Ilha do Medo

Filme de Martin Scorsese – EUA, 2010

Scorsese dispensa apresentações. É um dos diretores mais prestigiados dos EUA, egresso da geração brilhante de cineastas oriundos de escolas de cinema que explodiram nos anos 1970, amigo de Brian de Palma, George Lucas, Copolla e Spielberg.

“Cinema é a minha religião” frase cunhada por ele, que representa muito bem o espirito dos então chamados The Movie Brats (os pirralhos do cinema),que revolucionaram o cinema estadunidense na estética, mas também na relação do diretor-autor com os grandes estúdios.

Ilha do Medo (Shutter Island) é um de seus filmes mais conhecidos que não tratam de ao menos uma de suas duas grandes obsessões: a cidade de Nova York e Gangsters. Embora seu protagonista seja um agente do FBI (ou assim somos levados a acreditar), o que ele investiga é o sumiço de uma paciente de um manicômio de segurança máxima. E o que o filme investiga, através de um thriller de perder o fôlego, é o processo mental de desconexão com a realidade. A cena inicial, uma travessia em águas revoltas a caminho da ilha, é uma alegoria perfeita para o início desse processo.

O primeiro ensaio do diretor nessa viagem por uma mente deteriorada deu-se em Taxi Driver de 1976, filme que catapultou sua fama. No entanto, os dois filmes são muito diferentes. Taxi Driver tem uma forte carga de crítica social, falado de um indivíduo engolido pela urbe, e cara de filme independente, quase underground. Ilha do Medo tem a estética de uma grande produção e vai mais fundo no labirinto psicológico que constrói. Em ambos, no entanto, estão presentes o estilo frenético do diretor e um arsenal de recursos visuais criativos que conduzem o filme, como a alegoria visual citada acima.

A direção de fotografia, assinada por Robert Richardson, é um dos fortes pilares do impacto fílmico que a obra produz, buscando o look dos filmes de estúdio dos anos 1950, época em que a trama acontece, tanto na densidade das cores nas cenas mais iluminadas, como no alto contraste de cenas noturnas.

Esse é também um dos raros filmes em que Leonardo DiCaprio consegue produzir na tela um personagem de carne e osso e não apenas apresentar um papel representado por… Leonardo DiCaprio.

O filme é adaptação do romance homônimo de Dennis Lehane, autor também de Sobre Meninos e Lobos (magistralmente adaptado por Clint Eastwood) e pode ser visto atualmente na Netflix.

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Published on September 26, 2024 06:29
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