"paulo m. oliveira"
paulo m. oliveira (ou também paulo m. de oliveira) traduziu algumas obras fundamentais nos anos 1930 - mais especificamente entre 1935 e 1939 -, em geral para a coleção "bibliotheca classica" da athena editora.
a cidade do sol, de campanella, 1935

pensamentos de pascal, 1936 - não encontrei imagem de capa
a confissão de um filho do século, de musset, 1936 (com adelaide pinheiro guimarães)

dos delitos e das penas, de beccaria, 1937 (aqui na edição de 1956)

vida nova, de dante, 1937 (com "blásio demétrio")

elogio da loucura, de erasmo, 1939

discurso sobre o método, de descartes, 1939

gargântua, de rabelais, sem data (athena ainda com "h")
máximas e reflexões, la rochefoucauld, 1939 (este pela brasil editora)
o que há de muito interessante é a identidade de "paulo m. oliveira". conheço esse nome faz décadas, mas nunca localizei nenhuma referência sobre a pessoa. até que um dia, comentando a garfada da martin claret sobre a vida nova de dante, em tradução de blásio demétrio e paulo m. oliveira, paula abramo me informou que, na verdade, "blásio demétrio" foi o pseudônimo que seu avô fúlvio abramo tinha usado para essa tradução que fizera quando estava na prisão. publiquei essa informação impressionante aqui , com a imagem da carta que fúlvio enviara à família comentando o fato, imagem esta gentilmente enviada por paula. na carta, fúlvio dizia que estava traduzindo vida nova "com outro preso". na época, até especulei se não poderia ser seu camarada de militância lívio xavier, que também traduziu várias coisas importantes.
hoje, por mero acaso, vejo dois gargântuas, um pela athena com "h" e outro pela atena após a reforma ortográfica, sem o "h", em 1957. o primeiro trazia créditos de tradução para paulo m. oliveira; o segundo... até me arrepia! vou guardar o suspense mais um pouco.
fico surpresa e vejo aquela cidade do sol de paulo m. oliveira, de 1935, ressurgir pela mesma editora (já na grafia sem "h") em 1956. caramba, não me aguentei: era ARISTIDES LOBO!!!
aí claro que tudo faz mais sentido: a concentração das traduções durante o período de suas prisões, o trabalho em conjunto com seu colega trotskista fúlvio abramo, o reaparecimento de duas delas pela mesma atena duas décadas mais tarde etc.
achei a descoberta realmente sensacional - se não ainda efetivamente uma descoberta comprovada, pelo menos uma fecundíssima hipótese altamente provável, que mereceria um estudo para valer pelos interessados na história da tradução brasileira e, sobretudo, no enorme papel desempenhado pela esquerda na seara tradutória (tema sobre o qual nunca canso de insistir). neste contexto, seria interessante conhecer melhor também a história da athena (cujo catálogo, após sua extinção, migrou em larga medida para a ediouro, que até hoje publica as traduções de aristides lobo e de "paulo m. oliveira"), abrigando o trabalho de lívio xavier, fúlvio abramo, aristides lobo - e lembrar também que a athena publicava coisas de evaristo de moraes, que recorrera da sentença contra aristides e conseguiu seu indulto em 1938. aliás, isso me faz lembrar o apoio que ênio silveira dava a militantes na clandestinidade, encomendando-lhes traduções para a civilização brasileira.
quanta história!

a cidade do sol, de campanella, 1935

pensamentos de pascal, 1936 - não encontrei imagem de capa
a confissão de um filho do século, de musset, 1936 (com adelaide pinheiro guimarães)

dos delitos e das penas, de beccaria, 1937 (aqui na edição de 1956)

vida nova, de dante, 1937 (com "blásio demétrio")

elogio da loucura, de erasmo, 1939

discurso sobre o método, de descartes, 1939

gargântua, de rabelais, sem data (athena ainda com "h")
máximas e reflexões, la rochefoucauld, 1939 (este pela brasil editora)
o que há de muito interessante é a identidade de "paulo m. oliveira". conheço esse nome faz décadas, mas nunca localizei nenhuma referência sobre a pessoa. até que um dia, comentando a garfada da martin claret sobre a vida nova de dante, em tradução de blásio demétrio e paulo m. oliveira, paula abramo me informou que, na verdade, "blásio demétrio" foi o pseudônimo que seu avô fúlvio abramo tinha usado para essa tradução que fizera quando estava na prisão. publiquei essa informação impressionante aqui , com a imagem da carta que fúlvio enviara à família comentando o fato, imagem esta gentilmente enviada por paula. na carta, fúlvio dizia que estava traduzindo vida nova "com outro preso". na época, até especulei se não poderia ser seu camarada de militância lívio xavier, que também traduziu várias coisas importantes.
hoje, por mero acaso, vejo dois gargântuas, um pela athena com "h" e outro pela atena após a reforma ortográfica, sem o "h", em 1957. o primeiro trazia créditos de tradução para paulo m. oliveira; o segundo... até me arrepia! vou guardar o suspense mais um pouco.
fico surpresa e vejo aquela cidade do sol de paulo m. oliveira, de 1935, ressurgir pela mesma editora (já na grafia sem "h") em 1956. caramba, não me aguentei: era ARISTIDES LOBO!!!
aí claro que tudo faz mais sentido: a concentração das traduções durante o período de suas prisões, o trabalho em conjunto com seu colega trotskista fúlvio abramo, o reaparecimento de duas delas pela mesma atena duas décadas mais tarde etc.
achei a descoberta realmente sensacional - se não ainda efetivamente uma descoberta comprovada, pelo menos uma fecundíssima hipótese altamente provável, que mereceria um estudo para valer pelos interessados na história da tradução brasileira e, sobretudo, no enorme papel desempenhado pela esquerda na seara tradutória (tema sobre o qual nunca canso de insistir). neste contexto, seria interessante conhecer melhor também a história da athena (cujo catálogo, após sua extinção, migrou em larga medida para a ediouro, que até hoje publica as traduções de aristides lobo e de "paulo m. oliveira"), abrigando o trabalho de lívio xavier, fúlvio abramo, aristides lobo - e lembrar também que a athena publicava coisas de evaristo de moraes, que recorrera da sentença contra aristides e conseguiu seu indulto em 1938. aliás, isso me faz lembrar o apoio que ênio silveira dava a militantes na clandestinidade, encomendando-lhes traduções para a civilização brasileira.
quanta história!
Published on May 21, 2012 19:19
No comments have been added yet.
Denise Bottmann's Blog
- Denise Bottmann's profile
- 23 followers
Denise Bottmann isn't a Goodreads Author
(yet),
but they
do have a blog,
so here are some recent posts imported from
their feed.

