Edyr Augusto's Blog, page 5

February 15, 2019

A MAIS HONRADA PROFISSÃO DO MUNDO

Professor. Não tenho dúvida. Em países como Finlandia, Coréia do Sul e Espanha, jovens e até 15 anos preferem o magistério à Engenharia, por exemplo. Aqui no Brasil, tudo inverso. Não chega a 2,5% de jovens querendo ser professores. Isso tem de mudar.
Creio que todos nós tivemos professores marcantes em nossa vida estudantil, seja porque não eram tão bons, seja porque nos deixaram ensinamentos importantes. O mano mais velho foi professor de Jornalismo na Ufpa. Eu também. Minha mãe. Após os filhos baterem asas transformou-se em professora de Redação e até hoje a lembram com saudade. Ela tinha o dom. Mais importante, o preparo. Lembro de professoras no Primário do Suiço Brasileiro. Mercês, exigente, dura. Gabyria, de ótimo humor. Minha inesquecível amiga Beatriz Kup, que me abriu a cabeça para a Língua Inglesa e o coração. No Colégio Nazaré, Irmãos Machado e Afonso, que também pregaram o conhecimento, comportamento, análise e opinião. Alguns inesquecíveis como Edson Berbary, que me fez ler “Menino de Engenho” de José Lins do Rego. Luiz Gonzaga Nogueira, de quem não aprendi quase nada de Química Mineral, mas foi de grande amizade. Manoel Leite em Matemática. Este, vivia em seu próprio mundo, não chegava a ser tão acessível, mas professor por excelência.
Minha vida fazendo rádio também foi como professor. Sempre trabalhando com jovens, em função da programação das emissoras, o ensinamento foi constante. Ensinei na Ufpa por pouco tempo mas até hoje me sinto bem pago quando ex-alunos, hoje profissionais de relevo, me cumprimentam com respeito, alguns ainda me tratando como professor. O que mudou? Nos últimos trinta anos, a Educação e a Cultura se deterioraram completamente. Houve apostas em Universidades e hoje temos doutores que não sabem escrever uma receita. Em comparação com outros países, regredimos em notas escolares. Os professores perderam importância. São agredidos em sala de aula. Diminuídos. Com o salario que ganham, ficam incapazes de comprar livros, assistir aos filmes, aos shows musicais, a se informar. A maioria sequer tem computador. E diariamente, em todo o país, enfrentam somente com sua presença, giz e quadro negro, um mundo inteiramente novo, onde os estudantes estão ligados, todos, em seus celulares. Li um artigo na Folha, de Claudia Costin, que trabalha na área de Educação. Agora que o novo currículo foi lançado, vai ser dada total atenção à base de ensino. Mas para que isso seja implementado, é preciso municiar o professor de armas (no bom sentido) para passar esses conhecimentos. É preciso atualizar o currículo que forma professores. Maiores salários. Salários altos, mesmo. Cursos de atualização para todos. Motivação. Computadores, telões, mergulho nesse mundo novo que é uma janela para o conhecimento e não perder tempo em grupos de zap falando besteira. Os colégios precisam ser cuidados. Ar condicionado porque neste nosso calor, pretender que a garotada fique tranquila, impossível. Conforto. Imaginem escolas que nem carteiras têm. O conhecimento é um mundo maravilhoso. Se for bem mostrado, duvido que haja resistência. É preciso aumentar os horizontes das crianças. Somente assim uma nova geração irá assumir o país na direção de uma sociedade melhor e justa. Foco total na Educação de Base. Foco total no professor.
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on February 15, 2019 06:31

February 8, 2019

CELESTE MAGNO CAMARÃO PROENÇA

Uma vez ela foi até a praça da República porque alguns meninos estavam provocando algum confronto. Foi pisando duro, como se para uma batalha. Pronta para defender a ninhada. Nada sério. Talvez nós fossemos realmente muito fechados em nós mesmos. Não deu em nada, claro. Tivemos uma infância maravilhosa. Na maior parte do tempo, éramos apenas quatro. Mais tarde veio a última irmã. Hoje lembrei de minha mãe, Celeste, 97 anos em junho, mas faleceu em 12 de fevereiro. O apartamento no Edifício Renascença era um mundo. Um reino onde tudo era possível. Tínhamos músicas. Meu irmão mais velho compunha paródias para incomodar os demais, com seus apelidos. Comprávamos revistas de bang bang editadas pela Ebal em uma revistaria que ficava no térreo. O mais velho, sempre ele, começou a desenhar suas próprias HQs. É claro que fomos atrás. Uma cômoda que tenho até hoje fazia as  vezes de carruagem que deveria ser assaltada. Ele era sempre Bill, o mocinho, enquanto que a irmã era Maggie. Eu era Brown, o bandido e o menor, curiosamente, foi chamado de Robin Hood. Não sei a razão. E a vida seguia como em um mundo à parte. Um jornal de circulação incerta aparecia, datilografado, contendo fofocas de cada um. Muitas vezes era rasgado em revolta. Sim, eu era o mais danado. Não tinha tempo para nada. Não conseguia concentrar. A cabeça no mundo da lua. Nas noites de réveillon, ouvia os moleques batendo nos postes de ferro. Do meu quarto, deitado, pela janela, uma sombra se projetava sobre o outro prédio e eu achava que era o ano velho indo embora. Eu e o mais velho aprendemos a jogar futebol de botão. Leitores da Revista do Esporte, tínhamos todos os times do Rio de Janeiro, incluindo Campo Grande, Bonsucesso e até Canto do Rio. Tínhamos nossas regras, o mais velho narrava e eu fazia o ponta de gol. A mãe confeccionava traves e a bola de lã. Agora havia as colegas de minha irmã ensaiando hully gully e depois ensinando a dançar junto. As festas começavam e não podíamos perder. Gozado como o mundo de fora vai entrando, o de dentro ficando guardado no coração e a mãe, a criadora de tudo, fica assistindo baterem asas. Ainda dividíamos muitas coisas. Música, principalmente. O pai voltou a cantar e tocar. A mãe aproveitou e também veio. No Mosqueiro, noites e noites, apenas nós, cantando nossas músicas. Cada um precisava cantar uma. Todos tocavam algum instrumento, menos eu. Então fiz uma letra e meu pai musicou. Voltou a compor. E fomos batendo as asas, gozando deste mundo aqui de fora, interessados em tudo, tudo. Moda, música, teatro, artes plásticas, literatura, comportamento. Hoje, dos cinco, somos quatro jornalistas, cada um em seu estilo. Nunca sentimos o peso do nome Proença, que tem significado nesta cidade. Fomos preparados para voar. Vivemos uma Camelot naquele apartamento. Quando estávamos prontos, viemos para o mundo de fora. Em cada um desses momentos, cada um deles, ela está. Celeste, nossa mãe. Se os pais, ao casarem deixaram a vida artística que tinham, antes, para se dedicar ao lar, ela fez de nós sua troupe, para brincar com os sonhos e ensinar a vida. Estava em todas as nossas manifestações. Já adultos, dúvidas do Português, bastava ligar. Era nosso Google. E tudo, para ela, tinha a exuberância de quem sabe que a vida é o grande espetáculo. Fazia gestos, melodiava as palavras. Ouvíamos embevecidos. Sinto sua falta a todo instante, reclamando sua ausência. Minha mãe, minha tudo, amada apaixonadamente, Celeste Magno Camarão Proença.
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on February 08, 2019 05:44

January 25, 2019

ONDE O MUNDO SE DIVIDE

Para mim, o mundo se divide na esquina da Tiradentes com a Quintino Bocaiúva. Ao menos, para os que usam a Tiradentes, em direção ao centro. Explico: o trânsito é forte e recebe carros da Antonio Barreto, bem como da Doca. É uma subida intensa, e desafia a habilidade dos motoristas em manter o carro embreado, mas parado. Quase chegando à tal esquina, uma faixa contínua avisa, segundo as Leis de Trânsito, que está proibida a ultrapassagem. Portanto, quem quiser dobrar à direita, para a Quintino, deve, bem antes, escolher o seu lado, bem como os que seguirão em frente. Mas aí é que está. Enquanto uma minoria, que seguirá em frente, obedece às instruções, a maioria, fiel à máxima de “sou brasileiro e tenho de levar vantagem em tudo”, aproveita-se e vem, lépida, esperta, alegre e saltitante, ultrapassando os “idiotas obedientes”, seguindo em frente, ganhando alguns metros, se tanto. Vale a pena se preocupar com isso? Bem, eu me preocupo. Há motoristas de táxi, e me vem uma baba sagrada, por sabê-los interessados em qualquer nesga por onde possam levar vantagem. Há garotos em carros fantásticos, enormes, ansiosos para demonstrar sua ousadia e competência, em driblar os bobalhões, ali, na fila. Há estúpidos, sempre aborrecidos, que cometem o ato, meramente por grosseria. E mulheres com falso ar ingênuo, tentando levar vantagem. Eu gosto. Antevejo. Percebo sua chegada discreta, atabalhoada, dissimulada, agressiva. Vejo nisso, um quadro da nossa sociedade. Toda a má educação, a falta de cultura e civismo que nos assola, não interessa a marca e o ano do carro. Eles se aproximam, certos que no momento preciso, me cortarão a frente e ganharão os tais metros, saindo felizes, sorriso no rosto, pensando “mais um idiota para trás”. Só de pensar, me dá um arrepio. Eles vêm, com a certeza da impunidade. Não tem a ver com superioridade econômica, luta de classes, sei lá. É preciso boa noção de espaço, domínio do carro e do tempo. Sangue frio. Dissimulação. Estamos lado a lado. Com um discreto olhar, de relance, percebo sua intenção, a respiração do carro, com seu pé no acelerador, a posição em diagonal para realizar a manobra. Permaneço estático, como um leso, mais um leso a ser enganado, vencido. Fico ali, inerte. É preciso manter mínima distância do carro à frente, mesmo que seja uma subida. É agora. Uma pequena aceleração e o bico do meu automóvel toma a frente, para susto do oponente. Ué, o que aconteceu? Pior, a partir daquela esquina, a Tiradentes fica mais estreita, exatamente para a esquerda, de onde vêm os obedientes “idiotas”. Assim, com o bico do carro à frente, resta ao então confiante e panaca do outro carro, a calçada, a não ser que freie, repentinamente, inesperadamente, um corte nas suas certezas, e aguarde a próxima nesga, para, ainda assim, fazer valer sua manobra irregular.

Depois, é só olhar pelo retrovisor suas pragas, reclamações, como garotos apanhados em travessura. Alguns vêm atrás, ligam farol alto, querem vingar-se, mas a rua é estreita, não permitindo ultrapassagem e alguns metros adiante, a maioria cai em si e percebe que estava errada, deixando para lá. Já vi outros “colegas” fazendo a mesma coisa. Que bom não estar sozinho nesta guerra. Alivia o peito. Amansa o tal “espírito punitivo”. Mas antes de tudo, é um pedido a cada um, para que retornemos à civilização e suas leis. No mais simples ato, como esse, na esquina da Tiradentes com a Quintino, está resumido todo o nosso problema. O mundo se divide ali. De que lado você está?
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on January 25, 2019 06:05

January 18, 2019

O NOVO LIVRO DE LEONARDO PADURA

Leonardo Padura é um dos maiores escritores da língua espanhola em todo o mundo, tendo recebido, recentemente, o prêmio “Princesa das Astúrias”, a premiação mais importante da Língua Espanhola. Em novembro passado, recebeu o Prêmio Barcino, de novela histórica. Já havia sido lançado no Brasil alguns de seus livros, mas eu não os tinha lido. Isso aconteceu a partir de “O Homem que Amava os Cachorros”, pela Boitempo Editorial, que foi aclamado nacionalmente. Logo depois veio “Os Hereges”, também excelente. Estive ao seu lado, no Recife, visitando a primeira sinagoga do Brasil, o que tem a ver com o romance. E então, a editora relançou os trabalhos com aventuras do detetive Mário Conde, que muitos dizem ser seu alter ego. Quatro livros maravilhosos, na linha noir, mas fundamentalmente nos revelando Havana e cubanos na sua essência, sem cores publicitárias ou políticas. A vida, simplesmente, em seu dia a dia. Também está na Netflix, ainda, suponho, uma série espanhola com as histórias desses livros. Imperdível. Mas é que agora, a Boitempo apresenta seu novo trabalho, “A Transparência do Tempo”, onde mais que uma nova aventura de Conde, Padura se defronta com a chegada dos 60 anos de idade e o que isso representa para cada um de nós. Seus medos, sensação da passagem inexorável do tempo e os poucos sonhos ainda faltando realizar.
A história, datada de 2014 é esplendida, por situar-se em um breve período de esperanças por melhores dias, em função dos gestos do presidente americano Obama, em reatar relações diplomáticas e outras possibilidades. Sonho furado. Trump foi eleito e tudo voltou ao zero. Conde é um policial aposentado, que vive de pequenos bicos. Sua namorada, cinquentona, é descrita como legítima cubana, mulher de opinião, com apetite sexual e dotes culinários. Cada um mora em sua casa. Melhor assim. Também acho. Amigos de uma vida inteira são visitados quase todos os dias. Reunem-se para comer, beber e ouvir Creedence Clearwater Revival. Ajudam nas investigações, dão palpites. Há sempre um que está prestes a se mandar para Miami, onde já vivem parentes. Conde fica triste. Se não fomos quando éramos jovens e cheios de sonhos, conhecer o mundo foi porque éramos proibidos. Agora, velhos, temos mais é que ficar por aqui, junto aos amigos. Para quê viajar para uma cidade desconhecida, mundo novo, refazer uma vida que durará poucos anos? Há uma certa melancolia em todos. A dificuldade em comer bem, beber do melhor, fumar charutos ou cigarros (Leonardo nem prova outras marcas, tem sempre um maço cubano), casas arruinadas, ruas esburacadas, engenheiros trabalhando como garçons, médicos dirigindo carros americanos pré históricos e autoridades vivendo em mansões maravilhosas, deixadas por seus antigos donos, que fugiram quando Fidel Castro tomou a cidade. Aposentado, vive de comprar e vender livros antigos, importantes, encontrados em sebos ou na mão de viúvas que desejam ver-se livres da papelada colecionada pelo falecido.
O chefe de polícia é um ex-comandado por Conde. Vivem às turras por ele investigar assuntos perigosos, expondo-se muitas vezes e sem avisar aos órgãos competentes. Um antigo amigo de colégio o procura para um trabalho. Especialista no mercado negro de arte, faz com que o detetive desça aos porões da cidade, as zonas, diria, vermelho rubro, em termos de perigo, pobreza, fome e desespero. Eu adorei e recomendo.
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on January 18, 2019 04:43

January 11, 2019

PARAENSES NA CIDADE MARAVILHOSA

O Rio de Janeiro ainda é um sonho para os paraenses? Vi em várias colunas sociais fotografias feitas em réveillons e na praia, claro, maior verão. Há uma parte de Copacabana, logo no começo, onde famílias paraenses ainda têm apartamentos. Era chique morar ali. A classe média, que passava as férias de julho em Mosqueiro, transformando a ilha em uma Camelot, jogava-se para a Cidade Maravilhosa nas férias de começo de ano. O Rio era e é um grande chamariz, mesmo com as balas zunindo as cabeças e arrastões sejam mostrados nos jornais da televisão. Os cariocas bem que tentam, convenhamos, mas não conseguem destruir paisagem tão linda. Penso que muitos outros brasileiros, de outros Estados, também amem a cidade. Uma vez, em Oriximiná, para a festa dos bois, ouvi diálogo em mesa próxima, em um navio onde estavam os vips da região. Entre outros bafos, a coisa de veranear na cidade. Lembrei de nós. Lembrei de mim.

Comecei a ir aos nove anos, para ficar com meus avós, na Barata Ribeiro com Bolívar. Depois, muitos outros endereços. Meu pai foi transmitir Santos x Milan. Noite chuvosa. No dia seguinte, até notas de dinheiro estavam para secar. Mas andar por Copacabana, sobretudo, era ouvir “éguas”, “maninha e “tu viste”, por exemplo, em cada esquina. Paraense gostava e gosta de andar em bando. Assim, levam consigo sua cidade, seu ambiente e amigos. Também são encontrados assistindo peças de teatro. Não faltam. Menos aqui em Belém, onde nunca vão. Quando vão à praia, as meninas logo são cercadas por meninos cariocas e a eles concedem todos os mimos. Em segundos, adquirem um sotaque genuíno, verdadeiras “garotas de Ipanema”. Tudo isso me fez escrever uma peça de teatro, “A Menina do Rio Guamá”, que fez muito sucesso, nos anos 90. Há muitos “causos” a serem contados. Como aquela família que frequentava os restaurantes mais caros, mas a mãe sempre levava, em uma lata de leite Ninho, a farofa feita aqui, para no devido momento, colocar no prato de seus filhotes. E aquela namorada que terminou o namoro em outro restaurante? O namorado, já estava há mais tempo veraneando. Ela chegou, foram jantar. Quando chegou o garçom, o namorado, já enturmado, o chamou pelo nome e apresentou a namorada, dizendo que ela tinha acabado de chegar de Belém e ainda não conhecia a cidade. Audácia! Paraenses também não perdiam shows no Canecão. E como sempre andam em grupo, este era sempre o mais ruidoso do local. Mas as meninas, todas com seu “pet namorado carioca” e seu sotaque praiano, estavam bem colocadas. Nada de passeios a Corcovado e Pão de Açucar. Brega, totalmente brega. Vão para os barzinhos, quem sabe a Lapa, mas as mães todas também vão e ficam em mesa especial, de onde podem vigiar as meninas, loucas para fugir com seus “pets”. Hoje, que as viagens ficaram mais fáceis e passageiros viajam de calção, chinela de dedo e camiseta, já são poucos os grupos de paraense em ação. Houve época de Fortaleza e seu carnaval fora de época. Há muito que todos estão em Miami, com apartamentos abertos somente durante a temporada, mesmo que nos EUA seja inverno. Sim, vão todos em uma grande turma, locomovendo-se em vans enormes, de onde saem em hordas para Outlets gigantescas. Compram desde assento de privada e outras cafonices. Logo cedo, nos lobbys dos hotéis, fazem montinho, praguejando contra esta ou aquela, que sempre está atrasada. Eles saem de Belém, do Brasil, mas na verdade, não saem, entendem? Lembrei de tudo isso quando vi as fotos de gente feliz em suas férias e nos réveillons no Rio de Janeiro.
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on January 11, 2019 05:29

January 4, 2019

AS CERTEZAS DE UM NOVO TEMPO

Acho um avanço, sem querer achar muito por faltar-me um conhecimento técnico melhor, a Base Nacional Comum Curricular, que está sendo lançada no Brasil. Aos 16 anos, ainda não havia amadurecido e não sabia que carreira pretendia seguir. O fato é que cursei alguns anos de Engenharia Civil, na UFPa, para enfim formar-me em Jornalismo, onde me encontrei, já adulto. Se a Base já funcionasse, desde cedo meus pendores seriam identificados as escolhas melhores, definindo uma direção. Mais do que nunca, a Educação me parece o assunto mais importante. Estamos atrasados em relação à maioria dos países. Temos, diria, gerações perdidas, com analfabetos funcionais, jovens em idade de trabalho mas sem qualquer qualificação em um mercado cada vez mais exigente. Segundo o World Development Report 2019, apresentado pelo Banco Mundial, todos precisaremos adquirir novas competências. Os robôs estão aprendendo cada vez mais, extinguindo profissões, diminuindo a demanda por empregados. Isso nos leva para o começo do século XX, Revolução Industrial quando os cocheiros, por exemplo, perderam emprego para os chaufferes dos carros. E, recentemente, os fabricantes de máquinas de datilografar, para os teclados dos notebooks. Isso apenas para citar dois casos. O mundo está em pleno movimento e as descobertas, invenções são quase diárias, deixando obsoletas coisas que ontem considerávamos essenciais. Eric Ries, que escreveu o livro The Start Up Way, disse que vamos utilizar cada vez mais o empreendedorismo como veículo de modernização e mudança cultural para enfrentar os novos tempos. Ou seja, invente, crie, ofereça sua novidade, pense. Pensar. Aí reside um dos grandes obstáculos. Lembram de Henry Kissinger, o Secretário americano que agiu predominantemente na época da Guerra do Vietnã?  Nem todos, claro. Ele declarou que a  cognição humana está perdendo velozmente seu caráter pessoal. A internet está afastando as pessoas da História ou Filosofia. Querem respostas rápidas, práticas. Informação rasteira. Ou seja, não pensamos, não refletimos, não analisamos. E assim, não formamos opinião própria a partir de argumentos positivos e negativos, alcançando um equilíbrio. Concordamos com o que nos afirmam. Fica tudo muito simples e ralo. Sem o conhecimento, sem o argumento, sem a Filosofia, não somos nada. Qualquer um que tiver minimamente esses instrumentos, digamos, nos reduzirá a pó em segundos. As frases são cada vez mais curtas. Se há mais de três linhas ainda avisam “ih, lá vem textão”.. O resultado está claro nas músicas de sucesso, com letras cada vez mais tolas, até onomatopaicas. Digital Influencers, jovens que vivem de expor a tolice de suas vidas para um público que não tem vida. O vocabulário está cada vez menor. No cinema, apenas as comédias lotam as salas. Ninguém quer pensar. Teatro é chato. Livro me dá sono. Quero apenas os destaques. Mesmo assim, parece que o melhor do cinema está nas séries. Está tudo na Nuvem. Ninguém mais precisa ter cds, livros, dvds. Tudo por streaming. Confesso que nunca pensei que chegaríamos a isso. Foi tudo tão rápido. Olho para meus poucos vinis que guardo mais como lembrança, para os cds e sinto que são passado. Nem mais tenho em casa um cd player, por exemplo. Nesse mundo de velocidade, será que chegaremos ao implante de dados culturais em nossos cérebros? Porque já percebo a falta de tempo para alguém sentar e ouvir um cd inteiro, ler um livro inteiro, assistir a um filme com mais de duas horas. Onde isso vai dar?






 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on January 04, 2019 06:40

December 28, 2018

AOS SOBREVIVENTES

Colegas artistas e envolvidos com a produção cultural de maneira geral, sobreviventes que conseguiram chegar até aqui e assistir à segunda saída de alguém que durante mais de vinte anos trabalhou incansavelmente para nos destruir, humilhar e afastar do povo paraense. É a segunda vez. Da primeira, o resultado não foi bom. Agora tem tudo para dar certo. Vai ser preciso controlar a ansiedade. Não esperem um Messias que a tudo dará solução e num passe de mágica nos dará plenas condições de exercer nossa arte e um público que voltará a acorrer às nossas apresentações. Tudo foi destruído. A mentalidade, hoje, grosso modo, é confundir Cultura com Lazer. A Cultura virou algo chato. Livro começo a ler e dá sono. Peça de teatro é chato e problemas, já tenho os meus. Músicas hoje basta ouvir em streaming minhas cantoras favoritas. E assim por diante. Vai ser difícil. Lembrem que nosso Estado tem o tamanho de um país. E salvo uma ou duas obras, a Secult atuou somente para Belém, como se fosse uma secretaria municipal. Sim, precisamos reconquistar o público da capital que, afinal, como muito bem a tal pessoa queria, passou a achar que nós, artistas, somos feios, cafonas, toscos, mal vestidos e sem talento. Também precisamos saber que, sem conquistar esse público da capital e principalmente, das grandes cidades do Pará, qualquer brilhareco obtido por força de talento e internet, fora daqui, não é suficiente. Não tem base. Enfim, começar do zero. Fazer estruturas, definir conceitos, parcerias, eventos a partir do ápice de ações coordenadas. Difícil. Bem difícil. Mas nós sobrevivemos. Nós, do Teatro, em espetáculos de rua, em casas, escolas, até em ônibus. Nós teimamos. Chegamos até aqui. Nós, da Literatura, nos unimos na Flipa e mais do que isso, suscitamos o surgimento de diversos grupos de escritores e leitores jovens que agitam a área em um sem número de reuniões, mesas redondas, debates, leituras dramáticas, provando que há vida no setor. E como! Eventos corajosos como Se Rasgum ou Psica demonstram a aparição de novos artistas, querendo espaço, querendo público, precisando de um Estado que fomente a Cultura, não como política paternalista como um idiota disse, mas para a constituição de um mercado, que após estar em pleno funcionamento, vai possibilitar à uma Secult, inclinar-se para outros artistas, em áreas que por qualquer motivo ainda necessitem de apoio. Não queremos esmola. Aqui as leis de incentivo não funcionam. Não há patrocinadores à vista, porque não querem abrir seus livros contábeis para a Secretaria de Finanças. E não, nenhuma lei de incentivo, dá dinheiro para a Cultura. O dinheiro que o patrocinador dará, é relativo a percentual de imposto que, no caso, pagaria ao Estado, que deixa de receber. Artista leva a culpa de tudo. Ainda tem de aturar 50% de desconto no ingresso. Se em retorno, artistas tivessem uma carteira que ao apresentar no super mercado, farmácia, onde quer que fosse, também obtivessem 50%, de maneira a equilibrar o que deixou de receber.. Não. Somos pobres. Lá na Casa Cuíra, vivemos de ingressos e de matrículas em uma Escola Livre de Teatro. Os figurinos são todos a partir do acervo do Grupo. O resto é fazer Teatro porque é isso que fazemos. E foda-se. Assim, todos os outros. Somos sobreviventes. Se perguntarem como conseguimos chegar até aqui, respiraremos fundo e após uma reflexão e diante da curiosidade de quem perguntou, diremos: foi muito difícil. Mas aqui estamos.
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on December 28, 2018 05:36

December 21, 2018

POR UMA CUIA DE TACACÁ

Feliz Natal para todos. Espero que estejam bem felizes para comemorar a data. A mim pouco importa se é o dia certo ou não. Tenho meus assuntos com Cristo razoavelmente bem conduzidos. Gosto do Natal. Me emociona. Lembro da infância. Tive uma mãe com uma imaginação fértil. Quando a época chegava, inventava mil estratagemas para ficarmos ligados. Como já contei, descobri sobre Papai Noel e levei meu irmão menor para confirmar. Paciência. Não me venham com esse negócio de festa do consumo e tal. Adoro presentear. Escolho presentes que acho que o presenteado vai gostar. É bom fazer as outras pessoas felizes. Lamento que nem todos possam ter a festa que desejavam. Sim, a festa do nascimento do Cristo devia ser a celebração do amor, da amizade entre as pessoas. O renascimento. Jesus viveu entre os pobres. Mas importante mesmo é o que vai no coração. Não me venham também com essa de não ter saco de passar a noite com o cunhado detestável, a prima que bebe e enferniza, enfim. Sugiro uma trégua. Dá um tempo, cara. Não perde o melhor. Uma noite apenas, poxa. Sinto saudade da minha família. De meus irmãos crianças. Do acordar, correr e abrir os presentes. Minha mãe se foi no começo do ano e estou assim, meio sem rumo. Carlos Eduardo Novaes conta de um dia 25, almoço, o menino veio chorando queixar-se à mãe. Porque você não está em seu quarto, jogando seu novo game? Não posso. Papai e os tios estão lá, jogando e me mandaram sair. Todos viramos crianças, claro. Encontrei amigos de uma vida inteira, desde o tempo do colégio. Cabelos brancos, barrigas proeminentes, a verdade é que nos vemos ainda baixinhos, magrelos, caneludos e com olhos espertos, danados. E nos deliciamos em lembrar nossas antigas aventuras. Lembraram uma delas, que tentarei contar, aqui. O Nando veio com a notícia que agora tinha um galo de briga, desses de rinha. E haja a contar vantagem. Procuramos todos nos informar sobre o assunto. A alimentação correta, os treinamentos. O Nando ia dizendo que obedecia e que o galo, a cada dia que passava, ficava mais forte e capaz de lutar e ser um grande campeão. Na hora do recreio, juntos, como que guardando um grande segredo, conversávamos sobre seu desempenho. Outro veio com a notícia de uma rinha próximo à sua casa. Foi lá e contou do “nosso” galo de briga, que apelidamos logo de Ali. Sim, Ali, de Mohammed Ali, claro. Disse maravilhas e logo apareceu alguem que fez o desafio. Iam apostar. Quanto? Ficou no ar. Fomos todos ao Nando. O Ali já está pronto? Claro! Só mais uns ajustes. E as esporas dele? Estou dando um tratamento diário, para ficarem bem afiadas. Sabiam que o nome delas é Batoque? Não. Enfim, chegou o dia. Marchamos em cortejo até o rinheiro para o grande embate. Era um ambiente de adultos, mas fizemos pose de acostumados àquilo. Quando o desafiante olhou para o Ali, até sorriu. Pensamos que era de medo. Vamos apostar! Bom, todos botamos as mãos nos bolsos e conseguimos 15 reais! Foi uma gritaria. Acho que riram, mas era nossa aposta. Estávamos nervosos. Bem, a luta não durou dez segundos. O galo rival foi direto na papilha do Ali e acabou a luta. O Ali era mutuca. Ficamos arrasados. Perdemos dinheiro. Nando recolheu o galo. Percebemos que o ali nunca havia enfrentado um galo na vida. O Nando esqueceu de aulas práticas, digamos. O que fazemos com ele? Acabamos em uma tacacazeira que ficava na esquina. Ela trocou o galo morto por uma cuia de tacacá, que dividimos, pensativos. Feliz Natal.
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on December 21, 2018 05:27

December 14, 2018

DONA FERNANDA FALOU


Fernanda Montenegro usou programa dominical na Tv para defender os artistas, que principalmente durante a campanha política, foram acusados de enriquecer através da Lei Rouanet. Tinha de ser alguém inatacável como ela, para dizer. Fernanda, mais que tudo, defendeu os artistas espalhados pelo Brasil, a grande maioria exercendo sua arte sob as piores condições possíveis, para um público que cada vez mais se afasta da Cultura, seduzido por atrações aparentemente mais interessantes, mas que somente refletem o mais baixo e profundo nível de Educação e Cultura que aflige todo o país. Há várias gerações absolutamente perdidas, sem ter opinião, sem articular pensamentos, lendo mas não captando o que foi lido e lendo com muita dificuldade. Sem qualificação, não têm espaço no mercado de trabalho, digamos, onde os salários são minimamente condizentes e se não vão para a informalidade, construção civil, ingressam no tráfico e outros delitos. Mas os artistas foram mal falados por causa da Lei Rouanet. A maioria das pessoas nem sabe, que a Lei não dá dinheiro a ninguém. Os interessados submetem seus projetos a um comitê em Brasília, que julga os que considera melhores, concedendo-lhes um selo que lhes possibilita ir a empresas solicitar patrocínio, na forma de imposto que essas empresas iriam pagar ao governo. Grosso modo. Assim funcionam demais leis brasileiras, para a área, como a que temos no Pará e em Belém. Viajei por aí e conheci a National Endowment of Arts, nos EUA, onde grupos escolhidos, em várias áreas, recebem dinheiro para um ano inteiro, recebendo também contadores que fiscalizarão seu bom uso. Nem todos gostam, por lá. E quem fica fora da lista? E novos artistas que ainda precisam tornar-se conhecidos? Na Alemanha sei de uma crise no teatro, porque as companhias são subsidiadas e deixou de haver, digamos um desafio, para obter maior público, para desafiar os costumes, influenciar a sociedade. Temos aqui uma lei que nosso venerável prefeito recusa-se a obedecer, como é hábito em governos tucanos, que odeiam Cultura, a não ser ópera. O venerável, para não ficar atrás em ridículo, também é imortal da Academia Paraense de Letras, vejam só. A grande questão é como destinar recursos para a Cultura. Alguém dirá que isso é absurdo e que o artista é um profissional como qualquer um. Ganha dinheiro para fazer teatro? Não vou gastar espaço sobre o valor da Cultura. O artista não quer me dá um dinheiro aí. Ele quer e é obrigação do Estado, em qualquer instância, fomentar a criação de um mercado onde ele possa existir. Nas leis, da maneira que estão aí, o Governo na base do toma que o filho é teu, faz com que departamentos de marketing decidam quem, dos que receberam o selo da lei, vai receber patrocínio. O marketing escolherá aquele monólogo maravilhoso e importante ou aquela comédia fácil, que receberá mais público? Ele precisa pensar pelo produto. Esse é o problema. Dinheiro da Rouanet não vem para cá. Quais são nossos grandes patrocinadores? O Cuíra conseguiu patrocínio via Rouanet da Petrobrás. Raro. Mas acabou. Um espetáculo. Feito, contas prestadas e tal. Então, vão as grandes empresas destinar milhões para musicais da Broadway, para turnês de músicos como Ivete Sangalo, peças de famosos como Jô Soares, por exemplo, claro e a pergunta que faço é, mesmo sabendo que tudo isso custa caro, somente a fama desses artistas (muito justa, por sinal), não os faria arriscar seu próprio dinheiro, deixando o das leis para os 95%, talvez, dos artistas espalhados no Brasil? Aqui, nem a estadual funciona. As empresas não querem abrir seus livros para a Sefin. E pronto. A parceria entre o Teatro de Apartamento e a Casa Cuíra tem rendido belos espetáculos. Patrocínio? De ninguém. E ainda somos chamados de milionários da Rouanet...
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on December 14, 2018 06:11

December 7, 2018

EU, VOCÊ, NÓS DOIS, JÁ TEMOS UM PASSADO, MEU AMOR

Saiu a foto e a notícia da casa na Barão da Torre, Ipanema, RJ, onde Tom Jobim morou. Um de seus endereços. Foi vendida e um prédio será erguido no local. Alguns estão gritando. Já vi alguém dizendo que é melhor assim. Que no prédio morem outros artistas fazendo novas músicas. Bem, o que ainda não falta é espaço para construir novos prédios onde novos músicos irão morar e, quem sabe, compor maravilhas. Para mim foi interessante e me moveu para escrever estas linhas porque estive hoje na Rua Santo Antônio, já completamente destruída, tomada por barracas podres, vendendo produtos falsos, para um público que vem de longe para comprar. Há muito que pessoas, instituições, associações, o caralho a quatro bradam, pedem socorro, para que o que chamamos de “Comércio”, onde muito da cidade iniciou, seja acudido. O casario, lindo, desaparece, desmorona, é demolido, é dilacerado, vilipendiado, violentado, depredado, na sanha da ignorância, da estupidez, do cretinismo, tudo isso gerado pela falta de Educação e Cultura que nos assola, e políticos imbecis, bandidos, idiotas, néscios, ladrões, que têm comandado nossa urbe. Nosso tecido civilizatório está completamente esgarçado. É como se, lentamente, talvez rapidamente, sei lá, estejamos voltando à vida na selva, onde não há leis e onde tudo pode ser feito, por quem quiser fazer, onde e quando quiser, meramente por ter vontade de fazer. Impera a lei do mais forte, com armas, assaltos, reféns, tiros, mortes, a qualquer hora do dia, em qualquer lugar, à vista de todos, afrontando a mínima idéia de civilização.
Se embaixo o cenário e de ruínas, digamos, ao olhar para cima os olhos se enchem de lágrimas pelo choque em ver o que eram as casas, velas, azulejadas, janelões, enfeites, estátuas, acima dessa desgraça abaixo. As lojas, ao invés de preservar a beleza, a derrubam com gosto, instalando peças ridículas, que ofendem qualquer conceito de estética. No meio das ruas, essas barracas como nesses campos de refugiados de guerra, onde os produtos made in China são vendidos. E muita sujeira, caixas de som altíssimas, locutores falando português errado e sendo entendidos por todos os que também não sabem mais falar seu idioma. Belém já está abaixo da civilização. Quanto custará para voltar aos mínimos padrões? Essas novas gerações de imbecilizados e mal educados, que não sabem somar dois mais dois, lendo mas sem saber dizer o que leram, acham que o mundo começou no dia em que nasceram. Não têm idéia de onde pisam, por onde passam e quem fez tudo isso existir. E quem tem idéia disso tudo, por boçalidade, tenta por todos os meios destruir o que foi feito, meramente porque não foi sua obra, ou por discordâncias políticas. A Presidente Vargas está destruída, com prédios inteiros abandonados, mendigos e marreteiros, ladrões e crackeiros, circulando com olhos esgazeados de crack. Caixa Economica, Banco do Brasil, Bradesco, Banpará, C&A, o caralho (desculpem, mas não há como evitar), nenhum deles pensa em cuidar da avenida. Em usar os prédios para fins culturais ou educacionais. Em devolver à cidade o dinheiro que ganham a rodo. É escrotice. Muita. Desamor. Odeiam o Pará. Odeiam-nos. Vivem do nosso dinheiro e nos odeiam.
E nós? Você que teve a paciência de ler até aqui, deve concordar, xingar, também, depois, dizer que porra, alguém devia fazer alguma coisa. E pronto. Vida que segue. Não é, aparentemente, nenhuma agressão à sua pessoa, nada que aparentemente o afete. Mas afeta. Machuca. Agride. Diminui. A sua, a minha cidade está destruída, abandonada, achincalhada, humilhada. O que podemos fazer. Eu, por enquanto, ao menos, escrevo este. Vamos fazer mais?
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on December 07, 2018 10:00

Edyr Augusto's Blog

Edyr Augusto
Edyr Augusto isn't a Goodreads Author (yet), but they do have a blog, so here are some recent posts imported from their feed.
Follow Edyr Augusto's blog with rss.