Error Pop-Up - Close Button Could not find Kindle Notes & Highlights for that user.

in YGGDRASIL, PROFECIA DO SANGUE - cap 11

ONZE

No aeroporto em Dublin não tinha ninguém à sua espera. Maria esperava que Rhenan ali estivesse conforme lhe prometera. Pegou na mala caminhando para a paragem de táxis, estava cansada e não lhe apetecia apanhar a camioneta. Olhando para Rita parecera-lhe que ficara aliviada por não encontrar ninguém daquela família.Pedro despediu-se, apanhando a camioneta que o deixaria no centro de Dublin perto da sua residência.Maria não sabia o que sentir, estava extasiada por ter regressado e ao mesmo tempo triste por se terem esquecido dela.Quando o táxi parou à frente da casa, reparou no carro de Eoghan estacionado à porta. Rita paralisara ansiosa. Maria sabia que de todos, ele seria certamente aquele que não desejava reencontrar.O taxista saiu abrindo-lhes a porta, tirando as malas, colocando-as no passeio. Maria pagou agradecendo-lhe com um sorriso, enquanto Rita continuava indecisa se devia entrar ou regressar para Dublin e ficar no alojamento de Pedro. Maria deixara-lhes uma chave, o mais certo era estarem à sua espera dentro de casa. Os olhos sorriam-lhe. Pegou como conseguiu na mala e no computador avançando com a velocidade que as pernas lhe permitiam, tentando não tropeçar. A porta abriu-se e Rhenan apareceu sorridente, com desejo no olhar avançou a passos largos na sua direcção tirando-lhe a mala das mãos enlaçando-a. Perdidos num abraço sem palavras durante o tempo suficiente para Rita passar por eles e desaparecer dentro de casa. - Mo ghrá! – apertou-a nos braços beijando-a. Era a primeira vez que o fazia. Maria ficou sem fôlego, o coração batia descompassadamente, sentia-se zonza, não o queria largar, não queria que aquele momento acabasse. Rhenan afastou-se com as mãos a segurar-lhe a cara olhando no fundo daqueles olhos castanhos onde se queria perder. Estava ali, não a voltaria a deixar. Os seus lábios cheios, ainda húmidos do seu beijo, sorrindo-lhe feliz. Apertou-a na protecção dos seus braços. Chegara a temer pela sua sanidade até conversar com a tia, tinha de perceber o porquê de não poder estar perto de Maria e a resposta chegara com uma gargalhada. Não existia nenhum significado mágico ou oculto a mãe simplesmente o afastara com medo de o perder. Tinha sido o que necessitara ouvir para regressar de imediato a casa.Saíra de Yggdrasil decidido a passar as próximas vinte e quatro horas sozinho com Maria, a última coisa que queria era a família por perto, aquele tempo pertencia-lhes. Voltou a beijá-la encostando a testa à sua. Tinham de conversar sobre o que acontecera, mas acima de tudo queria que Maria esclarecesse todas as dúvidas que tivesse. Desejava-a, mas prometera à mãe manter-se firme perante a tentação. Quando a tivesse nos seus braços pela primeira vez queria que fosse na sua casa, na sua cama.Com Maria encostada ao seu tronco, enlaçada pelo seu forte braço, caminharam na direcção da casa, empurrou a porta entreaberta, com um pé. Sem nunca a largar. Rita via como Rhenan e Maria se observavam. Decidira que o melhor a fazer naquela noite seria dar-lhes a privacidade de que necessitavam. Telefonou a Pedro, ficaria com ele, preparou um saco com alguma roupa e saiu sem que se apercebessem da sua súbita partida.
Rhenan chegara cedo nessa manhã, confirmando que a casa estava segura. Abrira a porta do quarto sentindo-a. Deitou-se em cima da cama enquanto a esperava ficando com os pés de fora, era pequena para ele.  A mãe ainda o tentara demover, mas a tia aparecera e de forma jovial avisara-a de que não se devia intrometer na vida sexual do filho mais velho. Freya limitara-se a aconselhá-lo a estar atento e a manter-se em segurança. Rhenan beijara-a assegurando-lhe saber o que fazia. Tinha sido assertivo quando obrigara os irmãos e a prima a não lhes ligarem ou aparecerem. Necessitava ficar sozinho com Maria, mereciam-no. Maeve prometera fazer-lhe a vontade, com a condição de Maria regressar a Yggdrasil no dia seguinte, bem cedo.Lembrava-se da breve conversa que tivera com Fionn antes de sair de casa. “- Amanhã cedo regressamos. Desta vez a Maria vem para ficar. - Como reagiu a mãe?- Melhor do que esperava!- Vê lá se dás com a língua nos dentes e lhe falas sobre a foto. - O teu segredo está seguro. Ajudou-me a colmatar as saudades. Mas ainda vais ter de me explicar o que fazias no meu quarto, à noite.A resposta nunca chegaria.”Tinha o seu carro na garagem para mudar os pneus, mas mesmo antes de pedir o carro emprestado ao irmão, já Eoghan lhe colocava as chaves na mão sorrindo-lhe.Maria parou hesitante na base das escadas.Rhenan percebeu o seu nervosismo virando-a para si sem nunca lhe largar a mão. - Mo ghrá! Só eu sei como te desejo. Não te garanto que aguente ficar muito mais tempo sem te ter, mas hoje não vai acontecer nada. - passou-lhe o polegar pelos lábios - Temos muito que conversar e é exactamente o que faremos. Vamos comer e quando subirmos quero que durmas nos meus braços. O coração de Maria batia descompassadamente. Tudo o que Rhenan acabara de dizer deixara-a excitada. Colocando-se em bicos dos pés beijou-o ao de leve, nos lábios. Rhenan passou-lhe a mão pelas costas arrepiando-a.- Trouxe-te uma lembrança, queres ver? - sentia as pernas fracas. - Agora fiquei curioso. – sorria feliz fazendo-lhe uma pequena vénia com a cabeça - Minha senhora suba que eu sigo-a. Tinham conseguido aliviar a tensão que ambos sentiam. Resolveu não desmanchar as malas, se regressava a Yggdrasillevava as roupas novas. Juntou tudo o que necessitava para a universidade. Rhenan colocou tudo o que levariam com eles no dia seguinte à porta da entrada. Desta forma conseguiam ganhar espaço dentro do quarto, assim que entrara com ela parecera imediatamente mais pequeno. Aquele homem era enorme. Se pensasse bem, todos os quartos daquela casa juntos eram do tamanho daquele que ocupava actualmente em Yggdrasil. Rhenan estava exultante, julgara que seria difícil convencê-la a acompanhá-lo, porém Maria acabara por aceitar a sugestão com inegável prazer. Desceu esperando que se juntasse a ele na sala. Conseguia ouvi-la ao telemóvel e pelo tom falava com os pais, possivelmente avisando-os da sua chegada.
Telefonara à família avisando-os que chegara a Dublin e que já estava em casa. Lembrando-se da grande conquista que ela e Rita tinham alcançado naquelas miniférias, o telefone fixo tinha sido finalmente desligado. Ainda tinha de fazer mais um telefonema. Ligou para a amiga explicando-lhe que passaria a viver em Yggdrasil, Rita achou a ideia fantástica porque ia de encontro à decisão que tomara com Pedro, passariam a viver juntos, naquela casa. Saber que Rita não ficava sozinha tirava-lhe um enorme peso de cima. Combinaram o que dizer se os pais telefonassem e o que fazer na eventualidade de uma visita repentina das respectivas famílias.Olhava à sua volta, não ia sentir falta daquele espaço porque estaria rodeada de pessoas que amava.Desceu as escadas a cantarolar. Rhenan sorria-lhe apaixonado ao vê-la feliz, gostava de pensar que tinha algo a ver com isso. - Tens! Olhou-a espantado. - Como fizeste isso?- Isso o quê?- Saber o que estava a pensar.- Porque te ouvi dizê-lo.Rhenan segurou-lhe nas mãos. - Maria eu não falei, limitei-me a pensar.Olhava-o com os olhos abertos de espanto. - Estás a dizer que consegui ouvir-te o pensamento?- Parece que sim, tenta outra vez. No que estou a pensar neste momento?- Não sei.Rhenan olhava desconfiado para ela.- A sério que não sei.- Talvez só resulte às vezes. Já tinha ouvido falar dessas capacidades das sidhes. Amanhã perguntamos à minha mãe. - Queres o teu presente?- Claro que sim!- Cuidado que se parte. – esticou-lhe um embrulho que trazia escondido atrás das costas.Viu a satisfação de Rhenan ao sentar-se no sofá, puxando-a para o seu colo antes de o abrir. Era uma moldura digital.- Podes ligar, eu mesma a carreguei. Rhenan pressionou o botão começando a passar uma sequência de fotos de Maria em bebé, na adolescência e as mais recentes que tirara na noite de Natal com a família.- Assim ficas a saber como era, o que mudei. conheces a minha família e amigos. Rhenan sorria feliz, era o melhor presente que já recebera, cuidadosamente ia passando as fotos enquanto Maria entusiasmada lhe explicava quando e onde tinham sido tiradas, O nervosismo inicial por se encontrar sozinha com ele passara. Quando chegaram à última, Rhenan pousou a moldura beijando-a até perderem o fôlego.Era difícil manterem o controlo quando os seus corpos ganhavam vida própria, com os beijos a electrificarem-lhes todos os nervos do corpo.Maria empurrou-o gentilmente, com a mão pousada no seu peito tentando recuperar a respiração e acalmar o coração.- Tenho fome. – a voz rouca denotava o desejo que sentia.Rhenan sentia-se a ferver por dentro, tinha de se controlar.- Comprei a maior e mais condimentada pizza do Nico’s Italian. – afrouxou o abraço mantendo-a no colo. - Que fino! – Maria levantou-se. Rhenan gemeu a reclamar.- Como conseguiste uma pizza tão cedo?- Os donos são gentes do Clã. “Só podia. Ninguém no seu juízo perfeito tinha comida para venda pronta àquela hora”,não conseguiu deixar de sorrir-lhe.- Onde a escondeste? - Na cozinha. - Comemos aqui se acenderes a lareira, a casa está gelada. – Queres ajuda?- Felizmente tenho duas mãos e somos só nós, não me demoro.Rhenan afastou a grade da lareira colocando lenha e papel para o fogo atear mais depressa. Maria já colocara na mesa, pratos, copos e guardanapos.Rhenan olhava satisfeito para o seu trabalho voltando a colocar a grade.- Que me dizes a comermos no sofá?- Desde que estejas perto de mim. – Rhenan sentia que o tempo parara.Colocou a pizza na mesa de apoio, entregando-lhe um prato e guardanapos, Rhenan abriu uma cerveja bebendo-a de um trago. Maria descalçou-se colocando as pernas cruzadas em cima do sofá, percebia que Rhenan não tirava os olhos dela seguindo todos os seus movimentos, tinham de se alhear do que os corpos lhes mandavam fazer e concentrarem-se em coisas banais. Contou-lhe como tinha sido o seu Natal, falou das tradições da sua família e de como ela e as primas as tentavam modernizar, o que acabava por ser sempre um pesadelo para a mãe e tias que não suportavam nada que fugisse à rotina. Rhenan ria-se divertido, sentado no canto oposto do sofá, gostava de a ouvir.Maria explicava como com a ajuda das primas tinham conseguido que o pai e o tio deixassem de se vestir de Pai Natal e passassem a ser elas a entregar os presentes. Olhava para ele agradecida por não a pressionar, aquele tinha sido o melhor jantar de que se lembrava.Ajudou Maria a levantar a mesa. Antes de subir para o quarto com ela, queria ligar para Yggdrasil para garantir que tinham percebido o que lhes dissera sobre não os incomodarem. Certificar-se que a lareira ficava apagada e tudo trancado. Fechou a porta do quarto. O nervosismo voltava a tomar conta dela ameaçando a pizza no seu estômago. Ligou a água para ir aquecendo enquanto se despia. Pendurou a roupa na cadeira entrando no chuveiro. A sensação da água quente no seu corpo era calmante, não queria molhar o cabelo para não ter de o secar.Já escurecera, o dia passara rapidamente entre beijos e conversa. Nunca tinham estado tanto tempo sozinhos e adorara.Desligou a água, secou-se no felpudo toalhão, passou um creme hidratante pelo corpo, vestindo a comprida t-shirt com a cara do Pato Donald. Daquela maneira conseguiria manter Rhenan afastado dela toda a noite, funcionaria como um moderno cinto de castidade.Sorria divertida ao imaginar a cara dele quando a visse. Colocou a mão no puxador sem o conseguir rodar, a ansiedade aumentava, o seu único pensamento é que ia dormir com ele. Espreitou, o quarto continuava vazio. Sentou-se na cama colocando o telemóvel no silêncio em cima da mesa de cabeceira quando a porta se abriu. Rhenan certificara-se que estava tudo trancado antes de ligar o alarme. Não sairiam daquele quarto até à manhã seguinte. Ao olhar para ela percebia o seu nervosismo. Sozinhos naquele quarto. Não era ali que a queria ter, ia tomar um banho de água fria porque só de olhar para ela sentada na cama o coração disparara e o seu corpo reagira.- Mo ghrá! Arranja-me uma toalha, quero tomar banho. Levantou-se, retirando um toalhão branco da gaveta da cómoda estendendo-lho, quando se baixara a t-shirt deixara ver mais do que desejava, erguendo-se rapidamente como se tivesse levado um choque. Quando os seus dedos se tocaram reparou que os olhos de Rhenan brilhavam de excitação. - Vai, Rhenan! - Mo ghrá! Sei o que prometi, mas esta noite será uma árdua prova ao meu autocontrolo. - resmungou.Maria olhou para o relógio. Era cedo para se deitarem apesar de já estar escuro. Mas tinham combinado conversar e era o que pretendia fazer.Quando Rhenan saiu da casa de banho em tronco nu com a toalha enrolada à cintura e o cabelo ainda a pingar, Maria ficou especada a observá-lo, o homem era mesmo bonito. Instintivamente aproximou-se colocando-se à sua frente pousando-lhe as mãos no peito, sentindo os músculos contraírem-se, reparou nas cicatrizes que lhe marcavam o tronco e os braços. Rhenan respirava com dificuldade, o espanto inicial ao ver Maria aproximar-se transformara-se em desejo, mas não se mexia nem a tentava demover. Passava-lhe as mãos pelos braços sentindo a rigidez dos músculos, nas costas não havia um local onde não tivesse uma cicatriz, mas até isso o tornava mais sensual. Abraçou-o, encostando a cara às suas costas molhadas, ainda cheirava melhor do que se lembrava. Passou-lhe a mão pelo forte cabelo negro que lhe tocava nos ombros. Rhenan voltou-se agarrando-lhe nas mãos levando-as aos lábios. - Maria, se me tocas vai ser difícil ficar quieto. - os olhos azuis ardiam de paixão, a voz soava rouca. Conseguia ver o esforço que Rhenan fazia, não sabia o que se passava com ela, mas já nada importava a não ser ele. Queria continuar a senti-lo. Levantou a cabeça, agarrou-lhe a cara com ambas as mãos beijando-o, como se o mundo pudesse acabar. Encostou-se a ele sentindo-o. Rhenan pegou-lhe ao colo deitando-a na cama, já não pensava. - Maria... - Não quero que pares. As palavras dela acabavam com qualquer resistência que ainda tivesse, já não pensava, arrancou-lhe a t-shirt pela cabeça com uma mão começando a beijá-la. Os seus lábios percorriam-lhe o pescoço, o ombro a curva dos seios. Maria gemia de desejo. Rhenan levantou-se para a admirar, era linda, arrancou a toalha atirando-a para o chão. Começava a ouvir um alarme que ia aumentando, obrigando-o a sair do transe em que se encontrava. Apercebeu-se que não era na sua cabeça, mas na casa. Pôs-se em pé de um salto agarrou nas calças que vestiu com alguma dificuldade.- Não saias daqui Maria.Perdida na sua luxúria não percebia o que acontecera, num momento estavam quase a quebrar uma promessa, no outro, Rhenan corria porta fora como se estivessem a ser atacados. Agarrou na t-shirt vestindo-a, quando percebeu o que o assustara, conseguia ouvir o alarme, estava alguém dentro de casa. Encostou-se à porta entreaberta parecendo-lhe ouvir a voz de Rhenan discutir com outro homem. Rhenan subia as escadas, entrando no quarto como uma flecha agarrou no resto da sua roupa. - Não te preocupes Maria é só o anormal do Fionn.Maria não conseguiu evitar sorrir, só mesmo Fionn para atrapalhar o que podia ter sido uma noite fantástica. Seguiu-o descalça, pela sua expressão talvez Fionn viesse a necessitar da sua ajuda para que o irmão não o matasse.Fionn estava sentado na sala a comer os restos da pizza e a beber cerveja, absolutamente descontraído. - Põe-te à vontade minha grande besta. - Rhenan passou por ele, dando-lhe um pontapé nas pernas para que as tirasse de cima da mesa de apoio - O que te passou pela cabeça? Qual foi a parte de não querermos ser incomodados que não percebeste?- Interrompi alguma coisa? - falava com a boca cheia, olhando para o irmão com um ar inocente.Rhenan rosnava-lhe. Maria continuava encostada à porta da sala, aquela situação era demasiado divertida, mas não se atrevia a rir, não queria a fúria de Rhenan direccionada para ela. - Onde estavam? – Fionn continuava com o mesmo ar inocente falando com a boca cheia - Estavas deitada Maria? - olhou para o relógio - A estas horas? Estás doente?Maria não aguentou mais e riu. Rhenan, estava cada vez mais irritado. - Como conseguiste entrar se a chave estava comigo?- Fiz uma cópia, para uma eventualidade.- Tens menos de um minuto para te pores a andar, antes que te corra ao pontapé.Fionn levantou-se, bebeu o resto da cerveja agarrando na caixa da pizza. - Não te importas que leve o resto? Estou cheio de fome.- Sete, seis, cinco… - Rhenan contava o tempo para o irmão sair.- Estou a ir! Estou a ir! – conhecendo o irmão acelerou o passo na direcção da porta, piscando o olho a Maria - Tinha saudades tuas. - bateu a porta ao sair.Rhenan andava de um lado para o outro como um leão enjaulado.Maria avançou para ele abraçando-o. - Foi bom o teu irmão aparecer. Rhenan olhava-a perplexo. - A culpa foi minha, desculpa. – tentava explicar-se – A verdade é que para mim também se torna cada vez mais difícil estar perto de ti sem te tocar. Vamos ter todo o tempo de que necessitamos. E eu gostaria que a nossa primeira vez fosse em Yggdrasil, no teu quarto, na tua cama. - não sabia onde arranjara tanta coragem, mas as palavras pareciam jorrar da sua boca. Rhenan sorriu-lhe encantado com o que ouvia. - O Fionn funcionou melhor do que um balde de água fria. - Maria abraçou-o. – Vamos subir, prometo comportar-me. - Rhenan acalmara. Voltou a certificar-se que a porta da entrada ficara bem fechada, ligando o alarme. Subiu as escadas levando-a ao colo.
Fionn continuava parado à frente da casa, sorrindo. Conhecia o irmão melhor do que ele mesmo, sabia que quando estivesse com Maria pela primeira vez tinha de ser perfeito. Nunca o vira apaixonado, finalmente encontrara alguém para o completar. Vira-o definhar quando Lochan lhe morrera nos braços. Disfarçara os sentimentos numa névoa de indiferença. Em Maria reencontrara o motivo que lhe faltava para viver, amar e ser feliz. Eram novamente uma família e deviam-no a ela.Colocou o último bocado de pizza na boca ligando o carro. Quando era necessário sabia ser um verdadeiro parvalhão, porém era sempre eficaz. Sorriu enquanto mastigava, regressava a casa.
Maria sentara-se na cama recostada nas almofadas. Rhenan decidira que o melhor era manter as calças e sentar-se afastado dela. Tivera-a praticamente nua, deitada debaixo dele. Sacudiu a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, tinha de se concentrar em qualquer outra coisa. Maria sentia a mesma tensão. - Rhenan, posso perguntar-te tudo? - O que quiseres. Era difícil olhar para aqueles olhos azuis sem ter vontade de o voltar a beijar.- Porque têm todos idades diferentes?Rhenan sorriu-lhe massajando-lhe os pés.- Deixamos de envelhecer quando encontramos o nosso verdadeiro amor. - Quer dizer que te apaixonaste aos vinte e sete anos? - não aguentava pensar em Rhenan nos braços de outra mulher. Rhenan não resistiu à sua cara triste, puxando-a para si, beijando-a.- Não fui eu. Foi o Lochan. - o semblante ficou carregado - Pela desgraçada que o matou.Maria enroscou-se nos seus braços, não queria relembrá-lo do irmão, mas tinha de saber.- Mas disseste que acontece quando se apaixonam.- No nosso caso foi diferente. Somos gémeos verdadeiros, - fez uma pausa – éramos…e o efeito reverteu para mim no momento da sua morte.Com os teus irmãos e com a Maeve. O que aconteceu aos companheiros deles?- Alguns envelheceram, outros…- fez nova pausa fechando os olhos – morreram todos.- O que me vai acontecer?Rhenan apertou-a de encontro ao peito.- Vais ficar exactamente como estás.- Não vou envelhecer? - Não, mo ghrá! Com o passar dos séculos a minha mãe percebeu que se encontrarmos o verdadeiro amor e lhe dermos o nosso sangue a beber passamos a estar ligados para sempre. E desta forma os nossos parceiros não morrem.- Foi o que me fizeram naquele dia?- Não te podia perder. - Quem tomou essa decisão?- Eu! A minha mãe só aceitou cumpri-la a meu pedido. - Quer dizer que vais ter de me aturar durante séculos? Sempre com dezassete anos?- Sim! - Tens a certeza de que não te vais cansar de mim?- Tenho! – Rhenan beijou-a no pescoço. - Isso quer dizer que me amas? - És a razão que me faltava para viver.Virou-se, beijando-o. – Mas necessito que me perdoes.Maria fixou o olhar no fundo daquele lago onde se queria perder. - Rhenan, não tenho de te perdoar, mas agradecer-te. Deste-me a maior prova de amor. É verdade que tenho dúvidas, mas conto contigo para me ajudares.- Estarei sempre ao teu lado.- Podemos ter filhos?- Todos os que queiras. - sorria com a perspectiva de uma família. - Explica-me porque é que a tua mãe e a tua tia são mais velhas? - Ainda eram crianças quando beberam o sangue. Deixaram de envelhecer quando perderam o seu grande amor, quando o meu pai e tio foram mortos. - Que idade têm?- A mãe quarenta e sete, a tia quarenta e nove.- Nunca mais tiveram ninguém?- Não!- É triste. Onde vivem quando não estão em Yggdrasil?- Na República Checa. - Espero que voltem a ser felizes. – Maria bocejou.- Sabes que me quero deitar contigo, - Rhenan olhou provocador – Estás cansada. Estava a pensar se conseguia dormir vestido, mas não me apetece. Durmo nu abraçado a ti.- Achas boa ideia? - Não! – sorriu-lhe mordiscando-lhe o lábio – Mas, amanhã será um novo dia e voltamos para casa. Ali não me escapas.Maria tremeu ansiosa com as promessas da sua resposta. - E se o Fionn decidir voltar?- Mato-o. Riu-se encostada ao seu peito.- Amanhã amarro-o na cave.- Têm cave?Anuiu com a cabeça.- Temos muitas coisas que devem ser do teu agrado. - Responde-me a uma última pergunta. – voltava a bocejar - Porque é que a tua mãe queria que esperássemos até ao meu aniversário para… - não conseguia proferir a palavra sexo.Rhenan riu-se.- Julgo que a palavra que procuras é quando nos amarmos. Não acontecerá nada. A mãe assustou-me ao ponto de me convencer que se não esperássemos pela tua maioridade o mundo acabava. Quando na realidade estava só a tentar proteger-nos.- Nessa altura já estava perdidamente apaixonada e nem sabia. - beijou-o no queixo. - Quando te segurei nos meus braços no dia que foste atacada deixaste-me louco.– Deixei?- Já tinhas bebido Jameson suficiente. – apertou-a com força nos seus braços.- Foi nesse dia que bebi o teu sangue. Essa é a parte assustadora, cheguei a pensar que me transformaria num vampiro.Rhenan soltou uma sonora gargalhada.- Ou pior num Dragão.Ria-se tanto como Maria nunca o ouvira.- Não me estava a ver a dormir num caixão ou a cuspir fogo. – sentia-se descontraída perto dele.Puxou-a para si.- Mulher, és deliciosa! E eu amo-te!Maria voltava a bocejar.Rhenan levantou-se afastando os lençóis para que se deitasse, tapando-a. Rapidamente sentiu a respiração dela alterar, adormecera. Despiu-se colocando as roupas dobradas em cima da cadeira deitando-se nu por trás dela utilizando a coberta para se tapar, abraçando-a.Tivera mulheres, mas nenhuma era Maria, esperara muito tempo por ela e agora que a tinha a seu lado nunca a deixaria. Seriam amantes, confidentes, amigos, marido e mulher. Teria de ser preparada para o que se aproximava, mas estaria sempre a seu lado para a amar e proteger. Lutaria por ela e com ela.
1 like ·   •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on March 27, 2020 03:00
No comments have been added yet.