Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXV

XXV – “Bem, este gajo é o máximo!”

E chegou o fatídico Sábado!
O dia foi stressante! Se é verdade que a questão com a Tisha me tinha insuflado alguma confiança, por outro lado a maneira como as coisas aconteceram, aliás, a cadeia de aconteci-mentos na minha vida desde que entrei em casa naquela tarde, estava a começar a ser mais do que eu conseguia lidar.
É verdade que antes não tinha sexo! E também é verdade que desejava ardentemente ter…
Mas também é verdade que tinha uma vida pacata, sem grandes problemas…
Agora estava a ter uma vida em que o sexo abundava à minha volta, e era gozado, enganado, usado…
…e continuava a não ter sexo!
-Então? Tás pronto para mais logo? – perguntou a Cris ao fim da tarde.
-Não sei! Aliás, para te ser franco duvido que valha a pena…
-Duvidas que valha a pena? Não duvides… Aliás, quando olhares para ela as tuas dúvidas vão-se dissipar!
-Para te ser franco, não sei se vou!
-Tás parvo?
-Já te disse, cada vez mais!
-Mas o que é que se passa?
-Pá, vou-me encontrar com uma tipa que não conheço de lado nenhum, que nunca vi mais gorda nem mais magra, da qual não sei absolutamente nada. Por outro lado sou um marrão, não deixei de ser um marrão…
-Podes ser um marrão, mas deixa que te diga, deves ser o único marrão no mundo que conseguiu fazer uma estrela porno passar-se da cabeça… Sabes o que é que ela me disse?
-O quê?
-Tu deste-lhe o melhor orgasmo de sempre!
-Ora, tás a inventar, não disse nada…
-Não, não estou! Se quiseres eu ligo-lhe e ela confirma. Fazes ideia de com quantas gajos e gajas ela esteve?
Revi mentalmente as cenas dos filmes dela. Contando com repetições de actores…
-Só nos filmes conto umas cento e trinta…
-E depois há todas as outras que não estão nos filmes! Sabes o que é uma mulher destas ficar passada contigo? Isso deve querer dizer qualquer coisa, não?
-Pá, talvez, mas olha para mim! Tenho uma estrela porno a afirmar que lhe dei o melhor orgasmo da vida dela e continuo um marrão virgem! E estou farto…
-De ser um marrão virgem?
-Não! Destas confusões.
Ela olhou para mim muito séria.
-Freddy, podes passar pela vida sem confusões, é verdade! Podes levar uma vida calma, sem sobressaltos, basicamente voltar à vidinha que tinhas mas… Eras feliz?
Fiquei sem resposta.
-Cá para mim só existias, nem sequer estavas vivo! Tens sido importunado, chateado, gozado, tens feito disparates atrás de disparates mas,… Já reparaste que aprendeste alguma coisa com cada disparate que fizeste?
Continuei sem resposta!
-O teu problema, como eu te disse, é que estás a deixar a cabeça de baixo mandar na cabeça de cima! É bom que isso aconteça, mas só numa altura… Quando estás no acto! Fora isso é a cabeça de cima que tem de mandar.
Assenti com a cabeça!
-Baixa as espectativas! És um gajo giro que vai jantar com uma gaja gira! É algo que acontece desde que o mundo é mundo!
-É algo que nunca fiz…
-Já jantaste comigo! Não sou gira?
-Claro que és, mas é diferente!
-Não, não é! Pode vir a ser, se ela gostar de ti, se tu gostares dela, mas, por enquanto não é nada diferente!
Respirei fundo!
-E agora vamos escolher umas roupas com alguma pinta, váis tomar um granda banho de imersão para ficares mais relaxado, e vais ver que vai correr tudo bem…

***

-Lita, temos de fazer qualquer coisa, senão isto vai correr muito mal!
-Oo quê?
-O encontro do Freddy!
-Maas poorque é que aachas iisso?
-Porque ele é um marrão! Já ela não tem nada a ver…
Pois é! Apesar da conversa, de me tentar incutir alguma confiança, a verdade é que a Cris sabia, tanto quanto eu, que as hipóteses da coisa correr mal eram elevadíssimas!
-Maas o que podemos faazer?
-Temos de ir também!
-Maas nãão vaai ser estraanho ele apaarecer num encontro com duuas mulheres?
-Pá, se calhar até surtia algum efeito… - Pensou a Cris imaginando a cena: eu todo estiloso a aparecer no restaurante abraçado a ela e à Lita, chegar à mesa, olhar para ela e perguntar, na lata “Olá, és a Sofia não és?” e voltar-se para nós “Later, baibes!” e a cara da Sofia a derreter-se enquanto pensaria “Bem, este gajo é o máximo!”…
-Não pegava!
-O quee é quee nãão pegaava?
-Nada, nada, estava só aqui a fazer um exercício mental! Temos de ir incógnitas, ficar por perto e preparadas para intervir caso o pior aconteça…

***

-Então são dois crepes com gelado de framboesa, certo? – perguntou a empregada.
-Sim, e com cobertura de chantilly. – respondeu a Sofia.
-Não vai demorar muito. Até já.
-Obrigada! – e assim que a empregada se afastou da mesa ela voltou-se para mim – Não devia pedir o Chantilly, mas é tão difícil resistir… Adoro! Podia mergulhar o corpo todo naqui-lo…
Lógicamente que a imagem mental que fiz dela, mergulhada numa banheira de chantilly, me transtornou um pouco! “Concentra-te Alfredo!”
Tendo eu ficado em silêncio a olhar fixamente para ela, caiu um estranho silêncio entre nós, que foi ela quem quebrou com um sorriso:
-Posso sabem o em que é que estás a pensar?
“É melhor não!”
-Que não me importava de ser pasteleiro…
Ela corou de uma maneira adorável.
Na mesa ao lado a Lita e a Cris, disfarçadas com óculos escuros, bonés e camisas de homem aos quadrados, tipo lenhador, ouviam tudo.
-Bem, parece que se safou do embate inicial… - sussurrou a Cris.
-Ee até que nem esteve mal…
De volta à nossa mesa:
-Bem, eles não foram forretas com o Chantilly… - disse eu, admirado com o prato!
-Pois não! Acho que vamos ficar com as caras cheias de… - e não acabou a frase, agarrou-me nos cabelos, enfiou-me a cara no prato enquanto dizia baixinho – Baixa-te!
Eu bem queria levantar a cabeça do prato, mas ela ainda me estava a agarrar.
-Tudo bem! – disse ela – Acho que ele não…
-Sofia!
-Ah! Olá Asdrúbal!
-Pá, esse tipo está bem? – perguntou ele apontando para mim. Ela largou-me finalmente.
-Claro que sim. É o meu primo, o Freddy e está a fazer aquela cena do Chantilly… Lembras-te do meu primo…?
-Ah! Ya, claro,… - respondeu ele sem convicção nenhuma - …aquele teu primo daquela cena onde fomos daquela vez… Como é que vai isso, mano?
-Vai bem! – respondi eu sem perceber bem o que se estava a passar – Mas podia ficar melhor se tivesse uma toalha!
-Ele é sempre tão brincalhão, não é?
-Sofia, tenho andado preocupado contigo. Não apareces há uns dias… - disse o Asdrúbal.
-Pois…
-Mas olha, devíamos ir andando, que hoje vou ter mais umas visitas especiais lá em casa, se me percebes… - disse ele piscando-lhe o olho.
-Hã… Pois, mas é que…
-Aqui o primo… hã… coiso…
-Freddy! – disse eu!
-…não se importa, poi não? Bora! – e agarrou a mão da Sofia, arrastando-a atrás de si para fora do restaurante, deixando-me com o ar mais estupido deste mundo sentado à mesa!
“Mas que raio se passou aqui?” pensava eu, tentando fazer algum sentido daquilo!
Entretanto, já na rua, a Sofia volta-se para o Asdrúbal:
-Espera, acho que deixei o meu telemóvel lá dentro…
-Ok! Eu tenho o carro estacionado mesmo ali à esquina!
Ela lá voltou para trás, chegou ao pé de mim e segredou:
-Desculpa! Mesmo! Mas isto é um assunto que eu tenho adiado e que tenho de resolver. Mas eu prometo que te vou compensar. – e deu-me um xoxo!
E foi assim a primeira vez que saí com uma rapariga…

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Published on July 29, 2015 05:37
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