André Benjamim's Blog, page 29
June 25, 2014
Brasil, País do Futuro, de Stefan Zweig
A Pátria - de Pedro BrunoO que é tipicamente brasileiro é hoje já bastante e vidente para não ser confundido com o que é português, muito embora o seu parentesco, a sua filiação, ainda seja perceptível. É absurdo negar essa relação. Portugal deu ao Brasil as três coisas que são de importância decisiva para a constituição dum povo, o idioma, a religião e os costumes, e com isso deu as formas segundo as quais o novo país, a nova nação, pode desenvolver-se.
Desenvolverem-se para outro conteúdo essas formas primitivas, sob outro sol e num espaço de outras dimensões e com o afluxo cada vez mais intenso de sangue estrangeiro, foi um processo inevitável, porque orgânico, processo que nenhuma autoridade régia e nenhuma organização armada poderia deter. Sobretudo a direção do pensamento das duas nações foi diferente; Portugal, como país mais velho na História, sonhava com um grande passado, que nunca mais poderia repetir-se, e o Brasil tinha e tem os olhos voltados para o futuro. A metrópole já esgotou, de maneira grandiosa, as suas possibilidades, mas a sua ex-colônia, o Brasil, ainda não atingiu inteiramente as suas. A diversidade está não tanto na estrutura étnica quanto numa diferença de gerações. Ambos os povos, hoje unidos por estreita amizade, não se tornaram estranhos um ao outro; viveram, apenas, de certo modo, separados. O sinal mais claro disso é terem ambos o mesmo idioma. Na grafia e no vocabulário, o português falado em Portugal e o falado no Brasil são ainda hoje quase inteiramente idênticos, e é preciso que o leitor conheça bem o idioma para poder dizer que a obra que tem nas mãos é dum poeta brasileiro ou dum poeta português; e, doutra parte, quase nenhum dos vocábulos da língua tupi ou da tamoia que os primeiros missionários ainda registavam, passou ao idioma português do Brasil de hoje. O brasileiro apenas fala o português de moda diferente do que o faz o lusitano, fala-o mais brasileiramente do que este, e nisso está toda a diferença; o mais curioso é que esse sotaque brasileiro permaneceu o mesmo, do norte ao sul, do leste ao oeste, num território de oito milhões e quinhentos mil quilômetros quadrados. O português e o brasileiro compreendem-se perfeitamente, pois se servem dos mesmos vocábulos, da mesma sintaxe, mas na entoação e, em parte também, já na expressão literária começam essas variantes, primitivamente mínimas, a intensificar-se mais ou menos na mesma proporção em que o inglês e o. americano do norte com o mesmo idioma de decênio para decênio se afastam um do outro como individualidades. A influência da distância de mil milhas, de outro clima, de outras condições de vida, de novas relações e novas comunidades necessariamente teve que, após quatrocentos anos, pouco a pouco se tornar perceptível, e lenta mas inevitavelmente teve que se originar no Brasil um novo tipo, um tipo étnico inteiramente específico.
Stefan Zweig, em Brasil, País do Futuro (Ensaio,1941)
Winston Churchill disse ironicamente que o Brasil é, e será, o País do Futuro. Eu penso-o literalmente. O Brasil, armado com essa espada irónica, como cavaleiro de outras cruzadas, desbravará sempre o incerto e desconhecido futuro, rindo-se das suas desventuras, continuará sempre em busca de ventura.
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June 24, 2014
Brasil 4 - 1 Camarões
(Fonte)
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Brasil vs. Uruguai
Não sei se é possível, podia ir ver, mas perdia a piada; gostava de uma final da Copa do Mundo assim.
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June 22, 2014
A Bandeira ao Contrário, Os Símbolos Nacionais e Língua Oficial, O Ultraje de Símbolos Nacionais e Regionais, Élsio Menau, Cavaco Silva...
Artigo 11.ºSímbolos nacionais e língua oficial
1. A Bandeira Nacional, símbolo da soberania da República, da independência, unidade e integridade de Portugal, é a adoptada pela República instaurada pela Revolução de 5 de Outubro de 1910.2. O Hino Nacional é A Portuguesa.3. A língua oficial é o Português.
(Constituição da República Portuguesa)
Artigo 332.º - Ultraje de símbolos nacionais e regionais
1 - Quem publicamente, por palavras, gestos ou divulgação de escrito, ou por outro meio de comunicação com o público, ultrajar a República, a Bandeira ou o Hino Nacionais, as armas ou emblemas da soberania portuguesa, ou faltar ao respeito que lhes é devido, é punido com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias.2 - Se os factos descritos no número anterior forem praticados contra as Regiões Autónomas, as Bandeiras ou Hinos Regionais, ou os emblemas da respectiva autonomia, o agente é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias.
(Código Penal, LIVRO II - Parte especial, TÍTULO V - Dos crimes contra o Estado, CAPÍTULO I - Dos crimes contra a segurança do Estado, SECÇÃO II - Dos crimes contra a realização do Estado de direito)
No país onde o seu Presidente hasteia alegremente a bandeira de pernas para o ar, um artista vai a tribunal por ultraje de símbolos nacionais e regionais. No país onde se adopta (ou adota) um acordo ortográfico que é uma ofensa à Língua Portuguesa, um artista vai a tribunal por ultraje de símbolos nacionais e regionais. No país onde governa um governo reincidentemente inconstitucional, um artista vai a tribunal por ultraje de símbolos nacionais e regionais. No país onde os culpados por uma das maiores crises económico-financeiras, de um país com quase 900 anos, recebem milhões a fundo perdido para continuarem a fazer as mesmas asneiras de sempre, e se roubam os mesmos milhões àqueles que não têm culpa nenhuma, um artista vai a tribunal por ultraje de símbolos nacionais e regionais. No país onde os mais ricos beneficiam com uma das maiores crises económico-financeiras, de um país com quase 900 anos, à custa dos mais pobres, um artista vai a tribunal por ultraje de símbolos nacionais e regionais. No país da mediocridade, mesquinhez, moralismo, paternalismo, resumindo: hipocrisia, um artista vai a tribunal por ultraje de símbolos nacionais e regionais. Se isto não é tudo muito simbólico, nem sei que mais o possa ser.
Artista algarvio Menau vai a tribunal por “enforcar” a Bandeira de Portugal.
O estranho caso de Élsio Menau.
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As Praias de Portugal - Guia do Banhista e do Viajante, de Ramalho Ortigão
Quando a Quetzal anunciou a publicação de uma nova série, de clássicos, fiquei positivamente entusiasmado. Foi um começo auspicioso, com a publicação de Anatomia da Melancolia, de Robert Burton, e Páginas Escolhidas, de Samuel Johnson; os dois primeiros títulos da colecção auguravam uma série de livros a roçar a excelência, pese embora o facto de serem apenas uma selecção, e não obras completas. Com a publicação deste As Praias de Portugal - Guia do Banhista e do Viajante, borraram a pintura e goraram as minhas fugazes esperanças. Como livro para coleccionar, é engraçado para ter nas estantes [eu mesmo tenho um exemplar de outra edição]. Como livro para ler, de Ramalho Ortigão, podiam ter publicado A Holanda, As Farpas (as que escreveu com Eça de Queiroz e as que escreveu a solo), ou O Mistério da Estrada de Sintra (com Eça de Queiroz). Não sei quanto custa, mas não vale com certeza o preço, a não ser para bibliófilos crónicos.
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June 18, 2014
O Mundial das Cervejas
A FIFA, o órgão mundial que rege o futebol, ordenou que o anfitrião da Copa do Mundo de 2014, o Brasil, vendesse cerveja em todos os locais onde houver jogo, segundo relatos da mídia na quinta-feira.
O secretário-geral Jerome Valcke disse que o governo brasileiro deve derrubar a proibição de bebidas alcoólicas no interior dos estádios, informou a BBC.
“As bebidas alcoólicas fazem parte da Copa do Mundo da FIFA, então, nós as teremos. Desculpe-me se soo um pouco arrogante, mais isso não é algo negociável”, disse Valcke aos jornalistas, segundo a emissora.
(Fonte)
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June 17, 2014
José Saramago, Levantado do Chão.
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Brasil 0-0 México
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June 16, 2014
Desmascarar a FIFA...
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June 15, 2014
Quando Dom Quixote Morreu
O encantamento de Dom QuixoteIlustração de Gustave DoréUm livro como o Quixote, que propiciou tantas ocorrências despropositadas e tantas teorias lunáticas, talvez possa suportar mais uma. E é estranho que esta não tivesse ocorrido a outros muito antes. Estou a pensar, por exemplo, em Unamuno, tão lusófilo, e parece-me recordar que, numa das suas páginas, chega a dizer algo parecido. Se não é assim, se agora tudo é fruto da minha imaginação ou da minha memória fictícia, creio modestamente que poderia ter sido uma ideia do nosso Dom Miguel de Salamanca, e ele tê-la-ia sabido desenvolver com muito mais talento do que eu. Aqui vai: A personagem de Dom Miguel de Alcalá, esse Dom Quixote que para Unamuno tinha mais valor do que o próprio Cervantes, era portuguesa. É possível que Cervantes se tivesse inspirado em qualquer dos fidalgos pobres da Mancha, mas, sem dúvida, insuflou-lhe uma alma portuguesa, que o autor conhecia muito bem através das muitas viagens que o levaram a atravessar as fronteiras de Portugal, nos anos em que o Rei Filipe cometeu o seu maior erro político, ou seja, não ter transferido de Valhadolide ou de Madrid a capital do reino para Lisboa.
Dizia o nosso José Bergamín que, após a separação dos dois reinos, os fandangos e a pólvora tinham ficado deste lado do Mediterrâneo, indo a tristeza, o fado e a melancolia para o lado do Atlântico. «Deixaram-nos esta odiosa alegria que não se pode aguentar», dizia Bergamín literalmente, «e com eles foi o doloroso sentir». Com a nossa raivosa alegria ficou também um certo realismo zombador, sarcástico e cruel. O idealismo de Cervantes acabou por ser vencido pelo tosco e interessado pragmatismo de Quevedo. Com a saudade foi-se também a nossa finura de espírito e o silêncio. Assim o silencioso (mas não mudo) Dom Quixote, só poderia ser português; tal como Sancho espanhol. Cervantes acabou por unir as duas terras e as duas almas num mesmo corpo, o do seu livro.
Deixo aqui estas considerações para quem as achar sugestivas e as queira desenvolver. Com mais uma que acrescento: em Obras são Amores, comédia de Pedro Navarrete, contemporâneo de Cervantes, uma das personagens que aparece é Dom Quixote de la Mancha, figura familiar para um público popular. Passa-se a acção numa pousada de Puerto Lápice. Logo que Dom Quixote faz a sua aparição, forma-se em seu redor uma animada assembleia de gente que o pretende enganar. Dom Quixote, que chega triste da sua derrota, não está para muitas brincadeiras e concilia toda essa algaraviada. E ele, que dissera: «sei quem sou», não hesita em começar por afirmar gravemente: «Como o Rei Dom Sebastião, / que tinha uma figura mais triste / ainda do que a minha...»E mais não digo.
Andrés Trapiello, no Prólogo à edição portuguesa de Quando Dom Quixote Morreu, Madrid, 5 de Outubro de 2008.
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