Metanoia
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Kindle Notes & Highlights
Read between October 22 - October 26, 2021
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— Mari… — ele tentou falar, aproximando-se dela. — Carro. Daniel grunhiu baixinho, mas a acompanhou em silêncio.
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— Eu não quis dizer aquilo — foi tudo o que ele disse. — Mas você disse. — Eu disse, mas foi babaca. Fiquei nervoso. — Só porque o seu time perdeu um jogo? Achei que fosse algo normal, William. Que acontecesse até com os melhores. Daniel não a corrigiu daquela vez, o que foi uma surpresa. — Porque ele disse que… — Daniel parou, respirando fundo. Como se fosse difícil repetir. — que eu não deveria fazer caridade pra ajudar alguém a crescer. Mariana demorou para entender o sentido daquela frase. Até que ela entendeu. Ela era quem estava recebendo caridade ao namorar alguém como ele apenas pela ...more
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Era algo que ele descobrira no final de semana anterior ao jogo. Princesa a irritava na mesma medida em que amor a fazia desmontar. E era incrível vê-la relaxar diante de uma única palavra.
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— Você conversou com Paulo? — Bom, tirando a parte em que ele viu que eu estava levando camisinhas e quis chutar a minha cara porque achou que eu aproveitaria pra "me insinuar" pra você, foi uma conversa agradável.
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Depois de decidir que não contariam para ninguém também sobre ter um lance entre eles, aquilo havia se tornado uma brincadeira. Eles riram por quase meia hora da cara de Marcos quando ela disse que passaria a semana no interior com Daniel. Sozinha — sendo que, obviamente, o odiava. Depois, riram da forma como Fernando o olhou mais cedo, antes do jogo. Como um aviso silencioso. Ela fez uma promessa silenciosa de que, se sobrevivessem à semana, contaria para Fernando. E também para o pai.
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— Eu faço o jantar — ele decretou ao arrumar tudo na cozinha. — Por quê? — Porque eu falei primeiro, e eu quero. Ela bufou. — Eu poderia te ajudar. — Não. — Qual é a desculpa dessa vez? — Você fica dançando e cantarolando, vai me atrapalhar. — Daniel riu. — E me distrair. Mas podemos conversar sobre isso depois. — E o que você vai preparar, chef renomado? —  Ela se inclinou para ver os ingredientes que ele estava separando. — Surpresa. — Daniel jogou uma maçã na sua direção. — Vaza. — Você tá acabando com o romantismo da viagem, e só chegamos há meia hora. — Vou te dar todo o romantismo que ...more
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— Ratatouille. É vegetariano — ele indicou, parecendo realmente orgulhoso. — E sim, é daquele filme do rato. Mariana conteve uma risada, porque aquela era provavelmente a primeira receita que qualquer um encontraria caso procurasse comidas vegetarianas no Google. Mas realmente apreciava a iniciativa dele de, pela primeira vez, fazer um jantar inteiramente vegetariano.
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— Você é sem graça. — Você é extremamente convencido e não estou reclamando. — Existe uma grande diferença entre ser convencido e realista — Daniel rebateu, dando de ombros. — Tenho total consciência da lista interminável de adjetivos positivos que poderiam me definir.
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— Você conhece a minha família. — Daniel jogou, encarando as cartas em sua mão com seriedade. — Não conheço seu pai — ela rebateu, com um certo cuidado, antes de jogar a próxima carta. — Eu também não. — Daniel jogou logo em seguida, ainda agindo como se o assunto não fosse grande coisa. Talvez realmente não fosse para ele. — Quer dizer, ele vazou com outra quando Sofia nasceu. Sumiu por uns anos e tentou voltar com a minha mãe. Coincidentemente, na época exata em que eu tive meu contrato na Europa renovado. — E o que ela fez? — Minha mãe? Nada, só disse que não queria mais nada com ele.
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— Não fala comigo. — Tá — ele sorriu, inclinando-se para beijá-la. Mariana não o impediu. Não era como se tivesse a capacidade de recusar um beijo de Daniel.
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Parecia impossível que alguém realmente conseguisse fazê-la se sentir tão bem, mas Daniel conseguia. E parecia ser fácil demais para ele.
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— Deita — ela pediu, mas soou  mais como uma ordem. Mesmo que sua voz estivesse baixa demais. — Eu ainda não arrumei a cozinha — Daniel balançou a cabeça, procurando pela calça que, na verdade, havia deixado na sala de estar há muito tempo. — Foda-se. — Você vai lavar a louça amanhã? Aposto que não. — Não mesmo. Você vai. Ela não estava errada.
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Na quarta-feira, ele percebeu que já estava apaixonado pra caralho, e que não tinha mais pra onde fugir.
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Foi a vez de jogarem Banco Imobiliário até que Mariana interrompesse a partida porque, palavras dela: ele estava bonito demais.
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Na sexta-feira, se ainda havia alguma dúvida de que realmente queria passar o resto da vida com Mariana, ela sumiu. Mesmo enquanto brigavam pelo polêmico  “traiu ou não traiu?”, ao conversarem sobre literatura.
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— Posso sobreviver. Perdi alguma novidade bombástica? Fernando ergueu uma sobrancelha. — Você não acompanhou as notícias? Nem um pouco? O sorriso no rosto de Mariana sumiu, e Daniel sentiu os ombros tensionarem. Não, tinham feito o máximo para afastar esse tipo de coisa. Ele foi muito claro até mesmo com a assessoria de que estaria fechado para ligações, e que deveriam cuidar de qualquer coisa sozinhos — afinal, ele duvidava que qualquer emergência pudesse acontecer. Fernando soltou uma risada seca, trocando um olhar com Marcos antes de, pela primeira vez desde que ele e Mariana pisaram no ...more
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Durante a semana em que esteve com Daniel, Mariana sentiu que era algo que poderia dar certo. Certo de verdade. Isso acabou em questão de segundos, com apenas três letrinhas.
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Ele não demorou para perceber que eram lágrimas. Mariana tentava conter o choro.
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Mais uma vez, não. Ele não poderia lidar com o peso de fazer outra merda com ela. Fernando se colocou em seu caminho assim que ele tentou se aproximar de Mariana. — Vamos fazer um combinado, William. — O platinado soou manso, mas seu olhar denunciava a ameaça na voz. — Você sai daqui agora, e eu não quebro a sua cara. — Você pode tentar — Daniel rosnou. Fernando o empurrou com violência contra uma das paredes, enviando uma descarga de dor pelo corpo do loiro. — Fernando! — Marcos o chamou, antes que qualquer um dos dois rapazes pudesse pensar em um próximo golpe. Mariana estava ao seu lado no ...more
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Antes que ela acordasse, ele disse que a amava. Esse, sim, foi o momento em que ela, inconscientemente, se deu conta de que não era real.
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— Precisamos conversar. — Não precisamos. — Mariana passou as mãos pelo rosto antes de levantar também. — Você tem a sua vida agora, eu tenho a minha. Sabíamos que iria acabar em algum momento. — E se eu não quiser que acabe?
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Mariana estava pronta para um final de semana cheio de filmes românticos ruins e sorvete, quando recebeu uma mensagem de Bruno Campos. Duas, na verdade. “acho que eu tava bêbado demais pra lembrar se perguntei se você gosta de corridas, mas tenho um ingresso pra que vai rolar esse final de semana no interlagos. brota?”. “o ivan vai chorar se você disser que não”. Ela imediatamente esboçou um sorriso, respondendo em seguida. “acho que não me resta outra opção, então. broto.”
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— Oi. Não sei se eu vou ser muito útil pelo rádio. — Tudo bem, eu vou ganhar de qualquer forma. — Meu amor, já conversamos sobre falar esse tipo de coisa antes da corrida começar… — Ivan bufou, balançando a cabeça. — Para de ser chato, quem vai me zikar é você com esse negativismo do caralho. Mariana riu outra vez. Gostava muito deles. E do que eles tinham.
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— Sabe, Bruno me contou sobre não ser real. — É… — Mas pra você era real, não era? Mariana fitou o cartaz com as opções de sabores de milkshake, como se fosse realmente muito difícil escolher quando o único sabor que sempre pedia era morango. — Por uns dias, deve ter sido. — Ela deu de ombros, por fim. — Ultrapassei os limites que eu não deveria.
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— Você sabe como ele se sente? Sobre vocês, quero dizer. — Ivan entregou-lhe o copo quando a bebida ficou pronta. — Ele deixou bem claro que não tivemos a mesma visão, na verdade. — Quando ele disse isso? — Discutimos quando descobrimos o lance da gravidez. — Querida, não acha melhor conversarem sobre vocês em um momento de calma?
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— Seu rosto me é familiar. — Eu jogo futebol. — Mariana deu de ombros. Obviamente não fiquei conhecida apenas por estar namorando o melhor do mundo.
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— Conclusão, Bruno tem ciúmes. — Não é ciúmes desse jeito — Campos tentou se defender. — Mas você cuida bem demais do carro dele. E fica parabéns, Alexandre, você é um ótimo piloto, a forma como você controla o carro é incrível, e blá-blá-blá. — Meu amor, eu também sou o engenheiro-chefe dele. — Você é meu futuro marido e engenheiro-chefe. — O seu tratamento especial é dado fora das corridas, querido.
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Por isso, quando o cacheado se inclinou para mais perto na despedida, ela o parou com uma mão no seu peito. — Hoje não. Ele suspirou, mas sorriu ladino. — Outro dia? Espero que seja só a sua desculpa pra me ver mais vezes. — Talvez, não tenho como saber. — Mariana inclinou levemente a cabeça. — Além disso, eu moro com o meu pai. — Ótimo, ele já conheceria o candidato de primeira. Pelo menos ele tem alguma atitude, não é? — Alexandre… — Eu sei, é brincadeira — ele suspirou, passando os dedos entre os fios cacheados. — Foi muito bom passar esse tempo com você, Mariana. — Idem. Mariana ...more
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Meu Deus, Daniel, por que você não me deixa em paz de uma vez? — Porque eu te amo, porra!
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— Que inferno, cacete. Eu não… não era pra estar rolando todo esse inferno. E eu tô apavorado pra caralho, porque eu não sei como é ser pai, eu não sei nem o básico que eu deveria fazer. Eu não sei nem se eu gostaria de ter filhos, nem se você também se sente assim, aliás. Eu não sei de merda nenhuma, exceto o fato de que eu te amo pra caralho. E não ter você comigo é… do caralho. Parece que eu me conheço menos sem você por perto. E, meu Deus, você não facilita. Porra.
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Daniel grunhiu, desviando o olhar ao balançar a cabeça. Ele parecia arrependido de todas as palavras ditas, porque murmurou um “idiota do cacete” para si mesmo, em voz baixa.
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Antes que Daniel insinuasse que ela era apenas mais uma, a morena imaginava que ele gostasse da sua companhia, do que tinham quando as luzes se apagavam. Não que fosse algo maior. Não que fosse algo como o que ela sentia. Mariana pensou em dizer que, caralho, ela sentia o mesmo. Mas algo a impediu. Não, não algo. Toda a confusão que havia tomado conta daquela semana. Quando pensava em um relacionamento para a vida inteira, Mariana pensava em algo tranquilo, algo no qual pudesse se segurar quando tudo parecesse um caos. E não alguém que parecia ser o próprio caos. O mais surpreendente era que ...more
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Daniel não precisou perguntar para saber ao que ela se referia. A declaração das três palavras não estava em seus planos, de fato. Apenas saiu. Ele assentiu. Mariana soltou um suspiro, inclinando-se para beijá-lo. Daniel precisou de alguns segundos para processar que, por Deus, aquilo estava mesmo acontecendo. Mas ele estava tão perto, e era tão irritantemente bonito, que Mariana apenas concluiu o que já era óbvio. Ela era fraca pra caralho. Como poderia realmente considerar ficar longe dele quando mal poderia impedir a si mesma de beijá-lo? Ela afastou os pensamentos, permitindo-se aproveitar ...more
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— Minha nossa. — O mais velho arregalou os olhos, limpando a garganta. — Achei que ele não estaria mais aqui quando eu voltasse. Ele achava que fossem brigar mais e que Daniel iria embora. É, Mariana também. Em vez disso, o homem estava sob ela com metade dos botões de sua camisa abertos, o cabelo bagunçado e o rosto levemente corado pela respiração descompassada. Uma boa visão? Com certeza. Na frente do seu pai? Não. — Ele… ficou pra conversar — ela gaguejou, saindo de cima de Daniel. — Conversar. — Era pra ser só isso. — O loiro assentiu. — Saímos do roteiro. — Vou parar de tentar entender ...more
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Uma série de pensamentos o atingiu. Todos eles sobre como, puta merda, ele não a merecia de forma alguma.
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— Não tem nada errado. Certo, o plano de não mentir já estava na casa do caralho. — Tem certeza? — Tenho, princesa. Eu faço isso todo semestre. E seria a segunda vez naquele mesmo semestre. Mentira e omissão. Uau, Daniel. É assim que você tenta não fazer merda, outra vez, com a pessoa que você ama?
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Se era tão bom, por que ele sentia que poderia ser uma última vez?
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— Se eu fosse, você ainda ficaria aqui? A pergunta o pegou de surpresa, ele precisava admitir. Mariana parecia sempre preocupada em distanciar-se do pai, de Fernando e de seu time. Não consideraria que seu nome também estava na lista. — Eu vou estar onde você quiser, amor.
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— É sério, você sabe que eu vou ficar se me pedir. — Fica — ela pediu, em um sorriso falsamente inocente. Daniel queria pra caralho. — Não. — Você é tão falso. — Perdidamente apaixonado por você — ele corrigiu, beijando a sua testa levemente.
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Ele sempre ficava nervoso. Não por medo do mais velho. Marcos não o assustava de forma alguma. Medo de decepcioná-lo. Era a opção mais provável. — Eu sabia que essa história de fingir um namoro ainda me surpreenderia, mas não desse jeito — o Dias confessou, sentando-se na ponta do sofá. — Não achei que seria assim. — É, eu achei que receberia um soco na cara, não… — Por favor, não complete. — Sim, senhor — ele engoliu em seco, fitando o café em suas mãos.
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— Quero o melhor para ela. — Eu sei. Daniel queria ser o melhor. Ele queria pra caralho.
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Se havia um lugar onde se sentiria sempre bem, seria ao lado daquelas pessoas.
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Mariana estava novamente no estado de negação da coisa. Porque não, ter se agarrado com Daniel não significava tomar uma decisão. Ter passado a noite com ele não significava tomar uma decisão. Passar a semana inteira em que ele estava longe pensando nele definitivamente não era tomar uma decisão. Pensar constantemente no quanto queria dizer que também o amava não chegava nem perto de ser uma decisão tomada. De modo algum.
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No dia seguinte, lá estavam eles, gritando o nome de Assis a cada vez que seus pés tocavam a bola. Quando Fernando marcou um gol, o platinado mandou-lhe um beijo em comemoração enquanto passava as mãos pelo cabelo suado. E, surpreendentemente, ele piscou para a pessoa ao seu lado. Paulo. O ruivo arregalou os olhos, olhando ao redor como se tivesse certeza de que não havia qualquer outra pessoa conhecida por Fernando ao seu lado. — Eu tô vendo coisas? — Não — Mariana riu. — Nossa. — Nossa — ele concordou. — Ele é… Eu tô liberado pra sentir raiva depois de ser praticamente ignorado por três ...more
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Ela olhou o platinado. — Quer vir? — Eu ia sair com os caras, mas a minha garota é a prioridade — ele brincou, passando um braço pelos seus ombros. — Quem vai cozinhar? — Eu. — Paulo abriu um sorriso amarelo. — Surpreenda-me, então. Ninguém nunca superou a Mari. Mariana ergueu uma sobrancelha na direção do melhor amigo. Ah, meu Deus. Ele estava flertando. Desde quando Fernando flertava? Paulo estreitou os olhos por um segundo, parecendo finalmente entender que Fernando poderia ter entrado naquele jogo também. — Sinto muito se você realmente acha que o melhor que pode comer é a comida dela. — ...more
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Mariana estava começando a pensar que poderia acabar ficando de vela entre os flertes de dois babacas que não sabiam ser diretos. Talvez fosse hipocrisia chamá-los de babacas por não serem diretos. Ela poderia viver com isso.
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— Meu Deus, você vai perder o BV!
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Agora que já deixamos isso de lado, como você tá? — Querendo te socar. — Gosto de apanhar, princesa. Mas acho que um soco é demais
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— Você é irritante. — Você é linda
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Eles estão cozinhando, e o Fer tá flertando com o Paulo. — E o Paulo consegue responder? — Depois de gaguejar umas dez vezes, sim.