André Benjamim's Blog, page 54
September 30, 2013
Fundação Francisco Manuel dos Santos: uma vergonha
Nas suas actividades, a FFMS procura pautar-se por critérios de mérito e pluralismo e compromete-se a assegurar uma rigorosa independência de vínculos políticos, partidários, religiosos e económicos.
António Barreto, Presidente do Conselho de Administração.
Fui ao site Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, um site útil para encontrar dados de outras entidades, mas todos reunidos num único local. Eis senão o meu espanto, quando constato [conforme podem ver no site, ou na imagem abaixo, de que fiz print screen] que no canto inferior direito está um contador com dois indicadores, supostamente em tempo real: Despesa pública com educação [Hoje]; e Despesa pública com saúde [Hoje]. É esta a independência de vínculos políticos, partidários, religiosos e económicos da Fundação Francisco Manuel dos Santos?! Não sou idiota, ignorante, naïf, ao ponto de pensar que sim, que a Fundação Francisco Manuel dos Santos, é independente seja do que quer que for. Só não gosto que gozem com a minha cara. O mínimo que se exige é que estejam calados. Hipócritas.
É que se tivessem também a Despesa pública com PPP, Despesa pública com juros da dívida; Despesa pública com fundações; Despesa pública com resgate a bancos; Despesa pública com contratos por ajuste directo a sociedades de advogados de amigos; etc, etc, etc, eu até me calava. Mas assim é demais. Estes tipos não têm mesmo vergonha nenhuma na cara.
Dizem eles que "No respeito pelos valores da liberdade individual, da democracia e da igualdade de oportunidades, a FFMS procura promover a participação da sociedade civil nos debates públicos sobre todas as questões relevantes para a comunidade nacional. A fundação está empenhada em estimular o pensamento e o estudo tendentes a diminuir a pobreza e a injustiça, assim como a reforçar a coesão social, tanto no plano nacional como no das comunidades locais."
Sim, sim, sim. Amén, meus senhores. Olham-se ao espelho, antes de se deitarem? Têm todos a consciência limpa, não é? Não lhe dão uso, como li um dia numa crónica do Manuel António Pina.
(Não digo com isto que a fundação não seja útil, que não tenha projectos úteis, como o próprio Pordata, etc, mas isto é uma vergonha! Isto não é independência , e a existências destes dados, ali, numa página de dados demográficos, está completamente descontextualizada.)
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Woody Allen em Portugal?
Uma tragédia, talvez, uma tragicomédia, concedo, mas uma comédia? Ainda há quem pense q'isto tem piada?
(Nas Autárquicas, como sempre, como em todas as eleições, as vitórias são brilhantes, estrondosas, magníficas, o melhor resultado de sempre, um novo paradigma que dá que pensar, um aviso para todos os partidos políticos - há outros? - as derrotas são todas relativas. Excepto as das candidaturas do Luís Filipe Menezes e do Fernando Seara, ambas derrotas pessoais - não terá sido por isso mesmo que o partido as apoiou - para lavar dali as mãos, que andam ocupadas na destruição d'isto...?)
Actualização: ISTO ! (via The Cat Scats). Novos Ciclos? Que «Novos Ciclos»?! E ISTO!
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September 28, 2013
Depois de amanhã acordamos mais perto do inferno
Inferno, quadro de um anónimo Português, circa (mais coisa menos coisa) 1520
Depois de amanhã acordamos mais perto do inferno , crónica de José Pacheco Pereira, que a julgar por este título ainda tem uma pontinha de optimismo. Eu, que não tenho pontinha de optimismo, diria que depois de amanhã acordamos num inferno com chamas mais atiçadas, torturas mais violentas, sacrifícios mais sádicos (perdão Monsieur Sade, bem sei que vossa excelência era um anjinho libertário ao pé destes inqualificáveis demónios), mentiras mais escabrosas, roubos mais descarados, vigarice mais saloia, etc, etc, etc, o etecetra repetia-se sempre três vezes, ou apenas uma, mas em Portugal é um disco riscado que gira interminavelmente, o etcetra continua, continua, continua, tortura auditiva, talvez... Mas fiquem com a crónica de José Pacheco Pereira, Depois de amanhã acordamos mais perto do inferno - quer dizer, a esta hora o correcto seria dizer Amanhã acordamos mais perto do inferno...
Amanhã vota-se nas eleições autárquicas. Apesar do enjoo que suscitam no pedantismo nacional e no engraçadismo que substituiu o debate público, foram e são particularmente interessantes. São-no pelo seu significado nacional e local, são-no pela imensa participação cívica, pelo que revelam de tendências mais profundas da vida político-partidária, com a emergência de “independentes” fortes, mas são-no acima de tudo porque mostram um fugaz retorno da política e da democracia ao país da “emergência financeira”. Durante um mês, não fomos “intervencionados”, seja por escapismo irrealista, seja por liberdade, a política soltou-se. Não é por acaso que os partidários do “estado de excepção financeira” as tratam tão mal, como à democracia.
Estas eleições foram eleições livres da troika, para a asneira e para a coisa boa, capazes de ainda manter algum espaço saudável em que o garrote vil das “inevitabilidades” não entra. Foram eleições em que o PSD e o CDS prometeram pontes e calçadas, túneis e aquedutos, livros gratuitos e medicamentos para todos, óscares de Hollywood e prémios internacionais de arquitectura, ou seja, foram eleições que ocorreram nos bons e velhos idos do esbanjamento no seu máximo esplendor. Sócrates devia sentir-se em casa, no meio dos cartazes autárquicos, Passos Coelho devia pintar a cara de preto por não conseguir convencer os seus dos méritos de empobrecer. Mas, bem pelo contrário, andou nas arruadas soterrado por círculos e círculos de guarda-costas e polícias. Estranho, não é?
Depois de amanhã, voltamos ao Portugal da troika, em pleno pós-”crise Portas”, com o fantasma da instabilidade que o “irrevogável” fez sair da lâmpada e que não volta outra vez para lá, a habitar os escritórios assépticos da Moody”s e da Fitch. O Governo está paralisado, diria eu mais uma vez, se não fosse esse o estado mais habitual. Se os portugueses soubessem como são os Conselhos de Ministros, como todo o trabalho orçamental está bloqueado pelas resistências de ministros e pela espera das decisões da troika, percebiam muito do que é o estado do país. A coisa está tão negra e tão confusa, tão desesperançada, que nem o ministro da propaganda Maduro está com força anímica para inventar mentiras eficazes.
O último produto do laboratório orwelliano governamental para responder às decisões do Tribunal Constitucional é contraditório e pífio. Por um lado, diz Portas, o essencial da “reforma laboral” passou no Tribunal Constitucional (os feriados e os dias de férias…), e o menos importante (os despedimentos sem regras, estão mesmo a ver a irrelevância…) chumbou. E logo a seguir, dito pelo mesmo, o mantra ameaçador da perplexidade dos mercados face às decisões do Tribunal. Não percebo por que razão tendo tido o Governo vencimento de causa constitucional no que era mais importante, cai o Carmo e Trindade da Comissão, do BCE e do FMI, pela parte que era menos importante… Já nem sequer se preocupam em elaborar mentiras com algum nexo.
Mas o essencial do enorme impasse em que está a governação reside na conjugação da tempestade perfeita: a “crise Portas” deitou fora a “credibilidade” de Gaspar, e é natural que assim seja porque Portas saiu “irrevogavelmente” por considerar que a política de austeridade estava esgotada e queria mostrar resultados na “economia” e pôr a troika na rua. Está-se mesmo a ver como é que esses “sinais” são lidos pelos “mercados”, até pela sua inconsequência. Portas é o directo responsável pela crise dos juros portugueses e anda por aí em campanha eleitoral a falar de “recuperação económica”. Se houver segundo resgate, como muito provavelmente haverá, de forma aberta ou encapotada, agradeçam-lhe num lugar de honra. Não é o único, bem pelo contrário, mas foi de todos aquele que mais mal fez ao país, pela futilidade da sua vaidade e do seu gigantesco ego.
O menosprezo do Presidente pelos factores políticos da crise, que levou a manter em funções o “navio-fantasma” do governo da diarquia Passos-Portas, apoiado pela opinião publicada que assume o discurso da “inevitabilidade”, pela imprensa económica e peloestablishment financeiro, assente na fraqueza de Seguro, impediu que a solução, arriscada, imperfeita, e com custos, das eleições antecipadas pudesse alterar os dados da questão e permitir mais espaço de manobra política. Conheço muita gente que nem queria ouvir falar de eleições e hoje começa a perceber que elas permitiriam alterar os dados políticos, que o actual impasse não permite.
Por tudo isto, depois de amanhã vamos acordar na antecâmara do Inferno. Pensam que estou a exagerar? Na verdade, nestes dois anos, a realidade tem sido sempre pior do que a minha mais perversa imaginação, porque as coisas são como são, tão simples como isto. E são más. A partir de amanhã, haja convulsão mansa no PSD, ou forte no PS, acabarão por milagre as pontes, túneis e medicamentos gratuitos, que ninguém fará, nem pode fazer, e vai começar o discurso puro e duro da violência social contra quem tem salários minimamente decentes, quem tem emprego no Estado, quem recebe prestações sociais, quem precisa de serviços de saúde, quem quer educar os seus filhos na universidade, quem quer viver uma vida minimamente decente, quem quer suportar uma pequena empresa, quem paga, com todas as dificuldades, a sua renda, o seu empréstimo.
O que nos vai ser dito, com toda a brutalidade, é que os nossos credores entendem que ainda não estamos suficientemente pobres para o seu critério do que deve ser Portugal. Apenas isto: vocês ganham muito mais do que deviam, não podem ser despedidos à vontade, têm mais saúde e educação do que deveriam ter, trabalham muito menos do que deviam, vivem num paraíso à custa do dinheiro que vos emprestamos e, por isso, se não mudam a bem mudam a mal. Isto será dito pelos mandantes. E isto vai ser repetido pelos mandados da troika, sob a forma de não há “alternativa” senão fazer o que eles querem. Haver há, mas nunca ninguém as quer discutir, quer quanto à saída do euro, quer quanto à distribuição desigual dos sacrifícios, de modo a deixar em paz os mecânicos de automóveis e as cabeleireiras e olhar para os que se “esquecem” de declarar milhões de euros, mas isso não se discute.
Por que é que, dois anos depois de duros sacrifícios, estamos pior do que à data do memorando, por que é que nenhum objectivo do memorando foi atingido, por que é que o Governo falhou todos os valores do défice e da dívida, porque é que o desespero é hoje maior, a impotência mais raivosa, o espaço de manobra menor, isso ninguém nos explicará do lado do poder. Vai haver um enorme atirar de culpas, à troika, do PSD ao CDS ao PS, à ingovernabilidade atávica dos portugueses, aos sindicatos comunistas, aos juízes conservadores do Tribunal Constitucional, e o ar ficará denso de palavras de raiva e impotência. Mas “vamos no bom caminho”, dirá o demónio de serviço à barca do Inferno. Depois de amanhã ouviremos essas palavras.
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September 27, 2013
Eleições Autárquicas 2013: as minhas previsões
- Terrorismo inteligente - dizia ela. - Não gosto muito da expressão, não é minha, mas talvez se adeque. No fundo, algo como as novas bombas americanas, mas sem danos colaterais. Pensa bem: se um tipo é comprovadamente corrupto e criminoso, se toda a gente sabe que ele é detestável e prejudicial para o país mas as eleições ou a Justiça não o afastam de cargos de poder, o que nos resta? Esperar que morra de velho e que não deixe descendência? Rezar para que surjam outros menos maus, talvez de geração espontânea? Porque não simplesmente afastá-lo do caminho?
(...)
- Não se trataria de infligir o medo generalizado - contou-me. - Nem sequer haveria reivindicações, seriam iniciativas anónimas, cidadãos que agiam individualmente contra o sistema corrompido em vez de se imolarem em protesto (...). Um conjunto escolhido de obituários pode ser eloquente.
Rui Ângelo Araújo, in Os Idiotas (p. 82)
As minhas previsões? Continuarão a ser eleitos tipos corruptos e criminosos, detestáveis e prejudiciais, sem qualquer cuidado com o bem-comum, sedentos de se servirem em vez de servirem. Os portugueses há muito que se reduziram a vítimas que respeitam os seus carrascos, sequestrados que se identificam com o seu raptor, súbditos sequiosos de beijar a mão aos seus suseranos.
Pouco importa a cor que dominará o mapa colorido dos municípios ao final do dia, seja rosa-alaranjado, ou laranja-rosado, com pigmentos vermelhos, ou pretos, ou azuis, ou outra cor qualquer, aqui e ali - mesmo que desbotado pela cor neutra de independentes. Baralhar para dar de novo, mas cada vez com menos cartas para distribuir: assim será até que não restem nem os ossos nem o tutano; um cheiro pestilento e nauseabundo continuará a emanar do pântano onde os portugueses se arrastam, felizes por viver.
(Texto com referências a António Guterres, ao Síndrome de Estocolmo, a Jean Paul-Sartre, a Gabriela Mistral, a Rui Ângelo Araújo, e à mesa de Sueca. Corre um frio carnal por minh' alma.../ Tão sempre a mesma, a Hora!... e a Fernando Pessoa. Pauis de roçarem ânsias pela minh' alma em ouro...)
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September 25, 2013
Maldek e Nibiru, o Planeta X, Anunnakis, Nephilins, e os Sumérios, FEMA e uma catástrofe iminente.
O planeta Nibiru, o planeta das escrituras Sumérias de onde vieram os Anunnakis, está de volta: entrou dia 24 de Setembro no nosso Sistema Solar, onde ficará até dia 11 de Julho de 2014. A FEMA prepara-se para uma catástrofe iminente, as Universidades Gregas fecham as portas, uma explosão solar que provocará uma tempestade geomagnética pior que a de 1859 pode estar prestes a acontecer, uma pequena ilha surge no Oceano Pacífico após um terramoto no Paquistão, um praticante de pesca desportiva diz ter descoberto uma pirâmide submersa entre as ilhas Terceira e de São Miguel, nos Açores.
E Maldek, o Planeta X, e os Nephilins?! Pesquisem vocês, que eu tenho que deixar-me de Herbert George Wells, & Co. Lda. Ou encontrar um abrigo. Ou isto é tudo um sonho - ou um filme de 5.ª dimensão - categoria - com a Europa no papel principal...
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Volkswagen Kombi. A «Pão de Forma». Viagem por aí, a ver o que dá.
Há um livro de Altino do Tojal, autor de que pouco ouço falar, mais conhecido pela obra « Os Putos », de que gosto muito. Intitula-se « Viagem a ver o que dá », e, se não aprendi, ao lê-lo, o nome específico de todos os sons emitidos pelos animais, deu-me imenso prazer lê-lo. Mas não é do livro, nem do autor, que quero falar aqui. É da viagem a ver o que dá. Tenho feito bastantes, não sei se a vida toda não é apenas isso mesmo, uma viagem a ver o que dá. Sonhei - sonho ainda? - um dia fazer uma viagem por aí, a ver o que dá, numa icónica Volkswagen Kombi - não, nem sequer sabia que se chamava «Kombi», para mim era apenas a «Pão de Forma». Agora chega-me a notícia que a Volkswagen Kombi vai deixar de ser produzida. Não é que tenha sonhado ter uma Volkswagen Kombi nova, na realidade sonhava ter uma para adaptar às minhas conveniências. Mas a notícia chegou-me como um eco do destino, seja lá isso o que isso for, a dizer-me que talvez seja melhor arrumar os meus sonhos nalguma gaveta do fundo de alguma secretária, ou nalguma caixa, ou arca, de alguma mansão antiga e decrépita que não possuo. Cogito que provavelmente o mundo está cheio de «ladrões» e «incompetentes» empenhados em arruinar os nossos sonhos. (Parece que os bois não gostam de ser chamados pelos nomes. Tenho que perguntar a algum tratador destes bichos se é verdade.) Quando nos resgatam disto, amigo? Olha, acho que a questão não é tanto quando é que nos resgatam disto, mas como é que conseguiremos sobreviver nisto. Lembro-me muitas vezes deste teu texto: 15 de Outubro: o Dia da Decapitação.
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September 23, 2013
António Ramos Rosa (1924 - 2013)
António Ramos Rosa
Faro, 17 de Outubro de 1924
Lisboa, 23 de Setembro de 2013
Um caminho marcado pela intensa meditação sobre a necessidade da poesia na vida do Homem, animal sempre condenado às mais ínvias e subtis formas de escravização. A poesia tem, em Ramos Rosa, essa capacidade libertadora e libertária. Neste tempo de sadismo financeiro lê-lo é fundamental.
Depoimento de António Carlos Cortez sobre António Ramos Rosa.
Os amantes imponderáveis são archotes da matéria na sua frondosa verdura
Os amantes imponderáveis são archotes da matéria na sua frondosa verdura
e através da distância perfumada cintilam como as constelações
Como é magnífica a ébria lucidez do esplendor
e como é alta elástica e incandescente essa torre vermelha
que os dois corpos formam numa coluna do universo!
Uma lua desdobra-se num grande leque branco
enquanto o fogo dança sob os arcos nas grutas efervescentes
As pálpebras fecham-se para ver melhor as linhas do cristal
da nudez revelada com os seus veios e anéis de mercúrio e ouro
Despenham-se um no outro como violentas dunas
e na vermelha colmeia da amante o tenso peixe explode
em constelações de pólen ou em arabescos de fogo
A doçura queima a seda porejante dos músculos repousados
e os corpos dilatam-se na tranquilidade de uma grande dália de água.
Poema de António Ramos Rosa, em Génese - seguido de Constelações (Roma Editora, Lisboa, 2005)
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September 22, 2013
António Lobo Antunes candidato ao Prémio Nobel da Literatura 2013?
António Lobo Antunes, por André Meireles
Tem António Lobo Antunes possibilidades de alcançar o Prémio Nobel da Literatura? Em 2013, em 2014, em 2015? Não consigo ler António Lobo Antunes - mas não conseguir ler seja quem for ou o que for, considero-o, por princípio, defeito meu - aparte as crónicas, de que gosto, e provavelmente os primeiros romances, que nunca tentei ler, pois comecei pelo meio da sua obra, se considerarmos Manual dos Inquisidores (1996) o meio, e depois de ter deixado Manual dos Inquisidores a meio, fui deixando as suas obras seguintes cada vez mais cedo, até desistir por completo quando cheguei ao Arquipélago da Insónia (2008). É verdade que os títulos ficaram cada vez mais bonitos; mas não menos verdade é serem emprestados. Do resto da obra, a que está antes e depois destas duas, apenas li os títulos. Nas críticas literárias - James Joyce, Virginia Woolf, Tchekov, Deus, e o Diabo - já todos foram convocados para se compararem a Lobo Antunes, e todos saíram derrotados do duelo de titãs, como não podia deixar de ser, pois nem sempre David vence Golias, que acertar-lhe sempre com a pedra no sítio exacto não é questão de pontaria, mas de acaso ou assistência divina - que frequentemente anda distraída noutros afazeres.
É verdade que a Ladbrokes nunca se esquece de o meter na extensa lista, com certeza para piscar o olho ao dinheiro dos Portugueses, povo que é mais dado a futebol, fado, e fátima, que a Literatura, mas como estas três excelentes razões se resumem numa, fé, é o suficiente para irem apostar em António Lobo Antunes, o que em caso de o Prémio Nobel da Literatura lhe ser atribuído, até é uma excelente aposta: por cada libra apostada recebem cem. Não é menos verdade que nos últimos anos António Lobo Antunes aparecia muito melhor colocado nesta corrida especulativa ao Nobel, isto é, cada libra apostada rendia menos em caso de ser o galardoado. Mas também não é menos verdade que quando mais apostas houver num suposto candidato, mais o valor oferecido tende a descer, e como os Portugueses andam sem dinheiro, talvez esta seja a razão porque, neste momento, nem na corrida especulativa ao Prémio Nobel da Literatura, António Lobo Antunes, se encontra bem colocado. Não esqueçam, porém, a história de David e Golias, de que falei ali atrás: não é a colocação que interessa, é a pontaria.
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Blogómetro
Infinite Gratitude, de René Magritte (1963)
Ainda que os Amantes se Percam... (verso de Dylan Thomas) alcançou o 61.º lugar entre os blogs portugueses mais visitados do Blogómetro.* Provavelmente o presságio de uma tragédia - ou o canto do cysne. Obrigado a todas as pessoas que visitam o blog - um pequeno motivo de satisfação para quem não tem mais nada que fazer; nem amantes para visitar, nem amigos para conversar (à mesa do café), nem vontade para ler ou escrever - enfim, li as obras de Herbert George Wells em pdf's gratuitos. É um desconforto tremendo ler no computador, os direitos de autor ainda nem são do domínio público - serve como desculpa ter os livros nas minhas estantes, lá no que resta da casa vazia que é o mais próximo do que posso chamar "lar"? - mas não há dinheiro para livros - a não ser que sejam urgências, como Os Idiotas , que só tem 500 exemplares, e pode esgotar. Pronto, estou sorumbático, é isso. E o sedoxil já não faz efeito, tenho que tomar alguma droga mais pesada - xanax ou prozac? Está cara a vida, está cara a vida... e não tenho nenhuma quinta para onde ir...
*Sim, eu sei que era muito mais, humm, estar na 69.º posição.
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September 21, 2013
La complainte du phoque en alaska, par Élie Dupuis
Cré-moé, cré-moé pas, quéqu' part en Alaska
Y a un phoque qui s'ennuie en maudit
Sa blonde est partie gagner sa vie
Dans un cirque aux Etats-Unis
Le phoque est tout seul, il r'garde le soleil
Qui descend doucement sur le glacier
Il pense aux Etats en pleurant tout bas
C'est comme ça quand ta blonde t'a lâché
Ça vaut pas la peine
De laisser ceux qu'on aime
Pour aller faire tourner
Des ballons sur son nez
Ça fait rire les enfants
Ça dure jamais longtemps
Ça fait plus rire personne
Quand les enfants sont grands
Quand le phoque s'ennuie, il r'garde son poil qui brille
Comme les rues de New York après la pluie
Il rêve à Chicago, à Marilyn Monroe
Il voudrait voir sa blonde faire un show
C'est rien qu'une histoire, j'peux pas m'en faire accroire
Mais des fois j'ai l'impression qu'c'est moi
Qui est assis sur la glace les deux mains dans la face
Mon amour est partie puis j'm'ennuie
Ça vaut pas la peine
De laisser ceux qu'on aime
Pour aller faire tourner
Des ballons sur son nez
Ça fait rire les enfants
Ça dure jamais longtemps
Ça fait plus rire personne
Quand les enfants sont grands
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