Os Supridores Quotes

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Os Supridores Os Supridores by José Falero
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Os Supridores Quotes Showing 1-8 of 8
“Mas, afinal, quando foi que brotou alguma felicidade, por menor que fosse, num coração conhecedor dos fatos em toda sua profundeza? Quando foi que houve alegria, senão alimentada por completas mentiras ou verdades desfalcadas? Sempre que a realidade mete o pé na porta, não há sorriso que não trate de escapulir pela janela. Todo felizardo é, antes de mais nada, um iludido.”
José Falero, Os Supridores
“Mas Pedro já estava familiarizado com imperfeições como todo pobre que se preza, ainda que não se considerasse merecedor delas, como todo pobre que se despreza.”
José Falero, Os Supridores
tags: brasil
“Nada é perfeito”, diz o ditado; acontece que na vida de Pedro nada era sequer minimamente razoável.”
José Falero, Os supridores
“So, you think you’re smart, huh? Riddle me this, then: How’d a guy as smart as you wind up working as a stock clerk?” Pedro responded philosophically, as usual: “Maybe the question you should be asking is: How’d a fucking stock clerk wind up this smart?”
José Falero, Pedro and Marques Take Stock: A Picaresque Novel
“o maior pecado, a injustiça mais terrível, a mãe de todos os problema social que tu puder imaginar, o maior pecado é tu dissociar o dinheiro do trabalho, é tu fazer um dinheiro produzido por um trabalho ir parar nos bolso de quem não participou desse trabalho. Se tu tem uma fortuna, e todo o trabalho necessário pra essa fortuna existir não foi realizado por ti, te garanto que foi realizado por alguém. E essa fortuna, portanto, não é tua, mas de quem trabalhou pra fazer ela existir.”
José Falero, Os supridores
“Porque, depois de contratar os padeiro e deixar eles trabalhando nos forno, rapidinho o trabalho deles vai devolver o investimento de dez mil pra dentro dos teus bolso, e a partir desse momento, meu amigo, os forno já não são mais realmente teus, tu já não tem mais o direito lógico de usar os forno pra ficar ganhando dinheiro através do trampo dos padeiro indefinidamente. Afinal, os dez mil que tu juntou e investiu já foro devolvido. Juntou dez mil? Então tu tem direito a gastar dez mil. Só. Vem cá: tu não ia achar estranho que dez mil fossem rendendo cada vez mais dinheiro, como se fosse um monte de bactéria se reproduzindo sozinha, sem que tu precisasse se esforçar mais e mais? Oh! É claro que tu não ia achar estranho! Ia ser conveniente, pra ti, acreditar nessa mágica. Ia ser conveniente, pra ti, acreditar que as coisa são assim mesmo. Só que não são, mano. Muito dinheiro significa sempre muito trabalho. E o maior pecado do nosso mundo, pro qual a lei tá cagando,”
José Falero, Os supridores
“Hem? O que tu acha disso? — Calou-se por um momento, olhando nos olhos do novo amigo. Depois, sorriu e balançou a cabeça. — Pode acreditar, mano: esses bombom que a gente tá comendo neste exato momento é tudo nosso também. Pode comer sem culpa. Porque esses bombom, e todos os outros produto da loja, foro comprado com um dinheiro que é fruto do meu trabalho, do teu trabalho, do trabalho do pessoal da limpeza, do trabalho dos padeiro, do trabalho dos açougueiro. Tendeu? A verdade é que esse império todo tem muitos dono, Marques, incluindo eu e tu. Não importa quantos documento diga que a rede Fênix pertence a um cara só. Documento é só um papel: dá pra escrever qualquer coisa num documento, inclusive mentiras. Mas a lógica, mano, essa nunca falha! É só pensando e pensando e pensando por ti mesmo, com a tua própria cabeça, que tu pode descobrir quem de fato merece o que neste mundo; as lei e os documento não são, nem nunca foro, representante da verdade e da justiça. — Deu a entender que tinha terminado de falar, mas fez um acréscimo: — Ah, e pra não deixar nem uma dúvida, eu vou te falar uma coisinha sobre guardar dinheiro pra investir depois, irmão. Em primeiro lugar, se tu junta dez mil, tu tem direito, depois, a gastar dez mil. Só. Tendeu? Tu consegue botar na cabeça esse fato lógico simples? Juntou dez mil, tem direito a gastar dez mil, e mais nem um centavo. Tu não pode querer juntar dez mil com a esperança de que esses dez mil se multipliquem, sem que tu tenha que trabalhar pra isso acontecer. Se os dez mil que tu juntou se multiplica sem que tu trabalhe, tem alguém trabalhando pra isso acontecer, caralho! E, tirando fora os dez mil, que é teu, o resto do dinheiro é da pessoa que trabalhou, e não teu. Em segundo lugar, se tu investe dez mil comprando uns forno pra assar pão, por exemplo, eu quero que tu perceba que, na verdade, a tua justa propriedade sobre os forno é temporária.”
José Falero, Os supridores
“O empreendedorismo é a grande mágica do capitalismo, Marques. Funciona assim: junta um bom dinheiro, compra uns maquinário, chama alguns trabalhador, cobre tudo com um pano negro, diz as palavra mágica e, depois dum tempo, tira o pano, e tá lá: os trabalhador tão mais abatido, mais cansado, mais revoltado, mais infeliz; só que o teu dinheiro, ah!, o teu dinheiro se multiplicou dez vez, quinze vez, vinte vez, sem que tu tenha precisado mover uma palha! Bonito, né? — Pedro deu um riso seco. — Não, mano. Não é nada bonito. O que acontece por baixo do pano negro, a gente sabe melhor do que ninguém. E não é nada bonito. É medonho, isto sim. É desesperador. É terrível. É ou não é? Caralho, tu é um trabalhador: tu sabe muito bem do que eu tô falando. Por acaso eu tô dizendo alguma bobagem? A gente não se mata de tanto trabalhar? E pra quê? O que tu acha disso que a gente passa? O que tu acha desse derramamento de suor, lágrima e às vez até sangue, que a gente já conhece faz tempo, que os nossos coroa já conhecia antes de nós, que os coroa deles já conhecia antes deles e que só serve pra fazer crescer a fortuna dessa gente nojenta que passa metade do ano em Torres e metade em Gramado, sem preocupação nenhuma com nada, enquanto a gente fica aqui, desperdiçando a vida nesse vaivém entre a casa e o trabalho?”
José Falero, Os supridores