O Livro dos Espíritos

by Allan Kardec

“O forte deve trabalhar para o fraco.

Na falta da família, a sociedade deve tomar o seu lugar: é a lei de caridade.”

Sem a reprodução, o mundo corpóreo pereceria.”

“São os mesmos Espíritos que voltaram, para se aperfeiçoar em novos corpos, mas que ainda estão longe da perfeição.

“Tudo se deve fazer para chegar à perfeição, e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir os seus propósitos. Sendo a perfeição o objetivo para o qual tende a Natureza, favorecer essa perfeição é corresponder aos desígnios de Deus.”

“Deus concedeu ao homem, sobre todos os seres vivos, um poder de que ele deve usar para o bem, mas não abusar.

A união livre e casual dos sexos é o estado de natureza.

O casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se encontra entre todos os povos, embora em condições diversas.

A abolição do casamento seria, pois, o retorno à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lh...

Mas os homens podem modificar suas leis; só as Leis da Natureza são imutáveis.”

Todo sacrifício pessoal é meritório, quando feito para o bem. Quanto maior o sacrifício, tanto maior o mérito.”

Todo sacrifício pessoal, tendo em vista o bem e sem qualquer ideia egoísta, eleva o homem acima da sua condição material.

A Terra, no entanto, é excelente mãe.

A Terra produziria sempre o necessário, se o homem soubesse contentar-se com o necessário.

Em verdade vos digo: a Natureza não é imprevidente, o homem é que não sabe moderar o seu modo de viver.”

Buscai e achareis. Estas palavras não querem dizer que basta olhar a terra para encontrar o que se deseja, mas que é preciso procurar com ardor e perseverança, e não com indolência, sem se deixar desanimar pelos obstáculos, que muitas vezes são simples meios de experimentar a vossa constância, a vossa paciência e a vossa firmeza.”

Para todos há lugar ao sol, mas com a condição de que cada um ocupe o seu, e não o dos outros.

Seu mérito consiste em submeter-se à vontade de Deus, caso sua inteligência não lhe faculte nenhum meio de livrar-se das dificuldades. Se a morte vier a atingi-lo, deverá submeter-se a ela sem murmurar, refletindo que a hora da verdadeira libertação chegou e que o desespero do último momento pode ocasionar-lhe a perda do fruto de sua resignação.”

há mais merecimento em sofrer todas as provações da vida com coragem e abnegação.

Deus não imporia um dever sem dar ao homem o meio de cumpri-lo.”

Deus lhe deu o atrativo do prazer, que o impele ao cumprimento dos desígnios da Providência. Além disso, por meio desse próprio atrativo, quis Deus experimentar o homem pela tentação, que o arrasta ao abuso, do qual a razão deve defendê-lo.

O homem que procura nos excessos de todo gênero o requinte dos prazeres coloca-se abaixo dos animais, pois que estes se contentam na satisfação das necessidades.

sem força e sem saúde o trabalho é impossível.”

“O bem-estar é um desejo natural. Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação. Ele não condena a procura pelo bem-estar, desde que não seja conseguido à custa de outras pessoas, nem venha diminuir as vossas forças físicas e morais.”

“Fazei o bem aos outros e mais mérito tereis.”

A verdadeira mortificação consiste em privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, segundo a caridade cristã.”

“É permitido ao homem alimentar-se de tudo o que não lhe prejudique a saúde.

A lei de conservação impõe ao homem o dever de conservar as suas energias e a sua saúde, para cumprir a lei do trabalho. Ele deve alimentar-se, portanto, conforme o exija o seu organismo.”

ficai sabendo, Deus só é sensível aos sentimentos que elevam a alma até Ele, e é praticando suas leis, em vez de violá-las, que podereis sacudir o jugo de vossa matéria terrestre.”

“Os únicos sofrimentos que elevam são os naturais, porque vêm de Deus. Os sofrimentos voluntários para nada servem, quando não concorrem para o bem dos outros.

Que vistam o indigente, consolem o que chora, trabalhem pelo que está enfermo, sofram privações para alívio dos infelizes e então suas vidas serão úteis e agradáveis a Deus.

Quando, nos sofrimentos voluntários a que se submete, o homem só pensa em si mesmo, é egoísta; quando sofre pelos outros, pratica a caridade.

Fustigai o vosso espírito e não o vosso corpo; mortificai o vosso orgulho; sufocai o vosso egoísmo, que se assemelha a uma serpente a vos roer o coração, e fareis muito mais pelo vosso adiantamento do que vos infligindo rigores que já não são deste século.”

“É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar, pois isso a que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos.”

“As criaturas de Deus são instrumentos de que Ele se serve para alcançar os seus objetivos.

A parte essencial é o princípio inteligente, que não se pode destruir e se elabora nas diversas metamorfoses por que passa.”

Toda destruição antecipada entrava o desenvolvimento do princípio inteligente. Foi por isso que Deus concedeu a cada ser a necessidade de viver e de se reproduzir.”

O perigo que o ameaça é uma advertência para que aproveite o tempo que Deus lhe concede, mas, ingrato, o homem rende graças mais vezes à sua estrela do que ao seu Criador.”

Nos mundos mais adiantados do que o vosso, as condições de existência são completamente diferentes.”

“A necessidade de destruição se enfraquece no homem à medida que o Espírito domina a matéria. É por isso que o horror à destruição aumenta com o desenvolvimento intelectual e moral.”

Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma violação da Lei de Deus.

Os animais só destroem para satisfação de suas necessidades, enquanto o homem, dotado de livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Terá que prestar contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois, nesse caso, cedeu aos maus instintos.”

É preciso que se veja o objetivo, para se poder apreciar os resultados.

a vida do corpo é bem pouca coisa. Um século do vosso mundo é um relâmpago na eternidade.

os sofrimentos de alguns meses ou de alguns dias nada representam; é um ensinamento que vos é dado e que vos servirá no futuro.

Os corpos não passam de disfarces com que eles aparecem no mundo.

Quer a morte venha por um flagelo ou por uma causa comum, ninguém deixa de morrer quando houver soado a hora da partida.

Se pudéssemos nos elevar pelo pensamento de maneira a contemplar toda a Humanidade e abrangê-la completamente, esses flagelos tão terríveis não nos pareceriam mais do que tempestades passageiras no destino do mundo.

“Os flagelos são provas que dão ao homem oportunidade de exercitar a sua inteligência, de demonstrar paciência e resignação ante a vontade de Deus, permitindo-lhe manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, caso o egoísmo não o domine.”

Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem. À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele os pode afastar, isto é, prevenir, se souber pesquisar suas causas.