Felicidade
Colocamos os pés na pedra fria, apreciando o primeiro contacto da manhã. O sol acorda no preciso momento em que a janela abre com o prenúncio de um novo dia. A sala aconchegante é banhada pelos primeiros raios matinais, tímidos na sua chegada. Muitos ainda dormem. A avenida lá em baixo, caída ainda no comum silêncio noctuno. Depois de provarmos o ar fresco, o primeiro estímulo físico do dia, desenrolamos o tapete, onde nos sentamos para dar início à prática. Atravessamos uma série de etapas, começando pelo mantra a Shiva, passando por uma série de asanas fluidos que unem a mente e o corpo numa libertação de conflitos e obstáculos internos, muitos deles escondidos de nós, em nós mesmos. Segue-se o Pranayama, indispensável para preparar a mente para a fase seguinte, a fase da Dhyana, pois a meditação é a técnica que nos aproxima da verdade. O silêncio é partde de nós, parte do mundo. A plenitude que sentimos envolve o tudo e o nada, presentes na sala de encontros. Atravessamos uma barreira frágil, criada por cada um de nós num acto inconsciente. Seria aquela a felicidade plena? Onde nada cai nos rótulos do bem ou do mal, na ausência dos grilhões da identidade que assumimos durante a vida material? Abrimos os olhos e só podeos apreciar o estado em que nos encontramos. Não é importante a felicidade, ou o êxtase, ou a serenidade. A preciosidade pertence unicamente ao momento, o qual arde dentro de cada um.
Published on August 17, 2014 11:48
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