ECLIPSE


Estados Unidos da AméricaCosta Noroeste e Sudeste10:16h (hora local)
A Lua começava a tapar o Sol, deixando parte da Terra numa semi-escuridão. Encobertos por este fenómeno os seres que se tinham mantido escondidos durante os dois últimos séculos saiam finalmente durante os parcos minutos que a escuridão lhes proporcionava para se alimentarem.
A temperatura baixava permitindo que andassem no meio de nós.
Saiam dos seus casulos nas profundidades das abandonadas minas de carvão onde tinham encontrado a segurança necessária para fazerem o seu covil. Arrastavam os corpos dissecados que tinham mantido no seu interior para se irem alimentando atirando-os displicentemente para longe.
Caminhavam entre os vivos uma vez mais, olhavam para cima, sabiam que não tinham muito tempo pelo que a sua prioridade seria alimentarem-se e posteriormente transportarem algumas vidas ainda com eles para servirem de gado.
Passaram por vários humanos desconhecedores do mal que se aproximavam olhavam para cima na esperança de ver aquele circulo negro que deixava parte da Terra às escuras em pleno dia.  Esquecidos de tudo não se apercebiam do que lhes acontecia até ser tarde de mais.
Os seres frios onde o coração não batia há muitos séculos, agarraram nas suas indefesas vitimas sem que estas os sentissem aproximar. A vida era-lhes sugada até se transformarem em pó. No meio daquele torpor para o qual eram arrastados só conseguiam sentir que a consciência as abandonava. A sorte bafejou aquelas cujas vidas se extinguiu num sopro tal era a fome dos seus atacantes, as que eram colocadas numa semi-inconsciência e transportadas para dentro dos túneis momentos antes da luz recomeçar aos poucos a aparecer não teriam a mesma sorte.
Os seres voltavam lânguidos para o seu covil, com a boca marcada de sangue, gorgolejando de satisfação enquanto saboreavam o sabor das vidas que tiradas.
Para os infelizes atirados para dentro de jaulas esperava-os um sofrimento inigualável, iriam ser consumidos aos poucos e durante o tempo que conseguissem resistir. Alguns já tinham acordado do seu torpor choramingando encostados a um canto a olhar para aqueles olhos vermelhos sequiosos de sangue, aqueles esgares de longos caninos nos corpos nus e pálidos. Não queriam acreditar no que estava a acontecer. Aquilo não acontecia. Os Vampiros não existiam.
A verdade é que existem e vivem e alimentam-se no meio de nós.
A realidade é que a ajuda nunca chegará para aqueles que se tinham deixado apanhar.
A ajuda nunca chegará a tempo de os retirar do seu triste calvário antes que o fim chegue.
Todos aqueles que sabem da existência destes seres, e são muitos, não falam. Poderia pensar-se que por medo. Mas não! Esses temem a morte mais do que a semi existência e por esse motivo decidem que ser como aqueles seres é a única opção de continuarem a caminhar nesta Terra. Eles são os seguidores. Aqueles que vivem entre nós, os verdadeiros monstros.
Por esse motivo cuidado com o próximo eclipse, pois eles voltarão a sair e desta vez podes não ter a mesma sorte.
Agarra nas estacas, nos crucifixos, no alho, na água benta, e nunca, mas nunca os deixes entrar.
Se não voltares a encontrar um amigo ou familiar, não procures mais pois o que procuras não será certamente o que encontrarás!

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Published on October 09, 2019 03:00
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