1984 in What You Read I Will Follow

Jan 16, 2023 Amábily Mello rated it liked it · review of another edition

O livro 1984 estava na minha lista há muito tempo, mas sempre posterguei a leitura. Completei um ano de empurrar a leitura com a barriga agora em janeiro e resolvi que estava na hora de passar 1984 para a pilha dos livros lidos. Já começo deixando claro que, apesar de muito famoso, não é um livro surpreendente. Talvez A Revolução dos Bichos tenha me deixado mal acostumada. No entanto, por mais preparada que eu estivesse, não acho que teria formulado a opinião que exponho agora sobre o livro: 198 O livro 1984 estava na minha lista há muito tempo, mas sempre posterguei a leitura. Completei um ano de empurrar a leitura com a barriga agora em janeiro e resolvi que estava na hora de passar 1984 para a pilha dos livros lidos. Já começo deixando claro que, apesar de muito famoso, não é um livro surpreendente. Talvez A Revolução dos Bichos tenha me deixado mal acostumada. No entanto, por mais preparada que eu estivesse, não acho que teria formulado a opinião que exponho agora sobre o livro: 1984 é enrolado, maçante e, para ser honesta, fraco.

Entro agora naquele velho argumento "ah, talvez fosse revolucionário na época em que foi escrito", que todo o livro do H.G. Wells recebe. Mas ainda não sei se é o caso de 1984. O livro é caricato, de maneira bem grotesca - as descrições sobre a comida nojenta, a ambientação do esconderijo, a cena de sexo -, embora a apatia do protagonista e a falta de vivacidade no resto dos personagens possa ser perdoada por dar contorno à história.

O enredo é previsível e sem grandes reviravoltas. Talvez alguns leitores se surpreendam com o início da terceira parte, mas eu vi chegando e nem isso serviu para animar a leitura. Apesar de a história ser linear e apresentar uma realidade bem distópica, achei sem sal. Deixo que criticar apenas as ações e escolhas do protagonista, porque não me sinto capaz de nutrir qualquer traço de empatia a ponto de conseguir me colocar em seu lugar na narrativa para refletir e entender quais decisões eu mesma tomaria.

A impressão que fica é que houve uma grande preocupação em fazer o livro ser algo. Cada parágrafo tem tantos enfeites para parecer que, de fato, possui algum conteúdo extraordinário e relevante, que a leitura acaba por se tornar cansativa e sem sentido. Ao final, eu já realizava uma leitura quase que dinâmica, automática: cortava os floreios da escrita e os cricris narrativos, ia direto ao ponto. Às vezes, só uma frase do parágrafo inteiro importava. Por vezes, senti que a história era infinita. Um desânimo medonho em retomar a leitura, cada capítulo novo era um suspiro de alívio: menos um.

Quanto às reflexões que este livro deveria me trazer, não tem nenhuma que se destaque ou que mereça maiores comentários. Para as demais resenhas que li pela internet, embasando críticas à sistemas econômicos e sociais, respondo que dá para ler o livro de qualquer maneira. Se você quiser acreditar que é anticomunista, tudo bem. Se quiser acreditar que é anticapitalista, tudo bem também. Tanto faz. Isso porque começa como uma propaganda anticomunista caricata que se desenvolve e acaba por criticar o capitalismo também, então não importa muito qual lado tu queira comprar. No final, o livro não critica propriamente nada, nem ninguém, nem destaca problemas, nem apresenta soluções, porque é vazio, embora seja nítida a preocupação em enchê-lo de conteúdo para que tenha alguma relevância.

Acredito que isso, inclusive, seja o que fez a Revolução dos Bichos ser tão superior: a sacada leve, o jogo de informações, a leitura embalada, marcada por uma narrativa que se desenvolve sem se preocupar em passar ao leitor a maior quantidade de informações inventadas possíveis. É a virada da chave que transforma um livro sobre fazendinha de animais em algo genial. Infelizmente, não é o que acontece com 1984. ...more

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