André Benjamim's Blog, page 36
May 5, 2014
O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha
Acabaram-se-me os livros por ler, e biblioteca é coisa a que tenho fobia - talvez um pouco menor que a fobia que tem o dinheiro à minha carteira: mal acabado de sair limpinho da bocarra gorgolejante da infernal máquina do dinheiro, foge-me logo a sete vezes setenta pés; não lhe chego a ver a cor, e se lhe sinto o cheiro só com desmesurado esforço do sentido do olfacto. Adiante. Deu-se-me uma vontade de reler Cem Anos de Solidão, mas tendo há muitos anos dado o meu livro como presente, encontro-me despido desse belo exemplar literário.O meu exemplar não tinha a árvore genealógica da família Buendía - não vi nunca nenhum exemplar com essa mal-abençoada planta - desconfio até que a rapariga que me disse que o exemplar dela tinha uma árvore genealógica o fez para encher o meu pobre coração de inveja - ou foi o meu exemplar fruto do meu malfadado azar - uma planta, mas do género geográfico era o que também ficaria bem no meu exemplar do engenhoso - isso e as ilustrações de Gustave Doré.
Tendo lido por aí que na literatura hispânica* só O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha ultrapassa em importância os Cem Anos de Solidão, botei-me a relê-lo passados cerca de quinze anos. Pensei primeiramente relê-lo na tradução dos Viscondes de Castilho e de Azevedo, pois o lera da primeira vez na tradução de Daniel Augusto Gonçalves (penso que seja o mesmo tradutor do meu exemplar de Tom Jones, de Henry Fielding) e de Arsénio Mota. A tradução de Aquilino Ribeiro, a que deitei algumas vezes os olhos folheando o exemplar da Bertrand nas livrarias nem tradução me parece. E para que estou eu a dar-lhe com isto das traduções? Para dizer, embora sabendo que dificilmente alguém me escute, que O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha está necessitado de nova, urgente, e actual tradução.
Árvore genealógica da família BuendíaAinda assim, perdoem-me o preguiçoso trocadilho, encho a pança com tanto riso com estas descabidas aventuras do engenhoso e desdentado fidalgo que anda por aí convencido da veracidade histórica dos romances de cavalaria, confundindo gigantes com moinhos, tomando castelos por vendas, e tratando donzelas como rameiras, entre outras confusões não menos paródicas.Se alguma editora se lembrar de dar às estantes das livrarias nova edição com digna tradução da linhagem do nosso nobre andante cavaleiro, seu rocim Rocinante, e do seu esguio escudeiro, que se lembre também de lhe dar o papel, o tamanho, e o tipo de letra adequado.
O meu exemplar na versão dos Viscondes tem letra lamentávelmente pequena; na tradução de Gonçalves/ Mota, em dois volumes, cada um uma parte, é um pouco maior que pequenina - a largura das páginas é que não lembra nem ao demónio: para baixar para a linha seguinte é uma desorientação.
Entretanto, na última semana, reli os sete volumes de Harry Potter, que nem só de clássicos se alimenta a fome, Macbeth, Mafalda (quatro volumes, tão actuais!), e O País do Carnaval. Depois de acabar O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha talvez me deite a David Copperfield que, para me contradizer, nunca consegui ler: chego à página trinta ou quarenta e não aguento - é um daqueles casos em que as adaptações cinematográficas me estragaram a obra.
Ou Os Três Mosqueteiros: a edição brasileira (São Paulo: 1960) é mais apetecível, tem melhor letra, embora o papel já esteja aqui e ali demasiado amarelecido, é em dois volumes, tem notas de rodapé a explicar as coisas e eu gosto muito de notas de rodapé instrutivas, a tradução parece-me melhor, têm porém por aqui e por ali algumas preguiçosas corrupções do texto original na falta de melhor termo. A tradução portuguesa é mais pesada (é num volume apenas), a letra microscópicamente pequena... D'Artagnan - o dom Quixote desse outro Rocinante, Dumas dixit. Enfim, assim tenho passado os meus dias de cão tinhoso nestes limpinhos tempos de limpa limpeza.
*Parece-me que o que queriam dizer seria mais qualquer coisa do género literatura castelhana...
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May 2, 2014
A Europa Vista pelos Portugueses...
Outras Visões:
Mapa da Europa, por Sébastien Laurent;
A Europa de Acordo com o Suíços;
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May 1, 2014
Eusébio e Mário Coluna já tiveram uma "conversazinha" com Béla Guttmann...
... e a maldição vai ser finalmente quebrada... E até a Anita vai a Turim ver o Benfica na final da Liga Europa...
Imagens: Cartoon de Eusébio e Mário Coluna; Anita.
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A Maldição de Béla Guttmann - take 8
Con el empate a cero ante la Juventus, el Benfica llega a su octava final de la Liga Europa desde la maldición del húngaro Béla Guttmann, quien auguró a los lisboetas una sequía de títulos después de hacerle campeón continental hace 52 años.
Los lisboetas jugarán la décima final europea después de ganar solo las dos primeras (Copa de Europa, 1961 y 1962) y perder las siguientes cinco finales de la máxima competición continental (1963, 65, 68, 88 y 90), una de la UEFA en 1983 y la última de Europa League ante el Chelsea el año pasado.
Desde entonces, han sobrevolado en la imaginación de los aficionados portugueses las palabras del húngaro Béla Guttmann (1899-1981), quien antes de dejar el club dijo: "El Benfica no volverá a ser campeón europeo sin mí. Me voy".
La final también servirá de ajuste de cuentas con la anterior temporada cuando el Benfica perdió en cuestión de tres semanas la Liga, la Copa de Portugal y la Liga Europa en duras derrotas decididas en los últimos minutos del partido. Este año, los lisboetas pueden resarcirse, pues ya han conquistado el campeonato con tres jornadas de antelación y están en la final de la Copa de Portugal.
El Benfica, contra la maldición de Béla Guttmann. Há oitava final europeia depois de Béla Guttmann, será desta? Eu Acardito ! que é desta que mandamos a maldição às favas!
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April 30, 2014
José Mourinho e a Liga dos Campeões
Quando em 2010 José Mourinho venceu a Liga dos Campeões por um segundo clube, Inter de Milão, depois de já haver ganho, em 2004, pelo Futebol Clube do Porto, vaticinei que se quisesse ganhar por um terceiro clube, só o conseguiria pelo Sport Lisboa e Benfica. Agora que Eusébio da Silva Ferreira já se terá reencontrado com Béla Guttmann, aquela malvada maldição provavelmente já não terá efeito (nunca confiar, nunca confiar). Para azar de José Mourinho, e se calhar do Sport Lisboa e Benfica, estamos actualmente servidos por Jorge Jesus, que - goste-se ou não - é já um dos melhores treinadores da nossa história (nossa, do Sport Lisboa e Benfica). Resta então saber quantos anos terá José Mourinho que esperar - isto é, se é que quer ganhar uma terceira Liga dos Campeões por um terceiro clube... Entretanto, não vejo razões para que o Sport Lisboa e Benfica fique à espera (entretanto, pode começar o treino na Liga Europa, e pode vencer um dia destes sem o José Mourinho... É só uma ideia...), nem encontro nenhum motivo porque Jorge Jesus não possa ser o segundo treinador a ganhar a principal competição da UEFA pelo Sport Lisboa e Benfica - bom, falando a sério, há um forte motivo que compromete sériamente tal pretensão: um tal de seu nome Michel Platini...
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Workshop Fotografia de Bolso: Nos Bolsos do Mundo - Pinhel
Realiza-se em Pinhel, nos próximos dias 10 e 17 de Maio de 2014, o Workshop de Fotografia de Bolso, nos bolsos de Pinhel , para quem pretenda explorar as potencialidades da fotografia com smartphones e tablets. Quem esteja interessado pode obter mais informações na página Nos Bolsos do Mundo.
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April 29, 2014
Vasco Graça Moura (1942-2014)
Vasco Graça Moura - fotografia de Nuno Ferreira Santos/Público(Foz do Douro, Portugal, 3 de Janeiro de 1942 - Lisboa, Portugal, 27 de Abril de 2014)
Os poemas que li de Vasco Graça Moura, bem como os romances que folheei em livrarias, nunca me despertaram interesse; parece-me mais interessante o trabalho enquanto tradutor: os Sonetos, de William Shakespeare, Rerum Vulgarium Fragmenta, de Petrarca, Fedra, Andromaca, e Berenice, de Jean Racine, O Misantropo, de Moliére, ou A Divina Comédia, de Dante Alighieri, entre outras. Comprei, para oferecer, algumas antologias organizadas por Graça Moura. Das traduções, gostaria de comprar O Misantropo, e A Divina Comédia - mas pelo facto de ter outras traduções mais antigas, nunca foram uma prioridade. Um dias destes, se ou quando sobrarem uns trocos, talvez compre os Sonetos de William Shakespeare - mas tendo em conta que me faltam outras obras mais urgentes do Bardo... Quanto a questões políticas, exceptuando a posição quanto ao "Acordo Ortográfico" (que nem sequer devia, nunca, ser uma questão política), sempre tive posições mais ou menos opostas. Até Sempre.
Post-Scriptum : Acho lamentável o eufemismo "doença prolongada" (e outros semelhantes) de muitos jornalistas; em Portugal a "doença prolongada" mata mais que a "apoplexia" nos romances de Eça de Queiroz.
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April 27, 2014
A Fraude Intelectual da Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa
«Isso foi mau para nós Brasileiros, e foi muito mau para nossos irmãos Portugueses.»
Via Contra Impugnantes.
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April 25, 2014
A Vida é Bela - Filme Completo - Post #1001
Não gosto de filmes dobrados, mas é o que se arranja. A Vida é Bela é o meu filme preferido - não sei se a vida será mesmo bela, mas o filme é. Não sabia que assunto arranjar para celebrar o post n.º 1001 neste blog - e então lembrei-me deste filme. Provavelmente já todos os meus caros leitores e queridas leitoras (ou ao contrário, tanto faz) o viram. Mas pode-se sempre ver de novo o que já foi visto. Obrigado a todas e a todos os que me visitam.
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A Poesia Está na Rua: 25 de Abril de 1974
Concorri uma única vez a um prémio literário - a falar a verdade, nem sequer fui eu que concorri. Um amigo meu devia andar apaixonado pela sua professora de Português, pois outra razão não encontrei até hoje para me chegar um dia com um pedido inusitado e urgentíssimo. Queria um poema sobre o 25 de Abril para daí a duas horas, que era pouco mais que o tempo que faltava para o prazo de inscrição. Em meia hora fiz um rascunho, em verso livre, que não supunha que se pudessem escrever poemas sobre o 25 de Abril que não fossem em verso livre, mostrei-lhe, e perguntei-lhe se algo do género daquilo o satisfazia. Arrancou-me as folhas (eram duas folhas A5, três páginas) da mão dizendo que estava bom demais, que ele jamais escreveria qualquer coisa melhor que aquilo, e mesmo aquilo era já bom demais. A professora não era burra e ia desconfiar, e como tinha que ser a professora a indicar o poema para o concurso... Protestei, mas não me devolveu as folhas. Ainda tenho que escrever isto tudo com a minha letra - não tinhas nada mais pequeno? Para minha desilusão ganhou o primeiro prémio um soneto, em segundo lugar ficaram umas quadras com a métrica quase certa, e o meu poema livre conseguiu apenas o terceiro lugar. A professora disse-me que o meu poema era o melhor, mas... disse-me o meu amigo. Suponho que o desiludido mas não tivesse nada que ver com Literatura. Após este episódio, o meu amigo, que nunca lera nada, tornou-se um leitor compulsivo. Foi ele quem primeiramente leu o meu exemplar de O Evangelho Segundo Jesus Cristo, aparição e manhã submersa depois de mim, O Ano da Morte de Ricardo Reis quando eu ia a meio e comecei a ler o Evangelho que ele me devolvera, O Memorial do Convento; sei que ainda lhe emprestei muitos outros, mas já não me recordo quais. No dia em que nos despedimos - sabíamos que provavelmente nunca mais nos voltaríamos a ver - veio ter comigo, meio envergonhado, com um exemplar de
O Principezinho
todo rabiscado. Era o único livro que tinha, mas queria que eu ficasse com ele. Não lho quis aceitar, mas ele nem sequer colocou essa hipótese. Guardo o livro com muito carinho.
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