...no meu passo semi-pachorrento pelo jardim em frente ao cemitério do alto de S. João, fumando o meu cigarrito e abstraído nos meus pensamentos (que, como eu não penso, logo à partida, são assim uma espécie de vazio absoluto), quando uma rapariguita semi-engraçadita cheia de pregos na tromba larga a companhia dos dois punks passados de prazo com quem estava e se dirige rapidamente a mim perguntando:
-Pode arranjar-me um cigarro?
Eu parei! Encarei-a! Realmente seria gira se não parecesse um ouriço com indigestão!
-Com certeza - respondi - Dá-mo cá!
-Dou-lhe o quê?
-O cigarro!
-Qual cigarro?
-O que está estragado!
-Mas eu não tenho...
-Então como é que queres que eu te o arranje? - perguntei-lhe com um ar genuinamente admirado!
Ela ficou algo confusa! Depois lá se lhe fez luz.
-Não é isso... Eu queria era que me desse um...
-Ah! devias ser mais específica. Lamento mas não. São de enrolar e não me vou por aqui a fazer um cigarro para ti...
Depois lá acabei por lhe fornecer as matérias-primas e ela que se desenrascasse...
Published on February 25, 2016 08:39