Sangue Novo Quotes

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Sangue Novo: Uma Antologia Sangue Novo: Uma Antologia by Pedro Lucas Martins
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“Como é mágica a roupa, na forma como nos recebe e guarda os nossos cheiros e a nossa forma. Como quando os nossos familiares, amigos e amantes morrem e as roupas se quedam em armários e gavetas, retendo os seus gestos e providenciando conforto e repulsa, a vida tocada pela morte. As roupas recebem a marca humana.”
Vanessa Barroca dos Reis, Sangue Novo: Uma Antologia
“Debaixo da mesa onde fixava o olhar, Helena reparou que algo se mexia, algo pequeno. Apercebeu-se de que era a forma de um cão, igual à do beagle que vira lá fora, agora com o que parecia ser uma linha vermelha a contorná-lo. O cão aproximou-se da senhora que continuava a ler. Parecia que mais ninguém reparava nele. O pai acabara de limpar a mesa e tinha saído da sala. A mulher não tirava os olhos do livro. Naquele momento, o beagle estava já suficientemente perto das pernas dela para conseguir mordê-la.
Helena sentiu o impulso de a avisar e levantou-se, mas não foi a tempo de falar. Ficou petrificada enquanto via o que estava a acontecer.
O cão tinha chegado perto da mulher, mas não a mordeu. Como se já estivesse nos seus planos desde que saíra de baixo da mesa do fundo, lambeu-lhe demoradamente a perna. Depois, ainda com a língua colada à perna da senhora, a forma de beagle começou a dissipar-se, a tornar-se numa sombra sem forma, e a crescer.”
Madalena Feliciano Santos, Sangue Novo: Uma Antologia