Uma pequena reflexão a proposito do que se passou ontem em Nice

Deus é (supostamente) Eterno!
Deus é (supostamente) Omnipresente!
Deus é (supostamente) Omnipotente!
Podemos começar por pôr de lado as contradições que as três preposições anteriores encerram entre si, sendo todas elas verdadeiras à luz das fés originárias de um bando de pastores ali para as bandas do médio Oriente. Vamos, pelo menos durante a leitura disto (ou no meu caso da escrita) fingir que não há ali qualquer contradição.
Portanto, independentemente das crenças e da forma dessas crenças, façamos, como diria o saudoso Tony da "conversa da treta", um “suponhamos”!
Neste suponhamos temos a certeza de que Deus existe de facto e é tudo aquilo!
Agora esqueçamos todo o resto e foquemo-nos no Omnipotente, que é o único que nos interessa de momento! Já se agarraram bem ao conceito? OK, então agora uma perspectiva histórica antes de irmos ao que interessa.
Basicamente, Judaísmo, Cristianismo e o Islão são a mesma religião com “upgrades”. No entanto há que perceber que tudo começou quando uma velhota enfiou uma escrava debaixo do marido, provavelmente porque era pragmática e não acreditava em milagres!
Esse filho da escrava, que entretanto, sem culpa nenhuma, acabou banido com a mãe (o que prova que o pai era um tipo preocupado com o seu único descendente à altura) acabou por dar origem ao Islão, enquanto que  os irmão, filhos da legítima esposa do pai deram origem ao povo Judeu.
Ora, como lá diz o velho ditado, tudo o que começa mal acaba pior, e este é um dos casos!
O que temos então entre os Judeus e o Islão não é mais do que uma rixa de família extrapolada à enésima geração!
Já o Cristianismo não é mais do que uma corrente desviante do Judaísmo que, por uma série fortuita de eventos sociais e políticos acabou por se estabelecer como religião com base na premissa que nem os primeiros cristãos tinham de que Cristo seria um Avatar e foi a que saiu daquele nicho do mundo e se propagou aos gentios, muito por culpa da sua filosofia comunista (não estou a falar de Marxismo-Leninismo ou coisas afins, mas comunismo como em viver plenamente em comunidade) e que, tendo infectado profundamente as fileiras dos exércitos de Roma acabou por forçar o Imperador Constantino, que por acaso foi um belíssimo FDP, a torna-la a religião oficial do império e a acabar com as tardes de domingo no circo de Roma onde se queimava Cristãos para divertimento das famílias Romanas!
Mal sabia ele que 1700 anos depois o Império Romano estaria ainda vivo e de Saúde por conta da Igreja Católica Apostólica Romana!
Mas, voltando atrás, temos então esta rixa de família extrapolada!
Mas, olhando para dentro do próprio Islão, a rixa de família repete-se, dando origem a uma guerra que dura desde que o Islão existe entre Xiitas e Sunitas!
Levando em conta o facto de que se pensa, e acho que muitos poucos religiosos põem em dúvida este facto, que o livro do Êxodo foi escrito pela própria mão de Moisés, bem como o Génesis, supostamente por inspiração divina (embora no caso do Génesis saibamos hoje foi mais um dos casos de Plágio que afligem a humanidade) e que foi o próprio que recebeu os mandamentos das mãos de Deus que os escreveu na Tora, é no mínimo estranho ver as alterações a estes mandamentos que constam no Corão, escrito também supostamente por inspiração divina!
“Não matarás” não admite qualquer espécie de discussão ou argumento! Aparecer alguém 2100 anos depois dos factos ocorridos a dar uma nova versão com base na inspiração divina, por oposição a um relato supostamente em primeira mão é algo de transcendente. Faz-me lembrar uma outra religião, ou pseudo-religião, ou seita, ou o que lhe queiram chamar, a Igreja dos Santos dos Últimos Dias, também sobejamente conhecidos como Mórmons ou por cá como “Os Elderes”, porque todos se chamam Elder!
Se não têm ideia daquilo que esta religião preconiza, cá vai. Supostamente um profeta chamado Mórmon registou numas tablas de ouro a história de civilizações que prosperaram no continente Americano e que são os antepassados dos Índios. Nele se conta também como Jesus, Após a ressurreição apareceu no continente americano onde andou a ensinar durante muito, muito, mas mesmo muito tempo, bem mais que os três anos que viraram o mundo deste lado do Atlântico do avesso. As tablas de ouro teriam sido descobertas por Joseph Smith por inspiração divina, e traduzidas com o auxílio de um anjo. Apesar de isto não se ter passado assim há tanto tempo, ninguém sabe o que foi feito das tablas, sequer para se poder fazer uma nova tradução…
…portanto é uma simples questão de fé acreditar que aquilo é verdadeiro ou não…
…Tal como a Bíblia, cuja maior parte dos grandes factos, como por exemplo a saída dos escravos do Egipto, nunca pode ser comprovada! Tal como o Corão!
Voltando à questão de Deus ter, supostamente, uma série de atributos, o simples facto de haver no mundo três correntes religiosas que têm o mesmo Deus e guerreiam entre si é, no mínimo, contraproducente! Já de um ponto de vista meramente lógico, é estúpido! Sobretudo quando um dos principais mandamentos dados por Deus enquanto falava através de uma sarça que ardia sem se consumir foi “Não matarás”!
O facto de Deus existir e permitir que semelhante coisa aconteça é verdadeiramente estranho. Afinal, sendo ele omnipotente, poderia chegar e dizer “Pá, vamos lá pôr um fim a isto, que nenhum de vocês têm razão!”
Mas, mais importante ainda, se Deus existe, eu não me devo importar com o que os outros acreditam, devo preocupar-me com aquilo em que eu acredito e em como levo a minha vida! No máximo poderia passar a palavra, dizer a outros “olha que Deus vai ficar piurso contigo se fizeres isso” mas não mais do que isso, porque qualquer outra coisa é entrar na esfera do livre arbítrio do outro que foi dado por quem? Deus!
A salvação é um caminho pessoal, não pode ser imposto nem obrigado!
Eu acredito na gravidade! Se alguém se voltar para mim e disser “essa coisa da gravidade é uma patranha” a minha resposta é “então atira-te de um prédio e logo vemos quem é que tem razão! Se ficares a flutuar no ar eu também passo a acreditar”
Se alguém acredita verdadeiramente em Deus, aquilo em que os outros acreditam ou deixam de acreditar é um problema deles, porque no fim se verá…
Mais ainda, matar em nome de Deus contradiz directamente a sua palavra e Deus, sendo Omnipotente, precisa tanto de mim para matar outro como uma ostra precisa das obras completas de Shakespeare!
Portanto estou em crer que qualquer gajo que se faça explodir para matar mais alguém, qualquer gajo que entre com um camião por uma multidão dentro, qualquer gajo que haja com violência em nome de Deus não pode, de maneira alguma, acreditar em Deus!
É uma contradição! É o livre arbítrio aliado a fortes doses da estupidez humana!
E partindo do principio, ainda durante mais esta frase, que Deus existe, apetece usar uma frase do Rabino, profeta ou Messias, consoante a vertente, Jesus, de Nazaré, e dizer “Perdoa-lhes, pai, que eles não sabem o que fazem”, mas é mesmo bom que Deus perdoe, porque nós, que não somos Deuses nem profetas, mas pequenos seres humanos que andam entretidos com as suas vidinhas patéticas temos cada vez mais dificuldade em perdoar…

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Published on July 15, 2016 06:15
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