David Soares's Blog, page 41

August 30, 2013

«Lisboa Triunfante» na Noite de Literatura Europeia

No próximo dia 21 de Setembro (sábado), das 18H00 às 23H00, irá ocorrer na cidade polaca de Wroclaw uma edição do evento Noite de Literatura Europeia, na qual o público amante de literatura terá oportunidade de ouvir a leitura de excertos das obras de diversos escritores europeus, entre os quais Philippe Claudel (França), Colm Tóibin (Irlanda) e Zadie Smith (Inglaterra). Portugal estará
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Published on August 30, 2013 09:19

August 29, 2013

Os homens de aço (cirúrgico)

O número de Setembro da revista LOUD! (para a qual escrevo a crónica bimestral Consultor Funerário) é, já, uma edição histórica, em virtude da entrevista que publica nas suas páginas centrais, com Jeff Walker (vocalista e baixista) e Bill Steer (guitarrista), da banda inglesa Carcass. Estreados em 1988, com a edição do disco Reek of Putrefaction, os Carcass foram, em conjunção com os
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Published on August 29, 2013 22:12

August 27, 2013

Hoje há pirâmides

A imagem que ilustra este artigo é uma alusão humorística ao extremo de irracionalidade a que os seguidores de teorias pseudo-arqueológicas podem chegar, quando, por ennui, ingenuidade ou ignorância, substituem a sua crença numa primordial e tecnologicamente avançada civilização-matriz pela crença na intervenção de Antigos Astronautas no desenvolvimento das sociedades primitivas. Vou
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Published on August 27, 2013 21:27

August 25, 2013

Lançamento de «Palmas Para o Esquilo»

Palmas Para o Esquilo, o meu novo livro de banda desenhada, escrito por mim e desenhado por Pedro Serpa, será lançado a 14 de Setembro (sábado), às 17H00, na loja da Kingpin Books, em Lisboa (Rua Quirino da Fonseca, 16-B).



Palmas Para o Esquilo (Kingpin Books, 2013) consiste numa observação sobre a distância que existe entre a imaginação e a loucura.



Conto com a vossa presença no dia 14
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Published on August 25, 2013 16:45

August 19, 2013

Sugestões musicais

Duas sugestões musicais, em que se destacam colaborações de amigos.



O ilustrador André Coelho, que trabalhou comigo no livro É de Noite Que Faço as Perguntas (Saída de Emergência, 2011) e que está, neste momento, a desenhar Sepulturas dos Pais, uma nova banda desenhada escrita por mim que irá ser editada em 2014 pela Kingpin Books, foi o criativo responsável pelo grafismo do vídeo musical da
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Published on August 19, 2013 18:25

August 12, 2013

O segredo da arte

Desvalorize-se o que está em baixo

e nunca se verá o que poderia estar em cima.
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Published on August 12, 2013 18:17

August 9, 2013

Recordações para este fim de semana

Ontem, após obras de restauro, o Arco do Triunfo da Rua Augusta abriu, definitivamente, ao público, apelidado de novo miradouro de Lisboa. Equipado com um elevador, para auxiliar a ascenção de quem não quiser subir (ou não for capaz de subir) a estreita escadaria em caracol que dá acesso à câmara do relógio que está voltado para Norte, para a Rua Augusta, o arco promete apaixonar tanto os
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Published on August 09, 2013 17:20

August 8, 2013

Sobre eReaders #2

O escritor norte-americano Nicholas Carr (The Shallows) publicou há quatro dias no seu weblog um artigo em que divulga relatórios estatísticos actualizados sobre a venda de eBooks que comprovam o declínio desse mercado: escreve Carr que «The AAP [Association of American Publishers] findings are backed up by a remarkable new Nielsen report
indicating that worldwide e-book sales actually declined
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Published on August 08, 2013 18:17

July 29, 2013

LOUD! de Agosto nas bancas

"Primeiro de Agosto, primeiro de Inverno", diz o pregão - e o olhar lapidescente de Phil Anselmo, capaz de gelar a espinha a um senhor feudal, diz-nos que nem sequer precisamos de consultar o almanaque Borda d'Água para nos certificarmos que esta entrada no oitavo mês de 2013 não contradirá a sabedoria popular: no universo da música pesada, a atmosfera está bem abacinada, como é costume e
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Published on July 29, 2013 15:36

May 16, 2013

A Fatrasia

Hugo Ball, criador do Cabaret Voltaire, vestido com um fato dadaísta feito de cartão
Em meados da Primeira Grande Guerra, no ano de 1916, nasceu em Zurique no clube nocturno Cabaret Voltaire um movimento artístico que se internacionalizou com grande popularidade: o Dadaísmo, criação do poeta e músico romeno Tristan Tzara e do poeta alemão Hugo Ball (fundador e dono do Cabaret Voltaire). Buscando aleatoriamente o nome à palavra francesa para “cavalinho-de-balouço” (embora também possa ter originado de uma conhecida marca homónima de loção para o cabelo), o movimento artístico Dada pretendia romper com os códigos culturais e os valores da sua época, considerados culpados pelo conflito mundial, imprimindo para efeito sanatório uma receita exclusiva de exposição ao absurdo, através de obras de estética revolucionária – colagens de diversos materiais e também engenhosas fotomontagens –, mas, em principal, improvisadas interpretações de poesia e música absurdas que chocavam os espectadores. Importa reter que a premissa dadaísta mais apurada por cultores como o artista francês Marcel Duchamp e pela poetisa e artista germano-americana Elsa von Freytag-Loringhoven (a verdadeira criadora da famosa “fonte” feita com um urinol atribuída a Duchamp) foi o constante recurso ao refugo – ao lixo – para fazer arte. Foi por essa via que se criou o conceito de “descontextualização”, posteriormente adoptado pela Pop Art, pelo Surrealismo e pelo Pós-Modernismo. Porém, a noção de respigar refugo para fazer arte é mais antiga do que Tzara ou Ball talvez pensassem e esteve na génese de um famoso género literário medieval: a Fatrasia.

La Farce de Maistre Pierre PathelinO étimo de Fatrasia provém do occitano (língua medieval, falada no Sul de França e na Catalunha, derivada do latim, que esteve na origem do fenómeno trovadoresco e que possui no catalão hodierno o seu descendente directo) e consiste na palavra fatras que significa farrapo ou refugo. Nesse feitio, a Fatrasia foi um novo estilo poético que, através da reunião de referências populares (o refugo), sem sofisticação e, sobretudo, sem relação entre si (uma manta de farrapos, lá está!), apresentava histórias de forte componente absurda (por exemplo, a peça quatrocentista La Farce de Maistre Pierre Pathelin, de autor anónimo). Não eram obras moralistas, como as fábulas ou os exemplos, mas exercícios que, hoje, só podem ser baptizados de puro nonsense. Na própria província da Langue d’oc, não raro se declamavam Fatrasias musicadas, enquanto se dançava cabriolescamente com acrobacias de inspiração árabe que se aproximavam muitíssimo da breakdance contemporânea: em suma, era puro dadaísmo avant la lettre.
Breakdance medievalCreio que a Fatrasia foi, certamente, seminal para o desenvolvimento de outro género, com cujo nome rima: a Fantasia – que, até à data, não existia, fora da hegemonia mitológico-religiosa, enquanto família de narrativas auto-coerentes, algo que só se cristalizou a partir do século XVIII. O conceito de “fantasia” enquanto modo fantástico de narrar ainda não tinha, sequer, sido fixado: na Península Ibérica medieval, assim como no Norte de África e no Próximo Oriente, chamava-se fantaziiâ, que é um nome árabe, aos exercícios equestres de corrida e destreza cavaleiresca, por exemplo, não havendo relação particular nem especial entre essa palavra (que provém do étimo grego phantasia, com o significado de aparição e ilusão) e o mundo literário coevo. Contudo, a partir do século XVI já se encontram obras que, na esteira dos cânones da Fatrasia (usando temas “popularuchos” – o refugo: humor grotesco e crítica ao clero e à nobreza), se assumem, declaradamente, como autênticas Fantasias (mas mais ou menos alegóricas, não apresentando, ainda, mundos fantásticos auto-contidos), como o inaugural diptíco de François Rabelais, Pantagruel (1532) e Gargantua (1534), e os influentes Don Quixote de Miguel de Cervantes (1605 e 1615) e Gulliver’s Travels de Jonathan Swift (1726).
Gargantua, em bebé, por Gustave DoréTenho defendido que o Fantástico foi (continua a ser?) uma importante arma de contestação social, uma literatura de ruptura com o sistema, e a Fatrasia medieval contribuiu, decididamente, com a injecção do absurdo, do delírio mais desbragado que – isto é importante – não precisava de arreigar-se rigidamente às referências clássicas, nem às hagiológicas. Contribuiu, pois, com esse hibridismo característico de caldear o absurdo (o impossível) com o real, que foi redescoberto pelos dadaístas e, a partir deles, contaminou a literatura pós-moderna e até o chamado “realismo mágico”.
Mas existe outra afinidade entre a Fatrasia, a Fantasia e o Dadaísmo: a guerra.
A cruzada sangrenta que o papa Inocêncio III instigou contra os heréticos cátaros da região da Langue d’oc coincidiu com o período áureo do fenómeno trovadoresco e da Fatrasia. As reinvenções ocidentais da Fantasia ocorreram em força nos períodos subsequentes às duas Grandes Guerras. E o Dadaísmo foi uma consequência directa da frustração cultural e artística sentida durante a Primeira Grande Guerra. Vale a pena reflectir sobre estas coincidências. No fundo, o que elas nos mostram é a profunda inquietação da imaginação humana, a recusa da barbárie e do fratricídio e a busca dessa qualidade redentora, tão luminosa, que somente o sonho pode oferecer com generosidade. A verdade é que hoje, como ontem, somente a Fantasia, em tudo aquilo que ela encerra, é capaz de nos salvar.
Representação de época de um comum teatro medieval de rua, em que as peças eram improvisadas pelos actores, mas também pelo público - todos mascarados, porque o anonimato era a regra de ouro nestas interpretações vadias, feitas de canções, poemas e improvisos variados, sempre com o absurdo em mente. Dadaísmo ducentista, portanto.
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Published on May 16, 2013 11:07