Tomás Nevinson Quotes

“Sí, es la conciencia de la edad lo que nos condiciona, más que la edad misma.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Me hacía gracia Pérez Nuix, con sus ideas exageradas y peregrinas, con su apasionamiento y su rotundidad, en el fanatismo hay siempre entusiasmo, por eso es tan peligroso y contagioso, todo lo pinta muy simple y eso atrae a las multitudes. La templanza y la moderación no prenden, o les cuesta un mundo, años en lugar de días.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Sólo el primer paso cuesta. Quizá se podría decir eso de todo, o de la mayoría de los esfuerzos y de lo que se hace con desagrado o repugnancia o reservas, es muy poco lo que se acomete sin ninguna reserva, casi siempre hay algo que nos induce a no actuar y a no dar ese paso, a no salir de casa y no movernos, a no dirigirnos a nadie y a evitar que otros nos hablen, nos miren, nos digan.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Cuanto más despersonalizado un grupo, menos reflexivo y más sordo y ciego, más granítico y más fanático. Hay algo religioso en todos ellos, heredan enemigos y veneraciones y creencias que jamás cuestiona nadie, esa es su fuerza.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“La crueldad es contagiosa. El odio es contagioso. La fe es contagiosa… Se convierte en fanatismo a la velocidad del rayo… —Ahora el tono era mitad asertivo, mitad rememorativo—. Por eso encierran tanto peligro, por eso son difíciles de parar. Cuando uno quiere percatarse, ya se han propagado como un incendio en el bosque”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“I still found Berta's eyes captivating; they had lost their youthful gleam, but were full of good cheer and a feeling of confidence in the future, a vague, possibly hollow future, that went no further than the brief burst of optimism one feels on waking each morning. For some people this is enough, they're content to be and to wait, or just to be. They're nearly always women, who are fortunate enough to see simply being alive as an achievement, a triumph.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“In a world of light, frivolous people, of ambitious or solemn or fanatical people, it's well-nigh impossible to find anyone serious and responsible, someone who isn't trying to make her way greedily through the world, nor to change it from top to bottom, nor to prosper and grow endlessly rich, someone who puts up with the world without making a great fuss, but, at the same time, pays proper attention, trying to understand how the world functions, in the certain knowledge that it's impossible to escape the world's mutable but eternal functions. All we can do is observe it, step aside and pass by unnoticed, so that it doesn't swallow us down like the sea's dark throat, so that we don't go the same way as those who die only at the very moment of their death.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Vieste para perceber se ainda és útil, porque necessário não é ninguém.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Esse "nós" infunde coragem, proporciona resistência, faz companhia imaginária e dissolve escrúpulos, ou pelo menos divide as responsabilidades.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Da pausa, da paz ou da trégua, do presente que olha com desdém para todo o passado, do agora que se acha superior a qualquer antes, é facílimo proclamar com soberba: "Eu ter-me-ia recusado, eu ter-me-ia revoltado", e sentir-se assim íntegro e puro.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Ver a graça de alguém é o fundamental, condição necessária para o enamoramento, o apaixonamento, o fraquinho e a incondicionalidade (...).”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“-A credulidade foi o problema da minha vida, não tem nada de especial o facto de papar como uma criança os romances e os filmes bons. À medida que vamos crescendo, convencemo-nos de que a deixámos para trás, de que lhe pusemos fim. E afinal não. Será um traço de carácter, uma fraqueza para a qual não existe cura, no meu caso, pelo menos. A idade não a resolve, as experiências e as decepções e as desilusões não a resolvem. O arrependimento não a resolve. Na oportunidade seguinte, voltamos a ser crédulos, confiamos no que alguém diz, desde que não seja um trapaceiro evidente, como o nosso Liudwino. Não importa quantas vezes tenhamos descoberto que nos mentiram. Cada nova vez é isso, nova, cada nova pessoa é nova e não nos atrevemos a condená-la de antemão. Receio bem que pudesses enganar-me facilmente: és novo. Bem sei, é típico dos ingénuos. Pior ainda, dos idiotas. Quase ninguém admite ser idiota, tal como ninguém admite ter mau gosto ou ser má pessoa. Eu aceitei há muito tempo que era idiota. A ideia não é agradável, mas há piores. Não me queixo, e não me passaria de todo pela cabeça considerar-me uma pobre vítima de quem me enganou e me levou a tomar decisões erradas ou lamentáveis, no momento ignoramos que o são, julgamo-las acertadas. Em qualquer engano é preciso a colaboração do enganado, que tem quase tanta responsabilidade como o outro. — Fez uma pausa e acendeu um cigarro. - O outro faz o seu trabalho, não é? Persegue o seu objectivo ou a sua vontade, ou procura a sua vantagem. De nada lhe valeria sem a credulidade do incauto, e eu assumi que sou muito incauta. Talvez não inteiramente imbecil, ao ponto de não poder andar pelo mundo sem dar um tombo a seguir ao outro, mas não me restam dúvidas de que fiz a minha parte.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“e já levo o Valderas pela trela para onde bem me apeteça, é incrível como o amansei: aqui mijas, aqui paramos, aqui afrouxo a trela para te achares em liberdade, aqui há aguentar, que apressar o passo e, se precisares de cagar, tens de te aguentar.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Assim que as pessoas sabem alguma coisa, julgam que sabem tudo e que a sua opinião sobre o que quer que seja tem de ser tida em conta, e não apenas isso, que tem de se sobrepor à dos sábios e dos peritos, e tudo fica assim paralisado: só há entraves absurdos, é preciso procurar consensos para tudo e nunca se avança em nada. Já levamos umas duas décadas com toda a gente a objectar e opor-se, e há-de piorar, se não se remediar. Porque é que as pessoas hão-de ter uma palavra a dizer no que ignoram ou, mais ainda, não lhes interessa? As pessoas interessam-se por astrofísica, por neurocirurgia, por inovações tecnológicas, pela corrida ao armamento ou pela exploração do espaço? Claro não. Noventa por cento das pessoas que nem sequer chegaram a preocupar-se em investigar como funciona uma pistola.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“O que hoje é verdade, amanhã será periclitante e depois fumo que ascende e se perde. O que hoje é entusiasmo, amanhã será desvanecimento. O que hoje são sentidas promessas, amanhã será neve derretida e lamentação. O que hoje são alegrias, amanhã serão sóis doentios e desculpas inúteis pelo mal causado. E, então, diremos a nós mesmos o habitual: "Tudo se gastou, nada se obteve. Deveria ter percebido antes de iniciar o dispêndio."» Ou, que vai dar ao mesmo, antes de dar o primeiro passo que custa.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Passara anos a duvidar se eu estava morto e a desejar que estivesse vivo, e o seu desejo vira-se recompensado. Agora, pelo contrário, segundo me parecia, não queria saber se eu permanecia na terra ou se saía disparado dela. Tinha sido em vida, aquando do meu regresso, que deixara de existir. Não se prescinde de um fantasma, pois nunca está cumprido; de um marido desnecessário, derrotado, ensimesmado e sombrio, sim.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“«Nunca se sabe como pode terminar um julgamento, por mais que sejamos inocentes e julguemos ter tudo a nosso favor. A verdade não conta, pois trata-se de que decida acerca dela, a apure, alguém que nunca sabe qual ela é: refiro-me a um juiz. Não convém pormo-nos nas mãos de quem só pode dar tiros no escuro, de quem vai lançar cara ou coroa e apenas pode adivinhá-la ou intuí-la. Na realidade, bem vistas as coisas, é absurdo que se julgue quem quer que seja.»

«Eu não reconheceria autoridade a nenhum tribunal. Se pudesse evitar, jamais me sujeitaria a um julgamento. Tudo menos isso. Lembra-te disso, Tomás. Pensa bem. Podemos ser mandados para a prisão por capricho. Simplesmente por antipatia.»”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Talvez seja justamente isso o que leva alguns indivíduos a matar uma e outra vez, pois só a ocupação com um novo crime apaga momentamente os anteriores, a plena dedicação, os cinco sentidos postos nele, os planos e a execução. Foi algo em que pensei muitas vezes quando tentei explicar a mim mesmo o que impele essas mulheres e homens- muito mais homens, sem dúvida - à reincidência desnecessária. Julgo que a acumulação produz um efeito anestesiante, ou talvez seja narcotizante: para quem conserva uma réstia de consciência, é mais tolerável carregar uma série de mortos do que apenas um ou dois, pois surge um momento em que essa consciência não sabe atender às quantidades enormes, a sua capacidade não é ilimitada, e se dispersa e se angustia e se desliga. Quem faz as pessoas morrerem como gado não tem tempo para as distinguir nem para descer persianas uma a uma, o que faz com que essas pessoas se esfumem, adquiram aparências de irrealidade, passem as ser número e carne, e quanto mais alto o número e mais pesada a carne, mais o sentimento de culpa se entorpece e se vê ultrapassado, e acaba por desaparecer ao não dar vazão. Acrescentar e acrescentar, é certamente essa a única saída que resta aos assassinos em massa, sejam eles ditadores, terroristas, ministros que declaram guerras supérfluas ou generais que os aconselham e encarniçam. Daí que seja preciso eliminá-los, pois somam e somam e nunca param.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Mas quem se lembra dis inícios do que quer que seja, uma vez passado um longo tempo? Numa relação amorosa prolongada, que importância tem quem deu o primeiro passo ou o fez o primeiro esforço, quem se afadigou a contruí-la e quem reparou em quem, para não falar em quem se insinuara primeiro, inoculando assim no outro a ideia amorosa ou a visão sexual, fazendo com que o outro olhasse para si a uma luz nunca antes acesa? O tempo suprime o tempo, ou o que vem apaga o que lhe cede o lugar e partiu; o hoje não se junta ao ontem: suplanta-o e afugenta-o, e nessa esfera quase sem memória a continuidade esfuma o que houve antes e o que houve depois, tudo se transforma num magma indistinguível e deixamos de conceber a existência que foi possível mas não aconteceu, a que foi descartada e posta de lado, a que ninguém prestou atenção, ou foi tentada e fracassou. O que não acontece carece de pujança e de distinção até, perde-se na extensa bruma do que não é nem será, e ninguém está minimamente interessado no que não aconteceu, nem sequer nós mesmo no que não nos aconteceu. Como tal, os prolegómenos não contam para nada. Uma vez decorridos os factosm estes anulam a forma como esse decorrer teve início, do mesmo modo que ninguém se interroga porque é que nasceu quando já está a percorrer o caminho a bom ritmo. Ou, melhor ainda, quando se põe a andar.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Dziesięć lat to dużo i zarazem nic, dużo w życiu jednostki i nic w kontekście znanych i nieznanych nam czasów. Nie jesteśmy jednak w stanie kierować się tymi drugimi, nie umiemy spojrzeć na siebie jak na drobną cząsteczkę wszystkiego, co mieści się w świecie; gdybyśmy to potrafili, nikt nigdy nie wstawałby z łóżka ani nie podejmował żadnej czynności, w takim kontekście wszystko staje się błahe, głupie i przelotne, a wszelkie starania jawią się jako próżne, nawet te, co z perspektywy naszej nieistotnej codzienności wydają się kluczowe: uratowanie czyjegoś życia, zapobieganie nieszczęściom, powstrzymanie rzezi, ostatecznie wszystko okazuje się nieważne w tym ciągłym marszu wszechświata, który miażdży, zgniata i wyrównuje wszystko.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Decidió aguardar, sabedor de que la gente siempre habla al final, no puede soportar estarse callada indefinidamente y no contarse y no contar, no pavonearse un poco o no intrigar, no provocar compasión, horror o admiración, no inspirar lástima o temor, venideros o retrospectivos. Sí, la gente habla de más y sin querer, incluso cuando ha resuelto no hablar.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Tupra había calculado que la misión me ocuparía unos meses a lo sumo, pero sabía por experiencia que todo se alarga y se enreda y se anuda, y resulta más trabajoso de como se lo pintan a uno; y que los planes de los hombres jamás salen lisos, sino rugosos siempre.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Pero además había otro motivo que me impelía a volver, a aceptar el encargo: la única manera de no preguntarse por la inutilidad de cuanto uno ha hecho en el pasado es continuar haciendo lo mismo; la única justificación de una vida turbia es seguir enturbiándola; la única de una existencia sufrida es perpetuar el sufrimiento, cuidarlo y alimentarlo y quejarse, de la misma forma que las trayectorias delictivas sólo se sostienen si se persevera en el delito, las malvadas si se insiste en el mal y en hacer daño a discreción, primero a unos y después a otros hasta que no quede nadie sin perjuicio. Las organizaciones terroristas no pueden cejar voluntariamente, porque entonces se les abre un abismo, se ven retrospectivamente, se horrorizan de su anulación y por tanto de su desperdicio. El asesino en serie prolonga su serie porque esa es la única forma de no mirar nunca atrás, a los días en que aún era inocente y sin mácula, y de tener sentido. Lo contrario supone reconocer el reconocimiento espantoso de Lady Macbeth, a lo que casi nadie está dispuesto, se requiere gran entereza y ésta ha desaparecido del mundo: ‘Todo se ha gastado, nada se ha obtenido’. O lo que viene a ser lo mismo: ‘Hemos cometido infamias, sin sacar ningún provecho’.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“La responsabilidad siempre es ajena, y es tan fácil esparcirla…”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“La gente adopta una fe y se pone muy seria, después solemne. Empieza a creerse cuanto viene amparado o envuelto por esa fe, y entonces se vuelve estúpida.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Es uno de los efectos malvados de la cantidad: cuanto más hay de una aberración o vileza, menos aberración o vileza parecen y más cuesta diferenciar cada una. La cantidad consigue la mayor de las perversiones, restar gravedad a lo muy grave, por eso dejan de contarse las bajas en las guerras, al menos dejan de contarse mientras duran y los caídos siguen cayendo. Y a veces los responsables prolongan sin necesidad sus guerras precisamente por eso: para evitar que se empiecen a contar los muertos que cargarán sobre sus espaldas.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Uno olvida el daño que causa infinitamente más que el que se le inflige, uno olvida cuanto dice y hace y escribe, rara vez lo que oye y lee y padece.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Sin desgracias para nosotros, se entiende; para los enemigos, qué importa: sus desgracias son nuestra fortuna, hasta que termina la contienda y se rinden.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“El tiempo suprime el tiempo, o el que viene borra al que le deja el sitio y se fue; el hoy no se suma al ayer sino que lo suplanta y lo ahuyenta, y en esa esfera sin apenas memoria la continuidad difumina qué fue antes y qué después, todo se convierte en un magma indistinguible y uno ya no concibe la existencia que fue posible pero no aconteció, la que se descartó y se dejó de lado, la que nadie atendió, o es que se intentó y fracasó. Lo que no ocurre carece de brío y hasta de distinción, se pierde en la extensa bruma de lo que no es ni será, y a nadie le interesa nada de lo que no sucedió, ni siquiera a nosotros mismos lo que no nos sucedió.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson

“Yo fui educado a la antigua, y nunca creí que me fueran a ordenar un día que matara a una mujer. A las mujeres no se las toca, no se les pega, no se les hace daño físico y el verbal se les evita al máximo, a esto último ellas no corresponden. Es más, se las protege y respeta y se les cede el paso, se las escuda y ayuda si llevan un niño en su vientre o en brazos o en un cochecito, les ofrece uno su asiento en el autobús y en el metro, incluso se las resguarda al andar por la calle alejándolas del tráfico o de lo que se arrojaba desde los balcones en otros tiempos, y si un barco zozobra y amenaza con irse a pique, los botes son para ellas y para sus vástagos pequeños (que les pertenecen más que a los hombres), al menos las primeras plazas. Cuando se va a fusilar en masa, a veces se les perdona la vida y se las aparta; se las deja sin maridos, sin padres, sin hermanos y aun sin hijos adolescentes ni por supuesto adultos, pero a ellas se les permite seguir viviendo enloquecidas de dolor como a espectros sufrientes, que sin embargo cumplen años y envejecen, encadenados al recuerdo de la pérdida de su mundo. Se convierten en depositarias de la memoria por fuerza, son las únicas que quedan cuando parece que no queda nadie, y las únicas que cuentan lo habido.”
― Javier Marías, Tomás Nevinson