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Deve ser um empreendedor de si mesmo. Assim,
se desvincula da negatividade das ordens do outro. Mas essa liberdade do outro não só lhe proporciona emancipação e libertação.
experiência, encontramos o outro.
Esses encontros são transformadores sim, nos modificam.
Vive constantemente num sentimento de carência e de culpa. E
histeria é uma doença psíquica típica da sociedade disciplinar, na qual se estabeleceu também a psicanálise. Ela pressupõe a negatividade da repressão, que leva à formação do inconsciente.
caráter contém em si a história da repressão. Reflete
Enquanto a pessoa histérica apresenta uma morfologia característica, a pessoa depressiva não tem forma, sim, é amorfa. Ele é um homem sem características.
muitos amigos que alguém tem no facebook, para Schmitt, seriam uma indicação de falta de caráter e falta de forma do ego pós-moderno.
Como acentua Freud, o inconsciente e a repressão são em “grande medida correlativos”.
Mas nas doenças psíquicas de hoje, tais como depressão, burnout, déficit de atenção ou síndrome de hiperatividade, ao contrário, não se vê a influência do processo de repressão e do processo de negação.
depressão não é consequência da repressão, que é exercida por essas instâncias de domínio como superego.
A sociedade do desempenho atual, com sua ideia de liberdade e desregulamentação, está trabalhando intensamente no desmonte de barreiras e proibições, que perfazem a sociedade disciplinar.
“caso Schreber” é um caso típico daquela sociedade disciplinar do século XIX, onde reinava uma proibição estrita da homossexualidade; sim, do prazer como tal.
O responsável pela depressão, na qual acaba desembocando o burnout, é antes de mais nada a autorrelação sobre-exaltada, sobremodulada, narcisista, que acaba adotando traços depressivos.
sujeito de desempenho esgotado, depressivo está, de certo modo, desgastado consigo mesmo.
O mundo digital é pobre em alteridade e em sua resistência.
depressão todas as ligações e relacionamentos se rompem, também a ligação para consigo mesmo.
depressão, ao contrário, se vê cindida de toda e qualquer relação e “elo de ligação”.
ego pós-moderno emprega grande parte de sua energia da libido para si mesmo.
“alegria” que se encontra nas redes sociais de relacionamento tem sobretudo a função de elevar o sentimento próprio narcísico.
Ela forma uma massa de aplausos que dá atenção ao ego exposto ao modo de uma mercadoria.
Nietzsche, se transformou realmente em massa. Segundo essa concepção, o depressivo é a pessoa esgotada por sua soberania, que portanto já não tem mais força em ser senhor de si mesmo.
Como a histeria ou o luto, a melancolia é um fenômeno da negatividade, enquanto que a depressão tem a ver com um excesso de positividade.
linha da psicologia e da patologia do si-mesmo e não percebe a influência do contexto econômico. O burnout, que em geral precede a depressão, não remete tanto àquele indivíduo soberano, ao qual falta a força para “ser senhor de si mesmo”.
A cura para isso consiste em reconhecer, ou seja, esclarecer propriamente na consciência que há um conflito intrapsíquico.
Mas o modelo de conflito pressupõe a negatividade da repressão e da negação. Por isso, hoje já não pode ser empregado para explicar a depressão, à qual falta totalmente a negatividade.
Ultrapassando a tese de Ehrenberg, há que se admitir que o sujeito do desempenho não aceita sentimentos negativos, o que acabaria se condensando e formando um conflito.
É muito mais simples lançar mão de antidepressivos que voltam a restabelecer o sujeito funcional e capaz de desempenho.
Essa autocoação, que se apresenta como liberdade, acaba sendo fatal para ele. O burnout é o resultado da concorrência absoluta.
desempenho o superego acaba se positivando no eu-ideal. O superego é repressivo. Pronuncia acima de tudo proibições.
O sujeito de desempenho projeta a si mesmo na linha do eu-ideal, enquanto que o sujeito de obediência se submete ao superego.
projetar-se do eu-ideal, ao contrário, é explicado como um ato de liberdade.
Do fosso que se abre então entre o eu real e o eu-ideal, acaba surgindo uma autoagressividade.
O sujeito de desempenho pós-moderno não está submisso a ninguém. Propriamente falando, não é mais sujeito, uma vez que esse conceito se caracteriza pe...
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O sujeito de desempenho explora a si mesmo, até consumir-se completamente (burnout).
Ele desenvolve nesse processo uma autoagressividade, que não raro se agudiza e desemboca num suicídio. O
Frente ao eu-ideal, o eu real aparece como fracassado, acossado por suas autorreprimendas.
enredada em coações autodestrutivas. É assim que doenças psíquicas como o burnout ou a depressão, que são as enfermidades centrais do século XXI, apresentam todas elas um traço altamente agressivo a si mesmo.
gente faz violência a si mesmo e explora a si mesmo. Em lugar da violência causada por um fator externo, entra a violência autogerada, que é mais fatal do que aquela,
“fenômeno originário da política” é o anátema, que produz a “vida desnuda do homo sacer”.
Ele é o explorador e ao mesmo tempo o explorado, o algoz e a vítima, o senhor e o escravo.
Assim homo liber mostra ser homo sacer. Numa lógica paradoxal, também na sociedade do desempenho, soberano e homo sacer acabam condicionando mutuamente seu surgimento.
Ehrenberg não reconhece as relações de dominação neoliberal, que transforma aquele homem soberano, aquele que é o empreendedor de si mesmo, num escravo de si mesmo.
economia capitalista absolutiza a sobrevivência. Ela se nutre da ilusão de que mais capital gera mais vida, que gera mais capacidade para viver.
que são absolutamente impassíveis de serem mortos. Sua vida equipara-se à de mortos-vivos. Estão por demais vivos, para morrer, e por demais mortos para viver.
Por toda parte onde trabalhamos e produzimos não estamos junto aos deuses nem tampouco somos divinos. Os deuses nada produzem. Eles tampouco trabalham.
Hoje em dia o tempo de celebração desapareceu totalmente em prol do tempo do trabalho, que acabou se tornando totalitário.
a temporalidade da própria sociedade atual que perde contato com tudo que é vinculativo, com tudo que estabelece laços.