo perde uma criança...
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Published on September 12, 2013 07:42
Café Mondego: uma antologia, de Américo Rodrigues
“Café Mondego” era um mítico café da Guarda. Foi também nome de um programa de rádio e de um blogue. Daniel Rocha fez uma criteriosa selecção dos mais importantes textos publicados naquele espaço de cidadania e literatura, que se transformou numa “referência” crítica da cidade da Guarda. Café Mondego: uma antologia é uma obra que pretende resgatar do esquecimento (ou da efemeridade) os mais valiosos textos publicadas no controverso blogue. O lançamento desta antologia terá lugar na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, no próximo dia 20 de Setembro de 2013, pelas 18 horas. O livro será apresentado por José Manuel Mota da Romana, e haverá leituras por Vasco Queiroz e Antónia Terrinha. A edição do livro e organização do evento é da Bosq-íman:os.
"Américo Rodrigues criou na blogosfera um espaço de encontro preferencial para a opinião dos cidadãos da Guarda, participando e alimentando ele próprio com a sua visão crítica e irónica (sarcástica?) a discussão de assuntos da esfera pública até então (propositadamente?) esquecidos: os jogos de favorecimento político entre famílias poderosas, a promiscuidade no jornalismo, a fraca preparação de muitos dos autarcas do concelho, as poucas oportunidades que a cidade concede aos seus jovens, etc." (...) Américo Rodrigues, como homem de muitas palavras, trouxe também para o Café Mondego a sua vocação de autor (em vários campos) e uma visão de organização cultural e citadina (que se expande até ao adjectivo nacional) que merece ser tida em conta por todos aqueles que comandam os destinos políticos do território nacional. E é esta visão construtiva de uma cidade assente na cultura e na região que esta antologia pretende trazer ao leitor, pois o autor destes textos PENSA, tal como se quer que a cidade faça, de forma livre e desobrigada o futuro de todos nós."
Daniel António Neto Rocha, in "Nota Introdutória"
Biobibliografia do autor:
Licenciado em Língua e Cultura Portuguesa (ramo científico) pela Universidade da Beira Interior e Mestre em Ciências da Fala pela Universidade de Aveiro. Foi animador cultural na Casa de Cultura da Juventude da Guarda/FAOJ (desde 1979 até 1989) e na Câmara Municipal da Guarda (desde 1989), onde coordenou o Núcleo de Animação Cultural. É, actualmente, Director do Teatro Municipal da Guarda.
É autor de “Na nuca”(1982), ”Lá fora: o segredo” (1986) “A estreia de outro gesto” (1989), “Património de afectos” (1995), “Vir ao nascedoiro e outras histórias (1996), “Instante exacto” (1997), “Despertar do funâmbulo” (2002), “O mundo dos outros”(2000), ”Até o anjo é da Guarda” (2000),“Panfleto contra a Guarda” (2002), “Uma pedra na mão” (2002), “Obra completa – revista e aumentada” (2002), “Língua de trapo”, “O mal – a incrível estória do homem-macaco-português” (2003), “A tremenda importância do kazoo na evolução da consciência humana” (2003), “O capador Do Toito” (2003), ”Escatologia” (2003), “Os nomes da terra” (2003), “A fábrica de sais de rádio do Barracão (2005), “Aorta Tocante” (2005), “O céu da boca” (2008), “escrevo risco” (2009), “Cicatriz:ando” (2009), “Acidente Poético Fatal” (2011), "A casa incendiada" (2012), "O ponto cego" (2013), entre outras obras.
Foi coordenador dos cadernos de poesia “Aquilo”, do boletim/revista “Oppidana”, da revista cultural “Praça Velha” e da colecção de cadernos “O fio da memória”.
Foi colunista de vários jornais. Foi-lhe atribuído o Prémio Gazeta de Jornalismo Regional e o Prémio Nacional de Jornalismo Regional. Foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura.
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Published on September 12, 2013 05:42
September 11, 2013
Entrevista a José Saramago, Programa «Roda Viva» (Brasil), em 1997
Publiquei aqui no blog, em Abril, a entrevista a José Saramago no programa Roda Viva (no Brasil) em 2003. Publico agora a entrevista que havia dado 6 anos antes, em 1997. Esta aquando do lançamento do romance Todos os Nomes , numa época em que ainda não era Prémio Nobel da Literatura, ganho nesse ano pelo Italiano Dario Fo.
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Published on September 11, 2013 07:57
Memory Suitcase, de Yuval Yiari
(Do post Partir, no blog a devida comédia, onde podem ver outras fotografias da série)
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Published on September 11, 2013 06:58


