Edyr Augusto's Blog, page 12

September 29, 2017

O GUARDA ROUPA DA SANTA

Ao longo dos anos, quanto mais a mídia veio revelando mais detalhes do Círio, a escolha do manto que Nossa Senhora de Nazaré usa, virou algo importante. Fashion, também, sem dúvida, mesmo que guardando sempre um ar de respeito, nos desenhos e nos detalhes. Repetindo o que já afirmei aqui, Nossa Senhora virou um ícone pop e não há nada de ruim em chama-la de Naza, ou Nazica, por exemplo, se com todo carinho de alguém que, apesar de tão importante, é tão íntima em nossos pensamentos. Foi pensando nisso e nos mais diversos “passeios” que Nazica faz nesses dias de Círio que veio a idéia de diferentes mantos, conforme a situação. Com todo respeito à Nossa Senhora, é preciso pensar que ela, vaidosa, claro, não deve ficar muito satisfeita em usar a mesma roupa em todos os acontecimentos aos quais comparece entre sexta e domingo. Aquele manto pesado, que usa no domingo, não parece combinar, por exemplo, com a Romaria Fluvial. Não combina de jeito nenhum. E se a Diretoria da Festa lançasse um concurso, ou mesmo convidasse nossos mais famosos estilistas, incluindo André Lima, Leleh Parah e Lino Villaventura, por exemplo, para criar o guarda roupa da Santa? Quem sabe, abrindo uma exceção para um convidado nacional, como Alexandre Hershcovitch. Estamos falando de um manto, por exemplo, para cada ocasião.Romaria RodoviáriaNossa Senhora é levada até Icoaraci, e depois, trazida da Praça do Pescador até a Basílica, por motoqueiros. Não pode combinar aquele manto cheio de brocados, para usar em seu momento especial, não é? Para combinar com a galera das motos, nada melhor que um manto de couro, cheio de tachas fazendo os desenhos do Vaticano, do Espírito Santo e demais detalhes do tema. Romaria FluvialEsta seria uma verdadeira festa para a criação. Moda praia, moda para usar em passeio marítimo. Algo com cores, discretas, claro, mas leve, combinando com a manhã radiosa e a alegria de todos. Evidente que não se proporá uma japona, muito menos uma canga, mas talvez fosse necessário até mesmo incluir óculos escuros, não esses comuns, mas aqueles italianos, cujas lentes são transparentes e não afetariam a visão de Nossa Senhora. Trasladação Aqui já não se trata de passeio, mas de compromisso oficial. O Círio noturno, que vem crescendo ano a ano, talvez por aqueles que não querem ficar ao sol do domingo. Requer um manto fashion, chic, bonito, impecável no seu desenho, no tecido escolhido, entre o cerimonioso e um leve toque moderno. Será que pegaria bem alguma cor, discreta? O branco, nessas horas, não é ideal, como bem sabem os estilistas. Uma coisa é certa: Nossa Senhora, no seu passeio noturno, precisa estar linda!CírioDepois de tudo o que foi dito, imaginem que se trata da passarela oficial, do ápice dos passeios, enfim, do passeio, em si. Quem criará o Manto que Nossa Senhora usará no Círio? Imaginem a disputa nos bastidores. E se forem realizados desfiles com modelos, e não somente utilizados desenhos, ou bonecas? E se o Manto virar moda? E se um baile for realizado para a premiação dos estilistas que vestirão? Esse Manto terá de ser “o bicho”! Maravilhosa! Inenarrável! Chiquérrima! Linda! Adorada!
Nossa Senhora de Nazaré, perdoe nossas brincadeiras e abençoe todos nós.
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Published on September 29, 2017 07:52

September 22, 2017

A SANTINHA ME PERDOA?


O Círio vem chegando, meu pai cantava “vejo caras, vejo gente, gente que nem sei quem é”, o trânsito infernal e mexendo nas gavetas encontrei esta crônica, de humor, a respeito. Espero que as novas “patrulhas religiosas” compreendam que mais do que tudo, Nossa Senhora de Nazare transformou-se em um ícone pop, a nossa “Nazica”, o que não diminui, até aumenta, nosso amor por ela.
“Padre Gerson, foi tudo um mal entendido, eu garanto! O senhor sabe como eu e a minha esposa somos devotos de Nossa Senhora. Fazemos todas as novenas. Colaboramos. Estamos em todos os grupos de oração e ajuda às obras de caridade. Padre Gerson, releve, por favor. O senhor precisa me ouvir. Eu não sabia de nada, entende? Não sabia. Estava fora da cidade havia uma semana, trabalhando. O senhor sabe que eu viajo muito para o interior, a serviço da empresa, não é? Pois então. A Dora marcou a visita da Santa lá em casa, mas esqueceu de me avisar. Eu lhe juro pelo que há de mais sagrado, Padre Gerson. Para piorar, ela teve um problema, lá na repartição, e se atrasou. Alguns poucos minutos, mas que foram decisivos. Pois então, deixe-me voltar ao que estava relatando. Eu chego do interior, sabe como estão as nossas estradas, cheias de poeira, buraco, o senhor sabe, o senhor sabe, o carro fica imundo. Padre Gerson, eu sou um homem de poucas alegrias na vida. Trabalho muito. Mas quando o carro fica bem imundo de lama, Padre Gerson, eu me divirto, sabe como? Sabe como? Boto um daqueles calções velhos, bem largos, bem confortáveis, mando comprar uma grade de cerveja, pego aqueles cds de Reginaldo Rossi, Renato e seus Blue Caps, Wando, e ponho bem alto, viu? Bem alto, Padre Gerson. E vou lavando, vou bebendo, vou ouvindo, vou me animando. É a minha alegria. Pois eu cheguei de viagem, com o carro sujo e achei que era dia de me divertir, Padre Gerson. Relaxar. E eu já estava quase terminando, sabe? Quase terminando, e aí eu vejo aquela procissão chegando, chegando, chegando.. Carregava a imagem da Santa, sabe? Vinham todos cantando, com velas acesas. Aí eu não sabia bem o que fazer. Eu achava que era para alguma outra casa da rua. Mas a procissão vinha chegando, chegando e foi me dando uma coisa, sabe? Aí parou na porta de casa. Reginaldo Rossi bem alto. Eu, ali, só de calção velho, com uma garrafa na mão, cantando, também. Mas aí, corri e desliguei tudo. Peguei uma camisa qualquer, e felizmente, a Dora vinha chegando, também. Não houve tempo para explicações. Levaram a Santa para aquele canto no qual ela sempre fica, lá em casa, o senhor sabe. Aquele calor das velas. Todo mundo cantando. A Dora me pedia para não cantar. Acho que eu estava cantando muito alto, desafinando, sei lá. E então me passaram o livrinho e entendi que era para rezar o Pai Nosso. No meio da oração, a Dora me tirou o livro. Acho que ela não estava gostando. Parece que eu estava adaptando a letra, digo, a oração, por outras palavras. E fazia comentários. Pois é, Padre Gerson. Ainda ficou pior. A Dora disse que eu enxotei as pessoas para a rua, depois da cerimônia. E que eu corri para o carro, liguei o som novamente e bebi mais algumas garrafas de cerveja. Ela fechou toda a casa, para a Santa não ouvir aquilo. Padre Gerson, foi tudo uma coincidência. Um mal entendido. Será que a Santinha me perdoa?
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Published on September 22, 2017 08:25

September 15, 2017

DA ELEGÂNCIA

Não sei se meu avô, Edgar Proença era o autor, mas ele dizia “o homem elegante, não sua”. Estava sempre de paletó e gravata. Mais velhinho, aposentou a gravata, mas roupas, sempre de linho. Mesmo em casa, sapato e meias. Quando vemos fotos antigas, os homens vestem-se assim, e também com chapeu. A temperatura era mais branda, certamente, mas as árvores do centro da cidade ainda não estavam tão viçosas, é bom dizer. Também dizia que além da terrace do Grande Hotel, mais adiante o Manoel Pinto da Silva, para ele, já era fora da cidade. O centro era seu mundo, onde estava sua radio, os cafés, redação de jornais, os amigos. Era uma época de delicadeza, boas maneiras, elegancia. Hoje o conceito mudou muito, para pior, creio, embora respeite a opinião dos outros. Passo meus dias em uma sala com ar condicionado. No caminho de onde moro até meu trabalho, uns 300 metros, talvez, chego suado. Mas vejo pessoas que por conta da profissão estão pelas ruas, acostumadas, sem esse suor que molha as roupas. Sim, seria bem correto usar t shirts, bermudas e sandálias, mas tenho dificuldade. Somente há pouco tempo adotei as bermudas aos domingos. Mas entendo as outras opiniões. No entanto, há procedimentos, hoje comuns, que não consigo aprovar. Viajando de avião. Sei que antigamente era um acontecimento em nossas vidas, a própria recepção na aeronave era diferente, serviço de refeição e outros que não mais existem. Grassou no Brasil o espírito de viajar de ônibus. E vejo os passageiros, de sandálias de dedo, bermudas, camisetas regatta e não consigo aprovar. Repito, é questão minha, todos têm o direito de se vestir como quiserem. Não, isso quase não acontece com mulheres. No mínimo, estão bem arrumadas. Não chego a exagero de cabelo pronto, maquiagem, vestidos de festa, mas estão sempre bem. Aos homens, a esculhambação. Pior, mas pior mesmo, é sair nas noites de sábado e domingo, nos restaurantes. Vêm as moças, tão lindas, bem vestidas, charmosas e de mãos dadas, o parceiro de t shirt amarrotada, bermuda dessas que deixam o rego da bunda aparecendo e sandálias de dedo, gastas.
Acho, no mínimo, falta de educação para com a mulher. Nossos modos sociais. Os finais de semana são, geralmente, preferidos para quem trabalha duro, relaxar, jantar fora e namorar. É por isso que as mulheres se aprontam, dão um up no visual. Talvez estejam bonitas para si próprias, talvez para serem vistas pelas outras mulheres, mas principalmente, estão bonitas para serem apreciadas pelos parceiros. Vão a um lugar mais chic, onde estão pessoas também elegantes. E, de mãos dadas, o homem descabelado, barba por fazer, t shirt como aquelas camisas que usamos para dormir, bem amassada, bermuda no “rendengue” e sandália de dedo. Será uma demonstração de pouco apreço à parceira? Será para mostrar que, dependendo dele, ficaria em casa, assistindo jogo ou em roda de dominó com outros que tal? Eu também não sou elegante, mas mínimamente, procuro estar razoável. Uso sempre t shirt bem passada, jeans e botas. Minha roupa do cotidiano, mas aos finais de semana, sempre novas, em bom estado. Quase não uso camisas de tecido, manga comprida, enrolada no braço. Acho meio mauricinho, meio uniforme. Faço isso como uma homenagem à minha parceira, também porque desejo estar bem comigo mesmo. E nem estamos tratando, aqui, de boas maneiras, cavalheirismo e outros costumes que parecem ter sido esquecidos. Não quero mudar opinião de ninguém, apenas suscitar alguma reflexão sobre o assunto. Pena, meu avô, não posso ser elegante. Eu suo quando saio às ruas.
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Published on September 15, 2017 07:49

September 8, 2017

UM SÁBADO TRISTE

Assisti a um trecho do jogo de sábado passado, quando, em um estádio completamente lotado, festivo, clima de vitória, os azulinos foram derrotados por maranhenses, estes, com uma equipe com salários baixos e bem colocados na tabela. Estava em um clube, aguardando a pelada. Havia uma quantidade bem maior de azulinos do que “secadores”. Não gosto de assistir jogo do Remo. Primeiro porque a qualidade é ruim, segundo que, como torcedor, sofro muito, fico aborrecido. Bastou assistir ao pênalti perdido para dar as costas e ir jogar a minha pelada. A turma que ficou, fazia barulho. Dentro do campo, percebemos os acontecimentos. Baixou o astral. Tirou a graça. Tudo o que estava envolvendo nossa diversão. Em outra parte da cidade, dois torcedores se arengavam, cada um com seu clube. Um terceiro tenta separa-los. Um deles vai em casa, volta armado e o mata. O que faz uma pessoa, de maneira pensada, buscar uma arma, retornar e matar outra, a quem nunca tinha visto? Matar, morrer, por uma discussão sem graça. Tensão social? Revolta, bastando um pavio curto?
Ainda na segunda, andando em direção ao trabalho, ouvi trechos de conversa, sempre bicolores brincando, xingando o outro pela derrota. Normal. Mas dependendo do ambiente, pode acontecer o pior. Basta uma cabeça quente e a vida se esvai.
Por outro lado, vendo aquela imensa plateia no estádio, me pergunto como os clubes não têm departamentos de marketing, que saibam capitalizar todo esse amor em lucro, proveniente de todos os produtos derivados dos clubes. Li também uma lista de despesas do Remo, com alugueis de todos as formas, lanche para a Polícia, um tal de quadro móvel. Nào entendo. O clube aluga o estádio. Então, dentro dele, por fora, onde quer que seja, tudo o que for vendido, de bebida, refrigerante, lanche, bandeira, picolé, camisa, o que pintar, precisa retornar em lucro para aquele que é dono da festa, que pagou para ter o estádio. Uma imensa máquina de ganhar dinheiro, dinheiro pago com amor ao clube, e retornando para que este seja poderoso, financeiramente positivo. É esse amadorismo por parte dos dirigentes que coloca tudo a perder. Quando o Remo jogou em São Luiz, percebi o estádio vazio, afinal, era um jogo da Terceira Divisão. Esses atletas, contratados a título de “reforços”, rodam o país, três meses em cada clube. São perdedores, sem confiança, sem a flama da vitória, sem compreender o tamanho do amor que a torcida tem. Ficam nervosos, apavorados, com a multidão, acostumados a estádios frios, vazios, tristes. Aí, o que era apenas incompetência técnica, vira tremedeira e desastre. Leio que o Paysandu também anuncia reforços. Que jogadores, a essa altura da temporada, quatro divisões funcionando, tendo qualidade, não estão empregados, bem empregados em um clube? Quem virá, então? Perdedores. No futebol, como em quase tudo na vida, não basta ser apenas profissional. Há de ter flama, gana, vontade de vencer e sim, ganhar ainda mais ímpeto com o apoio de uma grande torcida. Li que o plantel do Sampaio Correa consome 150 mil reais por mês, muito menos que o Remo. Como nossos clubes não conseguem contratar melhor? Circulei pela cidade, naquele sábado. O número de camisas azulinas eram maravilhoso, a cidade vivendo seu momento, apaixonada por uma partida da Terceira Divisão! É preciso gente nova para assumir os clubes. Profissionais de administração. Promover parceria entre os dois clubes rivais. Rivais apenas no campo, onze de cada lado e juízes. Fora, são irmãos, parceiros. Deixem para a torcida o urro da vitória, o lamento pela derrota. Foi um sábado triste para a cidade. Sonhos adiados, mais uma vez?
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Published on September 08, 2017 07:41

September 1, 2017

O LIVRO NOVO DE ANDRÉ NUNES

Salomão Laredo é de Cametá, Agildo Monteiro é de Colares, Lucio Flavio é de Santarém, André Nunes é de Altamira. Quanto a mim, nasci em Belém e minha vida inteira foi na cidade, embora a essa altura, já conheça algumas cidades do interior do Estado. Isso influenciou muito minha vida de escritor. Praticamente tudo o que escrevo tem esse tom urbano, meio “Selva Concreta”, como intitulei um de meus livros. Uma selva de concreto plantada, imposta sobre a imensa selva amazônica. Pelo clima, tenho certeza que, se dependesse da natureza, não estaríamos aqui. Quando encontro esses amigos, vira e mexe, o assunto vai para suas vivências. É como se tivessem duas vidas, uma a infância e adolescência nesse interior e agora, adultos, na cidade grande. E essas memórias são riquíssimas. Quando contam, sentimos os cheiros, o vento batendo nas árvores, a chuva abundante, as pescarias e as pessoas no seu dia a dia. Agildo Monteiro me disse, recentemente, que enquanto queremos, um dia, morar em Paris, Lisboa, Miami, sei lá, ele daria tudo para voltar a Colares. Essas cidades e toda a vida que lá tiveram está marcada, impregnada em seus corpos. As cidades, embora pequenas, até pobres, criam tamanho e importância, porque eram suas cidades, seus afetos, seus amores.Gosto muito de conversar com André Nunes. Ele foi amigo de meu pai e agora, dos filhos. O ateu e comunista mais religioso e fraterno que conheço, se religião é espalhar o amor e a compreensão. Mora em um paraíso, o famoso Restaurante da Terra do Meio, com um açude ou igarapé que parece delicioso. E como gosta de contar suas histórias! Quando se olha para o relógio, o tempo voou. Ao relógio, não dá nenhuma importância.Depois dos 60 anos, resolveu escrever e contar um tanto do que viu em livro. Saiu “Xingu”, de crônicas e causos. Depois, “A Batalha do Riozinho do Anfrísio”, “A Agenda do Velho Comunista” e agora “Minha Doce Puta”. Todos os fatos e acontecimentos de uma vida cheia de detalhes mirabolantes, com alma paraense e amor pelo interior. Estudioso de nossa história, não há nada que não conheça e possa explicar. A memória de sua adolescência e homem jovem, com os amigos, que no momento mais importante, não lhe faltaram. Junto com um amigo, pensou, meramente para passar o tempo, em uma Estrada para ligar Altamira ao mundo. Melhor, primeiro, até Santarém. Um piauiense arretado ouviu a idéia e espalhou. Imagina, é só para passar o tempo, nada sabemos disso. O cara trouxe do Piauí três irmãos, mais as famílias. Arranjaram uma grana. Paga só o do sustento e depois queremos um terreno pra nossa casinha. E foram desmatando. Sumiram. Alguém foi atrás. Avançavam. No muque. Mas como acertam o rumo se nem bússola têm? Guiavam-se pela passagem do avião da Paraense, diariamente. Sumiram. Foram procurar. Pena, estavam crivados de flechas. Uma tribo não percebida. Que história! A essa altura, todos respiramos fundo, tomamos um trago de nossas bebidas, alguém vai ao banheiro, passa o garçom perguntando que querem algo, enquanto todos rememoram em suas mentes, recriam com suas imagens, tudo o que foi contado. Há algo de mágico nos contadores de histórias. Na melodia do falar. Nas pausas que ninguém ousa quebrar. Na tônica certa, como dois pontos, fazendo-nos aguardar, enquanto ele molha os lábios na bebida, continuar. No olhar denunciando as intenções das falas. No corpo que se agita e torna a se comportar. Uma mágica. André Nunes, tem. Quanto ao título do livro, “Minha Doce Puta”, mais uma história fantástica, que pode ter acontecido com qualquer um de nós, adolescentes nos anos 60, deixo para lerem quando for lançado, dia 12 de setembro, na Livraria Fox, com bate papo entre André e Lúcio Flavio Pinto, autor do prefácio.

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Published on September 01, 2017 07:09

August 25, 2017

UM CINEMA PALÁCIO

Trabalho no Edifício Palácio do Rádio. Do prédio faz parte, também o antigo cinema Palácio, hoje igreja Universal. Uma grande obra está a ser feita no local. O volume de entulho que por enquanto é retirado do prédio induz a isso. Passo muitas vezes em frente à entrada do templo. Invariavelmente olho para dentro, com curiosidade. Ainda está intacta, menos alguns sofás e o balcão da bombonière, que havia. Muitos cartazes anunciando cultos e às vezes, uma caixa de som anuncia novidades. Não tem jeito, sempre sinto uma espécie de dor na alma, pelo que fizeram com um dos lugares mais importantes da minha vida, onde assisti tantos filmes e fui feliz. Há uns vinte anos atrás, acho, na companhia de Rejane Barros, assisti a um culto. Planejávamos uma revista que nunca saiu. A mudança tinha pouco tempo, de modo que foi um choque encontrar um buraco onde havia, antes, uma tela. Muitas outras novidades foram percebidas, sobretudo requintadas técnicas de comunicação usadas pelos pastores. Quase que abro um luto. É evidente que os cinemas de rua desapareceram, quase todos ocupados por igrejas evangélicas. Mas o Palácio era sagrado. O primeiro filme que me lembro ter assistido, bem criança, quem sabe, em sua inauguração, foi “As Pupilas do Senhor Reitor”. Nào entendi nada. Para ser sincero, pouco olhei para a tela. É difícil prender a atenção de uma criança nesses casos. Em matinais, assisti várias vezes “Tom & Jerry” e companhia. Na pré adolescência, marcou-me um filme chamado “Scaramouche”, sobre um espadachim. A essa altura, devorava livros de “capa & espada” e me imaginava um herói daqueles, combatendo e derrubando inimigos à direita e à esquerda, sem nenhum arranhão ou despenteio. Veio a fase seguinte e com ela, as sessões das sextas feiras, às dez da noite. Foi quando conheci Buñuel, Antonioni, Godard, Visconti, tantos outros, mas especialmente, Federico Fellini. Entre todos os filmes, talvez o melhor que tenha assistido na vida tenha sido “Amarcord”. De vez em quando o revejo e ainda me emociono. O mundo está ali. Todo. Mas houve também uma sexta feira gorda, pleno carnaval, noite chuvosa em que assisti “MacBeth”, de Roman Polanski e voltei para casa muito impressionado. “A Piscina”, com Maurice Ronet, Romy Schneider e Alain Delon também foi lá. “2001, uma odisseia no espaço”, também. “Blade Runner”. Lembro, na época, conseguir no Rio de Janeiro, em um sebo, o livro original, que devorei, famélico. Houve também “Ensina-me a Viver”, com uma trilha especial, com música de Cat Stevens e também “Friends”, romântico, com trilha de Elton John. Junto com livros, música e teatro, o Palácio está na formação de minha pessoa. É claro que houve outros filmes no Cinema Catalina, na Base Aérea, no Cinema Um, na sede do Bancrévea, ali na descida da antiga São Jerônimo, mas o Palácio com sua suntuosidade, a música de abrir as cortinas, as poltronas, tudo era uma cerimônia perfeita. Hoje, meu coração se sente ao olhar para a nova destinação do lugar, usurpado. Imagino, na escuridão, quando todos vão para suas casas descansar, os personagens dos filmes circulando, perguntando o que aconteceu, qual a razão disso tudo. É outro mundo, agora do streaming. Nas telas, filmes espetaculares onde não importa o enredo e sim as explosões monumentais, a manipulação das imagens, a rapidez com que tudo é conduzido. Todos em pequenas salas. Com o streaming, qualquer tela. A arte vive, isso é importante, mas os filmes que ajudam a constituir uma imaginação e armazenam argumentos, formam opinião, desapareceram. E o cinema Palácio continua em minha memória, num velho baú de prata. Como era bom!



















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Published on August 25, 2017 06:41

August 18, 2017

REPULSA

Como todos sabem, o Rio de Janeiro hoje é uma cidade falida, cheia de problemas gravíssimos, milhares de pessoas sem emprego ou sem receber salários. Nas ruas, uma guerra civil conta agora com o Exército na fiscalização, sem deter a violência. E, no entanto, empresários que parecem ser sócios em uma corretora de valores, acabam de inaugurar um teatro. Um teatro! Fica em uma área no terreno do Jockey Clube onde antes havia uma sala onde algumas peças foram apresentadas. Agora é uma casa para as Artes Cênicas, com todos os equipamentos necessários. Quando leio uma notícia dessas e olho à minha volta, sinto-me insultado. Sinto repulsa. Até uns 25 anos atrás, Belém contava com uma cena teatral cheia de atrações e casas cheias. Sim, ao longo do tempo, muita concorrência surgiu, mas principalmente, houve um desmonte do setor. Um abandono. Pior, uma deliberada ação para minar o movimento, pela negação dos espaços aos grupos locais, com uma lei cultural que inibe patrocinadores, todos com medo de terem seus livros abertos pela fiscalização. Pela falta completa de qualquer programa de investimento na criação de plateias, formação de mercado, apoio para que os grupos possam, aos poucos se manter, certos de ter um retorno de bilheteria aos seus trabalhos. Funcionários públicos, orgulhosos de sua ignorância, preferem promover um festival de ópera, gastando muito dinheiro, tendo, com récitas lotadas, um total de oito mil pessoas, talvez, enquanto milhões de outros paraenses, em todo o Estado, nada têm para desfrutar de Cultura. Ao longo desse tempo todo, sem nenhuma fonte de renda, atores e técnicos procuraram outros empregos, até mesmo no Estado e por isso, sem disposição para manifestações contrárias. Têm medo de perseguições. Outros, fizeram concurso e agora são Doutores e Mestres na Escola de Teatro da Ufpa, formando atores e técnicos a cada semestre, ao que parece, interessados mais em atuar como professores. O que isso resultará, não sei. Nesse tempo todo, a Cultura se profissionalizou. Hoje, é geradora de empregos, impostos, fora seu imenso valor de ser ponto de partida para a discussão em sociedade, dos assuntos que são de todos. Um povo que não consegue refletir sobre o mundo em que vive, está perdido. Por isso, estamos perdidos. O que sei é que poucos grupos suportaram toda essa pressão e continuam, depois de terem vivido de prêmios da Funarte e Ministério da Cultura e agora, por sua própria conta, fazendo Teatro. Apresentam-se em palcos alternativos, espaços em casas, praças, pela missão de espalhar Cultura e para resistir. Os que ainda tentam teatros menores, são constrangidos em pagar, além de taxas altíssimas, um “por fora” aos funcionários por, estranhamente, não serem contratados para trabalhar no horário em que os teatros funcionam. Tudo isso sem contar que é preciso levar garrafão de água, papel higiênico, fabricar ingressos, fatores mais que evidentes que não são bem vindos. Em cidades como São Paulo, shoppings são obrigados a ter equipamentos para arte, principalmente teatro. Aqui, em Belém, nenhum teatro consta dos planos desses empresários que ficam ricos na cidade, mas a odeiam. E leio e vejo fotos da inauguração de um novo teatro no Rio de Janeiro em meio à maior crise que já enfrentou. Esperaremos até o ano que vem para nos livrar-nos desse funcionário público que odeia Cultura paraense? O mal que já foi feito não tem tamanho. Quantas gerações foram perdidas nesses 25 anos? Serão precisos vários anos para a recuperação de tudo o que foi destruído.
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Published on August 18, 2017 05:47

August 11, 2017

O MAGUENHÉFICO

Quando conheci meu avô, ele já estava bem velhinho. Passava pouco tempo em sua escrivaninha, no segundo andar do Palácio do Rádio, sobre a qual havia sempre muitos recortes de jornal e papéis escritos à mão em uma caligrafia nervosa e difícil de entender. Baixinho, magro e cabeçudo, seus amigos diziam que eu era uma miniatura dele. Nas ruas, andava lentamente, atendendo conhecidos e pedindo-lhes para escrever seus nomes em uma caderneta amassada, dizendo que era para mencioná-los em sua crônica. Na verdade, não lembrava seus nomes.. Às vezes, no imenso pátio da casa em Mosqueiro, antes de sentar e ficar acenando para os amigos, danava a lembrar acontecimentos. Eu bebia o que contava. Uma época maravilhosa, romântica, como uma Paris em plena Amazônia, com homens de paletó de linho, chapéus de palha, cafés lotados.
Nascido em fevereiro de 1892, cedo perdeu o pai, largou os estudos e foi trabalhar para sustentar mãe e três irmãs. Aos sábados, um padrinho reunia amigos em sua casa para almoçar. Ele levava o jornal “O Pau”, que passava de mão em mão entre os convivas que pagavam para ler. O dinheiro servia para comprar livros e cadernos. Foi despachante representando várias empresas, entre elas, a Fábrica Palmeira. Jornalista, escreveu em A Província do Pará, A Tribuna, Folha do Norte e O Estado do Pará, tornando-se um dos grandes nomes do setor, recebendo o título “Príncipe dos Cronistas Esportivos do Norte”. Criou o apelido “Leão Azul”, para o Clube do Remo. Foi um dos fundadores da Aclep, Associação dos Cronistas Esportivos do Pará. Nada disso era suficiente. Edgar Proença também foi redator de revistas como A Semana e Pará Ilustrado, sendo um dos primeiros colunistas sociais, sob o pseudônimo Miracy, crônicas depois reunidas no livro “Gravetos”. Ou ainda “Crônica da Cidade Morena”, o apelido que deu a Belém. Juntamente com Eriberto Pio dos Santos e Roberto Camelier, fundou em 1928 a querida Rádio Clube do Pará, na qual foi homem de todos os instrumentos, como primeiro locutor esportivo, apresentador de programas, rádio ator e redator. Nas praças esportivas, me contaram, deixava de narrar o jogo em andamento para saudar a chegada de alguma senhorita de grande beleza. Naquela época, eram acontecimentos sociais os jogos de futebol. Imagine se fosse hoje..Tendo a chance, já adulto, voltou a estudar e formou-se em Direito em 1936, chegando às funções de Juiz Substituto da capital. Além de “Gravetos”, publicou os livros “Colcha de Retalhos” e “Melodias do Coração”, o que lhe deu lugar na Academia Paraense de Letras. Também atuou no Teatro, sendo autor de peças como “Taça Vazia”, “Blusa de Chita”, “A Mulher que Passa” e “Vestido de Noiva”, apresentadas no Teatro da Paz, casa que dirigiu anos mais tarde.Quando a Rádio Clube completou 80 anos, escrevi a peça “A Voz que Fala e Canta para a Planície”, encenada pelo Grupo Cuíra, com grande êxito. Foi uma ocasião única para mergulhar na história desse homem esplêndido, realizador, ousado, que a tudo vencia com trabalho, inteligência, talento e verve. Casado com Celina Proença, teve dois filhos, Edyr e Célia. E os netos, todos mexendo em Comunicação, de uma maneira ou outra, caminho, também de alguns bisnetos.
Quando morreu, eu já era adolescente e tinha perfeita idéia da trajetória e dos feitos daquele meu avozinho baixinho e cabeçudo, que andava de pijamas e chinelos arrastando, lendo seus jornais. Um gigante o meu avô. O maguenhéfico!
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Published on August 11, 2017 08:00

August 4, 2017

O TÓPLIS NÃO APARECEU

Naquela sexta o Tóplis não foi trabalhar na birosca ali perto da Presidente Vargas. Sabe lá, dormiu muito, arranjou algum esquema, se deu bem, ele merece, grande figura. No sábado, também não foi trabalhar. Ele não tinha, assim, um vínculo empregatício, carteira assinada ou sequer contrato. Foi aparecendo, chegando, ficando por ali, conversando, disposto a qualquer tarefa, primeiro de boas, só pela amizade e adiante, faturando alguma ponta dos bicos que pegava. Parece que o apelido vinha dele tentar dizer “Topless”. Começamos a ligar pro celular do Tóplis. Chamava e ninguém atendia. Estava ficando estranho. Arrumou uma coroa e foi passar o fim de semana em Algodoal? Ele tinha uns macetes. Quase setenta anos, mas não passava recibo. O que queria da vida, o Tóplis? A essa altura, ficar por ali batendo papo, arengando com uns e outros e no fim do dia, tomar seu chopinho em paz, até a leveza bater e ir dormir. E não é que encontrou a medida certa? Quais eram as outras ambições? Uma coroa, como já disse. Me contava que aos finais de semana ia ao shopping tomar suas cervas. Ficava por ali, sorvendo o líquido e admirando a paisagem, no caso, as mulheres que circulavam. Tem muita mulher solteira. Não entendo esses homens. Chegam de turma, bebem, riem, fofocam e saem sozinhas, como chegaram. Eu fico por ali abicorando. Umas solitárias. Parecem aguardar alguém, que não chega nunca. De vez em quando rola um papo, sabe como é. O Tóplis aqui se dá bem, de vez em quando. Esses caras de hoje nào sabem tratar uma mulher. Mulher quer atenção, carinho, alguém que ouça suas queixas, que concorde com suas opiniões. Ao final ainda pagam minha consumação e olha, bem, tu sabes como é, né? E soltava aquela gargalhada. O Tóplis era um solitário. Seu mundo estava ali, ao redor da birosca. De vez em quando contava aventuras de sua mocidade, aprontando todas, com amigos que ele ia lembrando, dizendo os nomes, como se eu os conhecesse. Eu já estive nas altas rodas, cara. Eles vinham comer na minha mão, mas depois vi que isso não valia nada. Quando eu passava na frente, vinha me mostrar as mulheres nuas nos jornais. E ainda tem gente que não gosta disso, ria. Quando Remo ou Paysandu perdiam, um brincava com o outro, mas sempre com muito humor. O Tóplis não atendeu ao telefone. No domingo, pegamos o endereço da pensão em que morava. Um quarto humilde, mas no centro da cidade. Não, ninguém sabia de nada. Batemos à porta. Nada. O zelador veio com a chave. Estava caído, ao lado da cama, um lado do corpo paralisado. Passara aquele tempo todo sem água ou alimento. Sem medicação. Um AVC em algum momento o deixou tonto. Tentou levantar mas caiu e ali ficou. Chamamos Samu e médicos. Fazíamos perguntas. Não conseguia falar. Os olhos mexiam. Quando me olhavam, desviavam em direção a algum lugar. Não foi logo que percebi. Muito simples, o quarto. Assim era o Tóplis. Umas duas calças, quatro camisas e um sapato. Ganhava uma merreca de aposentadoria. Complementava com os bicos. Os médicos o levaram. Não suportou. Morreu. Família espalhada. Um irmão pareceu responsável. Enterramos. Ficamos tristes a lembrar seus causos. O Carlão, dono da vendinha é que disse que o Tóplis tinha mexido com jogo clandestino da pesada, quando era mais novo. Foi quando me lembrei dos avisos que ele me dava ao desviar o olhar em uma direção, em seu quarto. Voltei à pensão. Havia, sobre uma mesinha, um bolo de papéis manuscritos, um título simples, “Meu Jogo da Vida”. Sentei e comecei a ler. Ali estava uma vida cheia de acontecimentos maravilhosos, começando em São Miguel do Guamá e tendo seu auge nos cassinos de Belém. Mas esse Tóplis! E essa história, hein?
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Published on August 04, 2017 07:31

July 28, 2017

A VOZ DOS OLHOS

Sempre tive a impressão de que Elza Lima já tinha nascido com uma máquina fotográfica nas mãos. Já a conheci alerta, perspicaz. Um olhar que procura o tempo todo pelo quadro definitivo. Conversa com a gente e o olhar passeia em volta, quem sabe, de repente, talvez pense. Uma das grandes fotógrafas paraenses, veio no pioneirismo de Miguel Chikaoka e da Fotoativa. Em algum lugar vi fotos em preto e branco, que me conquistaram. Algumas estão aqui neste livro da “Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira”, lançado no ano passado e não suficientemente promovido aqui entre nós, o que não é novidade, com tantos torcendo, oficialmente contra, nossa Cultura. A foto “O Encantado”, feita em Capanema, 1992, é linda, bem como a “Rio Trombetas”, de 1997. São incríveis, como é ressaltado nos comentários e entrevista com ela, no livro, os numerosos planos a cada foto, a impressão que o quadro ainda era bem maior, excedendo os limites, convidando-nos a imaginar. Os cortes, nada convencionais e, principalmente, o olhar. Como ela diz, a voz dos olhos. A imaginação foi excitada ainda criança, pelos avós em incontáveis viagens pela Amazônia, esse mundo de possíveis e impossíveis, mundo em movimento, exercendo a cada instante fascínio sobre quem olha, sobre a voz dos olhos. Elza conta que muitas vezes espera. Olha, foca e parece faltar alguma coisa, que vem em seguida, absolutamente inesperada ou, diria, esperada, como se fosse a parte do quebra-cabeças necessária para compor o ideal. A convivência maravilhosa entre o homem, a natureza e os animais. O olhar de esperteza, ironia, do caboco, fotografado. Ou o homem forte, que encara uma iemanjá pintada na parede do bar. O garoto negro, todo ensaboado, tendo atrás de si vários outros planos, outras leituras. Nesse período, dos anos 1980 aos 1990, Elza fotografou em preto e branco, lembrando da ilha dos daltônicos, onde as pessoas viam tudo sem cor. A textura das asas de anjos nas crianças, nas procissões. A Santa, sentada em um banco corrido, circunspecta como uma imagem, tendo ao lado senhores com suas melhores roupas, respeitadores, uma corte, uma escolta à santidade. Sou um comum. Não tenho grande conhecimento técnico de fotografia. Acredito na força do olhar. Na poesia. Na voz dos olhos e a imaginação. Penso que a criação de Elza foi parecida com a minha, livre, inteiramente livre para imaginar e fazer o que quisesse. A leitura dos livros. Ouvir a música por trás da música. E olhar para o mundo com interesse genuíno. O que há para olhar de verdade? A vida. As pessoas. Como a natureza nos afeta. Pessoas simples, vivendo seu mundo perfeitamente integradas. Como diz Eder Chiodetto, a fotografia de Elza é irrequieta, indomável, passando por cima das convenções para obter a verdade. Fotografando uma Amazônia multicolorida, ela ousa procurar essa verdade nas fotos em p&b. “A Amazônia é muito imagética. Você vê o rio e uma árvore escondida. Daí passa um bicho, passa um homem. Não é tão linear quanto uma cidade construída; ela é feita de entremeios, de sombras... Acho que as pessoas que vivem na Amazônia têm essas nuances. É um treinamento do olho, natural de quem vive lá”. E essas pessoas nos olham, indagam. A foto de um menino. Ele parece quer saber o que há por trás daquela câmera que o foca. O caboclo que parece fazer troça. O casal que se beija na boca enquanto os outros contemplam. Belo livro. Que venham outros. Gostaria que o procurassem. Talvez na internet. Será que a Fox traz por encomenda? Vale a pena
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Published on July 28, 2017 07:07

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Edyr Augusto
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