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Jack e Al se tornaram amigos de forma completamente natural e acidental: nos muitos eventos da escola, eles eram sempre as duas pessoas mais embriagadas.
encontrava Wendy e o bebê adormecidos no sofá, Danny sempre aconchegado na mãe, com a mãozinha dobrada embaixo do queixo dela. Jack olhava para os dois e a repulsa por si mesmo subia em sua garganta como uma onda amarga,
Era para esses momentos que a mente dele se voltava, pensativa e sensata, para o revólver, ou a corda, ou a lâmina de barbear.
Bom dia, rapazes, hoje o Monstro de Olhos Vermelhos vai lhes contar como Longfellow perdeu a mulher em um incêndio.
Apenas um gole para levantar e dar aos fatos sua real perspectiva…
— Danny sonhou que você havia sofrido um acidente de carro — Wendy falou abruptamente.
Jack estava consciente de que havia aposentado a bebida, mas sabia que não seria para sempre.
Em seguida, George Hatfield. Perdera o controle novamente, dessa vez totalmente sóbrio.
Por que ela estava durante a noite no meio de uma estrada seria sempre um mistério para eles, e talvez devesse ficar assim.
(Sonhei que você tinha me machucado, papai.)
Isso faz bem a ela, Wendy, pois ela pode continuar fazendo de conta que a culpa foi sua. Mas não faz bem a você.
O casamento. O pai estava presente. A mãe, não. Descobriu que poderia conviver com isso, desde que tivesse Jack. Depois veio Danny, o filho maravilhoso.
Danny estimulou uma reconciliação entre ela e a mãe, uma reconciliação sempre tensa e nunca feliz, mas, ainda assim, uma reconciliação.
Nunca dizia as coisas abertamente, mas por meio de indiretas: era o preço que tinha que pagar (talvez para sempre) pela reconciliação… a sensação de não ser uma boa mãe.
Pensara na mãe durante quase todo o período de cinco horas em que Jack passara fora, na profecia da mãe, de que o marido nunca seria alguém.
Estaria Wendy segurando o marido da forma correta? Por que ele extravasava sua alegria fora de casa?
Sonhava, nas noites longas em que Jack não estava em casa, e os sonhos eram sempre sobre o rosto da mãe e o próprio casamento.
Wendy nunca imaginara que pudesse haver tanta dor em uma vida quando não há nada de errado fisicamente.
Às vezes, quando se sentia ela mesma, imaginava como seria para Danny e temia o dia em que ele já estivesse crescido o bastante para culpá-los.
A visão era cruel, mas clara: o marido era um alcoólatra.
Repetia para si mesma que já havia tolerado a tarefa árdua de seu casamento até onde fora possível. Agora tinha que acabar com isso.
Faria tudo da forma menos dolorosa possível. Mas tinha que ter um fim.
O divórcio voltou para a gaveta e não foi votado.
Jack parecia um homem que dobrara a esquina e encontrara um monstro inesperado, à espreita, agachado em meio aos ossos daqueles que havia matado.
Se Wendy tinha a sensação de que não conhecia o marido, tinha então pavor do próprio filho… pavor no sentido mais estrito da palavra: uma espécie de medo supersticioso, indefinido.
Ele não tem rosto!
O saco amniótico que o envolvia estava agora em um vidrinho que ela guardava, quase envergonhada.
Não acreditava em historinhas de comadres, mas, desde o início, o menino fora diferente.
Que Deus a perdoasse, mas procurava por alguma notícia do tipo “atropelamento e fuga” ou uma briga de bar que tivesse resultado em ferimentos graves ou… quem sabe? Quem queria saber?
filho era “o queridinho” de Jack desde o início. Assim como ela mesma havia sido a queridinha do pai desde o início.
Danny amava a mãe, mas era o garotinho do papai.
Algumas vezes sua determinação em, pelo menos, discutir o assunto com Jack se desfazia, não por fraqueza, mas por causa do empenho do filho.
sentia que os três formavam um só corpo… e, se a trindade fosse desfeita, não o seria por nenhum deles, mas por algum fator externo.
Adorava quando estavam juntos e pedia a deus que o emprego de zelador do hotel, que Al arranjou para Jack, fosse o reinício dos bons tempos.
na qual uma palavra desastrosa flamejava: REDRUM.
Danny estava mais otimista; se papai acreditava que o fusca aguentaria esta última viagem, então provavelmente aguentaria.
Eram montanhas belíssimas, mas duras. Não achava que pudessem perdoar muitos erros. Um pressentimento triste brotou em sua garganta.
Ao centro, contemplando tudo, o hotel. O Overlook.
O lugar sobre o qual Tony o havia alertado. Era ali. Seja lá o que REDRUM fosse, estaria ali.
Danny era o tipo de criança que cativava até mesmo os adultos que odiavam crianças.
Pela primeira vez, permitiu-se acreditar que aquilo era exatamente o que os três precisavam: uma temporada juntos, longe do mundo, uma espécie de lua de mel em família.
Seria bom que ele gostasse tanto dali quanto ela gostava, e repetia a si próprio que nem sempre o que Tony dizia se realizava.
Porque estavam felizes, riam, e não tinham maus pensamentos.
Estava contente por mamãe e papai estarem felizes e se amando, mas não podia ignorar sua preocupação. Não podia.
— E foi um prazer. Como é, moça, você é Winnie ou Freddie? — Sou Wendy — ela respondeu, sorrindo.
Estariam plantados no deserto deste grande hotel, se alimentando com o que havia no estoque, como personagens de uma fábula, ouvindo o vento amargo no telhado coberto de neve.
(Tem certeza de que não quer ir para a Flórida comigo, velhinho?)
— Sr. Hallorann — Danny respondeu com uma risadinha. — Dick, para os amigos. — Isso mesmo! E, sendo meu amigo, você pode me chamar de Dick.