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Se tomarmos a palavra milagre em sua acepção etimológica, no sentido de coisa admirável, teremos milagres incessantemente sob as vistas. Aspiramo-los no ar e os calcamos com os pés, porque tudo é milagre na natureza.
Querem dar ao povo, aos ignorantes, aos pobres de espírito uma ideia do poder de Deus? Mostrem-no na sabedoria infinita que preside a tudo, no admirável organismo de tudo o que vive, na frutificação das plantas, na apropriação de todas as partes de cada ser às suas necessidades, de acordo com o meio onde ele é posto a viver. Mostrem-lhes a ação de Deus na vergôntea de um arbusto, na flor que desabrocha, no Sol que tudo vivifica. Mostrem-lhes a sua bondade na solicitude que dispensa a todas as criaturas, por mais ínfimas que sejam, a sua previdência, na razão de ser de todas as coisas, entre as
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O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da natureza.
Como princípio elementar do universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o estado normal primitivo, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certo modo, consecutivo ao primeiro.
os chamados fenômenos materiais, são da alçada da Ciência propriamente dita; os outros, qualificados de fenômenos espirituais ou psíquicos, porque se ligam de modo especial à existência dos Espíritos, cabem nas atribuições do Espiritismo. Como, porém, a vida espiritual e a vida corporal se acham em contato incessante, os fenômenos das duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente.
esses fluidos têm para os Espíritos, que também são fluídicos, uma aparência tão material quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados e são, para eles, o que são para nós as substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes.
O ponto de partida do fluido universal é o grau de pureza absoluta, da qual nada nos pode dar ideia; o ponto oposto é a sua transformação em matéria tangível. Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos aproximadas de um e de outro.
Os fluidos mais próximos da materialidade, os menos puros, conseguintemente, compõem o que se pode chamar a atmosfera espiritual da Terra. É desse meio, onde igualmente vários são os graus de pureza, que os Espíritos encarnados e desencarnados deste planeta haurem os elementos necessários à economia de suas existências.
Quanto menos material é a vida neles, tanto menos afinidade têm os fluidos espirituais com a matéria propriamente dita.
são a matéria do mundo espiritual, razão por que são chamados fluidos espirituais.
Ainda não conhecemos senão as fronteiras do mundo invisível; o futuro, sem dúvida, nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que para nós ainda é mistério.
O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos produtos mais importantes do fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma. Já vimos que também o corpo carnal tem seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, pois o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm, pois, origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes.
Os Espíritos extraem o seu perispírito do meio em que se encontram, isto é, eles formam esse envoltório a partir dos fluidos ambientes.
Deixando a Terra, o Espírito aí abandona o seu envoltório fluídico e toma outro apropriado ao mundo onde vai habitar.
A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito.
Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel-prazer e, por conseguinte, não podem passar, à vontade, de um mundo para outro. O envoltório fluídico de alguns deles, se bem que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, é ainda pesado demais, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio.
Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores e, até, encarnar neles.
Tais Espíritos trazem consigo, não o envoltório, mas a lembrança intuitiva das regiões de onde vieram e que veem em pensamento. São videntes entre cegos.
A camada de fluidos espirituais que envolvem a Terra pode ser comparada às camadas inferiores da atmosfera, mais pesadas, mais compactas, menos puras do que as camadas superiores. Esses fluidos não são homogêneos; são uma mistura de moléculas de diversas qualidades, entre as quais necessariamente se encontram as moléculas elementares que lhes formam a base, porém mais ou menos alteradas.
conforme o Espírito seja mais ou menos depurado, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna.
constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda.
o envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnando excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que o dos naturais11 desse mundo.
O fluido etéreo está para as necessidades do Espírito, como a atmosfera está para as necessidades dos encarnados.
os Espíritos inferiores não podem suportar o brilho e a impressão dos fluidos mais etéreos. Não morreriam no meio desses fluidos, porque o Espírito não morre, mas uma força instintiva os mantém afastados dali, como a criatura terrena se afasta de um fogo muito ardente ou de uma luz muito deslumbrante.
tudo no universo se liga, tudo se encadeia; tudo se acha submetido à grande e harmoniosa lei de unidade, desde a mais compacta materialidade até a mais pura espiritualidade.
A Terra é como um vaso de onde se escapa uma fumaça densa que vai clareando à medida que se eleva e essas parcelas rarefeitas se perdem no espaço infinito.
a fé em Deus e na imortalidade está sempre viva no coração do homem e, por mais sufocada que tenha sido sob o amontoado de histórias pueris com que a oprimiram, ela se reerguerá mais forte, desde que se sinta libertada, tal como a planta que, comprimida, se levanta de novo, logo que a banham os raios do sol!
Não há milagres no sentido que comumente atribuem a essa palavra, porque tudo decorre das leis eternas da Criação, e essas leis são perfeitas.
Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade.
Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizando com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis.
Basta que o Espírito pense uma coisa para que esta se produza, como basta que module uma ária para que esta repercuta na atmosfera.
É assim, por exemplo, que um Espírito se torna visível a um encarnado que possua vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o conheceu, embora ele haja tido, depois dessa época, muitas encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores — enfermidades, cicatrizes, membros amputados etc. — que tinha então.
o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele estava habituado a usar.
Para o Espírito, que também é fluídico, esses objetos fluídicos são tão reais como eram antes, no estado material, para o homem vivo; mas em virtude de serem criações do pensamento, a existência deles é tão fugaz quanto o próprio pensamento que os gerou.
Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre os fluidos como o som sobre o ar; eles nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som.
há, nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e vibrações sonoras.
criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo...
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O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito.
Sendo esses fluidos o veículo do pensamento e podendo este lhes modificar as propriedades, é evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza dos sentimentos.
Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável.
Os fluidos que envolvem os Espíritos maus, ou que estes projetam, são, portanto, viciados, ao passo que os que recebem a influência dos Espíritos bons são tão puros quan...
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Os fluidos não possuem qualidades sui generis, mas as que adquirem no meio onde se elaboram; modificam-se pelos eflúvios desse meio, como o ar pelas exalações, a água pelos sais das camadas que atravessa. Conforme as circunstâncias, suas qualidades são, como as da água e do ar, temporárias ou permanentes, o que os torna especialmente apropriados à produção de tais ou tais efeitos.
Sob o ponto de vista moral, trazem a marca dos sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bondade, de benevolência, de amor, de caridade, de doçura etc.
Sob o aspecto físico, eles são excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, soporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se força de transmissão, de propulsão etc.
O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e dos vícios da humanidade e das propriedades da matéria, correspo...
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Ao encarnar, o Espírito conserva o seu perispírito, com as qualidades que lhe são próprias, e que, como se sabe, não fica circunscrito pelo corpo, mas irradia à sua volta e o envolve como que de uma atmosfera fluídica.
O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias; conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos ambientes.
Uma vez que os fluidos ambientes são modificados pela projeção dos pensamentos do Espírito, seu envoltório perispirítico, que é parte constituinte do seu ser e que recebe de modo direto e permanente a impressão de seus pensamentos, deve, com mais forte razão, guardar as marcas de suas qualidades boas ou más.
Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, qual se fora uma esponja a embeber-se de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta quanto, por sua expansão e irradiação, o perispírito acaba se confundindo com eles.
Os fluidos espirituais atuam sobre o perispírito e este, por sua vez, reage sobre o organismo material com que se acha em contato molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se forem maus, a impressão será penosa. Se os eflúvios maus forem permanentes e enérgicos, poderão ocasionar desordens físicas; certas enfermidades não têm outra causa.