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Eles têm o alojamento, então… Talvez eu vá ainda esse ano. Ou quando fizer um curso de meia hora de italiano iniciante no YouTube. — Eu já comentei o quanto você é gigante? — Na verdade, você faz várias piadas sobre ser contraditório uma goleira de um metro e meio. — Não estou falando fisicamente, porque sim, é contraditório pra cacete. — Daniel se ajeitou na cama, deitando a cabeça no travesseiro. — Você como jogadora. Mal posso esperar pra te ver nos campos italianos. Espero que o sotaque de um dos caras de lá não te roube de mim antes.
— Você — ele apontou para Paulo de forma dramática — corrompeu a minha melhor amiga. — É mesmo? — O ruivo riu, pegando uma cerveja também. — Posso te dar um carro pra compensar? — E vai tentar me corromper? — Fernando colocou a mão livre sobre o peito, em uma expressão falsamente afetada. — Os métodos de conquista de vocês são horríveis, mas vou deixar você tentar de outra forma. Comece bebendo cerveja de gente normal, lindo. — Não é um método de… — Paulo travou, boquiaberto. E lá estava ele, gaguejando outra vez. Meu Deus, Fernando é bom nisso.
— Porra, eu preciso ir pra casa — Fernando soltou entre uma risada leve, o braço ainda sobre Paulo. — Ou você pode ficar… — o ruivo propôs, inclinando-se levemente na direção do outro. Porque, aparentemente, ele perdia a vergonha quando bebia. E Fernando perdia os limites das suas próprias palavras porque, surpreendentemente, ele se aproximou do Bragança e colou os lábios aos dele.
Quando Fernando saiu, ele suspirou. — Ele é o homem mais bonito que eu já vi na minha vida... — Se você não travasse toda vez que ele investe, já teriam feito algo. — Ele quer?! Mariana ergueu uma sobrancelha. — Ele te deu um selinho. — Sei lá, né… — Preciso dormir — Mariana suspirou, pegando as latas de cerveja vazias do chão. — Vou sonhar com ele. — Pelo amor… — ela riu, balançando a cabeça. — Liga pra ele outro dia. Chama, sei lá, pra lanchar. — Quero ser o lanche. — Nunca mais beba perto de mim.
Mariana deveria esperar que tudo desse errado. Quando foi que algo tinha dado plenamente certo em sua vida?
— Você era melhor que eu — Daniel soltou, em uma risada baixa. — Só não te chamaram primeiro porque você estava com o tornozelo torcido quando o olheiro do time foi nos ver. Eu era a segunda opção, me contaram uns anos depois. Fernando pareceu surpreso com a revelação, mas não exatamente afetado. — Ainda é bom que você tenha ido, eu seria um desperdício. — Ele suspirou ao parar o carro em frente ao seu prédio. — Sério, eu largaria depois de uns dois anos. Você aproveitou. — Hm, é — o loiro murmurou.
O platinado ligou para Mariana assim que o viu entrar no prédio. — Seu pacote tá entregue. — Não fala dele assim
Como ele tá? — Bem, linda. Nenhum problema visível, até ficou quietinho quando ameacei ele com uma faca.
— Vá jogar em paz. Boa sorte. — Não preciso de sorte, sou a melhor goleira do mundo. — Cacete, você até fala como ele agora. Odeio esse namoro.
A espera de cinco minutos pareceu demorar uma eternidade. Ela havia se sentado na calçada, Jéssica de pé um pouco atrás, fazendo ligações a cada segundo para procurar por notícias. Até aquele momento, não tinham porra nenhuma. Mariana teve um déjà-vu. Era como três anos atrás, quando o acidente aconteceu. Não tinham nada, ninguém dava qualquer notícia concreta. A diferença era que, daquela vez, Mariana estava próxima demais a ele.
Daniel sabia que parte disso era sua culpa. Porra, ele sabia muito bem. Mas o que fazer quando a dor é tanta que você fica a um único passo de arrancar as suas pernas com as próprias mãos porque parece uma opção menos dolorosa? Ele sentia que iria morrer. E chegou bem perto disso.
Não existiam motivos para que ela desaparecesse, além da grande burrada do caralho que ele fez ao misturar a dor com remédios e o álcool que lhe prometera não beber.
Cacete, amava aquela garota.
— Terão muito a conversar, querido. Principalmente se quiserem ter uma vida juntos. Uma vida juntos. Mariana queria ir para a Itália, e Daniel disse que, se ela quisesse, a acompanharia. Mas até quando Daniel seria capaz de acompanhá-la? Quando ele começaria a ser um mero obstáculo em sua vida?
— Não preciso de ninguém cuidando de mim. — Não quero cuidar de você, eu quero ficar com você. Eu sei, amor.
— Ou é porque eu não disse que te amo quando você disse? — Mariana continuou. — Daniel, eu te amo pra caralho! Eu sei, amor.
O que quer que havia antes. Sim, William, faça da porra da forma mais dolorosa possível. Você é um gênio.
— Olhe diretamente para mim e me diga que não me quer. Ah, merda. Ela era um porre. Daniel a amava pra cacete.
— Você é nojento. Eu sei, amor. — E se eu sair por aquela porta, você nunca mais vai me ver — ela prosseguiu. Eu sei, amor.
— Eu não vou ficar e ver você se destruir de camarote — Mariana concluiu, por fim. — Encha a cara o quanto quiser. Misture com a porra dos remédios. Da próxima vez, eu não vou estar aqui e te ajudar. Daniel comprimiu os lábios por um momento, antes de responder com um sorriso seco. — Nesse caso, você tem um contrato na Itália pra assinar. É o mais longe que vai conseguir ficar de mim.
Em alguns meses ela começaria a jogar de verdade, e seria como começar a carreira do zero. Mesmo que as pessoas dali soubessem quem ela era, não sabiam ainda como ela jogava. Era assim que ela pretendia fazer o seu próprio nome. Jogando. Nada de polêmicas.
Dizia para Bruno e Ivan — tinham um grupo chamado “controle parental”, o que a fazia rir todas as noites — sobre suas experiências em um lugar completamente novo.
Como Daniel se sentiu quando começou também? Não, péssimo momento pra lembrar-se dele. Daniel também estaria no casamento. Merda.
— Aparentemente, o destino parece mais interessado em nos juntar do que você — a voz inconfundível de Alexandre soou ao seu lado. O piloto abriu um sorriso. — É do caralho, né? — Você chama um casamento marcado há meses de destino? — Não estrague a mágica do momento. Já me senti mal o suficiente quando descobri que passei horas flertando com uma pessoa comprometida, e famosa. Mariana riu. A forma como ele era direto era… atraente. Gostava daquilo. — Eu não estava exatamente comprometida quando conversamos, muito menos me considero famosa — explicou. — Assim como não estou comprometida agora. —
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