Atravessava o parque como se fosse perseguido pelo próprio Diabo, a camisa colada ao corpo, as mãos sujas de sangue a prova de um crime que não cometera, voltar para trás não era opção era assumir uma culpa que não era sua. Ouvia as sirenes da polícia, aproximavam-se, os gritos aqueciam a fria noite mas gelavam-no por dentro. Aproveitava a escuridão para se afastar daquele nefasto local, não sabia para onde ia, só não podia parar. Já vira demasiadas séries policiais para saber que não devia tocar num corpo caído, mas quando percebera que ainda respirava não hesitara. Segurara-a nos seus braços. Agora enquanto fugia através do parque sentia a mente dormente, o corpo ameaçava ceder não podia voltar para trás ninguém acreditaria na sua palavra. Chegara ao portão. Foi quando a viu do outro lado da estrada. A mesma mulher que tivera nos seus braços. Afinal não morrera. Então de quem era aquele sangue que lhe escorria das mãos? Sentia a camisa colada ao corpo, era o seu sangue que a prendia.
Published on October 10, 2019 03:00