Nuno R.'s Blog, page 100
November 28, 2022
#### #001182 - 27 de Novembro de 2022
Chuva intensa. Pneus a levantar arcos de gotículas que os guarda-lamas interrompem. O Porto está submerso. Ainda é cedo e o início de tarde faz desejar lareira, braços acolhedores. E um banho quente para lavar do corpo o frio que a chuva encharcou.
November 26, 2022
#### #001181 - 26 de Novembro de 2022
Frio ao entardecer. Alguma lama, mas nenhuma chuva. Luz de Inverno, por-do-sol cedo. O som da bicicleta como fio condutor. O rio, Tinto. As pontes, em sucessão. A cabeça, limpa.
November 25, 2022
#### #001180 - 25 de Novembro de 2022
Um crespúsculo limpo. Nuvens e chuva que se foram. O inverno abranda, antes de voltar a acelerar. Pisco o olho a Epicuro.
#### #001179 - 24 de Novembro de 2022
Manhã de nevoeiro espesso mas o sol encontra forma de passar, o brilho atinge os vidros dos carros, as janelas das casas.
November 24, 2022
#### #001178 - 23 de Novembro de 2022
Talvez seja amor. Um amor desigual, desnivelado. De alguém que só recebe de quem não pode sequer retribuir. Leio Ricardo Araújo Pereira, escuto o Gregório Duvivier e não é bem admiração este afecto enorme que lhes tenho. O intelecto de uma pessoa que me faz rir mexe comigo. Talvez seja uma espécie de amor, menor, o que sinto por pessoas assim, que me fazem rir e tocam em pontos que às vezes, sem a devida gargalhada, doem muito. Não é bem devoção, é uma espécie de gratidão, como a sensação no final de um concerto muito bom. Mas é um sentimento que fica e que é activado a cada contacto com estes humoristas. Neal Brennan faz-me rir com a sua, com a minha depressão. James Acaster assume a sua, talvez a minha, personagem de trengo alienado. Sarah Silverman assinala-me as fraturas que o preconceito e o sexismo abrem na personalidade, na interação com o mundo e os outros. Duvivier fala de 10 livros importantes para si, onde se incluem o Caderno de Memórias Coloniais, da Isabela Figueiredo e o The Dawn of Everything dos dois Davids e há uma felicidade como a de descobrir que uma pessoa amada tem bom gosto nos livros ou na música. É uma afinidade quase amorosa. Sentimento de uma só direção. Sou, no máximo, parte dessa massa anónima chamada público. Semelhante ao anónimo Leitor que paira durante a escrita de um livro. Da consciência dessa interação depende o trabalho do humorista e o do escritor também. Mas o humorista, sobretudo o do stand-up comedy, costuma atuar no instante, na presença, na empatia. Desperta paixões, mexe em feridas como quem cura e faz despertar esta forma de amor, esta gratidão de quem se aceita melhor ou simplesmente reconheceu outro ser humano, na dor e no riso.
#### #001177 - 22 de Novembro de 2022
Não me saberia defender numa rede social. Posts como alvos, dopamina e validação em ciclos sôfregos. Um avatar do tamanho de um leviatã, com o karma e o desejo, a frustração e o sonho todos do mundo, espremidos numa timeline. Não teria jeito, apetência nenhuma me resta. Os primeiros anos deste século passei-os em blogues e no email, quando estava online. Antes de a já existente aceleração se ter tonado numa vertigem. Agora compete-se pela atenção dos polegares. Uma imagem, um meme tem de ter impacto no primeiro segundo. Essa reação, esse impulso, entre a compulsão e o tédio, é efémera. Mas fica o alvo, o post, o texto, a imagem, com um registo de comentários, likes, retweets. O valor semântico da nossa presença humana online é vampirizado por algoritmos tão potentes como ignorantes. E, desprovidos de melhores ferramentas de empatia e compreensão, reagimos, como quem agride ou despreza. Quero-me longe. Não tenho jeito para isto. Sou um mau alvo, um péssimo atirador. Gosto do silêncio de um texto, do calor de um abraço, do som do riso.
November 21, 2022
#### #001176 - 21 de Novembro de 2022
Um livro acontece oculto. Escrevê-lo é acto solitário. Quando se revela aos leitores, está já pronto a tornar-se outra coisa, que ainda não existe.
#### #001175 - 20 de Novembro de 2022
Noite que chega com chuva generosa. Banho quente a fazer esquecer a roupa encharcada. Retomo o Middlegame, da Seanan McGuire.
#### #001174 - 19 de Novembro de 2022
Insónia que me leva a terminar o maravilhoso The Dawn of Everything.
#### #001173 – 18 de Novembro de 2022
Chuva intermitente. Sexta-feira invernosa. Aconchego e mimo.