Ligia Gonçalves Diniz

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Ligia Gonçalves Diniz


Born
Rio de Janeiro , Brazil

É professora da área de Literatura Comparada e Teoria Literária na Faculdade de Letras da UFMG. É doutora em Literatura pela Universidade de Brasília (UnB), com período sanduíche na Universidade de Stanford (EUA), com pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Estudos Literários (PÓS-LIT) da Faculdade de Letras da UFMG. Sua tese, Por uma impossível fenomenologia dos afetos: imaginação e presença na experiência literária, recebeu o Prêmio Capes de Tese (Linguística e Literatura) de 2017. A versão em livro, Imaginação como presença, foi lançada em 2020 pela Editora UFPR, e recebeu o prêmio de 1º lugar da Categoria Ciências Humanas da 7ª edição do Prêmio ABEU (Associação Brasileira das Editoras Universitárias). Tem experiência em teoria lit ...more

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Quotes by Ligia Gonçalves Diniz  (?)
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“A noção de sublimação, porém, é muito problemática. Aos 51 anos, Freud parecia ter deixado para trás a possibilidade de converter tesão em trabalho intelectual e reconhecia que os encontros sexuais atrapalhavam seu trabalho teórico. Em uma carta a Jung, planejou: “Quando eu houver superado completamente minha libido (no sentido comum do termo), começarei a trabalhar em uma [teoria da] ‘Vida amorosa do ser humano’”.
Freud não está falando de impotência, mas da própria falta de tesão, que surge como condição para a empreitada intelectual. Então seria preciso parar de sentir desejo para conseguir se concentrar numa obra ambiciosa? Havia ele se convencido de que apenas forças superiores o impediriam de ceder aos apelos da carne em detrimento do tempo dedicado ao espírito criativo? Tudo me soa ridiculamente despropositado: poucas coisas produzem mais tesão do que um encontro intelectual extraordinário; e, em contrapartida, sem libido (“no sentido comum do termo”), prefiro crer que não poderei mais produzir coisa nenhuma e estarei prontinha para desligar os aparelhos.”
Ligia Gonçalves Diniz, O homem não existe: Masculinidade, desejo e ficção
tags: homens

“Como feminista, naturalmente quero perceber com clareza o modo como a defesa de certos privilégios penetra insidiosamente os mais diversos discursos, inclusive o literário. Quero distinguir os valores masculinos hegemônicos daqueles universais, se é que estes existem. No entanto, como mulher formada por essa cultura, preciso admitir que sou parte dela, que não há modo objetivo de isolar minha consciência feminina de todo o resto. Em outras palavras, não só ler literatura escrita por homens mas também ler como um homem — já que tantos livros foram escritos para eles — são experiências constitutivas do modo como entendo a mim mesma e o mundo.
Para uma mulher, crescer em uma cultura predominantemente masculina significa ocupar um lugar esquisito, em que é preciso se tensionar entre sujeito e objeto. As narrativas a que somos expostas frequentemente nos esticam (ou nos dilaceram) entre duas práticas e atitudes: entre, de um lado, o gesto de calçar os sapatos de personagens e autores homens, vivendo — como leitoras, ouvintes e espectadoras — suas aventuras e desventuras, e, de outro, o movimento de nos colocarmos no nosso devido lugar, à parte desse mundo mágico ou, no caso heterossexual, na posição secundária de objetos de desejo dos sujeitos.
A diferença entre querer ser e querer ter é só aparentemente simples. Eu me lembro bem do dia em que percebi o que há no meio do caminho. Tinha uns dezessete anos e estava no corredor da Faculdade de Direito, conversando com alguns dos rapazes da turma. Um deles fez, então, alguma piada grosseira e logo me pediu desculpas por falar aquilo na frente de uma garota. Outro colega, porém, disse para ele relaxar: “A Ligia é como a gente, não tem problema”. Eu queria, sim, ser como a gente — poder fazer e ouvir piadas grosseiras etc. —, mas também queria, e muito, ser como as garotas diante de quem não se fazem piadas grosseiras. Eram elas, afinal, que eles queriam beijar.
No meu caso — uma menina nerd que gostava de submergir nos livros e no cinema, e que ouvia muito Bob Dylan e Chico Buarque —, romances, poemas, filmes e canções contribuíram bastante para eu viver esse lugar esquisito, de querer ser tanto o aventureiro que atravessa 2 mil quilômetros escondido em vagões de trem quanto a mulher fatal que faz com que ele finalmente se descuide e acabe morto. Queria ser o herói que tinha um cavalo que falava inglês e também a noiva do caubói. Ainda quero.”
Ligia Gonçalves Diniz, O homem não existe: Masculinidade, desejo e ficção
tags: homens

“Como não se lembrar da ideia que os homens gregos faziam de suas mulheres, e de como se assustavam com elas? “Mulher é a criatura que joga para o lado de fora aquilo que está dentro”, resumiu sobre isso Anne Carson, não sem criticar a virtude patriarcal do autocontrole: o que a Grécia antiga chamava de sofrósina (prudência, moderação), diz ela, Freud rebatizou de repressão (ou recalque, a depender da tradução). E encerra “The Gender of Sound” — provavelmente meu texto feminista preferido de todos os tempos — afirmando que talvez haja um modo mais generoso de encarar a virtude, a convivência e a subjetividade humanas do que em termos de uma dissociação entre o interior e o exterior.
Acho que, mais do que contato contínuo entre lábios, prazer ou gozo, porosidade ou abertura, a palavra que me parece mais pertinente quando me entendo como ser que dispõe de uma vagina é “atenção” — não ao pênis, mas ao mundo. Ainda mais eloquente, porém, do que Irigaray, Clarice ou Carson (ou eu), é uma figurinha de WhatsApp que recebi dia desses e que apresenta a imagem de um passarinho com as perninhas afastadas e os dizeres: “A periquita chega a abrir sozinha”.”
Ligia Gonçalves Diniz, O homem não existe: Masculinidade, desejo e ficção
tags: homens



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