Nuno R.'s Blog, page 79
June 18, 2023
#### #001382 - 17 de Junho de 2023
Black Mirror regressa ao ecrã. E eu à estrada.
June 17, 2023
#### #001381 - 16 de Junho de 2023
Terá sido descoberta por polinésios algures entre os anos de 800 a 1200, mais provavelmente cerca de 1200. A língua local é semelhante à língua havaiana e à lingua taitiana e também à língua mangareva antiga. As suas estátuas são homólogas à noção do sagrado noutras zonas da polinésia. Quando europeus chegaram à ilha, em 1722, foi possível comunicar com os nativos, uma vez que havia entre os que desembarcaram quem falasse uma língua da família dos idiomas polinésios. Sabe-se o que levou à quase extinção do povo que habitava a ilha, a exaustão dos recursos naturais, a introdução de espécies invasoras, como o rato-do-pacífico, o rapto de pessoas para o comércio esclavagista e também a imigração. O nome desta ilha é Rapa Nui, conhecida também como Ilha da Páscoa.
Continuamos a assistir a pseudo-documentários sobre este local. É comum ser apresentado como absolutamente misterioso, a língua desconhecida, o facto de seres humanos viverem num sítio tão remoto uma impossibilidade, as estátuas sem par que só uma tecnologia desconhecida poderia produzir, o povo já desaparecido sem rasto.
A verdade é muito mais interessante que toda a treta sensacionalista à volta desta ilha e deste povo. A verdade fala-nos de como um povo, o polinésio, viajou a remo, em catamarãs pelo maior oceano do planeta, ao longo de milhares de anos, estabeleceu rotas comerciais entre ilhas incrivelmente distantes e espalhou a sua cultura pelo Pacífico. Deveríamos celebrar estes navegadores e conhecer a sua história. Antecederam largamente os europeus. Em vez disso, contamos histórias fantasiosas de extra-terrestres antigos e de mistérios fabricados.
June 15, 2023
#### #001380 - 15 de Junho de 2023
É este o número de quilómetros da Tour Divide: 4418. Quatro mil, quatrocentos e dezoito quilómetros. Corrida que começa em Banff, Alberta no Canadá e que atravessa a Great Divide Mountain Bike Route (GDMBR) até chegar à fronteira com o México. Este ano, a recordista feminina, Lael Wilcox, partiu com o objectivo de quebrar o recorde absoluto, que é de 14 dias 16 horas e 36 minutos. 309 quilómetros por dia.
June 14, 2023
#### #001379 - 14 de Junho de 2023
Alforges, tenda, ferramentas, cantis. A bicicleta veio do mecânico e está quase preparada para os cinco dias de viagem pela costa.
June 13, 2023
#### #001378 - 13 de Junho de 2023
O tempo avança. Quando olho para trás, meço-o como o volume da minha distração. Se o observo, ansioso, desacelera. E quando, envelhecendo, estou ocupado a viver, na intensidade de existir, esvai-se da ampulheta. É quase imaterial, é apenas a memória de já ter passado.
June 12, 2023
#### #001377 - 12 de Junho de 2023
King Gizzard & The Lizard Wizard, flores de curgete, requeijão.
June 11, 2023
#### #001376 - 11 de Junho de 2023
Surf em El Salvador, domingo de preguiça, ukulele baixo.
#### #001375 - 10 de Junho de 2023
Espero os alforges da forqueta. Em breve a bicicleta terá capacidade para viagens de várias semanas a fio. Quero pedalar 871 kms até Sagres.
June 9, 2023
#### #001374 - 09 de Junho de 2023
Desde criança que não gosto de câmaras. Assim que uma objetiva me é apontada, desaparece o meu sorriso. Primeiro foi porque tinha vergonha dos meus dentes. Mas mesmo dentro de algum tempo, quando o aparelho corrigir o que em criança me envergonhava, não acredito que as coisas mudem. Não gosto de me ver em fotos ou vídeos. Há, na verdade, muito poucas fotos minhas. Em 47 anos, não sei se recolhi 47 fotos. Não me fazem falta. Para mim o gesto de fotografar é o de apontar a câmara em frente, não o de apontar o telemovel a mim mesmo. Recomeço, gosto muito de câmaras. Gosto de fotos. Principalmente aquelas em que não há vestígio das minhas trombas.
June 8, 2023
#### #001373 - 08 de Junho de 2023
Hoje houve mais um ataque, de um homem, a pessoas inocentes, incluindo crianças. Talvez terrorista, talvez louco. Mas é um homem. A violência extrema, seja dentro de portas, contra pessoas próximas, seja fora de portas, contra desconhecidos, seja em escolas e outros espaços públicos, contra pares, é muito mais comum vinda a partir de homens. Não faço ideia do que isto significa, mas é impossível ignorá-lo. Se houvesse forma de educar melhor os homens, de evitar tão exageradas expectativas de expressão masculina, em que a violência é ingrediente, talvez isso tivesse um impacto positivo. Não faço ideia. Sinto-me cansado de mim. Não tenho, hoje, paciência para as minhas insuficiências e limitações. E as notícias que me entram em casa pelo ecrã são desoladoras. Tenho vergonha do meu género, da minha cultura, deste mundo. A única solução é criar laços com pessoas de boa fé, recusar a violência, não desistir. Não há outra forma, há já demasiadas coisas a correr mal, resta-nos a mais frágil das utopias, o amor.