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Achava simples que certas violações da lei escrita fossem seguidas de penas eternas e aceitava, como processo civilizador, a danação social.
Jean Valjean aparecia-lhe disforme, repelente. Era o reprovado. Era o grilheta. Essa palavra soara para ele como a trombeta do juízo; depois de ter pensado longamente sobre Jean Valjean, seu último gesto fora voltar-lhe as costas. Vade retro.326
A sua felicidade era a razão da minha vida. Agora, Deus pode marcar a minha partida. Cosette, você é feliz; terminei o que tinha a fazer.
Por sua vontade e cumplicidade, Jean Valjean foi sucessivamente expulso de todas as felicidades; e ainda teve a desgraça de, depois de ter perdido Cosette de uma só vez num dia, ver-se obrigado a perdê-la outra vez aos poucos.
Limitara-se a afastar Jean Valjean pouco a pouco, a apagá-lo o mais possível da mente de Cosette. De certo modo, colocava-se sempre entre Cosette e Jean Valjean, certo de que, agindo dessa maneira, ela nada perceberia e não pensaria mais nele.
sua alma identificara-se de tal modo com a do marido que o que se cobria de sombra no pensamento de Marius obscurecia-se também na sua mente.
Ela estava mais atordoada que esquecida. No fundo, amava muito aquele que por tanto tempo chamara de pai; mas amava mais ainda o marido. Foi o que desequilibrou um tanto a balança daquele coração, fazendo-o pender para um só lado.
Pouco a pouco, ele conseguira roubar Cosette de Jean Valjean. Cosette não se opôs.
A miséria moral de Thénardier, um burguês fracassado, era irremediável; na América continuou como na Europa. O contato de um homem mau basta, às vezes, para denegrir uma boa ação transformando-a em má. Com o dinheiro de Marius, Thénardier fez-se negreiro.
Ele deve tê-la recebido, Cosette, ele foi à barricada para me salvar. Como sua missão é ser anjo, ao passar, salvou outros ainda; salvou Javert. Arrancou-me daquele abismo para entregar-me a você. Carregou-me às costas por esse esgoto horrível.
Ele é que me pede perdão. E sabe o que ele me fez? Ele me salvou a vida. Fez mais ainda. Deu-me você. E, depois de me ter salvado a vida, depois de me presentear com você, que fez de si próprio? Sacrificou-se. Ele é um verdadeiro homem.
Morrer não é nada; não viver é que é horrível!

